sábado, 1 de julho de 2023

Exército entrega cabeça de coronel golpista a Moraes

Amparado, provavelmente, nas famosas “técnicas” de persuasão de Marcos do Val, como ironiza uma fonte da caserna, o coronel Jean Lawand sentou na cadeira elétrica da CPMI do 8 de janeiro, nesta terça, acreditando que convenceria deputados e senadores de suas boas intenções ao trocar mensagens golpistas com Mauro Cid em 2022.

Acabou constrangendo ainda mais o Exército com suas inverdades. Com Jair Bolsonaro instalado no Planalto, mas já derrotado por Lula nas urnas, o coronel clamou para que o presidente colocasse os militares nas ruas:

“Cidão, pelo amor de Deus, cara. Ele dê a ordem, que o povo tá com ele, cara. Se os caras não cumprir, o problema é deles. Acaba o Exército Brasileiro se esses cara não cumprir a ordem do comandante supremo (das Forças Armadas).”

Como Bolsonaro não “deu a ordem”, o inconformado Lawand esbravejou: “Entregamos o país aos bandidos”. “Peça, por favor, para avisarem ao povo (que pedia golpe militar em acampamentos na frente de quartéis), que está há 52 dias cagando em banheiro químico, dormindo mal e pegando chuva. Ele merece saber a verdade. Que Deus se apiede dessa nação”, concluiu Lawand.

Na CPMI, nesta terça, Lawand tentou reinterpretar essas falas. “Afirmo, aos senhores, que em nenhum momento falei sobre golpe. Em nenhum momento atentei contra a democracia brasileira. Em nenhum momento quis quebrar, destituir, agredir qualquer uma das instituições. Porque isso não faz parte do que aprendi na minha carreira, minha vida”, afirmou Lawand.

“O que eu atribuo ao presidente Bolsonaro é que uma palavra dele, a capacidade que ele tinha de liderança sobre a nação, uma palavra dele, uma manifestação dele faria com que aquelas pessoas que estivessem nas ruas, há muito tempo, fora de casa, em situações precárias, retornassem aos seus lares e continuassem as suas vidas”, disse o coronel na CPMI.

Para os parlamentares presentes no depoimento do coronel, Lawand desmoralizou o Exército ao mentir abertamente na CPMI. Ainda chegou a “pedir desculpas ao Exército”.

Improvável pensar que o coronel fosse fazer diferente: depor para admitir prontamente seus desejos golpistas de 2022.

Mas, como deixou claro um dos integrantes da comissão, seria melhor ter ficado calado, já que tinha o direito de ficar em silêncio para não complicar ainda mais sua situação.

Em tempo, nada, até o momento, aconteceu com Lawand no Exército. “O futuro dele está nas mãos de Alexandre de Moraes”, diz um auxiliar de Lula.

 

Ø  TSE e STF vão impedir Câmara de anistiar Bolsonaro

 

O plano bolsonarista, capitaneado por Sanderson (PL-R), de anistiar Jair Bolsonaro via projeto de lei na Câmara, caso o ex-presidente seja condenado à inelegibilidade no TSE, já despertou o alerta do PDT.

Autor da ação contra Bolsonaro na Justiça Eleitoral, o partido de Carlos Lupi está acompanhando a movimentação por um perdão a crimes eleitorais cometidos nos últimos oito anos (incluindo 2022, é claro) e, ante à remota possibilidade de a pauta avançar no Legislativo, pretende discutir a validade dela no Judiciário.

Walber Agra, advogado que representa o PDT no TSE, avalia como inconstitucional a tentativa de Sanderson de reverter no Congresso a iminente decisão dos ministros eleitorais contra Bolsonaro. E, desde já, prepara os argumentos para judicializar a questão, se necessário, uma vez finalizado o julgamento e protocolada a proposta.

Apesar de pouco viável, a iniciativa de Sanderson está sendo interpretada por outros parlamentares como uma tentativa de manter a base bolsonarista aglutinada. E de simular uma reação de seus representantes, ainda que o próprio Bolsonaro, seu entorno próximo e o PL entendam a inelegibilidade como certa.

 

Ø  Hacker da Vaza Jato pode delatar Zambelli e Bolsonaro

 

A prisão de Walter Delgatti Neto, na quarta-feira (28), tem assombrado o entorno de Jair Bolsonaro (PL) por um motivo específico: o hacker da Vaza Jato, como ficou conhecido, pode revelar de detalhes do roteiro golpista de ataques a urnas eletrônicas à invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em janeiro deste ano.

Segundo o blog apurou, a maior preocupação é com a possibilidade de Delgatti fechar uma delação premiada.

Delgatti já revelou que estava trabalhando para Carla Zambelli e foi levado pela deputada para um encontro com Bolsonaro no Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente da República, em agosto de 2022, em meio à campanha eleitoral. Na ocasião, o núcleo bolsonarista quis saber detalhes do sistema de urnas eletrônicas.

Desde então, o hacker não saiu do núcleo bolsonarista, e foi parar na mira da PF por outro motivo: a invasão dos sistemas do CNJ para inclusão de um falso mandado de prisão expedido pelo ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), contra si mesmo.

Como o blog mostrou, a PF ouviu Delgatti sobre o assunto após detê-lo por descumprimento de medidas judiciais a que estava sujeito por conta da Operação Spoofing, que investiga a participação dele na invasão de contas de Telegram de autoridades.

Bolsonaristas temem que o hacker envolva Carla Zambelli no episódio da invasão do CNJ.

Na avaliação de aliados de Bolsonaro, apesar dos esforços para afastar Zambelli, os desdobramentos da prisão de Delgatti têm forte potencial para respingar no ex-presidente. Por isso, acompanham com lupa os movimentos do hacker.

A defesa de Bolsonaro, por meio do advogado e ex-ministro Fabio Wagjarten, procurou o blog nesta semana para dizer que a campanha nunca contratou Delgatti e que o encontro no Alvorada se tratou de uma tentativa de pessoas de buscar protagonismo – referindo-se a Zambelli sem citar o nome da deputada.

O blog também procurou a defesa de Delgatti, que disse que só se manifestará nos autos.

Zambelli disse não ter conhecimento das declarações de Delgatti sobre a invasão ao CNJ e que, por isso, não poderia comentar.

 

Ø  Deputado bolsonarista que posou com Lula se afasta do mandato

 

Quase dois meses após ter se tornado alvo de críticas da ala bolsonarista do PL por foto ao lado do presidente Lula (PT), o deputado federal Yury do Paredão (CE) pediu licença do seu mandato. Para a Câmara dos Deputados, ele solicitou nesta quarta-feira o afastamento por quatro meses para “tratar de interesse particular”. Em nota, a Casa esclareceu que, neste período, ele não receberá remuneração.

Em seu lugar, a vereadora de Fortaleza Priscila Costa assume a cadeira, momento que definiu como “especial” para sua jornada política. Costa é bem mais alinhada ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e é empenhada na defesa das pautas conservadores, como a criminalização do aborto e das drogas. A posse temporária ocorre na manhã desta sexta-feira.

Em maio deste ano, Yury do Paredão desagradou os dirigentes do partido ao comparecer a um evento com Lula. “É uma honra recepcionar o presidente Lula em minha cidade Juazeiro do Norte, ao lado do Senador e Ministro da Educação, Camilo Santana, o governador do Ceará, Elmano Freitas, e o líder do Governo na Câmara, deputado Zé Guimarães. Estamos ansiosos para discutir ideias e soluções para o desenvolvimento do nosso estado. Juntos, podemos construir um Ceará mais forte e justo para todos”, disse à época.

Na ocasião, parlamentares mais radicais chegaram a defender a expulsão do deputado cearense do partido, o que não ocorreu. A licença, no entanto, vem em boa hora para o partido que testará um nome mais conservador na vaga.

Desde o início de seu mandato, o parlamentar fez acenos ao governo federal. Em fevereiro deste ano, quando o Planalto articulava para evitar uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos ataques golpistas do dia 8 de janeiro, ele chegou a retirar sua assinatura do requerimento.

— Tenho uma posição de independência do PL, sempre estive aberto ao diálogo e focado principalmente na democracia. Com certeza terei discordâncias com qualquer governo, mas a política tem que performar em cima de pautas. Ser oposição ferrenha vai atrapalhar o andamento das melhorias — disse em entrevista.

Levantamento recente do GLOBO com base nas redes sociais e no comportamento em votações aponta que, dos 99 deputados federais da sigla, 34 mostram abertura ao diálogo com Lula. Outros 65, por sua vez, demonstram oposição ferrenha à gestão petista. Entre os deputados de estados do Nordeste, do qual Yury faz parte, a adesão a Lula chega a 52% da bancada.

 

Ø  Barroso não aceita formato da retratação de Magno Malta

 

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso informou ao ministro Alexandre de Moraes, seu colega, que não aceitou a proposta de retratação feita pelo senador Magno Malta (PL-ES) para encerrar uma ação penal movida por Barroso contra ele pelo crime de calúnia.

A manifestação de Barroso foi apresentada a Moraes, relator do caso, nesta quinta-feira, 29.

O senador bolsonarista se tornou réu no STF após Barroso mover contra ele uma queixa-crime, depois de Malta ter atribuído ao ministro agressões contra uma mulher.

A fala do senador ocorreu em 11 de junho de 2022, durante um evento conservador no interior de São Paulo.

Sem apresentar provas, o ex-parlamentar declarou que o ministro do STF respondia a duas ações no Superior Tribunal de Justiça (STJ) com base na Lei Maria da Penha, referentes às supostas agressões.

Em 2013, então procurador do estado do Rio de Janeiro, Barroso, assim como uma procuradora, um desembargador, dois juízes, uma delegada e um inspetor da Polícia Civil do Rio, foram alvos de uma queixa movida por uma advogada, que lhes atribuía crimes de calúnia, difamação, injúria, violência contra a mulher, formação de quadrilha, prevaricação e advocacia administrativa.

A ação, no entanto, foi rejeitada liminarmente e arquivada pela ministra Eliana Calmon, por não haver absolutamente nenhuma prova nem justa causa para seu prosseguimento.

Em maio, como mostrou VEJA, o ministro do STF apresentou a Moraes as condições para que a ação contra Magno Malta fosse encerrada amigavelmente.

Barroso pediu que o senador capixaba se retratasse formalmente e se comprometesse a não divulgar mais informações “sabidamente falsas” a respeito dele.

Ainda conforme o ministro, a proposta de retratação deveria ter a concordância das duas partes.

Magno Malta concordou com os termos e enviou uma proposta em que diz se retratar, se compromete a “não mais abordar o assunto, tampouco propagar as falas proferidas no evento em apreço” e afirma não ter tido intenção de “promover ataques” ao Supremo e “atacar ou agredir” Barroso.

“Sem pretender repetir as expressões proferidas naquela ocasião e citadas expressamente na peça da Queixa-Crime, retrato-me nos termos ora declarados”, diz o texto.

Luís Roberto Barroso, no entanto, não aceitou a proposta de retratação de Magno Malta. O ministro informou que o texto “não expressou a falsidade do teor das ofensas” à sua honra e não “prestou compromisso de não mais divulgar informações sabidamente falsas a respeito do Querelante ou que constituam violação ilegítima à sua honra”.

“Diante da gravidade das ofensas propaladas contra a honra do Querelante, o Querelado deveria, no mínimo, reconhecer inequivocamente a falsidade das declarações, o que não se revelou presente na proposta de retratação apresentada”, diz a defesa do ministro, que ressalta as condições como essenciais ao fim do processo, “sob pena de prosseguimento da ação penal sem solução consensual”.

 

Fonte: Veja/g1

 

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