Efeito Trump: China vai à OMC contra Estados
Unidos
O
Ministério do Comércio da China classificou a ação americana como
"intimidação unilateral" e acusou os Estados Unidos de violarem
abertamente regras fundamentais do comércio internacional. "Pedimos aos
EUA que retirem imediatamente as tarifas adicionais e retomem o caminho do
diálogo justo", afirmou a pasta em comunicado.
A nova
rodada de tarifas anunciada nesta semana pela Casa Branca prevê sobretaxa de
34% sobre um amplo leque de importações chinesas. Com isso, o total de tarifas
aplicadas sobre produtos vindos da China pode chegar a até 70%, segundo
estimativas de economistas. Em resposta, Pequim anunciou a
aplicação de tarifas no mesmo percentual sobre produtos americanos, além de uma série
de medidas adicionais.
Entre
as ações retaliatórias do governo de Xi Jinping estão o controle de
exportações de sete categorias de itens relacionados a terras raras — elementos
essenciais para a indústria tecnológica — e a inclusão de 11 empresas dos EUA
em sua "lista de entidades não confiáveis", mecanismo que impõe
restrições e sanções a grupos estrangeiros considerados hostis.
Ontem,
o Ministério das Relações Exteriores da China aumentou o tom. Nas redes
sociais, o porta-voz Guo Jiakun criticou duramente o governo americano,
chamando as tarifas de "ataques não provocados e injustificados".
"Agora é a hora de os EUA pararem de fazer as coisas erradas e resolverem
as diferenças com os parceiros comerciais por meio de consultas
equitativas", escreveu. A postagem foi acompanhada de uma imagem
mostrando a queda acentuada dos mercados de ações nos EUA após o anúncio do
tarifaço.
Apesar
da reação firme, especialistas alertam que a queixa chinesa na OMC pode ter
efeitos limitados. O sistema de resolução de disputas da organização está
paralisado desde o primeiro mandato de Donald Trump, devido ao bloqueio dos EUA
à nomeação de juízes para o seu órgão de apelação. Na prática, isso impede a
tramitação completa de contestações legais.
Mesmo
assim, a ação tem um peso simbólico e jurídico relevante. Segundo o economista
Otto Nogami, professor do Insper, os EUA podem ter infringido diversos
princípios fundamentais da OMC. “As novas tarifas violam o princípio da Nação
Mais Favorecida, pois discriminam entre países membros, além de ultrapassarem
os compromissos tarifários consolidados sem negociação prévia”, afirma.
Nogami
destaca ainda que, embora as tarifas sejam medidas legais sob certas condições,
seu uso de forma punitiva e direcionada pode configurar barreiras comerciais
disfarçadas. “O tarifaço quebra o espírito e a letra do sistema multilateral
baseado em regras, comprometendo a previsibilidade e a não discriminação que
sustentam o comércio internacional sob a OMC”, conclui.
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A dura resposta da China
Em
coletiva nesta segunda-feira (7), o porta-voz do ministério de Relações
Exteriores da China Lin Jian externou profundas críticas à política de Donald
Trump sobre tarifas.
Os EUA
impuseram tarifas de até 54% sobre os produtos chineses e, após Pequim retaliar
com tarifas recíprocas, a Casa Branca anunciou uma nova rodada de barreiras
aduaneiras contra a China nesta tarde.
Lin
Jian foi claro em sua resposta sobre as pressões estadunidenses. "O abuso
de tarifas dos EUA priva os países, especialmente os países do Sul Global, de
seu direito ao desenvolvimento. A análise dos dados da OMC mostra que, à luz do
desenvolvimento econômico desigual e dos pontos fortes, os aumentos de tarifas
dos EUA aumentarão ainda mais a lacuna de riqueza entre os países e os países
menos desenvolvidos sentirão um golpe mais pesado. Isso prejudica gravemente o
esforço para concretizar a Agenda 2030 da ONU para o Desenvolvimento
Sustentável", afirmou o porta-voz.
"As
tarifas dos EUA com taxas diferenciadas violam o princípio da OMC de não
discriminação, interrompem severamente a ordem do comércio internacional e a
segurança e estabilidade das cadeias industriais e de suprimentos globais,
prejudicam severamente o sistema de comércio multilateral, dificultam
severamente a recuperação econômica global e certamente serão rejeitadas pela
comunidade internacional", completou o porta-voz.
Questionado
se a China abriria negociações com os EUA por conta das tarifas, Lin Jian foi
claro: "Enfatizamos mais de uma vez que pressionar ou ameaçar a China não
é uma maneira correta de dialogar conosco. A China protegerá firmemente seus
direitos e interesses legítimos".
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Sentiu o baque: Trump ameaça e dá prazo de 24 horas para
China derrubar retaliação em impostos
Em meio
ao derretimento das bolsas de valores em todo o mundo, Donald Trump aumentou a
tensão na guerra comercial e, em nova ameaça à China, deu prazo de 24 horas
para Pequim derrubar a tarifa de 34% aos produtos dos EUA, anunciada na semana
passada em reciprocidade ao mesmo percentual estipulado para entrada de
artefatos chineses em solo norte-americano.
"Se
a China não retirar seu aumento de 34% acima de seus abusos comerciais de longo
prazo até amanhã, 8 de abril de 2025, os Estados Unidos imporão Tarifas
ADICIONAIS à China de 50%, com efeito em 9 de abril", declarou Trump em
meio a uma saraivada de publicações em seu perfil na rede Truth Social, de sua
propriedade, no início da tarde desta segunda-feira (7).
O
mandatário dos EUA ainda ameaçou romper relações com o governo chinês, caso
Pequim não acate seu novo achaque.
"Além
disso, todas as negociações com a China sobre as reuniões solicitadas conosco
serão encerradas", emendou o presidente dos EUA. Mais cedo, o governo
chinês anunciou que "pressionar ou ameaçar a China não é a maneira
correta de dialogar conosco".
Trump
foi à rede após a Bolsa de Valores de Nova York caminhar para um colapso, em
meio ao derretimento dos mercados em todo o mundo por causa da guerra comercial
declarada por ele.
O
índice da NYSE Composite operava em queda de 2,59% logo na abertura. A S&P
500, que lista as 500 ações mais valiosas do mercado estadunidense, apontava
queda de 0,81%, com Dow Jones e Nasdaq acompanhando (-1,65% e -0,75%,
respectivamente).
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Tesla e BigTechs
O
efeito da taxação de Trump nas bolsas tem sido sentido principalmente pelos
principais apoiadores do presidente estadunidense: os bilionários Elon Musk, da
Tesla, e Jeff Bezos, da Amazon.
Empresa
do dono do secretário de "eficiência governamental" de Trump, a Tesla
recuou 5,8% nesta segunda-feira, após queda de 10,42% na sexta, acumulando uma
baixa de mais de 50% desde seu pico histórico.
Com
isso, Musk amarga perda de US$ 110 bilhões de sua fortuna desde que Trump
assumiu o mandato.
Já a
Amazon registrou uma queda de 2,32% no pós-mercado, enquanto suas ações já
haviam recuado 4% na sexta-feira, após previsões de crescimento de receita
entre 5% e 9% no primeiro trimestre, o menor já registrado pela companhia. Com
o resultado, Bezos perdeu US$15,95 bilhões de sua fortuna pessoal desde
janeiro.
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Desespero
Demonstrando
certo desespero com os efeitos de seu "Dia da Libertação", que
levantou barreiras tarifárias para praticamente todos os parceiros comerciais e
provocou o derretimento das bolsas de valores por todo o mundo, Donald Trump
está desde cedo disparando recados e fazendo ameaças na sua rede social.
O
presidente chamou os próprios compatriotas de "fracos" e
"estúpidos". "Os Estados Unidos têm uma chance de fazer algo que
deveria ter sido feito DÉCADAS ATRÁS. Não seja fraco! Não seja estúpido!",
escreveu aos estadunidenses, que temem uma recessão.
Em
seguida, Trump criou um neologismo para classificar os compatriotas. "Não
seja um PANICANO (Um novo partido baseado em pessoas fracas e estúpidas!). Seja
forte, corajoso e paciente, e GRANDEZA será o resultado", emendou.
A
declaração lembra a fala de Jair Bolsonaro (PL), em novembro de 2020, quando,
em meio à pandemia, chamou o povo brasileiro de "maricas".
"Não
adianta fugir disso, fugir da realidade. Tem que deixar de ser um país de
maricas. Olha que prato cheio para a imprensa. Prato cheio para a urubuzada que
está ali atrás. Temos que enfrentar de peito aberto, lutar. Que geração é essa
nossa?", disse Bolsonaro à época, pregando o fim do isolamento social e o
uso de medicamentos sem eficácia contra Covid, como cloroquina e ivermectina.
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Inflação
Mais
cedo, Trump tentou rebater o medo dos norte-americanos com a inflação, devido
ao repasse das tarifas aos produtos importados nos EUA, e atacou a China,
classificada como "maior abusador de todos" que, segundo ele, ganhou
"o suficiente, por décadas, tirando vantagem do bom e velho EUA".
Trump
ainda atacou o Federal Reserve, o "Banco Central" dos Estados Unidos,
que manteve inalterada em março a taxa básica de juros entre 4,25% e 4,5%,
consideradas altas pelo presidente.
"Os
preços do petróleo estão baixos, as taxas de juros estão baixas (o lento Fed
deveria cortar as taxas!), os preços dos alimentos estão baixos, NÃO HÁ
INFLAÇÃO, e os EUA, há muito tempo abusados, estão trazendo bilhões de dólares
por semana dos países abusadores em tarifas que já estão em vigor. Isso apesar
do fato de que o maior abusador de todos, a China, cujos mercados estão
quebrando, acabou de aumentar suas tarifas em 34%, além de suas tarifas
ridiculamente altas de longo prazo (mais!), sem reconhecer meu aviso para os
países abusadores não retaliarem. Eles ganharam o suficiente, por décadas,
tirando vantagem dos bons e velhos EUA! Nossos "líderes" passados
??são os culpados por permitir que isso, e muito mais, acontecesse ao nosso
país", escreveu Trump, finalizando com seu bordão Make América Great
Again.
Trump
voltou a atacar a China, o principal parceiro comercial, em outra publicação,
em que afirma estar negociando com governos atingidos pela taxação.
"Países
de todo o mundo estão falando conosco. Parâmetros duros, mas justos, estão
sendo definidos. Falei com o primeiro-ministro japonês esta manhã. Ele está
enviando uma equipe de ponta para negociar! Eles trataram os EUA muito mal no
comércio. Eles não pegam nossos carros, mas nós pegamos MILHÕES deles. Da mesma
forma, a agricultura e muitas outras "coisas". Tudo tem que mudar,
mas especialmente com a CHINA", bradou o presidente dos EUA.
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Colapso e derretimento
Desde
que Donald Trump anunciou as tarifas contra todos os países do mundo, as bolsas
de valores internacionais têm acumulado quedas expressivas em seus índices,
indicando uma tensão do mercado com os resultados da política protecionista da
Casa Branca com os mercados globais.
Nesta
segunda-feira, os mercados asiáticos exibiram suas piores quedas desde a crise
financeira de 1997 e os resultados desta manhã nos EUA não são positivos.
O
índice da NYSE Composite opera em queda de 2,59%. A S&P 500, que lista as
500 ações mais valiosas do mercado estadunidense, aponta queda de 0,81%, com
Dow Jones e Nasdaq acompanhando (-1,65% e -0,75%, respectivamente).
A bolsa
de São Paulo (Ibovespa) tem sofrido uma queda menor, acompanhando parcialmente
o resultado estadunidense. O índice abriu nesta manhã com leve alta de 0,22%,
mas sem se recuperar da queda acumulada de 2,59% desde a quinta-feira (3).
Apesar
do Brasil ser um dos países menos afetados pelas tarifas de Trump e um provável
beneficiário da guerra comercial aberta entre os mercados globais, o cenário de
incerteza criado pelo presidente dos EUA tem intensificado a cautela dos
investidores do mercado financeiro.
Os
mercados asiáticos também estão cambaleando: o índice Hang Seng de Hong Kong
fechou em queda de 13,22% nesta segunda-feira (7), o maior tombo desde a crise
asiática, em 1997. Já o Shanghai Composite Index caiu 7,34%, ou 245,43 pontos,
para 3.096,58.
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Trump chama
estadunidenses de "fracos" e "estúpidos" em meio a
derretimento das bolsas de valores
Demonstrando certo desespero com os efeitos
de seu "Dia da Libertação", que levantou barreiras tarifárias para
praticamente todos os parceiros comerciais e provocou o derretimento das bolsas
de valores por todo o mundo nesta segunda-feira (7), Donald Trump partiu para o
ataque e chamou os próprios compatriotas de "fracos" e
"estúpidos".
A declaração foi feita em meio a uma
sequência de publicações do presidente dos EUA na rede Truth Social, de
propriedade dele, no primeiro dia útil dos mercados após a taxação de Trump
entrar em vigor.
"Os Estados Unidos têm uma chance de
fazer algo que deveria ter sido feito DÉCADAS ATRÁS. Não seja fraco! Não seja
estúpido!", escreveu aos estadunidenses, que temem uma recessão.
Em seguida, Trump criou um neologismo para
classificar os compatriotas. "Não seja um PANICANO (Um novo partido
baseado em pessoas fracas e estúpidas!). Seja forte, corajoso e paciente, e
GRANDEZA será o resultado", emendou.
A declaração lembra a fala de Jair Bolsonaro
(PL), em novembro de 2020, quando, em meio à pandemia, chamou o povo brasileiro
de "maricas".
"Não adianta fugir disso, fugir da
realidade. Tem que deixar de ser um país de maricas. Olha que prato cheio para
a imprensa. Prato cheio para a urubuzada que está ali atrás. Temos que
enfrentar de peito aberto, lutar. Que geração é essa nossa?", disse
Bolsonaro à época, pregando o fim do isolamento social e o uso de medicamentos
sem eficácia contra Covid, como cloroquina e ivermectina.
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Trump culpa Biden e diz
que “não quebrou o mercado de propósito”
As bolsas de valores na Ásia e na Europa
estão derretendo no primeiro dia útil após entrada em vigor do tarifaço de
Donald Trump em todo o mundo e a retaliação da China, taxando os EUA com os
mesmos 34% impostos pelo país da América do Norte aos produtos asiáticos.
A guerra comercial provocou a maior queda em
três décadas das ações em Hong Kong. O índice Hang Seng fechou em queda de
13,22% nesta segunda-feira (7), o maior tombo desde a crise asiática, em 1997.
Já o Shanghai Composite Index caiu 7,34%, ou 245,43 pontos, para 3.096,58.
A guerra comercial de Trump ainda derrubou a
Bolsa de Tóquio, que fechou em queda de 7,8%, Seul que perdeu 5,6% e Sydney,
que caiu 4,2%.
O efeito Trump também é sentido na abertura
das bolsas de valores europeias. Frankfurt abriu em queda de 7,86% depois de
registrar perdas de mais de 10% durante alguns minutos. As ações em Paris caiam
6,19%, de Londres recua 5,83%, Madri 3,6% e Milão 2,32%.
Nas rede social Truth, de sua propriedade,
Trump atacou o antecessor, Joe Biden, a que culpou pelo desequilíbio nas
transações comerciais, que vem se acumulando há décadas em razão das
políticas neoliberais, que levaram muitas empresas dos EUA a fecharem fábricas
no país e buscarem mão de obra mais barata em países em desenvolvimento.
"Temos enormes déficits financeiros com
a China, a União Europeia e muitos outros. A única maneira de curar esse
problema é com TARIFAS, que agora estão trazendo dezenas de bilhões de dólares
para os EUA. Elas já estão em vigor e são uma coisa linda de se ver. O
superávit com esses países cresceu durante a 'Presidência' do sonolento Joe
Biden. Vamos reverter isso, e reverter RAPIDAMENTE. Algum dia as pessoas
perceberão que as tarifas, para os Estados Unidos da América, são uma coisa
muito linda", escreveu Trump.
A bordo do Air Force One, voltando da Flórida
na noite deste domingo (6), Trump falou com jornalistas e desdenhou da queda
nas bolsas, dizendo que “não quebrou o mercado de propósito” e que “não pode
prever” o que acontecerá.
O presidente dos EUA, ainda voltou a comparar
as tarifas como "remédio" para curar a economia do país.
“O que vai acontecer com os mercados não
posso dizer. Não quero que nada caia. Mas às vezes você tem de tomar remédios
para consertar alguma coisa”, afirmou.
Trump ainda disse ter falado "com muitos
europeus, asiáticos, em todo o mundo" que, segundo ele, "estão
morrendo de vontade de fazer um acordo”.
No entanto, ressaltou que só fará acordos com
países que resolvem o superávit na relação com os EUA. “A menos que resolvamos
esse problema, não farei um acordo”, disse.
Fonte: Correio Braziliense/Fórum

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