quinta-feira, 6 de julho de 2023

Jair de Souza: O legado de Jesus não pode servir para a prática da maldade

É provável que todos os que fomos criados no seio de famílias identificadas com o cristianismo tenhamos ficado estupefatos esta semana quando um certo empresário que se diz pastor evangélico apareceu com destaque nos noticiários devido a sua fala na qual justificava e instigava a perseguição e, inclusive, o extermínio físico (assassinato) de homossexuais.

Esse comportamento poderia ser considerado normal e natural em pessoas abertamente associadas com a ideologia nazista-fascista, cuja versão brasileira é o bolsonarismo. Porém, o que causa muita indignação é quando aqueles que andam agindo dessa forma se apresentam publicamente como sendo seguidores e representantes de Jesus junto aos demais membros da sociedade.

Como é possível que o nome de Jesus esteja sendo apropriado por gente que demonstra estar muito mais identificada com o oposto do que encontramos nos ensinamentos por ele ministrados, conforme os relatos de sua vida encontrados nos Evangelhos? Ali, o que observamos é uma figura inteiramente vinculada à luta dos setores sociais mais carentes em sua busca de uma vida mais digna, mais justa e sem miséria.

A bem da verdade, o ódio e os preconceitos destilados pelo empresário-pastor ao qual fizemos alusão vão em sentido diametralmente contrário ao que poderíamos considerar como verdadeiro cristianismo. O que Jesus poderia  ter em comum com alguém que cultiva uma intolerância e um ódio tão extremados a ponto de desejar a morte de outros seres humanos tão somente por sua orientação sexual?

O que se diz é que o tal empresário mercador da fé estaria recorrendo à conhecida estratégia nazifascista-bolsonarista de desviar a atenção pública dos temas que afetam a vida real de quase todo mundo, enquanto que, por outro lado, exacerbam a indignação de seus seguidores para angariar seu engajamento cego e doentio com vistas a levá-los a ocupar a linha de frente no enfrentamento direto contra os adversários que esse empresário-pastor visa aniquilar.

Logicamente, ele não deseja trazer à tona nada que exponha a gritante desigualdade na distribuição de renda em nosso país; nem tampouco abordar temas que apontem para a necessidade de obrigar os ricos a arcarem com uma parcela mais significativa dos custos requeridos para a eliminação da pobreza e a construção de uma sociedade mais justa. Ou seja, o que se pretende é fugir inteiramente de tudo isso.

Portanto, o objetivo almejado é inculcar naqueles que frequentam suas empresas-igrejas a sensação de que seus problemas mais graves advêm de estarem sendo vítimas de perseguição religiosa. Em outras palavras, procura-se fazê-los acreditar que estariam sendo severamente perseguidos, pura e simplesmente, pelo fato de serem cristãos.

Mas, o que vem a ser um cristão? Pelo que pude aprender com meus familiares em minha infância, para ser fiel a Jesus, deveríamos procurar seguir as lições que ele nos transmitiu com sua conduta durante o período em que conviveu com seu povo. Como na vida relatada de Jesus não existe uma única passagem que abonaria o apregoado pelos religiosos do tipo do empresário-pastor a quem estamos nos referindo, as empresas-igrejas alinhadas a essa linha de pensamento precisam dificultar ao máximo o contato de seus seguidores com os exemplos vivenciados pelo próprio Jesus.

Não existe nem uma única passagem na vida de Jesus em que ele demonstre estar preocupado em combater a orientação sexual de ninguém. Está mais do que evidente que para ele o importante era ajudar o povo mais humilde a se livrar do sofrimento que a exploração dos poderosos lhe causava. Jesus NUNCA se envolveu na perseguição de ninguém em razão de pseudomoralismo relacionado com o sexo. Havia coisas muito mais urgentes e importantes com as quais se preocupar. A exploração, a injustiça e o descaso com as penúrias das maiorias populares sempre receberam sua atenção prioritária.

Nas ocasiões em que o vimos tratar de questões de cunho moral foi para condenar a atitude hipócrita das classes dominantes. O episódio sobre Maria Madalena é bastante conhecido e esclarecedor do que Jesus pensava sobre a hipocrisia.

Que o empresário-pastor que andou apregoando o assassinato de homossexuais seja processado e venha a ser condenado pela Justiça não significa nenhum tipo de perseguição religiosa a ninguém. A menos que estejamos fazendo referência à condenação de crimes dignos de um serviçal do diabo. Sim, porque, desejar e instigar a morte de outro ser humano simplesmente em função da forma como ele se posiciona sexualmente não é outra coisa que servir ao diabo.

É dever e obrigação de todos os seguidores sinceros de Jesus condenar com veemência a esses farsantes que se fingem de religiosos para impulsar as causas do ódio, da morte e da exploração, em outras palavras, as causas do diabo.

Em resumo, não é possível estar com JESUS e defender as práticas do diabo.

 

Ø  É hora de impor limites à barbárie dos líderes religiosos neofascistas. Por Luis F. Miguel

 

O deus de André Valadão diz a seus fiéis: “Se eu pudesse, matava todos” – todos os LGBTs, no caso. “Mas não posso. Agora tá com vocês”.

A homofobia é um elemento central na estratégia política da direita religiosa e seus aliados. Ao deslocar o eixo da discussão para as questões “morais” (que, no entanto, são em geral questões de direitos individuais), a direita se coloca em sintonia com uma parcela do eleitorado que, sobretudo a partir das políticas compensatórias do governo Lula, se movimentou na direção de seus adversários.

Nesse novo discurso religioso-político, as questões de gênero ganham primazia absoluta. Talvez isso tenha a ver com a perda de ascendência moral das religiões sobre seus fiéis, que mantêm uma vinculação muito frouxa com a doutrina, caso de muitos católicos, ou uma relação claramente instrumental com a fé, como ocorre em muitas denominações pentecostais.

O antifeminismo e os preconceitos tradicionais contra gays, lésbicas e travestis são pontos em que há sintonia entre a hierarquia e grande parte do rebanho. Diante da visibilidade das demandas pelos direitos de mulheres e de homossexuais, é fácil construir o fantasma de uma ameaça.

Enquanto mantêm o país livre da “ditadura gay”, os sacerdotes e os deputados da bancada religiosa contribuem ativamente para todos os retrocessos do país – e ganham milhões, muitos milhões, gatunando o rebanho e também o erário público.

“Liberdade de expressão”, na novilíngua desse pessoal, é o direito de promover discurso de ódio travestido de homilia religiosa. O “direito à homofobia” é pauta central para todos eles.

A liberdade religiosa é mobilizada para permitir todo o tipo de crime, do charlatanismo à lavagem de dinheiro. Há casos, porém, que estão além de qualquer dúvida. A incitação ao assassinato de todo um grupo de pessoas, como fez Valadão, é um desses casos.

Ele tentou se retratar – foi “mal interpretado”, como sempre. Mas quem vê o vídeo de sua pregação na Igreja da Lagoinha de Miami não tem dúvidas.

É discurso de ódio. É propaganda da violência. É incitação ao homicídio. É crime e tem que ser punido como tal.

Está na hora de começar a impor limites à barbárie dos líderes religiosos neofascistas. Esta também é uma exigência da reconstrução da democracia no Brasil. André Valadão tem que ser processado e condenado. É um primeiro passo.

 

Ø  André Valadão posta imagem de Hitler e sugere que nazista, assassino de LGBTs, teria sido censurado

 

O pastor bolsonarista André Valadão, alvo de investigações do Ministério Público (MP) que podem enquadrá-lo pelo crime de homofobia, achou uma boa ideia se defender utilizando uma imagem do ditador nazista Adolf Hitler

Durante um culto de sua organização, a Igreja Batista da Lagoinha, realizado no último domingo (2) em Orlando (EUA) e transmitido para brasileiros através das redes sociais, Valadão incitou a morte de pessoas LGBTQIA+

"Essa porta foi aberta quando tratamos como normal aquilo que a Bíblia já condena. Agora é hora de retomar o controle e dizer: 'não, pode parar, resetar'. Aí Deus diz: 'não posso mais, já enviei esse arco-íris, se eu pudesse, eu mataria tudo e começaria tudo de novo. Mas já prometi para mim mesmo que não posso, então agora está com vocês'. Vocês não entenderam o que eu disse: agora está com vocês. Vou repetir: está com vocês", disparou na celebração religiosa em questão. 

Parlamentares como a deputada Erika Hilton (PSOL-SP) e o senador Fabiano Contarato (PT-ES), diante da fala abjeta, entraram com ações no Ministério Público solicitando a prisão do pastor. O MP do Acre, então, abriu procedimento investigatório contra Valadão, que já é alvo de outro processo por homofobia. 

O bolsonarista vem afirmando que está sofrendo uma tentativa de "censura" e, no âmbito desta narrativa, publicou em seu Instagram imagens para divulgar cultos de sua igreja que terão este tema. Uma das imagens é uma fotomontagem com os rostos de Adolf Hitler e do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, com a palavra "censura" rabiscada na boca de ambos. 

Usuários das redes sociais interpretaram a imagem como uma sugestão de que Hitler e Trump teriam sofrido censura, tal como o pastor alega que estaria sofrendo. "Você não tá colocando o Hitler como alguém que foi censurado, né? Não é possível", escreveu um internauta, em meio a inúmeros comentários do tipo. 

·         Semelhança 

Em momento algum André Valadão declarou apoio a Adolf Hitler, mas sua postagem sugere que o nazista teria sido alvo de censura. 

O fato é que Hitler, além de perseguir e matar judeus, tinha ainda como alvo as pessoas LGBTQIA - justamente o grupo que Valadão sugeriu a morte na pregação que o fez se tornar alvo do Ministério Público. 

Tal observação foi feita pelo Instituto Brasil-Israel, que repudiou o que classificou como "banalização do Holocausto" na postagem do pastor bolsonarista. 

"Após a denúncia, o pastor fez publicações nas redes sociais com uma imagem de Adolf Hitler, sugerindo que haveria uma ditadura que o coibiria de falar. É um exemplo claro de banalização do Holocausto e dos horrores do nazismo. Diferentemente do que quer dizer André Valadão, as falas dele, na verdade, se assemelham ao que fez Hitler: pregar o extermínio de minorias, com um discurso supremacista", diz nota da organização. 

 

Ø  Famosos exigem a prisão de André Valadão por ataque homofóbico

 

Uma corrente de indignação tomou conta das redes após o ataque gratuito de André Valadão contra a comunidade LGBTQIA+. Figuras públicas usaram suas redes sociais para exigir cadeia e punição exemplar, após o bolsonarista dizer que Deus se pudesse mataria homossexuais. 

A primeira reação foi a do senador Fabiano Contarato, que representou criminalmente no MPF contra o empresário e exige sua prisão preventiva.

Outras personalidades como Felipe Neto, Thiago Amparo, Mateus Carrilho, Gleisi Hoffmann, Zélia Duncan, entre outros, pediram punição exemplar para o bolsonarista. 

·         Contarato pede a prisão de Valadão por ataques a comunidade LGBTQIA+

Após os ataques do pastor e empresário bolsonarista, André Valadão, contra a comunidade LGBTQIA+, o senador Fabiano Contarato (PT-ES) pediu a prisão preventiva do “religioso” e uma indenização de R$ 1 milhão por danos morais coletivos.

O congressista fez o anúncio no Twitter e  destacou o discurso de ódio e violência do pastor bolsonarista. Contarato, que é delegado, disse que Valadão não se restringiu a indivíduos específicos, mas atingiu todo a comunidade LGBTQIA+.

“Nosso mandato foi ao MPF e pediu a prisão preventiva de André Valadão e a reparação no valor mínimo de R$ 1 milhão, por danos morais coletivos, pelo discurso de ódio e pela conduta que não se restringiu a uma pessoa determinada, mas a todo o grupo de pessoas LGBTQIA+”, escreveu o senador.

Durante a realização de um culto dominical na igreja Lagoinha, em Orlando, nos Estados Unidos, Valadão disse que se Deus pudesse, “matava tudo”, se referindo a comunidade LGBTQIA+.

“Agora é a hora de tomar as cordas de volta e dizer: não, não, não. Pode parar, reseta”, começa o bolsonarista.

“Ai Deus fala: Não posso mais. Já meti esse arco-íris aí. Se eu pudesse eu matava tudo e começava tudo de novo. Mas prometi para mim mesmo que eu não posso. Agora tá com vocês”.

Vale lembrar que não é a primeira vez que o pastor bolsonarista prega violência e ódio contra a população LGBTQIA+. Em outro episódio, Valadão disse que que afogaria o presidente Lula e que “Deus abomina o orgulho”, referindo-se ao mês do orgulho LGBTQIA+.

 

Fonte: Brasil 247/Fórum/O Cafezinho

 

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