Jeferson Miola: ‘Aumento de juros "é
uma sem-vergonhice"’
O economista Ladislau
Dowbor, autor de vasta obra acadêmica sobre economia e economia política, não
faz volteios e interpreta de maneira didática o significado real de conceitos
econômicos adotados pelos tecnocratas do rentismo que enrolam a população enquanto
saqueiam o orçamento público.
É dele a melhor
explicação técnica sobre o aumento de juros: – “é uma sem-vergonhice!”,
explicou em entrevista ao programa Painel do Brasil247 [17/9].
“Eu vejo a farsa que
isso tudo representa, com que cara de pau, com gravata e tudo esses caras dizem
essas coisas assim”, disse Ladislau.
Não há nenhuma
explicação aceitável para o aumento de juros; não há um único fator que
fundamente este aperto monetário. Ao contrário, sobram razões para a redução
dos juros a níveis aceitáveis, como na União Européia, EUA e nas maiores
economias do planeta.
Sem-vergonhice
rentista é, portanto, a explicação mais aceitável sobre a decisão do Banco
Central de passar a obscena taxa de juros para 10,75%.
É inexplicável, ainda,
esta decisão ocorrer no mesmo dia em que o Banco Central dos EUA, o FED, cortou
0,50% da taxa de juros, reforçando o ciclo mundial de queda dos juros.
É também inexplicável
o BC fazer isso apenas poucos dias depois do IBGE anunciar a deflação no 2º
trimestre e o governo confirmar a inflação dentro da meta ao longo do ano.
O aumento da taxa de
juros não é uma decisão técnica. E tampouco é séria.
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Gleisi critica alta dos juros e 'aplausos' de Folha e Estadão: "a serviço
da Faria Lima"
A presidente do PT, a
deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), voltou a criticar abertamente os
editoriais da grande imprensa, direcionando sua insatisfação, em especial, aos
jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, veículos que aplaudiram o
aumento da taxa de juros (Selic) promovido pelo Banco Central e propagam,
segundo ela, uma visão distorcida sobre a gestão fiscal do governo Lula (PT).
Pelo Bluesky, Gleisi afirmou que esses editoriais atuam "a serviço da
Faria Lima".
"A serviço da
Faria Lima, editoriais da Folha e Estadão festejam aumento dos juros e dizem
que o BC [Banco Central] enfrenta 'gastança' do governo. Mentira: quem puxou o
crescimento da economia foi o consumo das famílias", disse a deputada, refutando
a tese de que a expansão do gasto público seria o grande vilão da economia
brasileira.
De acordo com ela, a
verdadeira "gastança" está nos pagamentos de juros da dívida pública,
que consomem cerca de 8% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Esses
recursos, segundo ela, poderiam ser melhor alocados em áreas fundamentais como
saúde, educação e meio ambiente, em vez de irem diretamente para o bolso dos
rentistas. "Gastança é com juros da dívida, 8% do PIB, tirando recursos da
saúde, educação, meio ambiente...", destacou.
A serviço
da Faria Lima, editoriais da Folha e Estadão festejam aumento dos juros e dizem
q BC enfrenta “gastança” do governo. Mentira: quem puxou o crescimento da
economia foi o consumo das famílias. Gastança é c/ juros da dívida, 8% do PIB,
tirando recursos da saúde, educação, meio ambiente… — Gleisi Hoffmann
A crítica de Gleisi
Hoffmann ocorre em um momento de intenso debate sobre as diretrizes da política
econômica brasileira. O aumento da taxa Selic, decidido pelo Banco Central, tem
gerado reações de diversos setores. Para defensores da medida, o aumento dos
juros é necessário para conter uma suposta alta inflacionária e assegurar a
estabilidade da economia. Já opositores, como Gleisi, argumentam que a elevação
da taxa de juros freia o crescimento econômico ao encarecer o crédito,
prejudicando principalmente o consumo das famílias e o investimento produtivo.
¨ Não é só por 0.25%. É um tapa na cara do Brasil! Por Arnóbio
Rocha
Um obscuro grupo
lançou uma hashtag no começo de 2013 de que o aumento das passagens em São
Paulo em 20 centavos era um absurdo. As manifestações de janeiro, contra o
aumento, quase uma praxe, não obtiveram grandes adesões. Estranhamente, no
final de maio de 2013, houve uma retomada, e junho de 2013 deu no que deu.
Da órbita do aumento
das passagens, reivindicação local, frente à prefeitura e, deveria ser também
ao governo de estado, que foi poupado, virou um movimento contra Dilma e o PT.
Deu no que deu. Até o MP apareceu como protagonista.
Dito isso, vem a
pergunta óbvia: Por que não há uma revolta com o aumento de 0.25% na taxa
básica de juros?
Aliás, a Folha de S.
Paulo, a CBN, entre outros, conseguiram a milagrosa fala de um ser etéreo, e
puseram a manchete:
MERCADO elogia o
aumento dos juros!
Sim, o Deus ex
machina, fala, pensa e dirige as mentes da SUA mídia, a mesma que condena
os gastos sociais, as aposentadorias, o salário mínimo, as políticas públicas.
O aumento de juros é
um tapa na cara do Brasil. Exceto o Mercado, os abutres de bolsas, os
especuladores, ninguém mais vence com juros altos, um contrassenso com à
realidade geral do Brasil. Todos e todas perderam com o crime cometido pelo
Banco Central do Brasil. O especulador Campos Neto impôs ao Brasil sacrifícios
reais para tirar das mesas das pessoas a comida e a dignidade.
É impossível ficar
quieto. Voltemos ao começo. Ali, em 2013, houve um interesse claro de
manipulação para colocar em xeque um governo, não pelos 0.20 centavos, mas uma
bem preparada política quase invisível, que usou de uma justa revolta, para
derrotar a própria revolta.
Por que o silêncio
hoje?
¨ Aumento da Selic ameaça ciclo de
investimentos e crescimento econômico do governo Lula. Por Aquiles Lins
A decisão do Comitê de
Política Monetária (Copom) de elevar a taxa Selic para 10,75% é uma nova
derrota do setor produtivo brasileiro frente ao rentismo. Elevar a taxa básica
de juros deve inibir o crescimento econômico, já que a manutenção de juros altos
funciona como um freio na economia, ao desestimular o investimento produtivo e
incentivar a busca por investimentos de baixo risco, como títulos públicos, que
se tornam mais atrativos para investidores. Isso dificulta a retomada do
crescimento econômico, prejudicando também a arrecadação tributária e o espaço
fiscal para o governo implementar políticas de estímulo.
Com o objetivo de
trazer a inflação, que acumula alta de 2,85% no ano e, nos últimos 12 meses, de
4,24%, para o centro da meta, de 3%, a nova taxa Selic vai encarecer ainda mais
o crédito para empresas e consumidores. Para as indústrias, que puxaram a alta
do PIB no segundo trimestre de 2024, significa custos maiores para
financiamento de capital de giro e investimentos em novas tecnologias ou
expansão produtiva. Empresas que precisam de financiamento externo para operar
ou modernizar suas instalações serão ainda mais prejudicadas, especialmente
pequenas e médias que já enfrentam dificuldades de acesso ao crédito barato. Do
total de concessão de crédito para empresas no país, apenas 20% vai para esse
segmento. Dos quase 23 milhões de micro e pequenas empresas (MPE), somente
cerca de 6,5 milhões são tomadoras efetivas de recursos no sistema financeiro,
segundo dados do Sebrae.
Para os consumidores,
força-motriz da retomada do crescimento, uma Selic alta afeta
diretamente as compras parceladas e financiamentos, essenciais para aquecer
setores como automóveis, imóveis e bens de consumo duráveis. Financiamentos
habitacionais ficam mais caros, afastando potenciais compradores e reduzindo a
demanda por novos imóveis. Com menos crédito disponível ou a taxas mais altas,
o consumo tende a cair, gerando um efeito dominó nas vendas, produção e
empregos. O próprio presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que
o emprego pleno exerce pressão inflacionária. O comércio, por exemplo, é um dos
primeiros a sentir os efeitos dessa retração no consumo, com queda nas vendas e
necessidade de reduzir estoques, afetando também a logística e transporte.
Com a nova decisão do
Copom, as cadeias econômicas brasileiras continuarão sofrendo com as altas
taxas de juros, comprometendo investimentos de longo prazo e o potencial de
crescimento do país. Embora o controle da inflação seja uma das justificativas
para manter os juros em patamar de agiotagem, o BC ignora o equilíbrio entre
estabilidade de preços e estímulo ao crescimento econômico, que é essencial
para garantir o desenvolvimento sustentável das cadeias produtivas e comerciais
do Brasil.
¨ Comunicado do Copom sinaliza novas altas de juros antes da saída
de Campos Neto
O Banco Central (BC)
elevou o tom em sua decisão de política monetária desta quarta-feira (18), ao
anunciar a elevação da taxa Selic para 10,75% ao ano. A decisão do Comitê de
Política Monetária (Copom) foi acompanhada de um comunicado mais rígido,
descrito por economistas como "hawkish", termo que sinaliza uma
postura mais firme em relação ao controle da inflação. O aumento de 0,25 ponto
percentual na Selic é o primeiro desde agosto de 2022, quando a taxa chegou ao
pico de 13,75%. A medida, supostamente, reflete a preocupação do BC com a
persistência da inflação no país, mas os indicadores mostram preços
controlados, a despeito do crescimento econômico. O BC também sinalizou
possíveis novos aumentos até o fim do ano, quando o atual presidente, Roberto
Campos Neto, deixará o cargo.
A elevação da taxa
Selic não foi bem recebida por diversos setores da sociedade. Para a presidenta
do Partido dos Trabalhadores (PT), deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), a
decisão do Copom é "injustificada" e prejudica a economia. Em uma publicação
na rede social Bluesky, Gleisi criticou a medida, comparando-a ao movimento
contrário feito pelos Estados Unidos no mesmo dia. “No dia em que os Estados
Unidos cortam 0,5 ponto nos juros, tendência mundial, o BC [Banco Central] do
Brasil sobe taxa para 10,75% [ao ano]. Além de prejudicar a economia, vai
custar mais R$ 15 bilhões na dívida pública. Dinheiro que sai de educação,
saúde, meio ambiente para os cofres da Faria Lima. Não temos inflação que
justifique isso!”, escreveu a parlamentar.
Além de políticos, o
setor produtivo também expressou preocupação. A Confederação Nacional da
Indústria (CNI) classificou o aumento como excessivo. Em comunicado, o
presidente da CNI, Ricardo Alban, destacou que a medida impõe restrições
adicionais à atividade econômica, principalmente no momento em que as
principais economias globais começam a reduzir suas taxas de juros. "Os
cenários econômicos, atual e prospectivo, principalmente de inflação, mostram
que um aumento da Selic seria equivocado e um excesso de conservadorismo da
autoridade monetária, com consequências negativas e desnecessárias para a
atividade econômica. O Brasil está na contramão do que o mundo está fazendo
nesse momento, que é a redução das taxas de juros”, afirmou Alban.
A Federação das
Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) também criticou a decisão,
considerando-a precipitada. Segundo a entidade, o risco inflacionário não é
claro na conjuntura atual, e a elevação dos juros compromete a recuperação
industrial. "O elevado patamar de juros vem comprometendo setores
estratégicos, em especial a indústria, e minando qualquer possibilidade de
aumento da taxa de investimento do país. O setor industrial, embora tenha
esboçado uma tímida recuperação nos últimos meses, ainda opera 15% abaixo de
sua máxima histórica", ressaltou a Firjan em nota.
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Efeitos sobre o consumo e os investimentos
A Associação Paulista
de Supermercados (Apas) também alertou sobre os efeitos negativos dos juros
altos no consumo e nos investimentos. Felipe Queiroz, economista-chefe da
entidade, afirmou que “o Brasil já possui uma das maiores taxas reais de juros
do mundo, o que agrava ainda mais os desafios ao crescimento econômico do país.
Com uma taxa de juros tão elevada, é difícil fomentar o nível de investimento
necessário para um crescimento sólido e consistente no médio e longo prazo da
economia do país.”
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Críticas das centrais sindicais
As centrais sindicais
também reagiram fortemente ao aumento dos juros. A Central Única dos
Trabalhadores (CUT) e a Força Sindical alertaram que a alta dos juros prejudica
o desenvolvimento econômico e pesa sobre os trabalhadores. Para Juvandia
Moreira, presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo
Financeiro (Contraf-CUT) e vice-presidenta da CUT, “o Banco Central, por meio
do Copom, segue praticando uma política monetária proibitiva para o
desenvolvimento do país”. A CUT citou um estudo do Departamento Intersindical
de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), segundo o qual o aumento da
Selic vai custar à União R$ 13 bilhões a mais em juros sobre os títulos
públicos.
A Força Sindical, por
sua vez, considerou a decisão um "prêmio aos especuladores". Miguel
Torres, presidente da entidade, criticou duramente a medida, afirmando que ela
afeta negativamente o consumo e os salários. “Essa estratégia de gradualismo,
subindo a taxa aos poucos, penaliza de forma nefasta os menos favorecidos
economicamente e trará mais incertezas. O aumento dos juros tende a
desestimular o investimento e o consumo no país, prejudicando a retomada
econômica", declarou Torres.
A decisão do Copom,
portanto, gerou um forte debate sobre os rumos da política monetária e fiscal
no Brasil, com críticas amplas de políticos, setores produtivos e sindicatos,
que veem a medida como um entrave ao crescimento e à geração de empregos.
Fonte: Brasil 247/Agencia
Brasil
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