sábado, 5 de abril de 2025

Nos EUA a ficha caiu, afirma Mauro Passos

Nos EUA a ficha caiu: Trump é um problema dos americanos e como tal deve ser tratado. Segundo a Agência de notícias Reuters, sua popularidade vem desabando. Os americanos não estão nada satisfeitos com as ameaças do presidente. A sua última aparição, dia 2, festejando as novas taxações só recebeu aplauso dos amigos mais próximos. Os EUA importam cerca de 50% de tudo que consomem, com essa medida o impacto vai atingir diretamente o custo de vida dos americanos. (foto acima)

Os argumentos de que com isso aumentaria a competitividade dos produtos americanos no mercado interno, não se sustentam. A inflação, que já está alta, vai subir ainda mais, e o poder de compra do americano vai cair. Com isso sua popularidade vai sendo consumida e o humor do consumidor também.  Os economistas de lá nessas situações costumam usar a expressão, "It's the economy, stupid." 

Como a promessa de campanha de produzir internamente as necessidades do país ainda está muito presente, a pressão é grande. Afinal, não é uma tarefa fácil, "Make America Great Again". Muita coisa mudou e Trump não percebeu. Os americanos já se deram conta que isolar o país é o pior dos mundos. O sonho prometido está ficando pelo caminho, não tem como criar uma Nova América hostilizando vizinhos e antigos parceiros. (*) 

Para piorar o humor da Casa Branca veio o surpreendente resultado da eleição para a Suprema Corte de Wisconsin, onde a juíza Susan Crawford venceu por larga margem o candidato conservador Brad Schime, apoiado por Trump e pelos dólares de Elon Musk. Como os estados são autônomos, com a derrota se formou na Corte uma maioria progressista. O recado que fica para o cidadão americano, é a volta do "Yes, we can". Uma jovem mulher, juíza federal, reconhecida por ser progressista, venceu com sobra o homem mais poderoso da nação. O resultado abalou profundamente o mandato que se inicia. 

(*) Na eleição passada, a vitória de Trump só ocorreu porque o governo Biden foi muito ruim. Nos EUA, democrata não vota em republicano e nem vice-versa. Como lá o voto não é obrigatório, o que aconteceu foi o visível desinteresse dos democratas irem às urnas. Deu no que deu.  

PS - No caso do Brasil o governo vem administrando a crise global com responsabilidade e a devida cautela. Se deu bem politicamente quando o Congresso Nacional, Câmara e Senado, rapidamente fecharam questão em relação a autonomia do país, ao livre comércio e as regras de reciprocidade adotadas pelo governo.   

¨      Aposta de Trump em tarifaço impõe risco político e ameaça popularidade do presidente

"Dia da Libertação". O presidente dos Estados UnidosDonald Trump, usou essa expressão para anunciar uma série de tarifas recíprocas contra mais de 180 países e territórios ao redor do mundo na quarta-feira (3). Internamente, no entanto, especialistas acreditam que a medida pode causar um revés político para o presidente.

▶️ Contexto: 

Trump anunciou tarifas que variam de 10% a 50% sobre produtos importados pelos EUA de diversos países. O objetivo é estimular a indústria americana e favorecer produtos nacionais.

  • Por outro lado, especialistas alertam que levará anos para revitalizar a manufatura nos EUA, alterar cadeias de suprimentos e trazer a produção de volta ao país.
  • Enquanto isso não acontece, os preços podem subir, pressionando a inflação e desacelerando a economia.
  • Trump chamou esses possíveis efeitos de "perturbação", sugerindo que seriam problemas temporários.
  • No entanto, no curto prazo, os eleitores podem não estar dispostos a aceitar essas condições.

"Agora é a nossa vez de prosperar e, ao fazer isso, usar trilhões e trilhões de dólares para reduzir nossos impostos e pagar nossa dívida nacional, e tudo isso acontecerá muito rapidamente", disse Trump.

👀 Eleições à vista: 

Em 2026, os eleitores dos Estados Unidos irão às urnas para renovar a Câmara dos Representantes e parte do Senado.

  • Atualmente, os republicanos de Trump controlam ambas as casas do Congresso por margens estreitas.
  • Caso os impactos econômicos das tarifas desagradem os eleitores, os democratas podem recuperar o controle de uma ou ambas as casas.
  • "Ele (Trump) tem uma alta tolerância à dor, mas isso pode se transformar em uma dor real nas urnas em novembro de 2026", disse Mike Dubke, ex-diretor de comunicação do presidente em seu primeiro mandato.

"A preocupação aqui é: em que momento veremos os benefícios que ele e seus assessores acreditam que colheremos? Porque ele só tem 18 meses antes das eleições legislativas."

👎 Medida reprovada: 

Uma pesquisa da Reuters/Ipsos mostra que 70% dos americanos, incluindo 62% dos republicanos, acreditam que o aumento das tarifas fará subir os preços dos alimentos e outros bens de consumo.

  • Cerca de 53% dos entrevistados concordam que a medida causará mais danos do que benefícios, enquanto 31% discordam. O restante não soube responder.
  • Apenas 31% acreditam que os trabalhadores americanos sairão ganhando com as tarifas, enquanto 48% discordam.
  • Uma média de pesquisas sobre o governo Trump, calculada pelo estatístico Nate Silver, aponta que a reprovação do presidente atingiu 49,9% em 3 de abril, enquanto 46,6% dos americanos o aprovam.
  • "O principal risco é para a economia", disse Lanhee Chen, pesquisador da Hoover Institution e ex-assessor dos republicanos Mitt Romney e Marco Rubio.
  • Chen lembra ainda que um dos motivos que levou Trump à Casa Branca foi a promessa de reduzir o custo de vida dos americanos. Os números da inflação prejudicaram o desempenho da candidata democrata, Kamala Harris, na última eleição.
  • Pesquisas sobre a confiança das famílias e das empresas na economia apresentaram queda acentuada nos últimos dois meses, após Trump intensificar o discurso sobre tarifas.

↩️ Outros efeitos: 

O anúncio das tarifas fez os futuros do mercado de ações dos EUA despencarem. No Brasil, o dólar fechou em forte queda, atingindo o menor valor desde outubro.

🗳️ Risco eleitoral

Sinais de insatisfação com Trump começaram a aparecer entre os republicanos. Analistas acreditam que alguns efeitos já foram sentidos em duas eleições recentes, realizadas na terça-feira (1º).

  • Na Flórida, candidatos republicanos venceram duas eleições especiais, mas por margens muito menores do que Trump obteve no estado no ano passado.
  • Em Wisconsin, um estado decisivo que Trump venceu em 2024, uma candidata liberal conquistou um assento na Suprema Corte estadual. A vitória representou um revés para Trump e para o bilionário Elon Musk, que apoiou financeiramente o candidato conservador derrotado.

Enquanto isso, o Senado dos EUA aprovou na quarta-feira uma legislação para eliminar novas tarifas sobre o Canadá, com uma votação de 51 a 48. A medida, patrocinada pela oposição, contou com o apoio de quatro republicanos e ainda será discutida na Câmara.

🔎 Análise: 

Especialistas divergem sobre os efeitos das tarifas no longo prazo.

  • Para Philip Luck, diretor do programa de economia do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, há risco de retaliação por parte dos parceiros comerciais dos EUA.
  • "Do ponto de vista do risco político, essa é uma ideia muito ruim", afirmou.
  • Por outro lado, Barbara Trish, professora de ciência política no Grinnell College, em Iowa, disse que Trump já conseguiu escapar de críticas mais profundas.
  • "Quantas vezes os analistas já pensaram legitimamente: 'Ok, agora ele foi longe demais, o Teflon vai rachar', e isso não aconteceu?", questionou.

🛍️ Proprietários de pequenos negócios também fazem avaliações mistas:

  • Em Baltimore, uma cidade historicamente democrata, Drew Greenblatt, dono de uma empresa de produtos de metal, disse que as tarifas de Trump estavam ajudando a aumentar os pedidos por produtos nacionais.
  • Já em Washington, D.C., Michelle Lim Warner, proprietária de uma loja de vinhos, afirmou estar mais pessimista, já que dois terços dos produtos que vende são europeus: "Quem vai pagar US$ 75 por uma garrafa de vinho que antes custava US$ 25?", questionou.

·        Após caos nos mercados, Trump sinaliza que pode rever tarifas

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sinalizou nesta quinta-feira (3) que está disposto a negociar tarifas reduzidas com parceiros comerciais, mas ressaltou que Washington só considerará propostas que sejam, segundo ele, “fenomenais”. As informações são da agência Bloomberg

Na véspera, Trump anunciou 10% de tarifas comerciais sobre a maioria das importações dos EUA e taxas muito mais altas para dezenas de outros países, ameaçando desencadear uma convulsão econômica global.

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“As tarifas nos dão um grande poder de negociação”, disse Trump, acrescentando que “todos os países nos contataram”. Questionado se isso significava que ele estava considerando ceder, Trump disse que “depende”. “Se alguém dissesse que vamos lhe dar algo que é tão fenomenal, desde que eles nos deem algo que seja bom”, acrescentou.

<><> Bolsas globais caem

As declarações contrastam com um cenário econômico adverso após o anúncio das tarifas por Trump, na quarta-feira (2). Os índices de referência de Wall Street caíram nesta quinta-feira, encerrando com as maiores perdas percentuais diárias em anos, à medida que as amplas tarifas dos EUA acenderam temores de uma guerra comercial total e uma recessão econômica global.

O índice pan-europeu STOXX 600 cedeu 2,7%, retornando ao seu nível mais baixo desde janeiro. Os índices de referência da Alemanha, da Itália e da França fecharam com queda superior a 3%, com as ações italianas e francesas registrando a maior baixa em mais de dois anos. Um indicador da volatilidade do mercado de ações da zona do euro atingiu o pico de oito meses, de 25,54.

O movimento seguiu uma ampla liquidação de ações globais, à medida que os investidores se voltaram para títulos governamentais considerados mais seguros e para o iene japonês.

No fechamento, o índice de Xangai teve queda de 0,24%, enquanto o índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, recuou 0,59% e atingiu o nível mais baixo em dois meses. O índice Hang Seng, de Hong Kong, caiu 1,52%. O iuan caiu para o seu nível mais baixo em sete semanas e os mercados de ações chineses recuaram nesta quinta-feira. 

Em Tóquio, o índice Nikkei recuou 2,77%, a 34.735 pontos.

O Ibovespa fechou praticamente estável nesta quinta-feira, com ações de companhias sensíveis à economia doméstica contrabalançando a pressão de papéis de empresas vulneráveis ao mercado externo. 

¨      Trump diz a investidores que é a hora de ficar 'mais rico que nunca'

O presidente dos Estados UnidosDonald Trump, afirmou nesta sexta-feira (4) que, para os investidores que colocam dinheiro no país, essa é a hora de "ficar mais rico do que nunca".

Trump, que anunciou na última quarta-feira (2) tarifas de 10% a 50% sobre todas as importações vindas da maioria dos países do mundo, também disse que suas política "nunca vão mudar".

"Aos muitos investidores vindo aos Estados Unidos e investindo enormes quantidades de dinheiro, minhas políticas nunca vão mudar. Esse é um ótimo momento para ficar rico, mais rico do que nunca antes!!!", publicou Trump na sua plataforma Truth Social.

As afirmações do presidente acontecem em um momento em que os mercados financeiros globais registram quedas fortes e generalizadas, com investidores reagindo ao "tarifaço" do presidente e à retaliação anunciada pela China nesta manhã.

A Ásia foi o continente que recebeu as maiores tarifas de Trump. A China, por exemplo, será taxada em 34% a mais em todas as suas exportações aos EUA. Com isso, as taxas aos produtos chineses devem chegar a 54%.

Em resposta, o governo chinês anunciou que vai impor tarifas de também 34% sobre todas as importações americanas que chegam ao país, além de colocar novos limites para as exportações chinesas dos minerais de terras raras para os EUA.

Esses minerais escassos são muito procurados pelas grandes empresas de tecnologia, várias delas americanas, porque são insumo para a fabricação de alguns produtos essenciais da área.

<><> As reações dos mercados globais

O mercado estrangeiro recebeu o anúncio do governo Trump de forma negativa porque tarifas maiores sobre a grande maioria dos produtos que chegam aos EUA devem encarecer, além de produtos finais, uma série de insumos para a produção de bens e serviços no país.

Especialistas avaliam que esse encarecimento deve pressionar a inflação e diminuir o consumo, o que pode provocar uma desaceleração ou até recessão da atividade econômica da maior economia do mundo.

Além disso, as respostas de outros países, como a China, com ameaças ou anúncios de taxas sobre os EUA, também geram uma cautela ainda maior sobre os efeitos de uma guerra comercial.

Se outros países também colocam tarifas, a inflação desses lugares também pode subir e a atividade desacelerar. Há temores de que a guerra de tarifas diminua a demanda global por bens e serviços, reduzindo os níveis do comércio global.

Com esses temores, os mercados globais afundam pelo segundo dia consecutivo.

Nos EUA, os mercados amanheceram mais uma vez com quedas expressivas, que rodam perto dos 3%.

Na Europa, os principais índices despencam. Por volta, das 10h45, o índice Euro Stoxx 50, que reúne ações de 50 das principais empresas da Europa, tinha queda de 3,98%.

Na Ásia, os mercados fecharam em baixa.

Fora do bloco, o Reino Unido também enfrenta um pregão negativo. O principal índice acionário do país, o FTSE 100, caía 3,97%. Trump impôs tarifas de 10% sobre os produtos vindos de lá.

Já o índice SMI, da Suíça, país sobre o qual Trump decretou tarifas de 31%, tinha uma queda ainda mais expressiva, de 4,32%.

A Ásia também teve um pregão de queda por toda parte. Os países do continente foram alguns dos mais afetados pelas tarifas de Trump.

 

Fonte: Brasil 247/g1

 

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