sábado, 21 de setembro de 2024

Jeferson Miola: ‘Aumento de juros "é uma sem-vergonhice"’

O economista Ladislau Dowbor, autor de vasta obra acadêmica sobre economia e economia política, não faz volteios e interpreta de maneira didática o significado real de conceitos econômicos adotados pelos tecnocratas do rentismo que enrolam a população enquanto saqueiam o orçamento público.

É dele a melhor explicação técnica sobre o aumento de juros: – “é uma sem-vergonhice!”, explicou em entrevista ao programa Painel do Brasil247 [17/9].

“Eu vejo a farsa que isso tudo representa, com que cara de pau, com gravata e tudo esses caras dizem essas coisas assim”, disse Ladislau.

Não há nenhuma explicação aceitável para o aumento de juros; não há um único fator que fundamente este aperto monetário. Ao contrário, sobram razões para a redução dos juros a níveis aceitáveis, como na União Européia, EUA e nas maiores economias do planeta.

Sem-vergonhice rentista é, portanto, a explicação mais aceitável sobre a decisão do Banco Central de passar a obscena taxa de juros para 10,75%.

É inexplicável, ainda, esta decisão ocorrer no mesmo dia em que o Banco Central dos EUA, o FED, cortou 0,50% da taxa de juros, reforçando o ciclo mundial de queda dos juros.

É também inexplicável o BC fazer isso apenas poucos dias depois do IBGE anunciar a deflação no 2º trimestre e o governo confirmar a inflação dentro da meta ao longo do ano.

O aumento da taxa de juros não é uma decisão técnica. E tampouco é séria.

<><> Gleisi critica alta dos juros e 'aplausos' de Folha e Estadão: "a serviço da Faria Lima"

A presidente do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), voltou a criticar abertamente os editoriais da grande imprensa, direcionando sua insatisfação, em especial, aos jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, veículos que aplaudiram o aumento da taxa de juros (Selic) promovido pelo Banco Central e propagam, segundo ela, uma visão distorcida sobre a gestão fiscal do governo Lula (PT). Pelo Bluesky, Gleisi afirmou que esses editoriais atuam "a serviço da Faria Lima".

"A serviço da Faria Lima, editoriais da Folha e Estadão festejam aumento dos juros e dizem que o BC [Banco Central] enfrenta 'gastança' do governo. Mentira: quem puxou o crescimento da economia foi o consumo das famílias", disse a deputada, refutando a tese de que a expansão do gasto público seria o grande vilão da economia brasileira.

De acordo com ela, a verdadeira "gastança" está nos pagamentos de juros da dívida pública, que consomem cerca de 8% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Esses recursos, segundo ela, poderiam ser melhor alocados em áreas fundamentais como saúde, educação e meio ambiente, em vez de irem diretamente para o bolso dos rentistas. "Gastança é com juros da dívida, 8% do PIB, tirando recursos da saúde, educação, meio ambiente...", destacou.

A serviço da Faria Lima, editoriais da Folha e Estadão festejam aumento dos juros e dizem q BC enfrenta “gastança” do governo. Mentira: quem puxou o crescimento da economia foi o consumo das famílias. Gastança é c/ juros da dívida, 8% do PIB, tirando recursos da saúde, educação, meio ambiente… — Gleisi Hoffmann

A crítica de Gleisi Hoffmann ocorre em um momento de intenso debate sobre as diretrizes da política econômica brasileira. O aumento da taxa Selic, decidido pelo Banco Central, tem gerado reações de diversos setores. Para defensores da medida, o aumento dos juros é necessário para conter uma suposta alta inflacionária e assegurar a estabilidade da economia. Já opositores, como Gleisi, argumentam que a elevação da taxa de juros freia o crescimento econômico ao encarecer o crédito, prejudicando principalmente o consumo das famílias e o investimento produtivo.

 

¨      Não é só por 0.25%. É um tapa na cara do Brasil! Por Arnóbio Rocha

Um obscuro grupo lançou uma hashtag no começo de 2013 de que o aumento das passagens em São Paulo em 20 centavos era um absurdo. As manifestações de janeiro, contra o aumento, quase uma praxe, não obtiveram grandes adesões. Estranhamente, no final de maio de 2013, houve uma retomada, e junho de 2013 deu no que deu.

Da órbita do aumento das passagens, reivindicação local, frente à prefeitura e, deveria ser também ao governo de estado, que foi poupado, virou um movimento contra Dilma e o PT. Deu no que deu. Até o MP apareceu como protagonista.

Dito isso, vem a pergunta óbvia: Por que não há uma revolta com o aumento de 0.25% na taxa básica de juros?

Aliás, a Folha de S. Paulo, a CBN, entre outros, conseguiram a milagrosa fala de um ser etéreo, e puseram a manchete:

MERCADO elogia o aumento dos juros!

Sim, o Deus ex machina, fala, pensa e dirige as mentes da SUA mídia, a mesma que condena os gastos sociais, as aposentadorias, o salário mínimo, as políticas públicas.

O aumento de juros é um tapa na cara do Brasil. Exceto o Mercado, os abutres de bolsas, os especuladores, ninguém mais vence com juros altos, um contrassenso com à realidade geral do Brasil. Todos e todas perderam com o crime cometido pelo Banco Central do Brasil. O especulador Campos Neto impôs ao Brasil sacrifícios reais para tirar das mesas das pessoas a comida e a dignidade.

É impossível ficar quieto. Voltemos ao começo. Ali, em 2013, houve um interesse claro de manipulação para colocar em xeque um governo, não pelos 0.20 centavos, mas uma bem preparada política quase invisível, que usou de uma justa revolta, para derrotar a própria revolta.

Por que o silêncio hoje?

 

¨      Aumento da Selic ameaça ciclo de investimentos e crescimento econômico do governo Lula. Por Aquiles Lins

A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa Selic para 10,75% é uma nova derrota do setor produtivo brasileiro frente ao rentismo. Elevar a taxa básica de juros deve inibir o crescimento econômico, já que a manutenção de juros altos funciona como um freio na economia, ao desestimular o investimento produtivo e incentivar a busca por investimentos de baixo risco, como títulos públicos, que se tornam mais atrativos para investidores. Isso dificulta a retomada do crescimento econômico, prejudicando também a arrecadação tributária e o espaço fiscal para o governo implementar políticas de estímulo.

Com o objetivo de trazer a inflação, que acumula alta de 2,85% no ano e, nos últimos 12 meses, de 4,24%, para o centro da meta, de 3%, a nova taxa Selic vai encarecer ainda mais o crédito para empresas e consumidores. Para as indústrias, que puxaram a alta do PIB no segundo trimestre de 2024, significa custos maiores para financiamento de capital de giro e investimentos em novas tecnologias ou expansão produtiva. Empresas que precisam de financiamento externo para operar ou modernizar suas instalações serão ainda mais prejudicadas, especialmente pequenas e médias que já enfrentam dificuldades de acesso ao crédito barato. Do total de concessão de crédito para empresas no país, apenas 20% vai para esse segmento. Dos quase 23 milhões de micro e pequenas empresas (MPE), somente cerca de 6,5 milhões são tomadoras efetivas de recursos no sistema financeiro, segundo dados do Sebrae. 

Para os consumidores, força-motriz da retomada do crescimento,   uma Selic alta afeta diretamente as compras parceladas e financiamentos, essenciais para aquecer setores como automóveis, imóveis e bens de consumo duráveis. Financiamentos habitacionais ficam mais caros, afastando potenciais compradores e reduzindo a demanda por novos imóveis. Com menos crédito disponível ou a taxas mais altas, o consumo tende a cair, gerando um efeito dominó nas vendas, produção e empregos. O próprio presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que o emprego pleno exerce pressão inflacionária. O comércio, por exemplo, é um dos primeiros a sentir os efeitos dessa retração no consumo, com queda nas vendas e necessidade de reduzir estoques, afetando também a logística e transporte.

Com a nova decisão do Copom, as cadeias econômicas brasileiras continuarão sofrendo com as altas taxas de juros, comprometendo investimentos de longo prazo e o potencial de crescimento do país. Embora o controle da inflação seja uma das justificativas para manter os juros em patamar de agiotagem, o BC ignora o equilíbrio entre estabilidade de preços e estímulo ao crescimento econômico, que é essencial para garantir o desenvolvimento sustentável das cadeias produtivas e comerciais do Brasil.

 

¨      Comunicado do Copom sinaliza novas altas de juros antes da saída de Campos Neto

O Banco Central (BC) elevou o tom em sua decisão de política monetária desta quarta-feira (18), ao anunciar a elevação da taxa Selic para 10,75% ao ano. A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) foi acompanhada de um comunicado mais rígido, descrito por economistas como "hawkish", termo que sinaliza uma postura mais firme em relação ao controle da inflação. O aumento de 0,25 ponto percentual na Selic é o primeiro desde agosto de 2022, quando a taxa chegou ao pico de 13,75%. A medida, supostamente, reflete a preocupação do BC com a persistência da inflação no país, mas os indicadores mostram preços controlados, a despeito do crescimento econômico. O BC também sinalizou possíveis novos aumentos até o fim do ano, quando o atual presidente, Roberto Campos Neto, deixará o cargo.

A elevação da taxa Selic não foi bem recebida por diversos setores da sociedade. Para a presidenta do Partido dos Trabalhadores (PT), deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), a decisão do Copom é "injustificada" e prejudica a economia. Em uma publicação na rede social Bluesky, Gleisi criticou a medida, comparando-a ao movimento contrário feito pelos Estados Unidos no mesmo dia. “No dia em que os Estados Unidos cortam 0,5 ponto nos juros, tendência mundial, o BC [Banco Central] do Brasil sobe taxa para 10,75% [ao ano]. Além de prejudicar a economia, vai custar mais R$ 15 bilhões na dívida pública. Dinheiro que sai de educação, saúde, meio ambiente para os cofres da Faria Lima. Não temos inflação que justifique isso!”, escreveu a parlamentar.

Além de políticos, o setor produtivo também expressou preocupação. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) classificou o aumento como excessivo. Em comunicado, o presidente da CNI, Ricardo Alban, destacou que a medida impõe restrições adicionais à atividade econômica, principalmente no momento em que as principais economias globais começam a reduzir suas taxas de juros. "Os cenários econômicos, atual e prospectivo, principalmente de inflação, mostram que um aumento da Selic seria equivocado e um excesso de conservadorismo da autoridade monetária, com consequências negativas e desnecessárias para a atividade econômica. O Brasil está na contramão do que o mundo está fazendo nesse momento, que é a redução das taxas de juros”, afirmou Alban.

A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) também criticou a decisão, considerando-a precipitada. Segundo a entidade, o risco inflacionário não é claro na conjuntura atual, e a elevação dos juros compromete a recuperação industrial. "O elevado patamar de juros vem comprometendo setores estratégicos, em especial a indústria, e minando qualquer possibilidade de aumento da taxa de investimento do país. O setor industrial, embora tenha esboçado uma tímida recuperação nos últimos meses, ainda opera 15% abaixo de sua máxima histórica", ressaltou a Firjan em nota.

<><> Efeitos sobre o consumo e os investimentos

A Associação Paulista de Supermercados (Apas) também alertou sobre os efeitos negativos dos juros altos no consumo e nos investimentos. Felipe Queiroz, economista-chefe da entidade, afirmou que “o Brasil já possui uma das maiores taxas reais de juros do mundo, o que agrava ainda mais os desafios ao crescimento econômico do país. Com uma taxa de juros tão elevada, é difícil fomentar o nível de investimento necessário para um crescimento sólido e consistente no médio e longo prazo da economia do país.”

<><> Críticas das centrais sindicais

As centrais sindicais também reagiram fortemente ao aumento dos juros. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Força Sindical alertaram que a alta dos juros prejudica o desenvolvimento econômico e pesa sobre os trabalhadores. Para Juvandia Moreira, presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e vice-presidenta da CUT, “o Banco Central, por meio do Copom, segue praticando uma política monetária proibitiva para o desenvolvimento do país”. A CUT citou um estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), segundo o qual o aumento da Selic vai custar à União R$ 13 bilhões a mais em juros sobre os títulos públicos.

A Força Sindical, por sua vez, considerou a decisão um "prêmio aos especuladores". Miguel Torres, presidente da entidade, criticou duramente a medida, afirmando que ela afeta negativamente o consumo e os salários. “Essa estratégia de gradualismo, subindo a taxa aos poucos, penaliza de forma nefasta os menos favorecidos economicamente e trará mais incertezas. O aumento dos juros tende a desestimular o investimento e o consumo no país, prejudicando a retomada econômica", declarou Torres.

A decisão do Copom, portanto, gerou um forte debate sobre os rumos da política monetária e fiscal no Brasil, com críticas amplas de políticos, setores produtivos e sindicatos, que veem a medida como um entrave ao crescimento e à geração de empregos.

 

Fonte: Brasil 247/Agencia Brasil

 

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