Cuidador de idoso, uma profissão que requer
dedicação e amor ao que faz
De acordo com o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE, o país tem hoje
22.169.101 habitantes acima dos 65 anos, cerca de 10,9% da população. Um
problema que muitas dessas pessoas enfrentam é a falta de cuidados adequados
para uma melhor qualidade de vida. Os cuidadores de idosos trabalham para
fornecer a atenção necessária para quem precisa de apoio médico e social, tanto
em casas de repouso como em domicílios.
Karoline Rodrigues
Araújo, 38 anos, e Francisca Eurilane, 51, trabalham como cuidadoras na Casa do
Vovô, lar para a terceira idade em Vicente Pires. Karoline explica que os
espaços para idosos são importantes por oferecer cuidados que, muitas vezes,
eles não conseguem ter em casa.
A cuidadora justifica
que muitas pessoas que chegam ao local possuem graus de demência avançados ou
dificuldades motoras e físicas, e necessitam de maior atenção. Ela aponta que
os cuidadores trabalham com até oito idosos, mas podem ter menos pacientes, caso
eles tenham níveis de dependência maiores.
"A gente tem
fisioterapia, fonoaudiólogo, psicóloga, terapia ocupacional, serviços de
enfermagem e médico. As pessoas acreditam que é um lugar que você só deixa (os
idosos), ou que é um abandono, mas é um local onde a estrutura é maior do que a
família poderia proporcionar. A maioria dos casos, quando a família decide
trazer para cá, é porque realmente eles não conseguem mais cuidar em
casa", salienta a profissional.
Karoline também frisa
que a Casa do Vovô não é um asilo, e sim uma casa de repouso. Isso se deve ao
fato de o local ser um lar com foco maior na saúde mental e física com equipes
especializadas nesse trabalho, proporcionando um ambiente mais acolhedor para
os velhinhos. A cuidadora acredita que ainda existe um tabu sobre a palavra
"asilo" e que muitos esperam cenas de solidão e abandono quando
chegam, mas que esse não é o cenário encontrado.
Francisca concorda com
a colega de profissão e compartilha que uma das maiores dificuldades de seu
emprego é ver os moradores deprimidos quando chegam aos cuidados da casa de
repouso por acreditarem que estão sendo abandonados. Para combater essa situação,
ela acredita que os cuidadores precisam ser carinhosos e oferecer para essas
pessoas o máximo de amor que puderem receber em seus últimos anos.
"Está faltando as
pessoas perceberem que é o finalzinho (da vida) deles. Muitos não têm condição
de estar aqui na instituição, então temos que incluí-los em mais coisas. A
população precisa ter um reconhecimento de que eles precisam nesta etapa receber
mais atenção, mais prioridade e mais paciência", lamenta a cuidadora.
• Altruísmo
A vontade de ajudar os
membros da terceira idade em sua comunidade fez com que Andréa Maia trocasse de
profissão aos 46 anos e hoje faz atendimentos domiciliares para 15 idosos.
Hoje, com 51, ela se emociona ao falar sobre seu trabalho. "É importante
que as pessoas tenham mais empatia e que se lembrem que a velhice chega para
todos. Isso é primordial. Também que as autoridades entendam que as
necessidades deles aumentam na medida que eles vão envelhecendo e, com isso,
precisam de mais atenção na área da saúde, do transporte e do lazer", diz.
Ela considera que a
profissão exige muita responsabilidade. Algumas de suas obrigações envolvem dar
alimentação e medicações nos horários de forma correta para não causar
broncoaspiração, cuidados na higiene, principalmente nos banhos, atenção para
não haver quedas e mudanças de decúbito para não ocasionar lesão por pressão em
pacientes acamados.
• Vulnerabilidade
O geriatra Jamerson de
Carvalho alerta para a necessidade elevada de cuidados com essas pessoas, que
ele descreve como vulneráveis. Para isso, ele diz acreditar que o mais
recomendável é morar com a própria família, desde que o ambiente seja saudável,
mas ele entende que, em muitos casos, a necessidade de atenção é maior — e aí
entra o trabalho dos cuidadores.
"O idoso precisa
de suporte, sono, dieta adequada, atividade física regular e redução do
estresse. Então eles precisam, em primeiro lugar, de uma rede de apoio bem
organizada, bem constituída. Em segundo lugar, um estímulo à atividade física,
especialmente atividade do tipo resistida, de força. Também uma boa vida
familiar, condições dignas de moradia e acesso a serviços públicos",
indica o especialista.
• Profissionalização
A profissão de
cuidador não possui regulamentação legal, de acordo com o Ministério do
Trabalho e Emprego (MTE). Essa atividade pode ser exercida por meio de empresas
ou em âmbito residencial, quando será considerado um trabalhador doméstico.
Apesar disso, a Secretaria de Saúde do DF (SES/DF) oferece, por meio da Escola
de Saúde Pública, cursos de capacitação para que esses profissionais tenham o
nível necessário para o trabalho exigido. A carga horária total é de 120h, na
modalidade híbrida. Após a finalização do curso, é emitido certificado.
Fonte: Correio
Braziliense
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