Desmatamento da América do Sul é muito
visível do espaço, diz cosmonauta russo
A América do Sul foi a
região da Terra que mais mudou nas últimas duas décadas, com o espaço mostrando
como a área florestal do continente está diminuindo, disse o cosmonauta russo
recordista em estadia no espaço, Oleg Kononenko.
O cosmonauta acabou de
voltar de sua quinta expedição ao espaço. Kononenko é o primeiro terráqueo a
trabalhar no espaço por mais de mil dias, com seu tempo de voo totalizando
1.111 dias.
"A Terra está
mudando. A América do Sul está mudando em grande escala. A área de florestas lá
está diminuindo, e isso pode ser visto significativamente a olho nu. Há muitos
incêndios, a África está queimando, a América do Sul está queimando", disse
Kononenko na coletiva de imprensa após o voo.
Ao mesmo tempo, ele
expressou confiança de que a Terra é um "organismo que evolui por si
mesmo" e que, no final, "não vai deixar se destruir".
Além disso, quando
perguntado sobre a existência da vida alienígena no espaço Kononenko respondeu:
"Se algum dia
encontrarmos alienígenas, meu primeiro e principal interesse será descobrir
como chegaram até nós".
Além disso, o
cosmonauta estaria interessado em saber o que atraiu os alienígenas à Terra,
por que eles escolheram nosso planeta.
Os cosmonautas russos
Kononenko e Nikolai Chub retornaram em 23 de setembro da Estação Espacial
Internacional (EEI) na espaçonave Soyuz MS-25 com a norte-americana Tracy
Dyson.
Kononenko e Chub
estabeleceram um novo recorde de duração do voo nessa estação – 374 dias.
• Com alta de 25% em 60 anos, Brasil agora
tem média de 100 dias seguidos sem chuvas
Em 60 anos, o número
de dias seguidos sem chuvas no Brasil subiu de 80 para 100, segundo dados do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Isso significa que o período
seco no país está ficando mais severo, o que, segundo especialistas, é um sinal
de que a mudança climática já está acontecendo.
O estudo mostra que a
estiagem está se tornando parte do clima no país. O levantamento analisou dados
das estações que medem chuva espalhadas pelo território nacional divididas em
dois tempos: primeiro de 1961 a 1990 e, depois, de 1991 a 2020.
🔍 O que a pesquisa descobriu é que, no primeiro período, o país
ficava sem chuva uma média de 80 a 85 dias seguidos. No segundo período, esse
número passou a 100 dias, um aumento de 25%. (Veja a evolução nos mapas abaixo)
Imagem mostra avanço
da estiagem no país — Foto: Arte/g1
O estudo aponta que as
áreas mais vulneráveis a estiagem são o Nordeste, o Centro-Oeste e trechos do
Sudeste -- o que mostra uma mudança no padrão de seca, como a que estamos vendo
agora.
Entre os estados com
os piores índices de estiagem estão:
• Ceará
• Rio Grande do Norte
• Piauí
• Maranhão
• Piauí
• Bahia
• Tocantins
• Goiás
• Minas Gerais
• Mato Grosso
• Mato Grosso do Sul
• Partes de São Paulo
"A gente via essa
estiagem afetando mais a região Nordeste, mas agora isso está se espalhando
para outros estados. Afetando, inclusive, o Sudeste. Isso é um sinal da mudança
de padrão", explica Alves.
<><> Por
que isso está acontecendo?
Segundo o autor da
análise, Lincoln Alves, especialista em mudanças climáticas, isso é resultado
da maior emissão de gases do efeito estufa.
O pesquisador explica
que a análise indica que o país está vivendo um cenário de mudança do clima de
forma acelerada.
"Havia previsões
do aumento da estiagem nesse nível, mas isso deveria acontecer até 2050. O que
estamos vendo é que muito antes do tempo já estamos passando por esses efeitos.
É necessária uma resposta urgente", explica Lincoln Alves.
O levantamento faz
parte de uma série de pesquisas que vêm tentando entender o "novo
clima" no país. Os dados já apontaram:
• 🚨 Aumento da temperatura em até 3°C;
• 🚨 Aumento no número de ondas de calor;
• 🚨 Aumento também de chuvas intensas, como as que foram vistas no
Rio Grande do Sul.
Os estudos vão servir
de base científica para a elaboração do Plano Clima Adaptação, aprovado neste
ano depois da tragédia no Rio Grande do Sul. A proposta é que as informações
possam ajudar o poder público na gestão de ações para minimizar os impactos da
mudança do clima.
“O estudo mostra que o
país está sofrendo com as mudanças do clima e não são uma sentença, mas um
sinal de alerta que nos mostra a direção que devemos agir. Precisamos diminuir
a emissão de gases, que o Brasil tem uma contribuição significativa, e precisamos
pensar em mitigação. Em como o poder público vai agir para minimizar os
impactos”, explica.
• Brasil tem mais de mil cidades sem chuva
há três meses
Mais de mil cidades do
Brasil estão sem chuva há, pelo menos, três meses, segundo dados divulgados
pelo Centro Nacional de Desastres Naturais (Cemaden). O total representa 20%
dos municípios do País, que são afetados por uma seca severa, que é considerada
por especialistas a maior estiagem da história recente.
Os dados consideram as
chuvas registradas até o dia 22 de setembro. A análise mostra a situação dos
mais de 5 mil municípios brasileiros, sendo que cerca de 600 cidades sofrem com
a falta de chuva há mais de quatro meses (133 dias). Já outras 1.188 localidades
não sabem o que é precipitação há, pelo menos, 90 dias.
A situação mais
alarmante é em Goiás, onde em quase todos os municípios não chove há mais de
100 dias. O cenário em Minas Gerais também é de preocupação --em vários locais
não choveu em mais da metade do tempo em 2024 até agora. Outros Estados que
enfrentam a estiagem severa são Mato Grosso, Tocantins, Bahia e São Paulo,
segundo o levantamento.
O Cemaden utiliza
dados de satélite, e faz uma estimativa para as cidades. Em São Paulo, a
análise mostrou que não houve chuva há, pelo menos, 39 dias. No entanto, houve
alguns registros de chuva em pontos isolados, durante a onda de calor. Quando a
chuva é isolada ou em pouco volume, ela não é contabilizada pelo sistema.
<><> Seca
no Brasil
Especialistas explicam
que a seca extrema no Brasil tem vários fatores. Entre eles, o fenômeno El
Niño, que aqueceu o Oceano Pacífico, e contribuiu para o aumento das
temperaturas no país, mudando os padrões de chuva.
Outra explicação é a
ação de bloqueios atmosféricos, que impediram o avanço de frentes frias pelo
país, deixando a chuva abaixo da média em quase todo o território, com exceção
do Rio Grande do Sul.
O aquecimento do
Atlântico Tropical Norte foi outro fator de influência para a seca. O Oceano
está mais quente que o normal, contribuindo para mudanças nos padrões de
chuvas, deixando a seca iniciada em 2023 ainda mais longa. Atualmente, o Brasil
enfrenta a maior seca da história recente, agravada pelas altas temperaturas.
• Seca extrema já afeta turismo no 'Caribe
amazônico'
Com o nível do rio
Tapajós medindo 1,19m em Itaituba e 1,15m em Santarém, na região oeste do Pará,
nesta segunda-feira (23), a Agência Nacional das Águas (ANA) declarou, pela
primeira vez, situação crítica de escassez hídrica no rio Tapajós, no trecho compreendido
entre os dois municípios.
De acordo com dados da
Defesa Civil Municipal, o nível do Rio Tapajós está 1,33m abaixo da marca
registrada na mesma data de 2023. Em 23 de setembro do ano passado, a régua de
medição da ANA instalada no porto da Companhia Docas do Pará, em Santarém, marcava
2,48m.
A vila balneária de
Alter do Chão, principal destino turístico de quem visita Santarém, também já
sente o impacto da estiagem severa. Há duas semanas, os catraieiros,
trabalhadores que fazem a travessia de banhistas da Orla da vila até à Ilha do
Amor, principal praia de Alter, estacionam as catraias (canoas a remo) devido
ao baixo volume de água no canal. A travessia é o principal meio de sustento
dos catraieiros.
O nível do rio Tapajós
em Santarém está 95 cm abaixo da cota de alerta, que é de 2,10 m. O recorde
histórico de seca no Tapajós foi batido em 2023, quando o nível do rio chegou a
44cm. Antes disso, o recorde havia sido batido em outubro de 2010, quando o
manancial chegou a 50 centímetros.
Devido ao baixo volume
de água do rio Tapajós que voltou a baixar em média 0,6cm por dia após uma
semana sem movimento de subida ou descida, o Governo Federal reconheceu no
último dia 19, situação de emergência de cinco municípios do oeste do Pará:
Santarém, Juruti, Prainha, Óbidos e Oriximiná.
Com a publicação da
portaria Nº 3.162 do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional
(MIDR), por meio da Defesa Civil Nacional, as prefeituras dos cinco municípios
podem solicitar ao governo federal recursos para ações de Defesa Civil para minimizar
os impactos da estiagem nos municípios.
Em Santarém, de acordo
com levantamento da Defesa Civil, as regiões mais afetadas pela escassez
hídrica são:
• Aritapera
• Arapixuna
• Tapará
• Lago Grande
• Ituqui
• Urucurituba
• Resex - Tapajós / Arapiuns
• PAE Lago Grande
• Distrito de Alter do Chão e Lago do
Maicá.
Nessas regiões a
navegação está prejudicada, assim como o acesso à água potável e alimentos. Pescadores
também tiveram a atividade impactada pela seca. Na comunidade Pau da Letra,
região de Boim, em Santarém, uma cena inusitada, que também foi considerada um
ato heroico pelos comunitários foi registrada há poucos dias. O responsável
pelo transporte fluvial de alunos do ensino fundamental teve a iniciativa de
carregar 13 crianças, uma a uma, sobre os ombros, para que elas pudessem chegar
à margem e caminhar até à escola para não perderem uma prova.
A embarcação que faz o
transporte das crianças precisa parar distante da margem para não correr o
risco de encalhar devido ao baixo volume de água em Boim.
Para viabilizar ajuda
comunitária às comunidades, a Prefeitura de Santarém decretou situação de
emergência no dia 17 de setembro, autorizando a mobilização de todos os órgãos
municipais e voluntários, além da realização de campanhas de arrecadação de recursos,
assim como dispensa a licitação em contratos de aquisição dos bens necessários
ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de
obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 1 ano.
• Incêndios impactam opinião da população
sobre o país na região Nordeste
A onda de incêndios
que toma o país pode estar mexendo com o ânimo do nordestino. Essa é uma das
conclusões da última Pesquisa Bimestral RADAR FEBRABAN, que avalia a percepção
e expectativa da sociedade sobre a vida, aspectos da economia e prioridades para
o país.
Ao serem perguntados
se o Brasil estava melhor agora do que no ano passado, 44% dos moradores da
região responderam que o país se encontrava em melhor situação. O resultado
significa uma redução de 12 pontos percentuais em relação à visão de julho
passado. Foi a segunda maior queda em avaliação positiva sobre o país em toda a
pesquisa – o Norte registrou decréscimo de 14 pontos percentuais; Sul, 7, e
Centro-Oeste, 5. O Sudeste foi a única região em que a percepção positiva
cresceu (6 pontos percentuais).
Ainda em relação aos
resultados do Nordeste, 36% disseram que o país está igual em relação ao ano
passado; 18% acreditam que o país piorou, enquanto 2% não souberam ou não
quiseram responder
Na média nacional, 42%
avaliaram que o país melhorou em relação a 2023, quatro pontos a menos que o
registrado em julho. É praticamente estável o contingente que acha que o país
está igual ao ano passado (32%, um ponto a mais que na onda anterior). Por sua
vez, a percepção de piora sofreu variação de mais dois pontos, indo de 23% em
julho para 25% em setembro. Considerado o horizonte de 12 meses, o movimento
também é de recuo da percepção de melhoria.
A análise da pesquisa
destaca que o Brasil vive “a pior seca dos últimos 70 anos, o que tem provocado
ondas de calor, graves queimadas e ondas de fumaça em grande parte do país,
afetando a saúde da população, os preços dos alimentos, a economia dos municípios,
entre outros. Como os resultados do levantamento atual mostram, esse cenário
afeta o humor da sociedade, a agenda de prioridades e a percepção sobre o
país”.
Ainda segundo a
pesquisa, a preocupação em relação ao país não impede o otimismo do brasileiro
em relação à vida pessoal: 69% dos entrevistados na região acreditam que até o
final de 2024 a vida pessoal e de sua família vão melhorar. Apenas 29% disseram
que essa situação vai ficar igual ou piorar.
“O que explica o
paradoxo, à primeira vista, entre a percepção do país e os sentimentos quanto à
vida pessoal? A visão do país foi afetada pela repercussão da tragédia natural
– seca severa e queimadas generalizadas – ao passo que a dinâmica da economia,
com baixo desemprego e PIB em ascensão, leva as pessoas a serem otimistas na
dimensão pessoal”, aponta o sociólogo e cientista político Antonio Lavareda,
presidente do Conselho Científico do IPESPE.
Fonte: Sputnik
Brasil/Terra/g1/Foco Comunicação Estratégica
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