quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Covid-19: o vírus que é rápido ou “nós” é que estamos devagar?

Vocês devem ter observado nas últimas semanas um aumento do número de casos de Covid-19.

SURPRESA?

Não… nenhuma!

Aprendemos nos últimos anos que o vírus SARS-CoV 2 (causador da Covid-19) não irá embora tão cedo. Ele é muito rápido em desencadear pequenas, mas precisas mudanças genéticas na sua estrutura, tornando-se diferente da linhagem precursora a cada dois a três meses. A cada mudança sofrida pelo vírus, a sua capacidade de evadir da resposta imune conferida pela infecção natural pregressa e/ou resposta imune conferida pela vacina “mais recente” aumenta…

Assim, a cada 2-3 meses notamos um aumento do numero de casos de covid por subvariante diferente da que estava circulando “até ontem”. E com isso, a possibilidade de infectar e causar doença nas pessoas mundo a fora.

Felizmente, apesar de ainda termos 70 mortes por semana decorrente da Covid-19 no Brasil, a doença atual costuma ser mais leve e benigna que o que assistimos em 2020/2021.

Mas, existe alguma grupo de exceção que esteja mais vulnerável a Covid-19 grave e/ou Covid longa?

SIM!!! Minha maior preocupação hoje são as crianças, especialmente as menores de 12 meses de vida. Esta coorte de crianças nascem sem proteção contra o SARS-CoV 2 pois ainda não tiveram a oportunidade de receber a vacina e também não tiveram a oportunidade da sua primeira infecção natural. Assim, os pequenos são os mais desprotegidos para a Covid mais grave e suas complicações.

Como mudar este cenário?

•        Vacinação das gestantes, para passagem transplantária de anticorpos neutralizantes específicos contra o SARS CoV 2 para seu bebê. Só assim, seu filho estará protegido de doença grave nos seus primeiros meses de vida!

•        Vacinação dos lactentes a partir de 6 meses de vida.

Mas afinal, o vírus está rápido ou nós estamos devagar?

Ambas as afirmações são verdadeiras! O vírus é um mutante natural. Por outro lado, “nós”, desenvolvedores de vacinas atualizadas (indústria farmacêutica), “nós”, agências reguladoras que autorizam o uso da vacina no nosso país, “nós”, governo responsável por prover vacinas atualizadas a populações, “nós”, cidadãos comuns que não seguimos as recomendações de vacinação do Programa Nacional de Imunização – PNI, estamos muito devagar!

Destes “nós”, alguns podemos agilizar, outros são mais complexos…

Fato é que a Covid-19 vai continuar causando danos à população mundial ao longo do tempo por mais que a gente queira insistentemente ignorar este assunto.

Este é o fato. E sim, ele (o vírus) é rápido e “nós” estamos sempre atrasados…

 

•        OMS cita aumento de casos de Covid-19 e queda alarmante na vacinação

A diretora técnica para Preparação e Prevenção de Epidemias e Pandemias da Organização Mundial da Saúde (OMS), Maria Van Kerkhove, disse que a covid-19 segue “bastante presente entre nós” e que o vírus circula atualmente em todos os países. Segundo ela, dados de sistemas de vigilância em 84 países apontam para um aumento substancial na detecção de testes positivos para a doença. 

De forma geral, os números mostram uma ampliação de 10% na taxa de testes positivos para covid, mas o índice varia de região para região. Na Europa, por exemplo, o aumento foi de 20%. Além disso, o monitoramento de águas residuais feito pela OMS sugere que a circulação do vírus pode ser entre duas e 20 vezes maior do que o relatado atualmente. “Isso é importante porque o vírus continua a evoluir, o que nos coloca em risco de mutações mais perigosas”.

Durante coletiva de imprensa em Genebra, Maria citou elevação no número de internações e de mortes por covid em diversos países e destacou que um cenário de circulação elevada do vírus nessa época do ano não era esperado, já que os vírus respiratórios tendem a circular mais fortemente durante o inverno no Hemisfério Norte. “Ao longo dos últimos meses, independentemente da estação, diversos países reportaram aumento de casos de covid-19”.

<><> Compartilhamento de dados

A diretora da OMS alertou que, de um total de 234 Estados-membros, apenas 34 reportaram dados sobre hospitalização por covid; 24 reportaram dados sobre internações em unidades de terapia intensiva (UTI) por covid; e 70 reportaram dados sobre mortes provocadas pelo vírus. “Estamos cegos no que diz respeito aos impactos da covid”, disse, ao destacar que a entidade depende dos números para estabelecer, por exemplo, o nível de risco para a doença.

<><> Queda na vacinação

Maria também demonstrou preocupação em relação ao que chamou de “queda alarmante” das taxas de vacinação contra a covid-19 em todo o mundo – sobretudo entre profissionais de saúde e pessoas com mais de 60 anos, dois grupos considerados de risco para a doença. “Esse cenário precisa ser remediado com urgência”, disse, ao cobrar de governos que ampliem a vigilância e invistam na aquisição de vacinas.

<><> Uma dose a cada 12 meses

Por fim, a diretora da OMS recomendou que sejam tomadas medidas individuais para reduzir o risco de infecção e de agravamento do quadro, incluindo ter tomado uma dose da vacina contra a covid ao longo dos últimos 12 meses – sobretudo entre pessoas que pertencem a grupos de risco. Maria lembrou que bilhões de doses contra a doença foram administradas com segurança em todo o mundo desde 2021, prevenindo milhões de casos graves e mortes.

“O que se tornou crítico agora é: quando foi a sua última dose? Se você tem alguma comorbidade, precisa ser vacinado, pelo menos, a cada 12 meses”, reforçou, ao citar que a falsa percepção de que o vírus foi embora comprometeu seriamente as taxas de cobertura vacinal pelo mundo. “O vírus está aqui para ficar. Mas o impacto futuro da covid-19 depende de nós”, concluiu.

 

Fonte: Por Rosana Richtmann, em Futuro da Saúde/Agencia Brasil

 

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