Covid-19: o vírus que é rápido ou “nós” é
que estamos devagar?
Vocês devem ter
observado nas últimas semanas um aumento do número de casos de Covid-19.
SURPRESA?
Não… nenhuma!
Aprendemos nos últimos
anos que o vírus SARS-CoV 2 (causador da Covid-19) não irá embora tão cedo. Ele
é muito rápido em desencadear pequenas, mas precisas mudanças genéticas na sua
estrutura, tornando-se diferente da linhagem precursora a cada dois a três
meses. A cada mudança sofrida pelo vírus, a sua capacidade de evadir da
resposta imune conferida pela infecção natural pregressa e/ou resposta imune
conferida pela vacina “mais recente” aumenta…
Assim, a cada 2-3
meses notamos um aumento do numero de casos de covid por subvariante diferente
da que estava circulando “até ontem”. E com isso, a possibilidade de infectar e
causar doença nas pessoas mundo a fora.
Felizmente, apesar de
ainda termos 70 mortes por semana decorrente da Covid-19 no Brasil, a doença
atual costuma ser mais leve e benigna que o que assistimos em 2020/2021.
Mas, existe alguma
grupo de exceção que esteja mais vulnerável a Covid-19 grave e/ou Covid longa?
SIM!!! Minha maior
preocupação hoje são as crianças, especialmente as menores de 12 meses de vida.
Esta coorte de crianças nascem sem proteção contra o SARS-CoV 2 pois ainda não
tiveram a oportunidade de receber a vacina e também não tiveram a oportunidade
da sua primeira infecção natural. Assim, os pequenos são os mais desprotegidos
para a Covid mais grave e suas complicações.
Como mudar este
cenário?
• Vacinação das gestantes, para passagem
transplantária de anticorpos neutralizantes específicos contra o SARS CoV 2
para seu bebê. Só assim, seu filho estará protegido de doença grave nos seus
primeiros meses de vida!
• Vacinação dos lactentes a partir de 6
meses de vida.
Mas afinal, o vírus
está rápido ou nós estamos devagar?
Ambas as afirmações
são verdadeiras! O vírus é um mutante natural. Por outro lado, “nós”,
desenvolvedores de vacinas atualizadas (indústria farmacêutica), “nós”,
agências reguladoras que autorizam o uso da vacina no nosso país, “nós”,
governo responsável por prover vacinas atualizadas a populações, “nós”,
cidadãos comuns que não seguimos as recomendações de vacinação do Programa
Nacional de Imunização – PNI, estamos muito devagar!
Destes “nós”, alguns
podemos agilizar, outros são mais complexos…
Fato é que a Covid-19
vai continuar causando danos à população mundial ao longo do tempo por mais que
a gente queira insistentemente ignorar este assunto.
Este é o fato. E sim,
ele (o vírus) é rápido e “nós” estamos sempre atrasados…
• OMS cita aumento de casos de Covid-19 e
queda alarmante na vacinação
A diretora técnica
para Preparação e Prevenção de Epidemias e Pandemias da Organização Mundial da
Saúde (OMS), Maria Van Kerkhove, disse que a covid-19 segue “bastante presente
entre nós” e que o vírus circula atualmente em todos os países. Segundo ela, dados
de sistemas de vigilância em 84 países apontam para um aumento substancial na
detecção de testes positivos para a doença.
De forma geral, os
números mostram uma ampliação de 10% na taxa de testes positivos para covid,
mas o índice varia de região para região. Na Europa, por exemplo, o aumento foi
de 20%. Além disso, o monitoramento de águas residuais feito pela OMS sugere que
a circulação do vírus pode ser entre duas e 20 vezes maior do que o relatado
atualmente. “Isso é importante porque o vírus continua a evoluir, o que nos
coloca em risco de mutações mais perigosas”.
Durante coletiva de
imprensa em Genebra, Maria citou elevação no número de internações e de mortes
por covid em diversos países e destacou que um cenário de circulação elevada do
vírus nessa época do ano não era esperado, já que os vírus respiratórios tendem
a circular mais fortemente durante o inverno no Hemisfério Norte. “Ao longo dos
últimos meses, independentemente da estação, diversos países reportaram aumento
de casos de covid-19”.
<><>
Compartilhamento de dados
A diretora da OMS
alertou que, de um total de 234 Estados-membros, apenas 34 reportaram dados
sobre hospitalização por covid; 24 reportaram dados sobre internações em
unidades de terapia intensiva (UTI) por covid; e 70 reportaram dados sobre
mortes provocadas pelo vírus. “Estamos cegos no que diz respeito aos impactos
da covid”, disse, ao destacar que a entidade depende dos números para
estabelecer, por exemplo, o nível de risco para a doença.
<><> Queda
na vacinação
Maria também
demonstrou preocupação em relação ao que chamou de “queda alarmante” das taxas
de vacinação contra a covid-19 em todo o mundo – sobretudo entre profissionais
de saúde e pessoas com mais de 60 anos, dois grupos considerados de risco para
a doença. “Esse cenário precisa ser remediado com urgência”, disse, ao cobrar
de governos que ampliem a vigilância e invistam na aquisição de vacinas.
<><> Uma
dose a cada 12 meses
Por fim, a diretora da
OMS recomendou que sejam tomadas medidas individuais para reduzir o risco de
infecção e de agravamento do quadro, incluindo ter tomado uma dose da vacina
contra a covid ao longo dos últimos 12 meses – sobretudo entre pessoas que pertencem
a grupos de risco. Maria lembrou que bilhões de doses contra a doença foram
administradas com segurança em todo o mundo desde 2021, prevenindo milhões de
casos graves e mortes.
“O que se tornou
crítico agora é: quando foi a sua última dose? Se você tem alguma comorbidade,
precisa ser vacinado, pelo menos, a cada 12 meses”, reforçou, ao citar que a
falsa percepção de que o vírus foi embora comprometeu seriamente as taxas de
cobertura vacinal pelo mundo. “O vírus está aqui para ficar. Mas o impacto
futuro da covid-19 depende de nós”, concluiu.
Fonte: Por Rosana
Richtmann, em Futuro da Saúde/Agencia Brasil
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