sábado, 1 de julho de 2023

No capitalismo, o dinheiro precisa circular, e para isso o juro tem que ser baixo, diz Lula

O presidente Lula voltou a criticar o atual patamar da taxa Selic (em 13,75% ao ano) nesta quinta-feira (29). O petista defendeu que no sistema capitalista o dinheiro precisa circular e que, para isso, o juro deve ser baixo.

“Não há país capitalista sem capital, ou com o capital circulando na mão de meia dúzia de pessoas. O dinheiro tem que girar na mão dos milhões de brasileiros para que a economia cresça”, disse à Rádio Gaúcha.

“É isso que esse cidadão do Banco Central [faz referência ao presidente, Roberto Campos Neto] tem que entender: o dinheiro tem que circular e para o dinheiro circular o juro tem que ser baixo”, completou.

Lula voltou a afirmar que entre as atribuições do Banco Central autônomo estão, além do controle da inflação, cuidados relativos ao crescimento econômico e ao emprego. Para o mandatário, não há fatores na conjuntura econômica atual que expliquem o patamar da taxa de juros.

“Não existe hoje nenhuma explicação econômica, sociológica, filosófica, no que você quiser pensar, para que a taxa de juro esteja em 13,75%, porque nós não temos inflação de demanda”, defendeu.

O petista disse também que as ações de Roberto Campos Neto — a quem se refere como “cidadão” — são responsabilidade do Senado Federal, que aprovou sua indicação durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Ainda no âmbito da inflação e da taxa de juros, Lula preferiu não entrar em detalhes a respeito da reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), que acontece nesta quinta-feira. Mas indicou que o Brasil “precisa de uma meta capaz de alcançar”.

“Penso que o Brasil não precisa ter uma meta de inflação rígida como a atual, se não alcançá-la. Então, ao alcançar a meta, podemos reduzir, descer mais um degrau, assim por diante. Por isso que a política monetária tem que ser móvel, com sensibilidade para a realidade da economia”, completou.

•        Investimentos e PAC 3

Lula ainda voltou a defender que a queda do juro vai possibilitar aumentar os investimentos públicos — promessa de sua gestão. “O BNDES vai voltar a ser um banco de investimento, assim como o Banco do Nordeste, a Caixa Econômica e o Banco do Brasil”, disse.

O presidente falou sobre investimentos no âmbito do “PAC 3”, que lançará no próximo mês. Ele destacou essa versão do programa de aceleração do crescimento será rico em parceiras público-privadas (PPPs).

“Vamos fazer uma combinação daquilo que é a capacidade de investimento do Orçamento, dos bancos públicos e aquilo que é possível de fazer com PPPs. Nós queremos transformar esse país num canteiro de obras como fizemos no PAC 1, PAC 2, a gente vai retomar outra vez todas as obras que estão paralisadas”, disse.

“Nós queremos construir PPPs como jamais foi feito nesse país”, completou.

•        Lula diz que PIB deve crescer mais de 2,5% em 2023

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, nesta quinta-feira (15), que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro vai crescer “possivelmente até mais” do que 2,5% neste ano.

“Nós vamos crescer acima do 0,9% [como diz o FMI]. Vamos crescer entre 2% e 2,5% e possivelmente até mais. Vou mostrar que o PIB cresceu, a economia vai estar estável “, disse Lula em entrevista a emissoras de rádio de Goiás.

O presidente disse ainda que quer um “país de classe média” e voltou a criticar o atual patamar da taxa básica de juros, a Selic. Lula voltou a argumentar que o país não vive uma inflação de demanda.

“Quero um país de maioria de classe média. Ninguém gosta de ficar vivendo de Bolsa Família. As pessoas querem sustentar suas famílias com o suor do seu trabalho. Não tem explicação nesse país uma taxa de 13,75% com uma inflação de 4,5%. Não temos inflação de demanda”, afirmou durante entrevista para rádio de Goiás.

A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), órgão do Banco Central (BC), para a definição da taxa Selic está marcada para a próxima quarta-feira (21).

O petista, ao comentar sobre obras e infraestrutura, afirmou que no dia 2 de julho o governo deve anunciar o novo PAC, classificando como “um novo começo de reconstruir tudo que ficou parado”.

“Vamos retomar todas as obras definindo prioridade. A partir do dia 2 de julho, vamos anunciar um novo PAC, um novo começo de reconstruir tudo que ficou parado nesse país. Vamos aproveitar esse mandato para recuperar o nosso país e fazer com que a sociedade brasileira tenha a certeza que o Brasil vai voltar a sorrir novamente”, afirmou.

A CNN havia informado que o “novo PAC”, plano de investimentos do governo para obras de infraestrutura, deve ser lançado pela gestão na primeira semana de julho.

O programa tem como ponto de partida uma lista de 499 obras e projetos apresentados pelos 27 governadores em uma reunião com Lula em janeiro. Cada estado levou ao Palácio do Planalto uma relação de empreendimentos prioritários a serem considerados no novo programa.

Lula lembrou do Desenrola, programa do governo federal para renegociação de dívidas de pessoas de baixa renda que estão com nome sujo.  “Temos 72% da população brasileira endividada. Desenrola vem para tentar resolver parte dessas pessoas endividadas”, disse.

•        Agronegócio

Com relação ao agronegócio, Lula comentou sobre as perspectivas para as safras brasileiras e disse que o desafio é aumentar a capacidade produtiva do país sem prejudicar o meio ambiente.

“Vamos fazer um bom plano safra. Queremos que a agricultura continue crescendo para que a gente continue exportando. O que está em jogo é recuperar e aumentar a capacidade de agricultura desse país sem desmatar”.

O presidente disse ainda ser preciso “tratar o pequeno produtor como o grande produtor. Essa gente merece ser tratada com muito respeito”.

 

       Se Banco Central fosse empresa privada, presidente seria demitido, diz ministro do Trabalho

 

O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, disse nesta quinta-feira (29) que o Banco Central (BC) não vem se atentando ao cenário para postos de emprego no país. Na avaliação do petista, se a instituição fosse uma empresa privada, seu presidente, Roberto Campos Neto, seria demitido.

“Se o Banco Central fosse uma empresa privada, seguramente seu presidente já teria sido demitido, pelo não cumprimento de suas obrigações. Ele tem que observar esses indicadores [de emprego] e aparentemente não está sendo observando”, disse.

Marinho apresentou nesta quinta-feira dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) para maio. No período, o Brasil criou 155.277 vagas com carteira assinada.

O petista celebrou o resultado positivo, mas destacou que a manutenção da taxa básica de juros em 13,75% frustrou expectativas do Ministério para a divulgação de dados ainda mais animadores.

Segundo o ministro, a Lei de Autonomia do Banco Central estabelece que, além de controlar a inflação, o BC deve se ater à situação do emprego no país. Para Marinho, a instituição “não vem cumprindo essa obrigação”.

“Eu não vejo uma frase nas atas [do Copom] sobre emprego. Queria alertar mais uma vez nosso Senado, nossos senadores e senadoras, o presidente Rodrigo Pacheco, sobre a necessidade de cuidar dessa ótica”, disse.

“O Senado tem a responsabilidade de olhar para as obrigações do Banco Central autônomo”, completou.

•        Banco Central eleva de 1,2% para 2% projeção de crescimento da economia em 2023

Após o expressivo crescimento da economia brasileira no primeiro trimestre (1,9%), o Banco Central (BC) elevou sua estimativa para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 2023, de 1,2% para 2%. A nova projeção faz parte do Relatório Trimestral de Inflação, divulgado nesta quinta-feira (29).

Apesar da estimativa mais otimista, ela ainda está abaixo do que espera o Ministério da Fazenda, que já enxerga um crescimento na faixa dos 2,4% para a economia brasileira neste ano. No mês passado, a Secretaria de Política Econômica (SPE) já havia atualizado sua estimativa oficial de crescimento do PIB neste ano para 1,9% — ante projeção de 1,6% em março.

A estimativa da Fazenda leva em conta o chamado “carry over”: se houver variação zero do PIB nos próximos três trimestres, na comparação com o período janeiro-março, apenas o efeito estatístico de carregamento já levaria o crescimento para a faixa dos 2,4% neste ano, segundo cálculos da Fazenda.

A conta do Banco Central, que consta do Relatório de Inflação, mostra que, pelo lado da oferta, após o desempenho positivo do agronegócio no começo do ano, o BC elevou a estimativa para a expansão da agropecuária de 7% para 10%.

Já a revisão para a indústria foi de alta de 0,3% para 0,7%. No caso dos serviços, o BC mudou a previsão de crescimento de 1,0% para 1,6%.

Em relação aos componentes da demanda, o Relatório alterou de 1,5% para 1,6% a expectativa de crescimento do consumo das famílias e aumentou de 0,7% para 1% a previsão de alta do consumo do governo.

O documento de indica também que a projeção para 2023 da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) – mede o volume de investimento produtivo na economia – passou de zero para queda de 1,8%.

No Boletim Focus desta semana, a mediana é de crescimento de 2,18% para o PIB deste ano.

•        Inflação

O Relatório de Inflação trouxe também projeções para a inflação de curto prazo – meses de junho a setembro. Para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – índice de inflação oficial – de junho, o BC revisou de alta de 0,29% para queda de 0,08%, devido às estimativas mais baixas para alimentação no domicílio e bens industriais. No caso de bens, o principal vetor é o programa de desconto em veículos, iniciado este mês.

“A medida, que dispõe sobre mecanismo de desconto patrocinado na aquisição de veículos, deve resultar em queda nos preços de automóveis em junho, com reversão parcial desse efeito nos meses seguintes.”

A previsão do BC para o IPCA de julho é de aumento de 0,29% e, para agosto, é de elevação de 0,25% e, setembro, alta de 0,26%. Em 12 meses, a inflação cede de 3,94% em maio para 3,16% em junho, ainda refletindo as desonerações tributárias criadas no ano passado, mas atinge 5,38% em setembro, segundo os cálculos da autoridade monetária.

Segundo o BC, o cenário de referência até setembro contempla variações baixas nos preços de alimentos, em linha com a sazonalidade favorável e com a evolução benigna dos preços de produtos agropecuários no atacado.

Entre os administrados, os preços da gasolina deverão ser pressionados por mais uma etapa da reoneração dos impostos federais no início de julho, com compensação parcial da dissipação das altas observadas no trimestre anterior nos preços de produtos farmacêuticos, jogos de azar e tarifas de água e esgoto.

O BC disse ainda que espera a incorporação de variações menores em plano de saúde, tendo em vista o anúncio pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) de um limite máximo para reajuste de planos individuais e familiares regulamentados inferior ao autorizado no ano anterior.

Sobre os industriais, o BC disse que o panorama para os próximos meses depende dos efeitos da medida de descontos de veículos, que será renovada, conforme disse na quarta-feira, 28, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

“Há incerteza quanto a esses efeitos, tanto em relação ao impacto em junho, quanto à magnitude da sua reversão após o fim dos descontos patrocinados pelo governo”, disse o BC, completando que, excetuando-se a medida, o caminho é de desinflação para o grupo.

Para o componente subjacente de serviços, o BC vê retomada da desinflação iniciada em meados de 2022, mas de forma lenta. Já a média dos núcleos de inflação deve seguir em trajetória de queda, mas ainda acima da meta de inflação.

•        Estimativa para o crédito

O Banco Central ajustou também suas projeções para o mercado de crédito em 2023. A instituição elevou de 7,6% para 7,7% a projeção de crescimento para o saldo total de crédito neste ano.

Dentro do crédito total, a projeção do saldo de operações com pessoas físicas passou de alta de 8,4% para elevação de 9,9%. No caso das empresas, a expectativa foi de alta de 6,3% para 4,4%.

Já a projeção para o saldo de crédito livre – aquele que não utiliza recursos da poupança ou do BNDES – passou de alta de 7,1% para elevação de 6,3%. Dentro do crédito livre, a projeção para a expansão do crédito às pessoas físicas subiu de 8,0% para 9,0%. No caso das pessoas jurídicas, passou de elevação de 6,0% para avanço de 3,0%.

A projeção do BC para o saldo de crédito direcionado, que utiliza recursos da poupança e do BNDES, passou de alta de 8,3% para 9,6%. Dentro do crédito direcionado, a projeção do crescimento no saldo para as pessoas físicas aumentou de 9,0% para 11,0%. No caso das pessoas jurídicas, a projeção seguiu em 7,0%. As projeções anteriores constavam no relatório de março.

“As novas projeções do crescimento nominal do estoque de crédito para 2023, apesar de ligeiramente superiores às indicadas no relatório anterior, continuam indicando processo de desaceleração do crédito, especialmente no segmento livre, compatível com o ciclo de aperto monetário”, avaliou o BC.

•        Transações correntes

O Banco Central também atualizou, suas projeções para o balanço de pagamentos em 2023. A projeção para o resultado das transações correntes do País passou de déficit de US$ 32 bilhões para US$ 45 bilhões. Já a projeção para o Investimento Direto no País (IDP) neste ano permaneceu em US$ 75 bilhões.

>O aumento do déficit projetado decorre, principalmente, da redução do saldo comercial, de R$ 62 bilhões para R$ 54 bilhões, com redução do valor das exportações e aumento do valor das importações”, destacou o BC.

Em relação ao saldo líquido de investimento de estrangeiros em carteira – incluindo ações e títulos de renda fixa -, a projeção passou de déficit de US$ 5 bilhões para saldo zero. As projeções anteriores constavam no RTI de março.

 

       Bancos reveem projeções de PIB e já falam em crescimento acima de 2% em 2023

 

Em meio a uma leva de dados positivos, bancos, corretoras e consultorias estão revisando para cima suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2023, com um bom punhado deles já falando em um crescimento econômico que deve passar dos 2% neste ano.

Até a pandemia, quando a economia brasileira e a global passaram por oscilações muito fortes, a última vez em que o Brasil cresceu mais de 2% foi há uma década, em 2013, quando o PIB do país avançou 3%.

 “Apesar de esperarmos desaceleração no ritmo atual de crescimento, o consumo deve ficar mais sustentado pelo crescimento da renda, em meio ao mercado de trabalho resiliente e estímulos fiscais”, escreveu a equipe econômica do Itaú em relatório.

O banco revisou sua projeção de crescimento do PIB em 2023 de 1,4% para 2,3%, e também elevou a expectativa para 2024, de 1% para 1,5%.

Entre os impulsos do governo que devem ajudar a segurar o consumo ao longo deste ano, mesmo sob a adversidade dos juros altos, o Itaú menciona o aumento permanente para R$ 600 do Bolsa Família, os reajustes a servidores, o primeiro aumento acima da inflação em três anos para o salário mínimo e o pacote de desconto de impostos para baratear carros.

O diretor de pesquisas econômicas do Bradesco, Fernando Honorato, destaca o surpreendente desempenho da agropecuária no começo deste ano como um dos principais fatores para revisão do banco em sua projeção do PIB de 2023, que foi de 1,8% para 2,1%.

“Em nossa avaliação, os bons resultados do mercado de trabalho, o aumento da renda agrícola e os programas de transferência de renda ajudam a explicar a resiliência da demanda, ao afetar positivamente a renda disponível das famílias”, escreveu Honorato em relatório do Bradesco.

•        Surpresa do PIB e onda de revisões

Ajudado por safras recordes na soja e em outros grãos, o PIB da agropecuária cresceu 21,6% no primeiro trimestre deste ano, surpreendeu todas as expectativas e foi um dos principais motores que ajudaram o PIB brasileiro a ter um resultado forte e também acima do esperado nos três primeiros meses de 2023.

O crescimento da economia no período foi de 1,9% na comparação com o trimestre anterior, e foi a divulgação deste resultado, no início de junho, que abriu as portas para uma leva generalizada de revisões das projeções para cima.

No Boletim Focus, relatório semanal do Banco Central que reúne as projeções econômicas do mercado financeiro, a previsão média para o PIB já subiu de 1,26%, no fim de maio, para 1,84% na edição desta segunda-feira (12).

No início de janeiro, a projeção média dos economistas do Focus para o PIB do ano era de apenas 0,78%.

A onda de revisões também já chegou à inflação e aos juros, que passaram a receber perspectivas melhores dos economistas depois de uma alta de preços bem mais fraca do que o esperado em maio.

No entendimento de diversos bancos, corretoras e casas de análise, há uma desaceleração de preços em curso mais forte do que o inicialmente imaginado, o que já começa a aliviar o caminho para que o Banco Central possa já começar a sinalizar a partir de sua próxima reunião, ainda neste mês, os primeiros cortes de juros.

•        Ajuda do mercado de trabalho

A XP, que, após a surpresa do PIB do primeiro trimestre, revisou de 1,4% para 2,2% sua projeção para o ano, destaca também um mercado de trabalho que tem conseguido se manter forte.

“Os dados de emprego e renda foram positivos em abril”, disse a corretora em relatório.

“A Pnad Contínua mostra queda na taxa de desemprego, além de recuperação dos rendimentos reais. Na mesma linha, as estatísticas do Caged apresentaram criação líquida de aproximadamente 165 mil empregos formais no trimestre móvel até abril. O saldo de vagas permaneceu em patamares elevados, em que pese a desaceleração ante março.”

O Inter, que está com uma projeção de 2% para o PIB de 2023, também destaca as surpresas positivas dos dados de atividade até aqui, mas faz uma ressalva. Para o banco, a tendência de crescimento, muito concentrada no entorno dos setores exportadores, não está espalhada igualmente por todas as frentes da economia e aponta para sinais de consumo mais fraco.

“O consumo das famílias cresceu apenas 0,2% no trimestre, mesmo em um trimestre marcado por aumentos na Previdência e no Bolsa Família, juntamente com a  desaceleração da inflação”, disse o banco em relatório.

“Para o restante do ano, devemos ver a demanda ainda fraca, resultado da maior restrição do crédito, devido à alta taxa de juros, que impacta tanto o consumo das famílias como os investimentos.”

 

Fonte: CNN Brasil

 

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