sábado, 8 de julho de 2023

Ex-ministro de Bolsonaro sugere que ele sabota o país

Horas depois de a Câmara dos Deputados aprovar a reforma tributária, que enfrentou a oposição do ex-presidente Jair Bolsonaro, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) foi às redes sociais afirmar que “nenhuma oposição pode ser contra o Brasil”.

Em uma indireta ao ex-chefe e ainda aliado, o ex-ministro da Casa Civil do governo Bolsonaro escreveu que há no país uma unanimidade:

“o Brasil precisa mudar”. “Precisa porque o povo não pode esperar 4 anos sofrendo, abandonado, enquanto questões que são de país, e não de governos, precisam ser enfrentadas”, disse Nogueira, sem citar a reforma tributária ou o ex-presidente.

“Dizia isso ontem, digo hoje e direi sempre: nenhuma oposição pode ser contra o Brasil. O Brasil que queremos é maior do que todos nós, o Brasil que queremos pode não ser o de hoje, mas é hoje que temos a obrigação de construí-lo”, concluiu o senador, que é presidente nacional do Progressistas — legenda do relator da proposta na Câmara, o deputado Aguinaldo Ribeiro (PB).

 

Ø  Janones elogia Tarcísio por apoiar reforma tributária

 

O governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos -SP) virou alvo da ira bolsonarista após trabalhar a favor da Reforma Tributária no Congresso, aprovada na Câmara nesta quinta-feira. Por outro lado, após o posicionamento, o político ganhou elogios de personagens inesperados, como o do deputado federal André Janones (Avante-MG), que chamou de companheiro nas redes.

Em post no Twitter, o parlamentar comemorou a expressiva votação do Republicanos, partido de Tarcísio, para aprovação da proposta, e chamou o governador paulista chamou de “essencial”.

“Republicanos votou em peso conosco , e o PL garantiu mais 20 votos favoráveis! O meu muito obrigado ao companheiro Tarcísio, que foi essencial pra isso!”, escreveu Janoes.

Por outro lado, a postura do governador incomodou antigos aliados do Bolsonarismo. O deputado federal Ricardo Salles, repostou a publicação de Janones, ironizando a homenagem. “Companheiro Tarcísio?”, questiona o texto da postagem de Salles nas redes.

A insatisfação com a postura de Tarcísio já havia sido demonstrada por Salles ainda na tarde desta quinta-feira, quando ele enviou um recado para o governador durante reunião dos deputados da bancada com o ex-presidente Jair Bolsonaro.

— Não vem aqui colocar faixa de representante da direita, porque não é. Nós temos as nossas próprios convicções, nós temos os nossos princípios e muitos de nós têm pelo presidente Bolsonaro uma lealdade verdadeira. (…)Nós não queremos e não seremos representados por alguém que vem aqui se dizer de direita e na hora de governar o estado para o qual foi designado pelo ex-presidente (Bolsonaro), não governa como alguém de direita — falou Salles durante discurso.

Quem também atacou diretamente o governador paulista foi o deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ), que em suas redes pontuou, sem citar nominalmente o político, que ele “não ouviu aliados de primeira hora e foi elogiado pelo PT”.

“Alguém tem duvida de quem está certo?”, questionou o parlamentar na postagem.

Em uma reunião no PL, enquanto o governador se posicionava a favor do texto, foi interrompido pelo padrinho político, que afirmou que o texto não seria aprovado se o PL estivesse “unido”. Apesar dos esforços de Bolsonaro, 20 deputados votaram pela aprovação, enquanto 75 foram contra.

·         Lira sugere a Bolsonaro não brigar com Tarcísio

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que entrou em contato com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e defendeu o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em meio ao conflito entre os dois. Em pronunciamento na Câmara, Lira disse que ligou e mandou mensagem para Bolsonaro ontem, dia da aprovação da reforma tributária na Casa. “Colocando justamente, sem fazer juízo de valor nem pedindo posicionamento, que essa reforma nasceu no governo dele, foi tocada dentro do Congresso e de que ela era do Brasil”.

O presidente da Câmara defendeu a postura de Tarcísio durante a discussão da reforma, considerada decisiva para aprovação. “Fiz uma observação: de que o governador Tarcísio foi muito correto com o tratamento da PEC e que é um amigo que precisa ser preservado”.

Autor da proposta, o deputado federal Baleia Rossi (MDB-SP) declarou que o momento em que ficou claro que haveria aprovação foi quando Tarcísio sinalizou apoio. Arthur Lira afirmou que o estado de São Paulo sempre foi um obstáculo e desta vez trabalhou pela reforma. Durante o pronunciamento, Lira também agradeceu ao presidente Lula (PT) e ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pela atuação na reforma tributária. Segundo o presidente da Câmara, os dois ligaram para ele para parabenizar pela aprovação e “saber do ambiente. Ele não quis estimar um prazo para finalização da apreciação da reforma tributária pelo Congresso, mas disse acreditar que o projeto ainda deve voltar para Câmara, já que o Senado pode fazer alterações. “O Senado vai ter a oportunidade de fazer uma discussão mais pausada, com um olhar mais agudo, e saberemos avaliar o texto que, com certeza, deve voltar do Senado”, disse.

Defensor da reforma tributária, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, foi interrompido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e vaiado ontem durante reunião do PL que discutia o assunto. Alguns deputados bolsonaristas afirmaram que o ex-ministro está “queimado”. No vídeo compartilhado em páginas bolsonaristas, Tarcísio defende a reforma tributária. Ele está ao lado de Bolsonaro e de outras lideranças do PL, como o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (RN). Bolsonaro fez uma crítica pública ao ex-ministro dizendo que “todo mundo aqui sabe que o Tarcísio não entende de política”, segundo fontes presentes na reunião relataram ao UOL. O governador de SP disse que a direita deve discutir a proposta. “Nós não podemos perder a narrativa. A direita não pode perder a narrativa de ser favorável na reforma tributária. Senão, ela acaba sendo aprovada, e quem aprovou?” Após a fala, Tarcísio é interrompido pelo ex-presidente, que diz: “Se o PL estiver unido, não aprova nada”. O ex-presidente havia se reunido com Tarcísio antes e deixado claro que é contra a reforma. Durante a tarde, Jair Bolsonaro concedeu entrevista a Jovem Pan e tratou o governador de São Paulo de forma cordial. Mas ele não deixou de eleogiar Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais que também é cotado como possível candidato da direita a presidente em 2026.

O plenário da Câmara aprovou hoje em segundo turno, por 375 votos a 113, o texto-base da PEC da reforma tributária. Falta votar os destaques (possível alteração no texto) antes de a proposta ir para o Senado. Vitória do governo Lula e momento histórico. A reforma tributária era discutida há cerca de 30 anos, sem ter avançado no Congresso Nacional durante os governos anteriores. O sistema atual foi criado na década de 1960. Com exceção do PL e do Novo, todas as bancadas orientaram favoravelmente ao projeto.

 

Ø  Críticas a bolsonaristas que votaram reforma viram piada

 

Partido com a maior bancada da Câmara dos Deputados, com 99 parlamentares, o PL marcou posição contrária sobre a Reforma Tributária, aprovada nesta quinta-feira com 382 votos no plenário da Casa. No entanto, 20 integrantes da sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro votaram pelo texto. O ex-presidente se empenhou pessoalmente na campanha pelo “não”, uma semana após ser declarado inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Entre os deputados que votaram a favor da proposta estão parlamentares da ala mais moderada do partido, que contam com bom trânsito na Câmara, como Antonio Carlos Rodrigues (PL-SP), que já foi ministro no governo Dilma. Wellington Roberto (PB), outra liderança da sigla, também foi favorável à proposta, assim como Zé Vitor (MG), outro parlamentar que circula bem nos corredores do Congresso.

Veterano no PL, o humorista Tiririca também não seguiu a orientação do PL. Rosângela Reis, escolhida por Michelle Bolsonaro para um cargo dentro do PL Mulher, foi outro nome a votar pelo “sim”. Deputada mais votada pelo Maranhão, Detinha e o marido, Josimar Maranhãozinho, também corroboraram a decisão da maioria da Casa.

Durante encontro na sede do partido, nesta quinta-feira em Brasília, Bolsonaro chegou a dizer que se a sigla votasse junto, a reforma não seria aprovada. O pedido do ex-presidente não foi ouvido. O resultado demonstra uma divisão clara dentro da legenda do ex-presidente e uma perspectiva de que a parte da bancada do PL está ao alcance do governo, ao menos em algumas pautas da Câmara.

Após vinte parlamentares do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) descumprirem a orientação da sigla e votarem a favor da Reforma Tributária, o deputado federal Luciano Alves (PSD-PR) subiu à tribuna para parabenizar o posicionamento do grupo. O discurso exaltado fez com que outro deputado gritasse, em tom de brincadeira, “comunistas do PL”, o que arrancou risadas de todos os presentes, incluindo o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).

— Eu tenho a lista de 20 deputados do PL que votaram a favor do que está acontecendo aqui hoje. 20 deputados do PL que votaram a favor dessa mudança no país. Parabéns a vocês — disse Luciano Alves antes de citar nominalmente todos os deputados que foram contra à recomendação do partido.

Logo após o discurso de Alves, já às 1h12 da manhã desta sexta-feira, um outro deputado brincou e chamou o grupo de “comunistas”, o que provocou risadas de todos.

Veja os deputados do PL que votaram a favor da Reforma:
Antonio Carlos Rodrigues (SP)
Detinha (MA)
Giacobo (PR)
Icaro de Valmir (SE)
João Carlos Bacelar (BA)
João Maia (RN)
Josimar Maranhãozinho (MA)
Junior Lourenço (MA)
Júnior Mano (CE)
Luciano Vieira (RJ)
Luiz Carlos Motta (SP)
Matheus Noronha (CE)
Robinson Faria (RN)
Rosângela Reis (MG)
Samuel Viana (MG)
Tiririca (SP)
Vermelho (PR)
Vinicius Gurgel (AP)
Wellington Roberto (PB)
Zé Vitor (MG)

 

Fonte: Veja/UOL/O Globo

 

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