sexta-feira, 4 de abril de 2025

Uso de telas na cama aumenta o risco de insônia em 59%

Uma hora de exposição a telas antes de dormir basta para reduzir a duração do sono em uma média de 24 minutos por noite, diz estudo. Para dormir melhor, não leve o celular para a cama, recomendam os cientistas.

Um em cada três adultos relata algum tipo de insônia e cerca de metade deles diz que isso atrapalha suas atividades durante o dia.

Entre os grandes culpados pelos distúrbios do sono está o uso do telefone celular antes de dormir — deitado de costas na cama e banhado pela luz da internet.

Um novo estudo descobriu que uma hora de uso de tela na cama aumenta o risco de insônia em 59% e reduz a duração do sono em uma média de 24 minutos por noite.

Os dados reforçam pesquisas anteriores que associam tempo de tela antes de dormir a um efeito negativo nos hábitos de sono.

Ainda que o impacto pareça ser mais forte em adolescentes, o novo estudo, publicado no periódico Frontiers in Psychiatry, concluiu que o mesmo efeito também é observado em jovens adultos.

<><> Uso de telas na cama prejudica a qualidade do sono

Para os estudos, os pesquisadores se apoiaram em uma pesquisa norueguesa de 2022 chamada Saúde e Bem-estar do Estudante, que incluia dados de mais de 45 mil adultos com idades entre 18 e 28 anos.

Os participantes foram questionados sobre seu uso de tela antes de dormir, o conteúdo consumido por eles na internet e como avaliavam sua qualidade de sono.

A conclusão dos pesquisadores foi de que qualquer uso de telas, independentemente do tipo de conteúdo navegado, interrompe os padrões de sono das pessoas.

Redes sociais, por exemplo, não se mostraram mais perturbadora do que outras atividades de tela, como assistir a programas de TV ou filmes, jogar games, navegar na internet ou ouvir conteúdo de áudio.

"O tipo de atividade de tela não parece importar tanto quanto o tempo total gasto com telas na cama", disse a autora principal do estudo, Gunnhild Johnsen Hjetland, do Instituto Norueguês de Saúde Pública.

"Não encontramos diferenças significativas entre as mídias sociais e outras atividades de tela, sugerindo que o uso da tela em si é o principal fator na interrupção do sono — provavelmente devido ao deslocamento do tempo, onde o uso da tela atrasa o sono, ocupando um tempo que, de outra forma, seria gasto descansando", disse Hjetland.

<><> Reduzir o tempo de tela antes de dormir

Para aumentar a qualidade do sono, os autores do estudo recomendam reduzir o tempo de tela antes de dormir.

"Se você tem dificuldade para dormir e suspeita que o tempo de tela possa ser um fator, tente reduzir o uso de tela na cama, idealmente parando pelo menos de 30 a 60 minutos antes de dormir. E se usar telas, considere desabilitar notificações para minimizar interrupções durante a noite", disse Hjetland.

Distúrbios do sono impactam fortemente a qualidade de vida e são um grande impulsionador de problemas de saúde mental.

Estudos mostram que pessoas que não dormem o suficiente têm mais probabilidade de apresentar sintomas de ansiedade e depressão.

Dormir de sete a nove horas por noite é o ideal para a função cerebral durante o dia. O sono é importante para o aprendizado e para a boa função cognitiva, com pesquisas mostrando que "virar a noite" têm um efeito ruim nas notas escolares.

<><> Como o uso de telas afeta o sono?

Basicamente, o que o tempo de tela na cama faz é substituir o tempo que deveria ser dedicado ao descanso ou ao sono. Mas isso não é tudo: notificações e vibrações também podem despertar alguém que recém adormeceu. O melhor, portanto, é colocar o celular no modo "não perturbe".

Por outro lado, a crença comum de que a luz azul emitida pelo telefone induz o corpo a achar que é hora de acordar não é bem verdade.

A luz azul emitida pelo celular não afeta o ritmo circadiano mais do que outros comprimentos de onda de luz. Mais determinando, neste caso, é a intensidade da luz e a duração da exposição.

Óculos ou aplicativos que bloqueiam a luz azul do celular ou laptop não necessariamente melhoram o sono — mais eficaz é reduzir o brilho ou o tempo de tela.

E o tipo de conteúdo consumido antes de dormir também é importante. Estudos indicam que assistir a filmes de terror ou ver conteúdo perturbador nas redes sociais desencadeia a liberação de hormônios do estresse. Isso, por sua vez, reduz o sono profundo e a fase REM, prejudicando o efeito reparador do mesmo.

Para quem quer relaxar a mente e o corpo antes de dormir, o melhor é adormecer com um livro ou um e-reader sem luz de tela. Ler antes de dormir, afinal, parece não ser o problema. Segundo alguns estudos, o hábito inclusive melhorar a qualidade do sono.

¨      Suécia recomenda não dar telas a menores de 2 anos

Órgão de saúde pública também aconselhou pais a não deixarem filhos usarem telas antes de dormir. Agência citou pesquisas mostrando que consumo excessivo desses aparelhos pode levar a sono insatisfatório e a depressão.

Crianças pequenas não devem ser expostas a tempo de tela algum, recomendou a agência de saúde sueca. O órgão recomendou ainda que crianças de qualquer idade não usem telas antes de dormir e que celulares e tablets sejam mantidos fora do quarto à noite. Esta é primeira vez que a Folkhälsomyndigheten, autoridade de saúde pública da Suécia, estipulou como os pais devem regular o tempo de tela de seus filhos.

<><> Diretrizes

Segundo as novas diretrizes do órgão, menores de 2 anos de idade devem ser mantidos completamente afastados das mídias digitais e da televisão. Crianças com idade entre 2 e 5 anos, por sua vez, devem ser limitadas a um máximo de uma hora de tempo de tela por dia, enquanto aquelas com idade entre 6 e 12 anos não devem passar mais do que uma ou duas horas por dia na frente de uma tela. Para adolescentes de 13 a 18 anos, o tempo recomendado é de no máximo duas a três horas por dia.

"Por muito tempo, foi permitido que os smartphones e outras telas entrassem em todos os aspectos da vida de nossos filhos”, disse a jornalistas o ministro sueco da Saúde, Jakob Forssmed. Segundo ele, adolescentes suecos de 13 a 16 anos passam, em média, seis horas e meia por dia em frente às telas, fora do horário escolar.

<><> Pouco tempo para outras atividades

 Para Forssmed, isso não deixa "muito tempo para atividades comunitárias, atividade física ou sono adequado". Ele apontou inclusive para a "crise do sono" sueca, observando que mais da metade dos jovens de 15 anos não dormem o suficiente.

A agência citou pesquisas que mostram que o uso excessivo de telas pode levar a um sono insatisfatório, depressão e insatisfação corporal. Anteriormente, o governo da Suécia já havia dito estar estudando a possibilidade de proibir o uso de smartphones nas escolas primárias.

No início deste ano, um estudo científico de três meses na França concluiu que crianças menores de três anos não devem ser expostas a telas, inclusive à televisão, e que nenhuma criança deve ter um celular antes dos 11 anos de idade.

 

Fonte: DW Brasil

 

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