EUA e Europa
continuam a evitar responsabilidade por suas ações na Ucrânia, diz mídia
No
conflito ucraniano os EUA e os países europeus se distinguem pela hipocrisia,
bem como pela capacidade de evitar a responsabilidade por suas ações, relatou a
revista The American Conservative.
"No
entanto, o Ocidente criou as condições para a guerra. Os EUA e a Europa primam
pela hipocrisia, evitando a responsabilidade por suas ações. Infelizmente, isso
não é novidade", observa-se no artigo.
Note-se
que os países europeus já admitiram que estão cansados de apoiar Kiev no
conflito na Ucrânia. Ao mesmo tempo, os americanos ainda "simpatizam"
com o lado ucraniano, mas sua paciência será testada nos próximos meses.
Além
disso, o observador aponta que os EUA e o Ocidente apoiam regularmente, mesmo
entusiasticamente, ditaduras sangrentas quando lhes convém. Por exemplo, os
aliados continuam a armar a monarquia saudita, um dos Estados mais tirânicos do
mundo, e a manter a sua terrível guerra contra o Iêmen, que custou muito mais
vidas civis do que o "imbróglio ucraniano".
Para
as autoridades ocidentais, a venda de armas é mais importante do que a vida dos
árabes, destaca o autor.
Enfatizando,
no artigo observa-se que, quanto à Europa, os EUA não devem partilhar o fardo,
mas transferi-lo para outros.
Segundo
o autor, Washington não pode mais dar-se ao luxo de apoiar financeiramente
dezenas de aliados ociosos que acreditam que sua segurança é responsabilidade
dos Estados Unidos.
"Assim,
Washington precisa começar a sair para forçar os governos aliados a assumir sua
própria defesa. O Tio Sam já não pode se dar ao luxo de apoiar dezenas de
aliados caloteiros que acreditam que a sua segurança é da responsabilidade da
América", concluiu ele.
Ø
EUA anunciam envio
de munições cluster à Ucrânia; Rússia rebate e diz que resposta será 'muito
dura'
Governo
Biden anunciou a entrega de munições cluster à Ucrânia indo contra aliados
fortes da OTAN. Segundo subsecretário americano, o envio acontece pela "urgência
do momento", uma vez que a contraofensiva ucraniana "está indo mais
devagar do que o esperado". A Rússia classificou a decisão como "novo
passo na escalada" do conflito.
Os
Estados Unidos divulgaram nesta sexta-feira (7) um novo pacote de assistência
militar para a Ucrânia, o qual inclui munições cluster, também conhecidas como
bombas de fragmentação, anunciou o Departamento de Defesa.
"Hoje
[7], o Departamento de Defesa anuncia assistência de segurança adicional para
atender às necessidades críticas de segurança e defesa da Ucrânia. Este pacote
fornecerá à Ucrânia sistemas de artilharia e munições adicionais, incluindo
munições de fragmentação, sobre as quais o governo realizou extensas consultas
com o Congresso e nossos aliados e parceiros", disse o comunicado do
departamento.
O
novo pacote de armas terá sistemas de defesa aérea Patriot, mísseis AIM-7 para
defesa aérea e sistemas antiaéreos Stinger, 32 veículos de combate de
infantaria Bradley e 32 veículos blindados de transporte de pessoal Stryker,
informou o Pentágono.
A
ajuda, no valor de US$ 800 milhões (R$ 3,8 bilhões) é o 42º aprovado pelos
Estados Unidos para a Ucrânia desde o começo da operação russa, totalizando
mais de US$ 40 bilhões (R$ 194 bilhões) em ajuda militar.
O
conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, disse que os EUA reconhecem
"que as munições cluster criam um risco de dano civil devido a munições
não detonada. É por isso que adiamos a decisão o máximo que pudemos".
"É
uma decisão difícil [...] houve uma recomendação unânime da equipe de segurança
nacional, e o presidente Biden finalmente decidiu, em consulta com aliados e
parceiros e com membros do Congresso, avançar nesta etapa", afirmou.
Ainda
segundo Sullivan "a Ucrânia forneceu garantias por escrito de que vai
usá-las de maneira muito cuidadosa para minimizar os riscos aos civis,
incluindo que não usarão em áreas urbanas com civis e que registrarão
exatamente onde usarão essas munições".
Kiev
pediu munições cluster para disparar contra posições russas com tropas entrincheiradas.
No passado, a Ucrânia instou os membros do Congresso dos EUA a pressionarem o
governo Biden para aprovar o envio deles.
O
secretário-geral da ONU, António Guterres, é contra o uso contínuo de munições
cluster, disse um porta-voz da ONU hoje (7) quando questionado sobre o anúncio
dos EUA. A Alemanha também se posicionou e disse ser contra o envio.
Já
o conselheiro disse também no briefing de hoje que Washington consultou seus
aliados sobre a decisão e eles a entenderam.
"Consultamos
de perto aliados para decidir fazer isso [...] e até mesmo aliados que são
signatários da Convenção de Oslo, embora não possam apoiar formalmente algo
contra o qual assinaram […]."
Washington
entregará as munições cluster à Ucrânia dentro do período de tempo relevante para
a chamada contraofensiva de Kiev, disse o subsecretário de Defesa para
Políticas, Colin Kahl, nesta tarde (7).
"A
única coisa que direi é que eles entregarão [as munições cluster] em um prazo
relevante para a contraofensiva", declarou.
Kahl
também informou que os EUA enviarão suas "mais modernas" munições
cluster, com taxas de "insucesso" abaixo de 2,35%. O subsecretário
diz que há duas razões principais por trás da decisão de incluir munições
cluster neste último pacote de ajuda armamentista à Ucrânia.
Uma
delas é a "urgência do momento", uma vez que a contraofensiva
ucraniana "está indo mais devagar do que o esperado"
"Queremos
garantir que os ucranianos tenham artilharia suficiente para mantê-los na luta
no contexto da atual contraofensiva e porque as coisas estão indo um pouco mais
devagar do que alguns esperavam."
As
munições cluster são proibidas em mais de 100 países. Eles normalmente liberam
um grande número de pequenas bombas que podem matar indiscriminadamente em uma
área ampla e aquelas que não explodem representam um perigo por décadas após o
término do conflito.
·
Moscou
comenta decisão
A
Rússia responderá duramente ao fornecimento de munições de fragmentação dos
Estados Unidos à Ucrânia, disse o presidente do comitê internacional do
Conselho da Federação (o Senado russo), Grigory Karasin, à Sputnik.
"Um
novo passo para a escalada da situação em torno da Ucrânia, à qual a resposta
[da Rússia] será muito dura. Espero que a comunidade internacional tome
conhecimento da situação, que está se tornando cada vez mais alarmante e causa
sérias preocupações sobre como a situação está se degradando", disse
Karasin.
Já
o chefe da Comissão dos Assuntos Internacionais da Duma de Estado (câmara baixa
do parlamento russo), Leonid Slutsky, disse que a resposta russa "virá
inevitavelmente".
"Os
EUA estão lutando não com suas próprias mãos e não em seu próprio território. A
Rússia, tenho certeza, responderá inevitavelmente. Qualquer fornecimento de
equipamento militar ocidental ainda é um alvo legítimo para as Forças Armadas
russas", disse Slutsky a repórteres.
·
Adesão
à OTAN
Sobre
a próxima cúpula da OTAN, que acontece em Vilnius na semana que vem, Jake
Sullivan sublinhou que a Ucrânia não se juntará à Aliança Atlântica.
"A
Ucrânia não se juntará à OTAN após esta cúpula, vamos discutir quais medidas
são necessárias", afirmou.
Kiev
tem pressionado a OTAN para adesão e, nas últimas semanas, tanto Vladimir
Zelensky quanto membros de seu governo tem dito que a Aliança Atlântica
"não deve termer a Rússia".
·
Alemanha
se opõe ao envio de munições cluster a Kiev pelos EUA e OTAN se exime: 'Não
temos posição'
Diante
de uma potencial crise entre dois dos membros mais poderosos da OTAN, visto que
Washington quer enviar a munição e Berlim é contra, a Aliança Atlântica assume
tom neutro e diz que "cabe aos governos decidirem".
Nesta
sexta-feira (7), a Alemanha, através de seu Ministério das Relações Exteriores,
se opôs ao envio de munições cluster para a Ucrânia pelos Estados Unidos.
A
chanceler, Annalena Baerbock, afirmou que o país como um dos 111 Estados que
fazem parte da Convenção sobre Munições Cluster (CCM, na sigla em inglês) é
contra, segundo a Reuters.
Baerbock
disse hoje (7) a repórteres em uma conferência sobre o clima em Viena:
"Acompanho os relatos da mídia. Para nós, como Estado-parte, aplica-se o
acordo de Oslo". A ministra se referia ao CCM, que foi aberto para
assinatura na capital norueguesa em 2008. Ele proíbe o uso, armazenamento,
produção e transferência de munições cluster.
A
Casa Branca afirmou que o envio de munições cluster para a Ucrânia está
"sob consideração ativa", mas não fez nenhum anúncio a fazer.
Washington não faz parte da CCM.
Já
a OTAN "lavou as mãos" diante de uma potencial crise entre seu
principal membro, os Estados Unidos, e a mais rica nação europeia da aliança, a
Alemanha. O líder da Aliança Atlântica, Jens Stoltenberg, foi questionado nesta
sexta-feira (7) sobre o envio da munição de fragmentação.
Em
resposta, Stoltenberg afirmou que "a OTAN não tem uma posição sobre
ela", pois alguns aliados se comprometeram a proibir seu uso e outros não.
"Isso será para os governos decidirem, não para a OTAN decidir",
complementou o secretário-geral citado pelo The Guardian.
Dos
31 países da OTAN, 25 são signatários do CCM, como Berlim. Mas EUA, Ucrânia e
Rússia não fazem parte do tratado, o que os exime de qualquer punição
internacional.
A
organização internacional de direitos humanos, Human Rights Watch (HRW), também
alertou os EUA contra o fornecimento de munições de fragmentação, que são
proibidas em mais de 100 países devido ao grave risco que apresentam para as
populações civis.
Ø
Human
Rights Watch adverte EUA contra envio de munições de fragmentação para a
Ucrânia
A
organização internacional de direitos humanos Human Rights Watch (HRW) alertou
os EUA contra o fornecimento de munições de fragmentação, que são proibidas em
mais de 100 países devido ao grave risco que apresentam para as populações
civis.
Em
comunicado divulgado na quinta-feira (6), a organização não governamental soou
o alarme após relatos da mídia de que o governo dos EUA está considerando
aprovar as entregas destas armas letais, que Kiev tem estado solicitando há
meses.
O
The New York Times informou na quinta-feira (6), citando uma fonte sênior da
Casa Branca, que Washington deveria dar luz verde ao envio de tais munições. A
CBS escreveu na quarta-feira (5) que os EUA poderiam tomar uma decisão já nesta
semana.
"A
transferência dessas armas inevitavelmente causaria sofrimento a longo prazo
para os civis e afetaria a condenação internacional de seu uso", afirmou a
HRW.
As
munições de fragmentação são proibidas em mais de 100 países porque, quando
explodem, lançam pequenas bombas sobre uma extensa área.
·
O
que é uma bomba de fragmentação?
Uma
munição ou bomba de fragmentação é uma arma extremamente letal que contém
várias submunições explosivas ou minibombas. Estas bombas são normalmente
lançadas de aviões ou disparadas de terra ou do mar. Elas se abrem no ar e
liberam dezenas ou centenas de submunições, que podem cobrir uma área de mais
de 300 metros quadrados.
Os
críticos explicam que, quando as bombas de fragmentação se dispersam, podem
mutilar e matar civis e têm alta porcentagem de falhas, por isso as munições
não detonadas representam um perigo durante anos após o fim de um conflito.
Ø
União
Europeia acorda destinar € 500 milhões à produção de munições para Kiev
A
decisão, que deverá receber aprovação final e entrar em vigor nas próximas
semanas, promoverá as "capacidades de produção" do bloco, segundo o
Conselho Europeu.
Os
países da União Europeia e o Parlamento Europeu chegaram na quinta-feira (6) a
um acordo preliminar sobre uma alocação emergencial de € 500 milhões (R$ 2,66
bilhões) para aumentar a produção de munições do bloco, comunicou o Conselho
Europeu.
Espera-se
que o financiamento dos 27 Estados-membros, "em benefício da Ucrânia e dos
Estados-membros", apoie o aumento da capacidade de fabricação de munição
terra-terra e de artilharia, bem como de mísseis.
"As
regras acordadas introduzem um 'instrumento' por meio do qual a UE apoiará
financeiramente o reforço das capacidades de produção industrial da UE para
munições e mísseis ao longo das cadeias de suprimento e de valor. Esse apoio
financeiro será concedido sob a forma de subvenções a vários tipos de ações que
contribuam para os esforços da indústria de defesa europeia no sentido de
aumentar suas capacidades de produção e resolver os entraves
identificados", detalhou.
"Essa
é mais uma prova do compromisso inabalável da UE em apoiar a Ucrânia,
fortalecer a base industrial e tecnológica de defesa da UE e, em última
instância, garantir a segurança e a defesa de longo prazo dos cidadãos da
UE", disse Margarita Robles, ministra da Defesa de Espanha.
O
acordo provisório deve agora ser aprovado pelo Conselho Europeu e pelo
Parlamento Europeu. Espera-se que a assinatura e a entrada em vigor ocorram
antes do final de julho.
Fonte:
Sputnik Brasil
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