Florestan Fernandes
Jr: O ocaso do "capitão inelegível"
Como
definiu no Twitter o perfil @Dinodebochado, o ministro Alexandre de Moraes é o Bazuca
Celestial. Com apenas um tiro, abateu o “Cavalão”, apelido de Bolsonaro na
época da caserna.
Alexandre
de Moraes, Presidente do TSE, bem que avisou que não admitiria notícias
fraudulentas e desinformação, a título de enganar eleitores. Imprudente, o
Cavalão não atendeu aos alertas e dobrou a aposta. O resultado: pela violação
reiterada das leis eleitorais, foi processado, condenado e ficou inelegível. O
“cavalão” agora está mais para Pato Manco.
Na
segunda-feira (3/7), em sua rádio preferida, a Jovem Pan, o Inelegível disse
que não está morto, está na UTI e que é muito cedo pra discutirem o seu espólio
político. Esse sincericídio é bastante revelador da situação daquele que há
pouco tempo se sentia o Rei-Sol tupiniquim. Ele, sincera e delirantemente, acreditava
que o estado era seu, tratava o Palácio da Alvorada como sua casa e todos os
recebidos em viagens internacionais eram considerados seu acervo pessoal.
A
situação de Bolsonaro, hoje, é reflexo de como ele se comportou em toda a sua
trajetória política. A visão deturpada do ex-presidente não reeleito e
inelegível (título inédito até então) também se estende sobre o espólio
político que acredita possuir, que considera sua propriedade exclusiva seu e da
qual, pelo que afirmou, não consegue se desapegar.
A
mente de Bolsonaro sequer cogita admitir sua substituição por quem quer que
seja, inclusive sua esposa. Quando indagado sobre a possibilidade de lançamento
da candidatura da ex-primeira-dama, refutou prontamente, dizendo que ela não
tem preparo, “não está pronta”. Na realidade, o que Bolsonaro teme e estão cada
vez mais próximos são o ostracismo, o abandono, e a perspectiva de vir a ser
preso, numa das inúmeras ações criminais que correm contra ele.
Bolsonaro,
em seus 35 anos de carreira política, nunca foi um agregador, nunca valorizou
alianças para além de seus amigos milicianos e seus familiares. Mesmo nessas
relações, dedicou uma boa pitada de deslealdade. Que o digam o amigo de
primeira hora e “administrador” Fabrício Queiroz, o ex-ajudante de ordem Mauro
Cid e até mesmo as ex-esposas do Capitão. Amparar companheiros feridos nunca
foi o forte de Bolsonaro.
Com
esse histórico, não é de surpreender o desamparo do Inelegível. Quem diria,
poucos meses atrás, que a imagem do ex-presidente defenestrado do cenário
político não engajaria suas redes, até então raivosas e coordenadas? O Pato
Manco não tem pernas para acompanhar a maratona da sobrevivência política. Cedo
ou tarde, pelos seus próprios deméritos no quesito articulação, formação e manutenção
de um grupo político coeso, será lançado ao mar.
Quanto
à próxima e esperada prisão, o terror mais atávico do “capitão”, esta será a
consequência do imenso passivo judicial que o próprio Bolsonaro construiu para
si, atando ao seu pescoço. Desta vez, sem ter meios para blindar a si e sua
“holding familiar”, como fez durante seu governo. Não pode trocar um diretor da
PF com apenas uma assinatura, muito menos fazer ameaças à nossa democracia,
tendo por ventríloquos generais estrelados.
Não
tem mais a força da caneta - que como agora se sabe, em público era Bic, e no
privado, cravejada de diamantes. Não tem mais a ameaça das baionetas
Ficam
também pela estrada as motociatas e os passeios de jet ski nas praias badaladas
do litoral brasileiro.
E
assim, o poder e a relevância de Bolsonaro vão se esvaindo e, num processo
natural, novas lideranças da extrema-direita surgindo, principalmente no eixo
São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Até essas, procurando se descolar do
inelegível.
O
que fica, pois é indelével, é o legado das perversidades de Bolsonaro - a dor
das famílias: dos mais de 700.000 mortos pela Covid, das vitimadas pela
violência causada por sua sanha armamentista e daquelas cindidas pelo discurso
de ódio que Bolsonaro dinamizou e explorou.
Ø
A
Bolsonaro só resta uma coisa: pedir a Deus para não ser preso
Dê-se
Bolsonaro por feliz se não for preso, tantos são os processos que responde no
Supremo Tribunal Federal, Tribunal Superior Eleitoral e, em breve, no Tribunal
de Contas da União. E dê-se por feliz porque seu atual partido, o PL, ainda
está disposto a pagar os advogados que o defendem. Será assim por muito tempo?
A
ver. A ver também se ficará em apenas oito anos o período de inelegibilidade de
Bolsonaro. Nesta segunda-feira (3/7), ele disse que “não morreu ainda”, que
está na UTI e que “não é justo alguém querer dividir” seu espólio eleitoral
acumulado em mais de 30 anos de vida pública. A divisão é inevitável.
O
Tribunal de Contas da União deverá abrir novo processo contra Bolsonaro a
partir da decisão do Tribunal Superior Eleitoral que considerou ter havido
abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação na reunião com
embaixadores, ocorrida em 2022, em que Bolsonaro desacreditou as urnas
eletrônicas.
A
Lei da Ficha Limpa determina que gestores públicos que tiverem as contas
reprovadas por irregularidade que configure ato doloso de improbidade ficam os
oito anos seguintes da decisão impedidos de disputar eleições. Se condenado
nesse caso, Bolsonaro ganhará mais alguns aninhos de inelegibilidade. E assim
por diante.
Outro
dia, Bolsonaro afirmou que será salvo porque guarda uma “bala de prata”.
Perguntado, ontem, sobre qual seria a bala, respondeu que não vê ninguém com
conhecimento suficiente do país para substituí-lo como candidato a presidente
em 2026. É o que ele pensa, mas não o que pensam os outros.
Citou
os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e Romeu Zema (Novo-MG)
como nomes que carecem de condições para substituí-lo. Sobre Zema, comentou:
“Eu
não vou dar conselho para o Zema, mas quem queimar largada agora vai levar tiro
de bazuca no lombo. Então vai com calma. Tem tempo ainda. 2026 passa por 2024”.
Como
não deixa passar uma oportunidade de mentir, Bolsonaro garantiu que não foi seu
pessoal “que fez o quebra-quebra” em 8 de janeiro último na Praça dos Três
Poderes, em Brasília, em mais uma tentativa fracassada de golpe. Foi pessoal de
quem? Seus devotos fiéis sugerem que foram “infiltrados de esquerda”.
Ou
seja: embora ninguém de esquerda tenha sido preso em meio à baderna; embora
ninguém de esquerda tenha sido preso quando o Exército permitiu a prisão dos
baderneiros acampados à porta do seu QG; e embora à esquerda não interessasse
derrubar um governo de esquerda, o golpe de 8 de janeiro foi de esquerda.
Dá
para acreditar? Bolsonaro não espera que a maioria dos brasileiros acredite.
Basta que seus seguidores, em número decrescente, acreditem. E que, pelo menos,
continuem acreditando até que aconteça um milagre capaz de reabilitá-lo a tempo
de voltar a disputar eleições – em 2026, 2030 ou 2034, quem sabe?
O
fim de linha chegou para Bolsonaro, só ele finge que não vê. Político sem
perspectiva real de poder, pouco ou nada vale. E, de novo: agradeça a Deus e
dê-se por feliz se não acabar preso.
Ø
Por
improbidade, Bolsonaro poderá concorrer a presidente só em 2034. Por Alex Solnik
As
más notícias para Bolsonaro estão apenas começando. Afastado das eleições de
2030 ele já está, mas o prazo de inelegibilidade será estendido se ele for
condenado também pelo Tribunal de Contas da União.
O
subprocurador do TCU Lucas Rocha Furtado já pediu a apuração de “dano ao erário
público decorrente do abuso de poder político e do uso indevido dos meios de
comunicação por meio de canal público” por ocasião da infame reunião com os embaixadores
a 18 de julho de 2022, no Palácio da Alvorada.
Agora
que o TSE o condenou por abuso de poder político e econômico, tudo indica que
também será condenado pelo TCU, pois a reunião com os embaixadores, já
considerada ilegal, teve custos. E custos empregados em um evento ilegal também
são ilegais.
Ou
seja, a condenação pelo TCU, por improbidade administrativa, é praticamente
certa.
Segundo
a Lei da Ficha Limpa, governantes condenados por ato doloso de improbidade
ficam inelegíveis por oito anos.
O
prazo começa a contar a partir da condenação pelo TCU. Assim, se ele for
condenado ainda este ano, fica inelegível até 2031. Poderá concorrer em 2032 a
prefeito. Para presidente, só em 2034.
É
tempo demais para ser sustentado pelo PL e para manter uma relação amistosa com
Valdemar Costa Neto.
Ø
Inconsolável,
Ciro Nogueira faz publicação bizarra após condenação de Bolsonaro
O
senador e ex-ministro do governo Bolsonaro, Ciro Nogueira (PP-PI), está
inconsolável desde a última sexta-feira (30), quando o ex-presidente Jair foi
condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso de poder político e
ficou inelegível até 2030.
Abatido,
na manhã desta segunda-feira (3), Ciro Nogueira fez uma publicação bizarra que
chamou a atenção e levantou preocupação entre seus pares. Alguns chegaram a
questionar se Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) havia assumido as redes
sociais de Nogueira.
De
maneira incompreensível, Ciro Nogueira tenta analisar o cenário político pós-condenação
de Jair Bolsonaro, mas o resultado é um post bizarro que não vai a lugar
nenhum.
"O
ultrapassado quer fazer o futuro distante igual ao passado distante. Não
enxerga o presente. Só o passado. E assim projeta o futuro. O ultrapassado
copia o passado em um futuro que nunca vai acontecer de novo. O ultrapassado é
um ultraengano", escreveu Ciro Nogueira.
O
senador Ciro Nogueira, desde o pleito do ano passado, arrisca-se na área de
análise política e também na de vidente, no entanto, o parlamentar não acerta
nenhuma de suas previsões políticas.
Ø
Bolsonaro
está sentado, sem camisa, no meio da sala da classe média. Por Moisés Mendes
Bolsonaro
é aquele tio insuportável envolvido em todo tipo de rolo, mas que muitas vezes
socorreu os parentes. Pagou dívidas, porque tinha dinheiro, e deu até suporte
moral a irmãos, tios, cunhadas, primos e agregados.
Mas
todos na família sabem que ele é falcatrua e que o dinheiro com que socorria os
outros não era dele.
A
família tem dívidas com o tio Jair, que reapareceu, sem nada, pedindo colo. Uma
semana depois, ninguém aguenta mais vê-lo arrastando os chinelos, sentando à
cabeceira da mesa e furando a fila do banho.
O
PL vai se dar conta em pouco tempo de que será preciso dar um jeito no tio. Com
algum desprezo, com algumas indiretas e, no fim, se nada der certo, com um
pedido: deu, tio Jair, o senhor precisa devolver a cama para o sobrinho que vem
dormindo no chão.
Bolsonaro
já é a mala do PL. E também é, como perdedor, o estorvo da classe média de
machos brancos reaças e ressentidos. Porque a elite brasileira talvez não
aguente um Bolsonaro sem força e sem utilidade.
Os
ricos e a classe média não terão paciência para continuar convivendo com
Bolsonaro ainda abusado. Que chama um ex-assessor, que chama um fotógrafo e faz
pose numa cadeira no meio da sala.
Tira
a camisa e expõe tudo o que um homem normal gostaria de esconder. Um barrigão,
as cicatrizes da facada e das cirurgias e a expressão de quem não tem o
controle do drama que enfrenta.
Essa
classe média terá de decidir se aceita continuar convivendo com o sujeito que
ameaçou matar os inimigos na ponta da praia, riu das mortes da pandemia,
desejou uma criança venezuelana, roubou joias, tramou um golpe e fugiu para os
Estados Unidos.
E
agora está sem camisa no meio da sala. É sua imagem mais divulgada desde a
condenação pelo TSE. E ele pode, a qualquer momento, provocar outras
inconveniências.
A
classe média branca e cheirosa, que o usou durante quatro anos, pagou o alto
custo da proteção que ele, os militares e os milicianos ofereceram contra Lula.
Mas
o homem fracassou e, ao invés de mostrar que está pronto para uma nova guerra,
que não se entregou e tem forças para reagir, tira a camisa e mostra o corpo
retalhado.
Bolsonaro
decidiu ficar exposto como um traste, um tio sem noção e fragilizado pelas
sequelas políticas que não consegue superar.
Um
guerreiro não faria aquela pose do barrigão exposto num ambiente sombrio e
depressivo. A foto expõe a realidade diante das famílias brasileiras que o
sustentaram.
O
Bolsonaro sem camisa pede socorro. É o último retrato de uma criação coletiva
de milhões de brasileiros.
Ao
lado dele, mesmo que não sejam percebidos, estão Tarcísio de Freitas, André
Valadão, Queiroz, Malafaia, Edir Macedo, Braga Netto, Augusto Heleno. Valdemar
Costa Neto está atrás da porta.
Bolsonaro
ainda circula pela casa com a desenvoltura de quem vai ficar, toma todo o leite
da geladeira, arrota, grita, briga com os vizinhos. Ninguém sabe ainda como se
livrar dele.
Vai
chegar a hora em que todos torcerão para que o tio inconveniente seja preso e a
família se liberte da sua presença.
Sem
camisa, Bolsonaro é o pesadelo da família brasileira que se aproveitou dele
para tentar se livrar do PT e de Lula. Quem tira Bolsonaro da sala?
Fonte:
Brasil 247/Metrópoles/Fórum
Nenhum comentário:
Postar um comentário