Judicialização da política pode afetar
percepção sobre julgamento de Bolsonaro pelo STF
O Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou
uma denúncia contra o ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL) e
outras sete pessoas por tentativa de golpe de Estado.
O caso
marca um novo episódio avaliado como histórico para a democracia brasileira por
analistas e pesquisadores: será a primeira vez que um ex-presidente da
República e oficiais generais das Forças Armadas serão julgados
por supostamente tentar um golpe de Estado.
Mas,
apesar da expectativa em torno do julgamento, o cientista político Fernando
Limongi adota uma visão cautelosa sobre o momento.
Apesar
de avaliar ter havido uma tentativa de golpe, Limongi vê um desequilíbrio
perigoso entre os Poderes da República.
"Nossos
poderes estão desequilibrados e desequilibrados em favor do Judiciário",
disse Limongi à BBC News Brasil.
Limongi
é cientista político e professor da Universidade de São Paulo (USP) e da
Fundação Getúlio Vargas (FGV) e autor de livros sobre a conjuntura política
nacional como Operação Impeachment, sobre a crise que derrubou a
ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016.
Lançou,
no ano passado, com o historiador Leonardo Weller, o livro Democracia
Negociada - Política Partidária no Brasil da Nova República, uma história
política contada desde o final da ditadura militar até a crise atual
Em
conversa com a BBC News Brasil, Limongi disse acreditar que há indícios
suficientes para que Bolsonaro seja julgado por tentativa de golpe, mas
criticou a excessiva judicialização da política.
De
acordo com ele, decisões como a do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que em 2023 tornou Bolsonaro inelegível, podem enfraquecer a
legitimidade do Supremo e alimentar a narrativa de perseguição política contra
o ex-presidente.
"O
problema que vemos nisso tudo é que as questões políticas brasileiras estão
sendo judicializadas [...] O Supremo se tornou um ator
político-partidário", disse Limongi na entrevista.
O
professor também falou sobre a crise de popularidade enfrentada pelo
presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e sobre a
corrida eleitoral de 2026.
Para
ele, a crise de popularidade de Lula tem explicações parecidas com a de outros
líderes em contextos econômicos semelhantes, como o ex-presidente
norte-americano Joe Biden.
Na sua
avaliação, a inflação é o calcanhar de Aquiles do
governo Lula.
"Falo
do preço do ovo, do tomate, da carne, do café...", exemplificou.
Ainda
assim, ele considera que Lula segue sendo um nome forte para 2026. "Sendo
presidente, ele é um candidato fortíssimo, não tenho a menor dúvida."
O
cientista político destacou ainda a dificuldade da esquerda em renovar suas
lideranças, mas lembrou que essa não é uma exclusividade dela. E avaliou que o
comportamento de Bolsonaro nos próximos anos será determinante para o futuro da
direita.
"Ele
vai ter que ser, pela primeira vez, generoso", afirmou.
<><> Confira os principais
trechos da entrevista:
- Faz
pouco a Primeira Turma do STF aceitou uma denúncia contra o ex-presidente
Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado. Muita gente à esquerda e no
universo acadêmico comemorou. Na sua avaliação, há algo a ser celebrado?
Fernando Limongi - Não propriamente. Termos um ex-presidente que está
sendo processado não é algo para ficar feliz. Melhor seria não ter tido uma
tentativa de golpe e não ter tido um presidente com essa inclinação. Por outro
lado, dado que ele tentou dar um golpe ou que, pelo menos, há essa suspeita, o
fato de o Supremo abrir o processo é uma boa notícia. Mostra que estamos
atentos a isso.
- Na
sua avaliação, houve uma tentativa de golpe?
Limongi - Do meu ponto de vista, sim. Houve uma tentativa de golpe
e de desrespeito ao resultado das urnas. Bolsonaro fez um questionamento
consistente, desde antes das eleições, levantando suspeitas sobre o processo
eleitoral. [...] Há bastante indícios de que ele deve ser investigado e
julgado. Mas quem vai decidir se houve ou não tentativa de golpe são os juízes
do Supremo.
- Bolsonaro
e alguns dos seus apoiadores afirmam que ele é alvo de uma perseguição
político-judicial. Na sua avaliação, esse argumento tem fundamento?
Limongi – Não
tem fundamento. Há indícios suficientes [da atuação de Bolsonaro na suposta
tentativa de golpe]. Tem uma delação premiada feita pelo braço direito dele [o
tenente-coronel do Exército e ex-ajudante de ordens Mauro Cid] dizendo que
houve uma tentativa de golpe. Existem documentos suficientes para levantar
suspeitas, há uma minuta e várias falas nesta direção.
Se isso é suficiente para provar que houve a
tentativa de golpe ou não, isso já é uma questão judicial [...] Essa
argumentação de que ele está sendo perseguido injustamente não cabe [...] O
problema que vemos nisso tudo é que as questões políticas brasileiras estão
sendo judicializadas e Bolsonaro não é o primeiro ex-presidente a enfrentar
problemas judiciais. Lula enfrentou, foi preso e depois foi solto. O que eu
vejo com preocupação é o fato de nossas divisões políticas estarem sendo
resolvidas pelo Supremo.
- Em
2018, Lula ficou de fora da disputa presidencial por uma decisão judicial.
Em 2023, o TSE declarou Bolsonaro inelegível e ele poderá ficar de fora
das próximas eleições. Pode, inclusive, ser preso se for condenado pelo
Supremo. O que isso diz sobre nosso sistema político?
Limongi - O
que aconteceu com nosso sistema político foi uma forte judicialização, saudada
como positiva por uma boa parte dos analistas. Eu nunca vi isso com bons olhos.
A Operação Lava Jato nasceu como uma operação judicial, mas ela era claramente
politizada e o grande objetivo dela sempre foi prender o Lula. Esse tipo de
ação judicial é muito negativa [...] Nossos poderes estão desequilibrados e
desequilibrados em favor do Judiciário.
Quando Bolsonaro foi condenado pelo TSE, eu
talvez tenha sido uma das poucas pessoas que criticaram a decisão [...]. Havia
a politização excessiva do Judiciário para retirar um ator político relevante
da disputa. Já no caso da tentativa de golpe, estamos diante de outro tipo de
evidência. Neste caso, a situação muda qualitativamente. Uma coisa é fazer
discurso para embaixadores contra as urnas [...] Agora, estamos diante de uma
tentativa de golpe e isso não pode ser aceito [...] Se Bolsonaro for condenado,
ele deve ficar fora do processo eleitoral de 2026.
- Essa
suposta politização da decisão do TSE pode contaminar a visão que se possa
ter sobre o julgamento da suposta tentativa de golpe no STF?
Limongi – Politicamente,
eu preferia que não tivesse havido a decisão do TSE porque isso fortaleceria o
julgamento do STF sobre a tentativa de golpe [...]. Essa decisão do TSE dá
possibilidade de os defensores de Bolsonaro dizerem que ele está sendo perseguido.
- Na
sua avaliação, a decisão do TSE enfraquece a legitimidade do julgamento do
STF?
Limongi – Acho
que sim. Ou, digamos assim: dá espaço para que Bolsonaro e seus aliados digam
que ele foi perseguido. Mas isso é o de menos. O fato é que ele tentou um golpe
e isso não é admissível [...]. Se há alguma função que o Supremo deve
desempenhar, aqui está o momento de agir [...]. Acho que o Supremo intervém
demais e desbalanceia o sistema político brasileiro. Tudo vai bater no STF. E
todo presidente agora sabe que precisa nomear um membro do Supremo que seja
partidário, alguém que vai defendê-lo. O Supremo se tornou um ator político-
partidário e isso vai enfraquecer a decisão do STF com relação ao Bolsonaro
porque todo mundo interpreta as decisões do Supremo, acertadamente, como
partidárias.
- Por
tudo isso o que o senhor mencionou, esse julgamento ajuda a pacificar ou a
inflamar o país?
Limongi - O
país não está inflamado. As pessoas estão vivendo, pegam ônibus, fazem suas
coisas. Não tem nenhuma iminência de guerra civil ou algo como isso. Podemos
falar que há algumas opiniões mais extremadas que antes, mas a vida segue
tranquila. O que faz com que esse golpe possa ser julgado é o absurdo dele
[...] Esse golpe era totalmente palaciano. Era sobre a preservação no poder
daquele grupo político pelo temor do que está acontecendo agora. Era pelo temor
de serem responsabilizados pelas decisões que tomaram, especialmente, durante o
período da covid-19.
- Quais
podem ser as consequências de um julgamento num contexto em que, segundo o
senhor disse, a população já vê o julgador como um ator partidário?
Limongi – Há esse problema de legitimidade do Supremo, mas o
Supremo tem que cumprir seu papel. E, neste caso, o seu papel é punir quem
cometeu crimes contra a democracia. É inadmissível que alguém que tentou um
golpe possa continuar a disputar eleições porque se ele ganhar eleições no
futuro, ele vai tentar outro golpe ou vai tentar consolidar o seu poder.
Estamos assistindo a isso [...].
Seria melhor que o Supremo estivesse mais
supremo, mais superior, mas neste caso não é isso que vai acontecer. Agora, uma
coisa que fortalece a posição do Supremo e enfraquece os bolsonaristas é que
isso já ocorreu no passado. Quando foi condenado, Lula foi para a prisão e
cumpriu sua pena. Quem mudou de posição foi o próprio Supremo.
- O
senhor já disse que, em 2018, houve um erro ao formularem a ideia de que
seria preciso tirar Lula da disputa política porque ele representaria uma
ameaça à democracia. Como o senhor avalia o argumento de que, agora, seria
preciso tirar Bolsonaro da disputa por ele representar um risco à
democracia?
Limongi – No
caso do Lula, ele nunca representou um risco para a democracia. Tanto é que ele
é presidente hoje e não está ameaçando ninguém. O que houve foi uma invenção
vocalizada e amplificada como se o PT fosse bolivariano, seguindo a tradição de
Evo Morales ou Nicolás Maduro. O PT é um partido eleitoral [...]. Mas, neste
momento, estamos diante de uma tentativa de golpe. Temos uma minuta e vários
outros elementos que dizem que ele [Bolsonaro] é antidemocrático. E ele sempre
foi. Estamos em outro departamento. Por isso, é importante que o julgamento
seja feito com todos os cuidados que um julgamento desse tipo pede, com
bastante provas e fundamentação.
- Saindo
do tema Bolsonaro... os dados oficiais indicam que o Brasil tem registrado
taxas relativamente baixas de desemprego, a renda do trabalhador tem
aumentado e o Produto Interno Bruto (PIB) tem crescido acima do que
avaliavam alguns analistas. Ainda assim, o presidente Lula enfrenta uma
crise de popularidade. O que explica esse fenômeno?
Limongi – Penso que o que acontece aqui é similar ao mesmo problema
que [Joe] Biden [ex-presidente dos Estados Unidos] enfrentou. Se você olhar
para as estatísticas nos Estados Unidos relativas a emprego e ao crescimento da
economia dos Estados Unidos no ano passado, são positivas e semelhantes às que
Lula tem hoje. Isso até levou a uma expectativa de vitória dos democratas, mas
o que aparentemente afeta é a inflação. E não falo da inflação oficial, mas
aquela que é sentida no bolso do consumidor. Falo do preço do ovo, do tomate,
da carne, do café...
- E
esse é o tipo de cenário que é possível reverter?
Limongi - Sim. Isso [crise de popularidade] é um fenômeno de
curto prazo. Quando começaram as pesquisas em 2022, Lula aparecia bem à frente
de Bolsonaro e havia gente prevendo uma vitória fácil porque a economia estava
muito mal. Bolsonaro, então, ativou a economia de forma bem irresponsável, no
espírito populista que a direita acusa a esquerda de fazer, soltou gastos do
Estado [...] a economia deu uma recuperada e ele foi se aproximando do Lula.
O curto prazo é muito influente e não tem
nada decidido nas eleições presidenciais. O principal fator [a decidir as
eleições], na verdade, vai ser a coordenação na direita e o quanto Bolsonaro
vai atrapalhar a direita. Se Bolsonaro insistir em ser candidato ou quiser
controlar seu candidato, impondo alguém em desacordo com a opinião pública, ele
pode favorecer o Lula.
- Na
sua avaliação, qual a melhor estratégia para a direita e que papel
Bolsonaro deveria desempenhar em 2026?
Limongi – Eleição
presidencial no Brasil é bipartidária por definição e tem sempre um azarão
tentando correr por fora. Se o presidente concorre à reeleição, a oposição tem
que se unir para fazer frente a esse candidato que é muito forte porque ele já
foi eleito e tem a máquina do Estado. Se essas forças se desagregarem, isso
dará vantagem para Lula.
- O
quanto Bolsonaro é um ativo ou um passivo para a direita na atual
conjuntura?
Limongi - Depende
do comportamento dele. Ele vai ter que ser, pela primeira vez, generoso. Se ele
não puder concorrer, tem que confiar em alguém que vai representá-lo e não
querer impor um nome que ele invente e tire da cartola.
- Para
além da inflação, tem algum outro elemento que explique a baixa
popularidade de Lula?
Limongi - Numa
eleição altamente disputada como sempre são as eleições presidenciais no
Brasil, até dor de dente explica uma diferença [eleitoral]. Em toda eleição, há
uma briga para saber o que foi que determinou o resultado [...]. A gente sabe
que a economia é o principal fator de voto no Brasil e ele tem impacto sobre o
curto prazo. O eleitor é míope e avalia [o governo] pelos últimos semestres.
Tem uma boa parte dos eleitores que já está decidida. Pode ser eleição do clube
de bocha do bairro, condomínio, o que for. Esse eleitor vai votar para o PT ou
para o Bolsonaro. O eleitor que realmente vai decidir a eleição flutua e ele
flutua de acordo com a conjuntura.
- O
governo reclama da fatia do orçamento que está sob controle do Congresso
Nacional por conta das emendas parlamentares. É uma reclamação justa?
Limongi – Uma
parte do orçamento estar na mão do Legislativo não é, em si mesmo, um problema.
Não é como se a decisão do Executivo sobre alocação de recursos seja sempre
mais bem qualificada que a do Legislativo. A decisão do legislativo é sempre
mais complexa porque ela é coletiva e tomada à luz do público, ou pelo menos
mais do que aquela tomada pelo Executivo, nas burocracias estatais e sem
visibilidade.
O que está acontecendo agora começou no
período Bolsonaro e foi herdado pelo Lula. A questão é que um grupo de
parlamentares tomou conta de uma parte considerável do orçamento. Eles
tem know how e sabem como fazer a execução dessas emendas.
Esse grupo estava reunido em torno de [Arthur] Lira e [Davi] Alcolumbre. Esses
parlamentares sabem como executar e como desviar parte desses recursos para
benefício próprio.
- Mas
o governo usa essa perda de verbas para justificar suas dificuldades de
articulação política no Congresso. Esse argumento faz sentido ou é apenas
uma forma de mascarar falhas de articulação política do governo?
Limongi – Obviamente, ter mais recursos é sempre melhor do que ter
menos. Mas não é esse o problema do Executivo com o Legislativo [...] O
problema para o governo é que ele tem uma maioria muito exígua. E por que não
tem maioria? Porque a direita venceu as eleições legislativas de 2022 e com um
grupo de deputados ligados ao bolsonarismo, com um tipo de agenda política bem
diferente. Esse pessoal se fez politicamente sem tanta verba do Executivo
porque eles trabalham direto nas redes sociais, lacrando, sem tanta preocupação
com o oferecimento de políticas públicas e recursos. O problema do governo é
não haver mais tantos deputados querendo participar do governo como havia
antes. Antes, havia um centro pragmático e adesista que aderiu aos governos de
Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Lula e Dilma. Esse grupo, que era muito
maleável e fácil de lidar, diminuiu de tamanho e deu lugar a uma oposição que
aposta radicalmente no fracasso do atual governo.
- O
senhor diz que esse centro adesista diminuiu e foi ocupado, em parte, por
parlamentares mais à direita que usam as redes sociais para ter contato
direto com o eleitor. Por que a esquerda não consegue rivalizar com a
direita nessa batalha pelo eleitorado?
Limongi - É
que esse eleitorado é o eleitorado que está na oposição... Não vejo como as
redes sociais poderiam beneficiar mais a direita do que a esquerda.
- Mas
se as redes sociais não favorecem mais a direita do que a esquerda, o que
explica a esquerda não superar a direita nessa disputa?
Limongi – A
esquerda sempre elegeu poucos parlamentares e aí temos uma realidade
incontornável que é a distribuição de preferência do eleitorado. Não adianta
querer que o eleitorado brasileiro seja todo ele de um determinado tipo de
gente. O eleitorado brasileiro é majoritariamente conservador. Ele também é
majoritariamente preocupado com justiça social e isso faz com que Lula tenha
apelo e eleitorado.
- A
possibilidade de Bolsonaro ficar fora das próximas disputas eleitorais fez
com que surgissem alguns nomes à direita como Tarcísio de Freitas
(Republicanos), Ronaldo Caiado (União Brasil) e Romeu Zema (Novo). À
esquerda, por outro lado, parece não haver tantos nomes competitivos
politicamente. Por que a esquerda parece depender tanto de Lula?
Limongi – Porque
ele é o presidente e vence eleições. Mas, de fato, não houve geração de
lideranças [à esquerda], mas também não houve à direita. Houve o Bolsonaro, mas
ele saiu de zero a 100 em dois minutos. Quando começou a campanha, ninguém
botava fé que ele poderia chegar onde chegou. Construir lideranças políticas e
candidatos à presidência, em qualquer lugar do mundo, e no Brasil em especial,
é muito difícil. Zema ou Caiado, em determinadas condições, podemos dizer que
vão ter traço em termos de apoio eleitoral. Se não conseguirem montar uma
coalizão forte e obter apoio em um bom número de Estados, eles não vão sair
como candidato.
- Lula
vai fazer 81 anos em 2026. Na sua opinião, ele deveria disputar mais um
mandato?
Limongi – Isso
quem deve saber é ele. Mas, se ele derrapar na rampa como o Biden começou a
derrapar, isso gera um custo imenso. Mas se ele estiver bem, é o candidato mais
forte da esquerda. Sendo presidente, ele é um candidato fortíssimo, não tenho a
menor dúvida. [...] Agora, se não for ele, eles [a esquerda] precisam, e isso
precisa ser rápido, achar um candidato de consenso.
Fonte: BBC News Brasil

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