STF firma acordo histórico para resolução
de conflito fundiário em Mato Grosso do Sul após 30 anos
Uma audiência de
conciliação foi realizada nesta quarta-feira (25), no Supremo Tribunal Federal
(STF), para buscar saídas ao agravamento da situação na Terra Indígena (TI)
Ñanderu Marangatu, localizada no município de Antônio João (MS). A sessão foi
convocada pelo ministro Gilmar Mendes após uma série de episódios de violência,
que resultaram na morte do jovem Neri da Silva, de 23 anos, no dia 18 de
setembro.
Pelo menos outros dois
territórios indígenas na mesma região registraram incidentes violentos: a TI
Panambi-Lagoa Rica, próxima a Douradina, e a TI Amambaipeguá I, localizada em
Caarapó, ambas no Mato Grosso do Sul.
Como resultado da
audiência, ficou acordado que a União arcará com o pagamento imediato dos R$ 27
milhões sobre as benfeitorias realizadas nos imóveis e outros cerca de R$ 102
milhões em precatório. Já o estado do MS deverá aportar R$ 16 milhões, totalizando
mais de R$ 146 milhões em indenizações aos fazendeiros.
Também constará no
acordo que as partes se abstenham de provocações ou qualquer ato de violência e
que a Polícia Militar (PM) não utilize a força contra a população originária.
Os fazendeiros devem desocupar a área em um prazo de 15 dias após o pagamento
das benfeitorias.
No início da reunião,
o juiz Diego Veras, chefe de gabinete do ministro Gilmar Mendes e coordenador
da audiência, defendeu o “fim do estado de guerra” na região e a busca por
alternativas constitucionais e legais para a solução do conflito. Já o representante
da Advocacia-Geral da União (AGU) esclareceu que o órgão atua na perspectiva de
manutenção do decreto e balizamento de uma solução indenizatória, e defendeu
que, para além do caso específico, se possa avançar na solução de processos
judiciais que correm em primeiro e segundo grau relacionados com processos de
demarcação de terras indígenas.
Por sua vez, o
representante do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), o advogado Eloy Terena,
defendeu que qualquer acordo realizado deve reconhecer a tradicionalidade da
TI, sem redução da área. Como proposta, Terena sugeriu o reconhecimento, por
parte do governo do MS, do cometimento de um erro no passado, ao conceder o
título de propriedade das terras a particulares, ignorando a existência dos
indígenas na área.
Dessa forma, se
acrescentaria ao valor um recurso para indenizar os fazendeiros pelas terras
que não foram ocupadas, mas que, segundo os fazendeiros, fazem parte de sua
propriedade, chamado de Valor da Terra Nua (VTN). Houve resistência dos
representantes do governo do MS quanto a assumir a responsabilidade sobre o
pagamento do VTN. Só ao final da audiência o governo concordou com o aporte
para a solução definitiva.
• Solução para ontem
Durante a audiência,
os representantes da União chegaram a anunciar um “pré-acordo”, que contemplava
a retirada imediata dos fazendeiros da região, garantindo a posse dos indígenas
sobre a TI, após pagamento de indenização por benfeitorias feitas no imóvel.
Mas diante do impasse com o governo sul-matogrossense, pediram um “tempo breve”
para que os demais órgãos federais e estaduais pudessem chegar a um
entendimento sobre as demais ações indenizatórias aos fazendeiros, o que foi
rejeitado por Roseli Ruiz, proprietária da Fazenda Barra, sobreposta à TI, e
pelos próprios indígenas, que exigiram uma solução imediata.
“Nós, como eles,
queremos uma solução de conciliação, de negociação, porque se for para fazer
isso, ‘ah, é a lei, é isso aí’, então tem que esperar na Justiça mais 20 anos.
Não é o que nós queremos e nem eles. Então, por favor, eu peço para vocês que
nos deem a oportunidade, tanto para nós como para a comunidade, de dar um fim
nisso. Deposita as benfeitorias e faça a negociação, que eu saio e entrego [as
terras] para eles imediatamente”, afirmou a fazendeira.
“Nosso povo está
esperando, está rezando agora, está dançando. Hoje estão lá, embaixo daquela
barraca, no pé daquele morro. Eu acho que o senhor nem imagina o que é uma
pessoa, uma criança de 10, de 3 anos, passam num lugar desses. Excelência, me
desculpa a forma de me expressar, mas nós viemos em busca de respostas”,
declarou um representante indígena.
A vereadora do
município de Antônio João Inayê Lopes (PSD) também advogou por uma solução
definitiva. “Eu quero dizer que nós queremos sair daqui com o resultado.
Independente de quem vai pagar, nós queremos que se resolva. Nosso território
tradicional precisa dessa solução hoje porque o limite já ultrapassou. Porque
se continuar nesse enrolamento vai continuar mais gerando violência”, defendeu.
Finalmente, o juiz
Diego Veras consolidou a proposta de acordo, que ainda precisa ser homologada
pelo plenário do STF, para que se dê o processo como encerrado. Segundo o
magistrado, o acordo deve ser pautado aos ministros do Supremo em sessão
extraordinária na próxima semana.
• O processo
Em 2005, o presidente
da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), declarou a posse permanente da
área aos indígenas, criando a TI Ñanderu Marangatu, com 9.570 hectares, onde
vivem cerca de 3 mil indígenas. No mesmo ano, a família Ruiz Silva entrou com processo
no STF alegando a propriedade da terra. Desta forma, o então presidente do STF,
ministro Nelson Jobim, deferiu o pedido de liminar suspendendo os efeitos do
decreto presidencial, até uma decisão final do plenário da corte, e remeteu o
processo ao relator, o ministro Gilmar Mendes.
Na decisão mais
recente, que convocou a audiência desta quarta-feira, publicada na segunda
(23), Mendes reconheceu que o conflito envolvendo a legalidade do ato
demarcatório da TI Ñande Ru Marangatú “é profundo, violento e destrói há
séculos os projetos de vida de todos que lá se instalam”.
“A inércia do Estado
brasileiro no cumprimento de seus compromissos constitucionais e internacionais
criou grave contexto de violência e insegurança”, seguiu o ministro.
“Por outro lado, não
podemos olvidar que, nos séculos que correram, também existem não indígenas de
boa-fé que depositaram sua confiança no Estado e construíram suas vidas na
região”, destaca.
Nesse sentido, o
decano defendeu a busca por um “caminho consensual e não violento”, pelo que
convoca a audiência de conciliação. Na decisão, Mendes afirma que o processo
foi liberado para julgamento junho de 2023 e, portanto, aguarda ser colocado em
pauta.
• A ‘especialista’
Na Justiça, o
fazendeiro Pio Silva é representado por sua filha, Luana Ruiz Silva, fruto do
casamento com Roseli Ruiz Silva, proprietária da Fazenda Barra, sobreposta à TI
Ñhande Ru Marangatu, onde o indígena Neri da Silva foi assassinado.
Recentemente, ela foi
indicada pelo Partido Liberal (PL) e pelo Republicanos como “especialista” para
ser ouvida pela comissão de conciliação sobre o marco temporal, também
coordenada pelo gabinete do ministro Gilmar Mendes. Roseli tem formação em
antropologia e possui longo histórico de conflitos com os indígenas. Em 2015,
ela era presidente do Sindicato Rural de Antônio João, de onde, segundo relatos
dos indígenas, teria partido um grupo de fazendeiros e jagunços para uma ação
violenta, que resultou no assassinato de Simeão Vilhalva.
Em 2013, o jornal
Folha de São Paulo publicou matéria com o perfil de Roseli. Com o título
Fazendeira vira antropóloga e faz laudos contra índios, a matéria conta como
ela decidiu pela profissão. “Fui invadida em 1998 e, no ano seguinte, fui fazer
direito para entender esse desmando. No decorrer do curso detectei que o que
estava fundamentando não era a legislação, e sim um relatório antropológico”,
afirmou em entrevista.
Já a filha, Luana, é
primeira suplente ao cargo de deputada federal pelo PL na Câmara dos Deputados,
e trabalha como assessora especial da Casa Civil do Governo do Mato Grosso do
Sul. Ela também foi secretária-adjunta na Secretaria Especial de Assuntos Fundiários
do Ministério da Agricultura no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Nas
redes sociais, se diz “defensora do agro” e publica vídeos com ataques ao
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e contra a demarcação de
terras indígenas.
Durante a audiência
desta quarta, a advogada considerou “inapropriado” o pedido dos indígenas para
a fixação de uma cruz no local do assassinato de Neri da Silva, mas finalmente
cedeu, para que a família possa realizar a cerimônia de despedida em data e hora
definidas, com acompanhamento da Força Nacional.
• Vitória Munduruku: após anos de luta,
ministro da Justiça assina portaria declaratória da TI Sawré Muybu
O povo Munduruku
conquistou uma vitória histórica nesta quarta-feira (25). O ministro da Justiça
Ricardo Lewandowski assinou nesta tarde a portaria declaratória da Terra
Indígena (TI) Sawré Muybu, na região do médio Tapajós, no Pará. O povo
Munduruku luta há décadas pela demarcação deste território, e já haviam se
passado oito anos desde o último avanço administrativo no processo
demarcatório.
A TI Sawré Muybu
possui 178.173 hectares e fica localizada nos municípios paraenses de Itaituba
e Trairão, às margens do rio Tapajós. A portaria declaratória foi assinada
durante um ato no Ministério da Justiça e Segurança Pública, em Brasília, do
qual participaram lideranças do povo Munduruku, apoiadores e representantes do
governo federal e da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).
“Agradeço
primeiramente a Karosakaibu [divindade Munduruku], que tocou no coração do
ministro para assinar essa portaria. Também reconheço e agradeço esforço dos
apoiadores que estão com a gente, o Cimi, a CPT [Comissão Pastoral da Terra],
as lideranças e todos que contribuíram para que a gente chegasse nesse
objetivo. Parabenizo a coragem do ministro. Tem muitos pariwat [não indígenas]
que estão de olho em nossa terra”, afirmou Juarez Saw, liderança histórica do
povo Munduruku e cacique da aldeia Sawré Muybu, uma das que compõe a TI de
mesmo nome.
“Estou voltando para
minha aldeia muito feliz de levar esse resultado para lá, onde se encontram
meus netos. Fico feliz porque estarei repassando esse compromisso de preservar
a área para as futuras gerações, principalmente a juventude. Desde jovem, estou
lutando por essa terra. Hoje, me encontro numa idade avançada, e eu creio que
os jovens cuidarão bem dessa terra”, afirmou o cacique na língua Munduruku,
traduzido por um intérprete do povo.
“Não estamos fazendo
mais do que cumprir a obrigação e o dever que a Constituição Federal nos impõe.
A Constituição nos impõe o dever de preservar não apenas as terras dos povos
indígenas, mas sobretudo a sua cultura, seu modo de vida”, afirmou o ministro
Ricardo Lewandowski.
“Isso significa que
ninguém mais vai tirar essa terra do povo Munduruku e que agora o Estado, mais
do que nunca, tem o dever de defender essa terra e proteger aqueles que nela
vivem, e tirar dela aqueles que a ocupam indevidamente, sobretudo aqueles que praticam
o desmatamento e o garimpo ilegal”, garantiu o ministro.
Citando dados
levantados pelo Greenpeace Brasil, o titular do Ministério da Justiça disse
estar preocupado com a pressão do garimpo e do desmatamento sobre o povo
Munduruku.
“Temos também,
infelizmente, a presença do garimpo ilegal nos rios Tapajós e Jamanxim, que tem
impactado a região com emprego de mercúrio, um metal altamente tóxico que tem
levado a doença e a morte ao povo Munduruku, afetando especialmente as mulheres
e as crianças”, pontuou Lewandowski.
Os próximos passos no
processo de demarcação da TI incluem a colocação de marcos físicos, a retirada
de invasores e a homologação pelo presidente da República.
“Temos muitos inimigos
nos perseguindo e pedimos segurança para nosso retorno, após a assinatura dessa
portaria e daqui para a frente”
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Segurança
A pressão dos
invasores sobre a TI Sawré Muybu, em especial de garimpeiros, madeireiros e
palmiteiros, também foi ressaltada pelo cacique Juarez Saw. Ele pediu que o
Ministério da Justiça garanta segurança aos indígenas, dado que as ameaças
podem se intensificar após a assinatura da portaria.
“Pedimos para que as
lideranças fiquem seguras depois da assinatura dessa portaria, principalmente
as lideranças que estão na linha de frente. Temos muitos inimigos nos
perseguindo e pedimos segurança para nosso retorno, após a assinatura dessa
portaria e daqui para a frente”, reivindicou o cacique Juarez.
Em 2014, devido à
falta de providências do Estado para garantir a demarcação da TI Sawré Muybu, o
povo Munduruku realizou a autodemarcação do território. Para isso, firmou
alianças com apoiadores e com ribeirinhos, como os vizinhos da comunidade de
Montanha e Mangabal.
Desde então,
anualmente, os Munduruku realizam expedições até os limites do território,
renovando as picadas e alertando eventuais invasores de que se encontram dentro
dos limites de uma terra indígena. O povo também adotou a estratégia de
estabelecer novas aldeias em diferentes pontos do território, para garantir seu
monitoramento.
“Esse território foi
muito sonhado por nós, Munduruku, pelas mulheres, pela juventude, pelas
crianças que andaram com nós na demarcação, que sofreram, juntamente com nós,
com os guerreiros, passando vários dias na mata”
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Projeto de futuro
“Esse território foi
muito sonhado por nós, Munduruku, pelas mulheres, pela juventude, pelas
crianças que andaram com nós na demarcação, que sofreram, juntamente com nós,
com os guerreiros, passando vários dias na mata”, afirmou Aldira Akai
Munduruku, que também esteve presente no ato de assinatura da portaria.
“Essa terra é a nossa
casa, é a nossa vida, onde as futuras gerações vão viver. Sempre tivemos fé de
que essa terra seria demarcada, com nossa luta e nossa resistência. Precisamos
do território para ter saúde, para ter educação. Já perdemos várias lideranças
que lutaram por essa terra, e agora vamos lutar para que os invasores não a
impactem mais”, garantiu Aldira.
O ministro afirmou que
se sentiu “emocionado” ao ouvir o cacique Juarez Saw se expressar no idioma
Munduruku. “Imaginemos há quantos séculos essa língua vem sendo transmitida de
geração em geração. E agora, com esse ato, será preservada por muitas mais”,
afirmou Lewandowski.
“Estou muito feliz,
muito emocionada. Agora, pedimos que o senhor assine, também, a portaria de
Sawré Ba’pim
<><> Sawré
Ba’pim
A cacica Maria do
Socoro Munduruku também manifestou alegria com a publicação da portaria
declaratória de Sawré Muybu, mas cobrou do ministro a publicação da portaria
declaratória de sua terra.
Ela é cacica da aldeia
Sawré Juybu, localizada na TI Sawré Ba’pim, que também fica na região do médio
Tapajós. A TI Sawré Ba’pim teve seu Relatório Circunstanciado de Identificação
e Delimitação (RCID) publicado pela presidenta da Funai, Joenia Wapichana, em
abril do ano passado. A TI foi reconhecida oficialmente como 150.330 hectares,
também no município de Itaituba.
O passo administrativo
posterior à identificação e delimitação de uma terra indígena é a emissão da
portaria declaratória, atribuição do Ministério da Justiça. Em seguida vem a
homologação, atribuição do presidente da República, e, finalmente, o registro
da área em nome da União.
“Estou muito feliz,
muito emocionada. Lutamos tanto, mas para tudo tem um dia”, afirmou a cacica,
referindo-se à TI Sawré Muybu. “Agora, pedimos que o senhor assine, também, a
portaria de Sawré Ba’pim”.
“Nosso papel, como
indígenas, já estamos fazendo: é preservar, enquanto os outros querem destruir.
Por isso, é muito importante que essa terra também seja demarcada”, reforçou o
cacique Juarez Saw.
A TI Sawré Muybu passa
agora a fazer parte de um conjunto de 65 terras indígenas declaradas,
aguardando homologação. Restam, ainda, outras 43 terras já identificadas pela
Funai e aguardando a emissão de portaria declaratória
<><> Mais
portarias
No dia 5 de setembro,
o ministro Ricardo Lewandowski assinou as portarias declaratórias das TIs Cobra
Grande e Maró, no Pará, e Apiaká do Pontal e Isolados, em Mato Grosso. Foram as
primeiras portarias publicadas pela pasta desde 2018 – e, portanto, também as
primeiras assinadas durante o governo Lula.
Junto com elas, a TI
Sawré Muybu passa agora a fazer parte de um conjunto de 65 terras indígenas
declaradas, aguardando homologação. Restam, ainda, outras 43 terras já
identificadas e delimitadas pela Funai, aguardando a emissão de portaria
declaratória pelo ministro da Justiça.
“Estamos tendo avanços
importantes nessa questão complexa. Eu sei que a cobrança da cacica é no
sentido de que demarquemos outras áreas, mas estamos avançando com passos
firmes”, afirmou Lewandowski.
“Há áreas onde há
conflitos não só de posseiros, de fazendeiros, mas também conflitos de natureza
judicial. Existem hoje 25 demarcações possíveis que estão no ministério, estão
sendo estudadas, mas neste momento estão paralisadas por uma decisão do Supremo
Tribunal Federal”, afirmou o ministro.
“Algumas nós podemos
demarcar por um ato próprio do ministério, outras precisam ser negociadas, para
que as pessoas saiam pacificamente da área, tenham compensações, se
eventualmente estiverem lá de boa fé”, prosseguiu Lewandowski. Ele garantiu que
novas portarias deverão ser publicadas “nos próximos dias ou semanas”.
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Décadas de luta
A TI Sawré Muybu foi
identificada e delimitada oficialmente pela Funai no dia 19 de abril de 2016,
com 178.173 hectares. A publicação do relatório circunstanciado, contudo, só
saiu depois de uma luta muito intensa do povo Munduruku – inclusive contra o próprio
governo federal, que planejava construir na região a hidrelétrica de São Luís
do Tapajós.
O megaprojeto
planejado pelo governo de Dilma Rousseff barraria o curso médio do rio Tapajós,
afetando diretamente a sobrevivência do povo Munduruku e alagando parte do
território.
Os Munduruku
constituíram importantes alianças e lutaram arduamente para que a terra fosse
demarcada e seu direito à consulta prévia, livre e informada fosse respeitado.
Meses antes da
presidenta Dilma Rousseff ser afastada pelo processo de impeachment que
resultaria em sua deposição, o então presidente da Funai, João Pedro Gonçalves,
publicou o relatório que reconhecia oficialmente os limites da terra indígena.
No mesmo dia, o
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) suspendeu o licenciamento da hidrelétrica. Passaram-se oito anos e mais
dois governos – Michel Temer, entre agosto de 2016 e 2018, e Jair Bolsonaro, de
2019 a 2022 – até que a portaria fosse finalmente publicada.
Fonte: Brasil de
Fato/Cimi
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