terça-feira, 11 de julho de 2023

5 maneiras inusitadas de proteger a saúde reprodutiva

Uma das formas mais tradicionais de proteger a fertilidade é adotar hábitos saudáveis, como uma alimentação balanceada e exercícios físicos regulares. Porém, até mesmo a maneira como se prepara os alimentos em casa e a procedência da água consumida no dia a dia influenciam na capacidade de se reproduzir.

 “Uma regra simples é a seguinte: o que é bom para o coração, a mente e o sistema imunológico, também é benéfico para a capacidade do sistema reprodutivo”, afirma a epidemiologista reprodutiva e ambiental Shanna H. Swan, autora do livro Contagem regressiva (Alaúde, 2023).

Ela aponta cinco hábitos para proteger a saúde reprodutiva. Confira:

1. Fique longe da fumaça do cigarro

O cigarro é tóxico para o esperma, e a nicotina, o cianeto e o monóxido de carbono aceleram o envelhecimento dos óvulos, o que também afeta a fertilidade.

Ainda que você não fume, conviver com tabagistas e respirar as mesmas substâncias tóxicas (o chamado fumante passivo) pode afetar a saúde reprodutiva. Portanto, se mora com um fumante, incentive-o a parar ou peça para parar de fumar dentro de casa.

2. Sempre que possível, compre produtos orgânicos

Optar por produtos orgânicos, mesmo que sejam mais caros, é uma forma de investir na saúde para evitar a ingestão de vestígios de pesticidas ou ingredientes inertes, como aditivos químicos que deixam o plástico mais maleável.

3. Alimentos frescos em vez de ultraprocessados

Priorize frutas, legumes, hortaliças, leguminosas, sementes e peixes. Além de serem mais nutritivos, alimentos frescos reduzem a exposição a produtos químicos presentes nas embalagens, por exemplo.

O BPA é uma substância tóxica hidrossolúvel que pode gerar consequências como abortos e anomalias no feto, além de tumores no trato reprodutivo, câncer de próstata e de mama. Fique atento, pois produtos com o rótulo de BPA livre podem conter BPS e BPF, que são igualmente nocivos.

4. Prepare as refeições em casa com maior frequência

Comer fora ou pedir comida para entrega são práticas associadas a níveis mais altos de substâncias químicas no corpo, por causa do material usado no acondicionamento dos alimentos ou das luvas de manipulação usadas por quem fez a comida.

“Um estudo comprovou que adolescentes acostumados a comer habitualmente fora de casa tinham níveis 55% maiores de produtos químicos de desregulação endócrina no sangue do que os que comiam em casa”, conta Shannah.

5. Filtre água potável

“Mesmo que você confie no serviço de abastecimento da sua cidade, comprar um filtro para a sua casa continua a ser uma boa ideia. Produtos químicos, agrícolas e farmacêuticos podem estar presentes na água sem monitoramento das companhias”, recomenda Shannah.

Ela alerta que nem as opções engarrafadas são confiáveis, devido aos recipientes de plástico que podem liberar quimícos que influenciam na fertilidade. “Invista no tratamento do líquido para sua casa e leve uma garrafa de vidro ou aço inoxidável quando precisar”, diz a especialista.

 

       Infertilidade ou esterilidade? Ginecologista explica diferenças

 

A infertilidade e a esterilidade são termos geralmente confundidos, afinal, ambos estão ligados à incapacidade de gerar filhos. No entanto, existem algumas diferenças entre eles, por isso, o ginecologista e diretor de comunicação da Sociedade Brasileira de Endometriose (SBE), Dr. Marcos Tcherniakovsky, explica o significado por trás de cada condição.

•        Esterilidade ou infertilidade?

A esterilidade é quando não existe a chance de um casal engravidar, por meio de relações sexuais. Já a infertilidade quer dizer que essas chances são reduzidas, mas com tratamento médico e interferência correta a gestação pode acontecer. Ou seja, essas palavras não são sinônimos, mas já estão estabelecidas no imaginário da população.

“É importante entender que a infertilidade é um dos principais sintomas que leva a desconfiança no diagnóstico de endometriose. Mas, acontece que, embora se estima que sete milhões de brasileiras tenham essa doença, muitas nem sabem o que ela é. Quando se descobre, já se pensa em esterilidade quando estamos falando de infertilidade”, explica o médico.

•        Infertilidade na endometriose

De acordo com Tcherniakovsky, vários fatores colaboram com a dificuldade na gestação quando a causa é a endometriose. Uma delas é a própria doença, já que ela é caracterizada pela presença do tecido da camada interna do útero fora do órgão. Além disso, ela pode causar alterações hormonais, interferência no processo de ovulação e desarranjo anatômico da região afetada. 

O médico alerta ainda que há quadros em que uma gestação é algo extremamente difícil, porém não é igual para todas as mulheres e também não deve ser motivo para desistir de uma gravidez, sem antes ter conversado com um médico especializado no assunto.

“O tratamento escolhido, após analisar o grau da doença, também é muito importante. O primeiro passo é interromper a menstruação, pois esse é o período em que a mulher costuma ter a maioria dos sintomas, mas cada caso deve ser individualizado”, destaca.

“Quando uma mulher quer engravidar, passamos a conversar sobre meios de tratá-la, sem que os medicamentos interfiram em sua infertilidade. E, em casos muito específicos, encaminhamos a paciente para um profissional de reprodução assistida”, afirma o especialista.

 

       A inflamação contribui para a infertilidade? Especialistas avaliam

 

A infertilidade pode afetar homens e mulheres ao longo da vida. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em artigo publicado pela Organização Pan-Americana da Saúde, 17,5 % da população adulta — o que representa 1 em cada 6 pessoas em todo o mundo — sofre com o problema.

Neste caso, uma avaliação médica pode identificar as principais causas da patologia. Um estudo divulgado no início do ano pela Harvard Medical School avaliou se a inflamação é um fator que pode contribuir ou não para a infertilidade.

Segundo a publicação, dietas ou estilos de vida anti-inflamatórios são frequentemente sugeridos para pessoas que tem dificuldade de engravidar — mas, será que eles ajudam de fato? A Coluna Claudia Meireles conversou com três médicos para entender melhor a ligação entre esses dois fatores.

Antes de tudo, a inflamação crônica está associada a várias condições de saúde, como doenças cardiovasculares, derrames e câncer.

Por mais que não haja pesquisas claras sobre a ligação entre organismo inflamado e a incapacidade de gerar um filho, Daniely Toledo Costa, ginecologista e obstetra pela Santa Casa de Anápolis (GO), afirma que existem algumas evidências.

“O risco de infertilidade é maior em condições marcadas por inflamação, incluindo endometriose e síndrome do ovário policístico. A gente sabe que a inflamação sistêmica pode afetar diretamente o útero, o colo do útero e a placenta”, explica a fellow em reprodução humana assistida no Instituto Verhum.

A tese de Harvard aponta ainda que as mulheres que fizeram fertilização in vitro e seguiram uma dieta anti-inflamatória tiveram taxas mais altas de gravidez bem-sucedida do que aquelas que não seguiram.

 “Com relação às dietas, há uma preocupação para as que estimulam a alta ingestão de gordura. Suspeita-se fortemente que exerçam efeitos particularmente negativo na ovulação, afetando a saúde dos óvulos e até a implantação de um embrião saudável. O mesmo pode valer para os homens, com prejuízo à saúde dos espermatozoides”, avalia Bruno Ramalho, ginecologista e especialista em reprodução assistida.

•        Dieta anti-inflamatória x fertilidade

Uma dieta ou estilo de vida anti-inflamatório pode contribuir para a facilidade de engravidar? Segundo a endocrinologista Daniela de Paiva Rosa Amaral, há cada dia mais dados na literatura apontando que sim.

“Um mecanismo-chave descrito nos estudos está relacionado aos efeitos adversos da inflamação na fertilidade, potencialmente contribuindo para ciclos menstruais irregulares, falha de implantação de embrião e outras alterações reprodutivas”, analisa.

•        Reprodução

Alimentos à base de plantas, como frutas e vegetais, grãos integrais, leguminosas, oleaginosas (nozes, amêndoas e castanha), sementes, azeite, bem como consumo moderado de peixes e frutos do mar, laticínios fermentados com baixo teor de gordura, são alguns tipos de alimentos, que segundo a especialista, estão entre as recomendações para mulheres que possuem infertilidade.

Arquivo pessoal/Imagem cedida ao Metrópoles

 “É importante salientar que, embora exista uma cultura disseminada de que glúten e leite são pró-inflamatórios, não há evidências científicas robustas na literatura que comprovem tal afirmação, não sendo recomendado retirar alimentos que os contenham para se conseguir ter uma dieta anti-inflamatória, exceto quando a pessoa tem intolerância ou sensibilidade a ambos”, explica Daniela, que é especialista pelo Hospital Regional da Asa Norte (HRAN) e Hospital Regional de Taguatinga (HRT).

É possível que a inflamação desempenhe um papel importante e subestimado na infertilidade e que uma dieta ou estilo de vida anti-inflamatório possa ajudar, mas é necessário mais estudos para confirmar isso.

Alimentos à base de plantas, como frutas e vegetais, grãos integrais, leguminosas, oleaginosas (nozes, amêndoas e castanha), sementes e azeite estão na lista de dieta anti-inflamatória

Neste caso, o acompanhamento com o médico de confiança é a melhor forma de encontrar a raiz do problema e as melhores ações para realizar o sonho da maternidade.

“É muito importante que as pessoas busquem acompanhamento por profissionais comprometidos com a ciência. Nessa área, é muito fácil se perder ou ser seduzido por promessas sem base científica, fórmulas mágicas, ‘dietas da fertilidade’ e coisas do gênero”, ressalta Bruno Ramalho, professor de medicina do UniCEUB.

 

Fonte: Metrópoles

 

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