segunda-feira, 30 de setembro de 2024

Desmatamento da América do Sul é muito visível do espaço, diz cosmonauta russo

A América do Sul foi a região da Terra que mais mudou nas últimas duas décadas, com o espaço mostrando como a área florestal do continente está diminuindo, disse o cosmonauta russo recordista em estadia no espaço, Oleg Kononenko.

O cosmonauta acabou de voltar de sua quinta expedição ao espaço. Kononenko é o primeiro terráqueo a trabalhar no espaço por mais de mil dias, com seu tempo de voo totalizando 1.111 dias.

"A Terra está mudando. A América do Sul está mudando em grande escala. A área de florestas lá está diminuindo, e isso pode ser visto significativamente a olho nu. Há muitos incêndios, a África está queimando, a América do Sul está queimando", disse Kononenko na coletiva de imprensa após o voo.

Ao mesmo tempo, ele expressou confiança de que a Terra é um "organismo que evolui por si mesmo" e que, no final, "não vai deixar se destruir".

Além disso, quando perguntado sobre a existência da vida alienígena no espaço Kononenko respondeu:

"Se algum dia encontrarmos alienígenas, meu primeiro e principal interesse será descobrir como chegaram até nós".

Além disso, o cosmonauta estaria interessado em saber o que atraiu os alienígenas à Terra, por que eles escolheram nosso planeta.

Os cosmonautas russos Kononenko e Nikolai Chub retornaram em 23 de setembro da Estação Espacial Internacional (EEI) na espaçonave Soyuz MS-25 com a norte-americana Tracy Dyson.

Kononenko e Chub estabeleceram um novo recorde de duração do voo nessa estação – 374 dias.

 

•        Com alta de 25% em 60 anos, Brasil agora tem média de 100 dias seguidos sem chuvas

Em 60 anos, o número de dias seguidos sem chuvas no Brasil subiu de 80 para 100, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Isso significa que o período seco no país está ficando mais severo, o que, segundo especialistas, é um sinal de que a mudança climática já está acontecendo.

O estudo mostra que a estiagem está se tornando parte do clima no país. O levantamento analisou dados das estações que medem chuva espalhadas pelo território nacional divididas em dois tempos: primeiro de 1961 a 1990 e, depois, de 1991 a 2020.

🔍 O que a pesquisa descobriu é que, no primeiro período, o país ficava sem chuva uma média de 80 a 85 dias seguidos. No segundo período, esse número passou a 100 dias, um aumento de 25%. (Veja a evolução nos mapas abaixo)

Imagem mostra avanço da estiagem no país — Foto: Arte/g1

O estudo aponta que as áreas mais vulneráveis a estiagem são o Nordeste, o Centro-Oeste e trechos do Sudeste -- o que mostra uma mudança no padrão de seca, como a que estamos vendo agora.

Entre os estados com os piores índices de estiagem estão:

•        Ceará

•        Rio Grande do Norte

•        Piauí

•        Maranhão

•        Piauí

•        Bahia

•        Tocantins

•        Goiás

•        Minas Gerais

•        Mato Grosso

•        Mato Grosso do Sul

•        Partes de São Paulo

"A gente via essa estiagem afetando mais a região Nordeste, mas agora isso está se espalhando para outros estados. Afetando, inclusive, o Sudeste. Isso é um sinal da mudança de padrão", explica Alves.

<><> Por que isso está acontecendo?

Segundo o autor da análise, Lincoln Alves, especialista em mudanças climáticas, isso é resultado da maior emissão de gases do efeito estufa.

O pesquisador explica que a análise indica que o país está vivendo um cenário de mudança do clima de forma acelerada.

"Havia previsões do aumento da estiagem nesse nível, mas isso deveria acontecer até 2050. O que estamos vendo é que muito antes do tempo já estamos passando por esses efeitos. É necessária uma resposta urgente", explica Lincoln Alves.

O levantamento faz parte de uma série de pesquisas que vêm tentando entender o "novo clima" no país. Os dados já apontaram:

•        🚨 Aumento da temperatura em até 3°C;

•        🚨 Aumento no número de ondas de calor;

•        🚨 Aumento também de chuvas intensas, como as que foram vistas no Rio Grande do Sul.

Os estudos vão servir de base científica para a elaboração do Plano Clima Adaptação, aprovado neste ano depois da tragédia no Rio Grande do Sul. A proposta é que as informações possam ajudar o poder público na gestão de ações para minimizar os impactos da mudança do clima.

“O estudo mostra que o país está sofrendo com as mudanças do clima e não são uma sentença, mas um sinal de alerta que nos mostra a direção que devemos agir. Precisamos diminuir a emissão de gases, que o Brasil tem uma contribuição significativa, e precisamos pensar em mitigação. Em como o poder público vai agir para minimizar os impactos”, explica.

•        Brasil tem mais de mil cidades sem chuva há três meses

Mais de mil cidades do Brasil estão sem chuva há, pelo menos, três meses, segundo dados divulgados pelo Centro Nacional de Desastres Naturais (Cemaden). O total representa 20% dos municípios do País, que são afetados por uma seca severa, que é considerada por especialistas a maior estiagem da história recente.

Os dados consideram as chuvas registradas até o dia 22 de setembro. A análise mostra a situação dos mais de 5 mil municípios brasileiros, sendo que cerca de 600 cidades sofrem com a falta de chuva há mais de quatro meses (133 dias). Já outras 1.188 localidades não sabem o que é precipitação há, pelo menos, 90 dias.

A situação mais alarmante é em Goiás, onde em quase todos os municípios não chove há mais de 100 dias. O cenário em Minas Gerais também é de preocupação --em vários locais não choveu em mais da metade do tempo em 2024 até agora. Outros Estados que enfrentam a estiagem severa são Mato Grosso, Tocantins, Bahia e São Paulo, segundo o levantamento.

O Cemaden utiliza dados de satélite, e faz uma estimativa para as cidades. Em São Paulo, a análise mostrou que não houve chuva há, pelo menos, 39 dias. No entanto, houve alguns registros de chuva em pontos isolados, durante a onda de calor. Quando a chuva é isolada ou em pouco volume, ela não é contabilizada pelo sistema.

<><> Seca no Brasil

Especialistas explicam que a seca extrema no Brasil tem vários fatores. Entre eles, o fenômeno El Niño, que aqueceu o Oceano Pacífico, e contribuiu para o aumento das temperaturas no país, mudando os padrões de chuva.

Outra explicação é a ação de bloqueios atmosféricos, que impediram o avanço de frentes frias pelo país, deixando a chuva abaixo da média em quase todo o território, com exceção do Rio Grande do Sul.

O aquecimento do Atlântico Tropical Norte foi outro fator de influência para a seca. O Oceano está mais quente que o normal, contribuindo para mudanças nos padrões de chuvas, deixando a seca iniciada em 2023 ainda mais longa. Atualmente, o Brasil enfrenta a maior seca da história recente, agravada pelas altas temperaturas.

•        Seca extrema já afeta turismo no 'Caribe amazônico'

Com o nível do rio Tapajós medindo 1,19m em Itaituba e 1,15m em Santarém, na região oeste do Pará, nesta segunda-feira (23), a Agência Nacional das Águas (ANA) declarou, pela primeira vez, situação crítica de escassez hídrica no rio Tapajós, no trecho compreendido entre os dois municípios.

De acordo com dados da Defesa Civil Municipal, o nível do Rio Tapajós está 1,33m abaixo da marca registrada na mesma data de 2023. Em 23 de setembro do ano passado, a régua de medição da ANA instalada no porto da Companhia Docas do Pará, em Santarém, marcava 2,48m.

A vila balneária de Alter do Chão, principal destino turístico de quem visita Santarém, também já sente o impacto da estiagem severa. Há duas semanas, os catraieiros, trabalhadores que fazem a travessia de banhistas da Orla da vila até à Ilha do Amor, principal praia de Alter, estacionam as catraias (canoas a remo) devido ao baixo volume de água no canal. A travessia é o principal meio de sustento dos catraieiros.

O nível do rio Tapajós em Santarém está 95 cm abaixo da cota de alerta, que é de 2,10 m. O recorde histórico de seca no Tapajós foi batido em 2023, quando o nível do rio chegou a 44cm. Antes disso, o recorde havia sido batido em outubro de 2010, quando o manancial chegou a 50 centímetros.

Devido ao baixo volume de água do rio Tapajós que voltou a baixar em média 0,6cm por dia após uma semana sem movimento de subida ou descida, o Governo Federal reconheceu no último dia 19, situação de emergência de cinco municípios do oeste do Pará: Santarém, Juruti, Prainha, Óbidos e Oriximiná.

Com a publicação da portaria Nº 3.162 do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), por meio da Defesa Civil Nacional, as prefeituras dos cinco municípios podem solicitar ao governo federal recursos para ações de Defesa Civil para minimizar os impactos da estiagem nos municípios.

Em Santarém, de acordo com levantamento da Defesa Civil, as regiões mais afetadas pela escassez hídrica são:

•        Aritapera

•        Arapixuna

•        Tapará

•        Lago Grande

•        Ituqui

•        Urucurituba

•        Resex - Tapajós / Arapiuns

•        PAE Lago Grande

•        Distrito de Alter do Chão e Lago do Maicá.

Nessas regiões a navegação está prejudicada, assim como o acesso à água potável e alimentos. Pescadores também tiveram a atividade impactada pela seca. Na comunidade Pau da Letra, região de Boim, em Santarém, uma cena inusitada, que também foi considerada um ato heroico pelos comunitários foi registrada há poucos dias. O responsável pelo transporte fluvial de alunos do ensino fundamental teve a iniciativa de carregar 13 crianças, uma a uma, sobre os ombros, para que elas pudessem chegar à margem e caminhar até à escola para não perderem uma prova.

A embarcação que faz o transporte das crianças precisa parar distante da margem para não correr o risco de encalhar devido ao baixo volume de água em Boim.

Para viabilizar ajuda comunitária às comunidades, a Prefeitura de Santarém decretou situação de emergência no dia 17 de setembro, autorizando a mobilização de todos os órgãos municipais e voluntários, além da realização de campanhas de arrecadação de recursos, assim como dispensa a licitação em contratos de aquisição dos bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 1 ano.

 

•        Incêndios impactam opinião da população sobre o país na região Nordeste

A onda de incêndios que toma o país pode estar mexendo com o ânimo do nordestino. Essa é uma das conclusões da última Pesquisa Bimestral RADAR FEBRABAN, que avalia a percepção e expectativa da sociedade sobre a vida, aspectos da economia e prioridades para o país.

Ao serem perguntados se o Brasil estava melhor agora do que no ano passado, 44% dos moradores da região responderam que o país se encontrava em melhor situação. O resultado significa uma redução de 12 pontos percentuais em relação à visão de julho passado. Foi a segunda maior queda em avaliação positiva sobre o país em toda a pesquisa – o Norte registrou decréscimo de 14 pontos percentuais; Sul, 7, e Centro-Oeste, 5. O Sudeste foi a única região em que a percepção positiva cresceu (6 pontos percentuais).

Ainda em relação aos resultados do Nordeste, 36% disseram que o país está igual em relação ao ano passado; 18% acreditam que o país piorou, enquanto 2% não souberam ou não quiseram responder

Na média nacional, 42% avaliaram que o país melhorou em relação a 2023, quatro pontos a menos que o registrado em julho. É praticamente estável o contingente que acha que o país está igual ao ano passado (32%, um ponto a mais que na onda anterior). Por sua vez, a percepção de piora sofreu variação de mais dois pontos, indo de 23% em julho para 25% em setembro. Considerado o horizonte de 12 meses, o movimento também é de recuo da percepção de melhoria.

A análise da pesquisa destaca que o Brasil vive “a pior seca dos últimos 70 anos, o que tem provocado ondas de calor, graves queimadas e ondas de fumaça em grande parte do país, afetando a saúde da população, os preços dos alimentos, a economia dos municípios, entre outros. Como os resultados do levantamento atual mostram, esse cenário afeta o humor da sociedade, a agenda de prioridades e a percepção sobre o país”.

Ainda segundo a pesquisa, a preocupação em relação ao país não impede o otimismo do brasileiro em relação à vida pessoal: 69% dos entrevistados na região acreditam que até o final de 2024 a vida pessoal e de sua família vão melhorar. Apenas 29% disseram que essa situação vai ficar igual ou piorar.

“O que explica o paradoxo, à primeira vista, entre a percepção do país e os sentimentos quanto à vida pessoal? A visão do país foi afetada pela repercussão da tragédia natural – seca severa e queimadas generalizadas – ao passo que a dinâmica da economia, com baixo desemprego e PIB em ascensão, leva as pessoas a serem otimistas na dimensão pessoal”, aponta o sociólogo e cientista político Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do IPESPE.

 

Fonte: Sputnik Brasil/Terra/g1/Foco Comunicação Estratégica

 

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