Antonio Lavareda: "Marçal traz
sentimentos de medo e raiva"
'Marçalismo' foi o termo usado pelo sociólogo e cientista
político Antonio Lavareda para definir o protagonismo de Pablo Marçal (PRTB) na
disputa à Prefeitura de SP. "Ele traz à tona sentimentos como medo e
raiva, assim como o bolsonarismo já mobilizou", explica.
Segundo o estudioso,
que participou de evento do LIDE, nesta sexta-feira (20), em São Paulo, a
estratégia de agressividade representa
"a velha fórmula já utilizada pela ultradireita e uma ameaça à democracia".
• Lavareda sobre a cadeirada de Datena em
Marçal
A primeira pesquisa
Datafolha após o candidato José Luiz Datena (PSDB) ter agredido Marçal no
debate mostra rejeição nos dois lados: A rejeição à candidatura de Datena
chegou a 35% nesta quinta (19). Antes, era 32%.
No entanto, a rejeição
de Marçal também oscilou para cima. O ex-coach tem a maior entre os candidatos,
com 47%. Antes da famosa cadeirada, era de 44%. Assim, quando perguntado sobre
o que poderia fazer Marçal ter um resultado mais favorável eleitoralmente, o
sociólogo relembra a agressão sofrida pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. O
então candidato levou uma facada durante a campanha à presidência. "Se a
cadeirada tivesse prostrado, de fato, Marçal,
como ocorreu com Bolsonaro em 2018, isso poderia ter alterado
substancialmente a campanha", conclui.
Pleito Regional
Durante o bate-papo
com empresários de diversos setores, o CEO da Quaest, Felipe Nunes, afirmou o
pleito regional deste ano deve ser tratado como uma prévia para a composição do
Congresso em 2026.
"As eleições
municipais são termômetros para a composição do Congresso Nacional, e devem ser
tratadas como protagonistas. O poder legislativo tem ganhado muita força e
preponderância, e controla o orçamento. As eleições deste ano vão definir qual
congresso teremos em 2026", disse Nunes.
Por fim, afirmou que
os resultados do pleito deste ano vão firmar um novo momento ao processo
eleitoral. "Estamos vendo uma consolidação do novo 'fazer política'. Hoje,
ela envolve emenda, orçamento. E caracterizando regionalismo. Algo que vai além
da presidência".
• "Marçal destrói a dignidade do
processo eleitoral e democrático", diz Pedro Serrano
Em entrevista
concedida ao programa Boa Noite 247, o jurista e professor Pedro Serrano faz
uma análise crítica do fenômeno Pablo Marçal, associando-o a um sintoma da
antipolítica e da nova extrema direita, que, segundo ele, atua à margem da
civilidade e das virtudes clássicas. "Eles trabalham fora do solo comum
civilizado, dos direitos, das virtudes clássicas", observa Serrano,
apontando que, embora se autoproclamem conservadores, essas figuras não seguem
os princípios tradicionais, como bondade, elegância e generosidade. "Na
realidade, eles seguem uma lógica de destruição", afirma.
Serrano traça um
paralelo entre a ascensão atual da extrema direita e os movimentos fascistas da
década de 1920 na Itália e da década de 1930 na Alemanha. Para ele, apesar das
diferenças de contexto, a essência destrutiva permanece. Essa lógica de destruição,
segundo o jurista, pode ser vista tanto no comportamento de figuras públicas
como Marçal, quanto nas manipulações que moldam o debate público e eleitoral.
Ele recorda o caso da eleição presidencial de 2018 no Brasil, que considera ter
sido profundamente afetada pela prisão de Lula. "Aquela eleição já não foi
uma eleição livre, porque o PT não pôde escolher livremente o seu
candidato", ressalta Serrano, citando a decisão do Comitê de Direitos
Civis da ONU que considerou a exclusão de Lula uma violação dos direitos
democráticos.
Outro aspecto
destacado por Serrano é a lenta reação do Direito às novas formas de
comunicação e manipulação política, especialmente no ambiente digital.
"Demorou um tempo até se acordar e ver o que fazer", diz ele,
referindo-se ao uso da internet por grupos políticos de extrema direita de
forma "criminosa" e ao impacto global deste fenômeno, com eventos
como o Brexit e a eleição de Trump. Para Serrano, apesar de a reação ser lenta,
o Brasil tem avançado em impor limites às plataformas digitais. Ele menciona a
ordem do ministro Alexandre de Moraes para que as grandes plataformas respeitem
as instituições brasileiras como um "grande avanço". "Isso
mostra claramente que ainda há Estado, que temos um Estado soberano",
destaca, ressaltando a importância de a soberania nacional ser preservada
diante da influência das grandes corporações tecnológicas.
Serrano também reflete
sobre o papel da Justiça Eleitoral no enfrentamento de figuras que, como
Marçal, degradam o debate democrático. Ele afirma que a Justiça deveria agir
para impedir que o ambiente eleitoral seja tomado por agressões e ataques
pessoais, como os que foram direcionados ao jornalista Datena durante o período
eleitoral. "Esse sujeito é deletério para a eleição. Ele está destruindo o
debate eleitoral e o mínimo de dignidade da nossa democracia", criticou.
Em suma, Serrano
defende a necessidade de uma legislação mais rígida e de uma postura mais firme
por parte do Estado e da Justiça Eleitoral para coibir a degradação do processo
democrático. Ele também sugere que a mídia adote formatos de entrevistas individuais
com candidatos, em vez dos debates tradicionais, que, segundo ele, "acabam
virando uma disputa de egos". Para Serrano, o avanço dessas figuras de
extrema direita é um problema global que coloca em xeque os direitos e a
democracia, e a única forma de combatê-las é desmontando o circuito afetivo do
fascismo que ainda encontra ressonância em parte da sociedade.
• "Marçal tem o perfil de torturador
e deve ser banido da política", diz Solnik
O jornalista Alex
Solnik fez duras críticas ao ex-coach Pablo Marçal (PRTB), candidato à
Prefeitura de São Paulo, durante sua participação no programa "Giro das
Onze" da TV 247. Solnik questionou a permanência do candidato na política
brasileira, afirmando que Marçal "deveria ser banido da política" e
que ele "tem o perfil de torturador".
"Ele não vai
desistir; ele tem um plano muito maior. Ele acha que vai ser presidente, ele
sonha com isso, e é um risco grande ele permanecer", alertou Solnik. O
jornalista também comparou Marçal ao ex-presidente Jair Bolsonaro, destacando
que ambos possuem características semelhantes. "Ele tem o perfil de
torturador, mas o Bolsonaro também tinha aquela risada histérica. Eu vi
torturadores assim no DOI-Codi", afirmou.
Solnik criticou o fato
de Marçal estar respondendo a processos que podem resultar em sua
inelegibilidade, mas que ainda não o impedem de concorrer. "Esses
processos que ele está respondendo agora podem resultar em sua inelegibilidade,
mas não vão terminar antes do dia da eleição", observou.
O jornalista relembrou
a ascensão de Bolsonaro e criticou a permissividade que permitiu sua
candidatura à presidência. "Eu sou dessa opinião, como eu achava que
Bolsonaro não devia ter sido candidato em 2018. Não podiam deixar ele ser
candidato. Não pode um cara que vai ao microfone elogiar um torturador como o
Brilhante Ustra ser candidato nem a síndico", argumentou.
Para Solnik, figuras
como Marçal representam uma ameaça à democracia e devem ser impedidas de
avançar politicamente. "Tem que tirar esse cara. Ele tem o perfil de
torturador. O exemplo dele é o Bukele lá de El Salvador e outros
ditadores", concluiu.
<><> Murro
na mesa mostra que até atadura de Marçal é falsa
O coach e candidato à
Prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB) sem querer acabou por comprovar que
sua mão direita não está tão machucada quanto aparenta.
Em participação
durante o Pod-Castro, Marçal começou a rir de um comentário dos apresentadores
a ponto de bater a mão enfaixada na mesa.
Desde que Marçal levou
uma cadeirada do adversário José Luiz Datena (PSDB), durante o debate da TV
Cultura em 25 de setembro, a campanha do influenciador tentou capitalizar o
episódio, mas a estratégia não rendeu aquilo que o coach esperava.
Em uma semana, o
percentual de eleitores que dizem votar em Marçal para prefeito oscilou
negativamente de 23% para 20%, segundo a última pesquisa Quaest. A margem de
erro da pesquisa é de 3 pontos percentuais.
‘Ele ainda está no
alto, mas já não cresce. Começou a ser percebido como muito caro. Até agora,
escudou-se em todos os temas suscetíveis de manipulação – autoajuda, religião,
empreendedorismo, anti-comunismo. Mesmo sua habilidade em fugir de todas as perguntas
incômodas já está gasta”, lembra o jornalista Luis Nassif.
• José Dirceu pede calma e análise
objetiva sobre ascensão de Marçal
A recente ascensão de
Pablo Marçal (PRTB) nas pesquisas para a prefeitura de São Paulo tem gerado
debates acalorados dentro das fileiras do Partido dos Trabalhadores (PT) e do
governo. Marçal está crescendo rapidamente entre os eleitores bolsonaristas, o
que preocupa algumas lideranças do PT. No entanto, para o ex-ministro José
Dirceu, o partido deve manter a calma e analisar a situação com frieza e
objetividade.
Dirceu, conhecido
estrategista político e figura histórica do PT, lembrou que o ex-presidente
Lula (PT) derrotou Jair Bolsonaro (PL) em São Paulo durante as eleições
presidenciais de 2022. Para ele, o crescimento de Marçal nas pesquisas é um
reflexo do eleitorado bolsonarista, mas isso não significa uma ameaça
irreversível para o PT.
“Marçal está
disputando os votos bolsonaristas. Mas vencemos Bolsonaro em São Paulo há dois
anos, e vamos vencer Marçal se ele for para o segundo turno", afirmou
Dirceu. Sua análise sugere que o partido não deve entrar em pânico, mas sim
focar em uma estratégia bem estruturada para combater a ascensão de Marçal.
Segundo o ex-ministro,
é necessário que as lideranças do PT e os ministros de Lula reduzam a ansiedade
e observem o cenário político com mais objetividade. Dirceu acredita que Marçal
ainda está longe de consolidar o apoio de todo o eleitorado bolsonarista, que
representou 37,99% dos votos na capital paulista no primeiro turno de 2022.
Embora Marçal tenha
alcançado 21% da preferência dos eleitores segundo o Datafolha, Dirceu vê que a
disputa está concentrada entre ele e o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB),
para ver quem avançará ao segundo turno. Ele destaca que a campanha do prefeito
Nunes precisará se concentrar em enfrentar Marçal para evitar que o ex-coach
passe ao segundo turno.
Dirceu reforça que,
assim como nas eleições de 2022, o PT tem a capacidade de superar a direita em
São Paulo, desde que mantenha a estratégia e a calma. No segundo turno das
eleições presidenciais de 2022, Lula obteve 53,54% dos votos na capital
paulista, vencendo Bolsonaro, que ficou com 46,46%. Além disso, o candidato ao
governo do estado, Fernando Haddad (PT), também venceu na capital com 54,41%
dos votos, enquanto a direita foi derrotada na eleição para o Senado, onde
Márcio França (PSB) superou Marcos Pontes (PL-SP) na cidade.
Dessa forma, Dirceu
acredita que o PT está bem posicionado para enfrentar os desafios eleitorais em
São Paulo, desde que mantenha a serenidade e a análise crítica do cenário. A
mensagem do ex-ministro é clara: é preciso evitar a ansiedade e focar em uma campanha
sólida, que explore as fragilidades de Marçal e reafirme o histórico de
vitórias do partido na capital paulista.
• Marçal para Bolsonaro: 'Prometo não
errar como você errou na presidência'
O candidato à
Prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB) respondeu nesta sexta-feira (20/9)
uma mensagem do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com uma provocação, afirmando
que não vai errar como ele. O vídeo do líder de extrema-direita foi postado no
perfil do candidato municipal.
"Valeu por tudo
capitão. Prometo não errar mais como você errou na presidência. Deixa que São
Paulo está dominada", escreveu Marçal na postagem.
Na mensagem, Bolsonaro
afirma para o candidato não é inimigo dele, mas que vem exagerando e arranjando
"inimigos em qualquer lugar".
"Exagera em
alguns momento. Esse exagero leva descrédito para ele", afirmou o político
Desde 2022, quando
Marçal foi cotado para assumir as redes sociais do candidato à presidência,
chegando até a fazer vídeo com Bolsonaro, o que acabou não ocorrendo, segundo
alegam, por desavenças com o vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (PL),
que cuida das publicações do pai.
Marçal vem
conquistando boa parte do eleitorado de direita, apesar de Bolsonaro ter
declarado apoio a Ricardo Nunes (MDB). A diferença entre o que a militância
bolsonarista quer e o que o próprio ex-presidente quer levou a uma série de
desavenças na direita.
Já na disputa por São
Paulo, Marçal foi ao Instagram de Bolsonaro tentar associar sua imagem a do
ex-presidente. Em uma postagem, o candidato escreveu: "Pra cima, capitão.
Como você disse: eles vão sentir saudades de nós".
Bolsonaro respondeu
com: "Nós?". O que fez o candidato a prefeitura responder: "Isso
mesmo presidente. Coloquei 100 mil na sua campanha, te ajudei com os
influenciadores, te ajudei no digital, fiz você gravar mais de 800 vídeos. Por
te ajudar, entrei para a lista de investigados da PF. Se não existe o nós, seja
mais claro".
Entre outros
conflitos, Bolsonaro chegou a dizer que ele "não tinha caráter" e,
mais recentemente, após José Luiz Datena (PSDB) agredir o autodenominado
ex-coach com uma cadeira durante o debate da TV Cultura, lamentou que Marçal
tenha comparado a agressão à facada que ele sofreu durante a campanha de 2018.
“Usar um episódio
desse da cadeirada, que ele provocou, para buscar se comparar comigo e Trump
para conseguir o poder é lamentável”, disse o ex-presidente.
Aliados de Bolsonaro
vem criticando duramente Pablo Marçal. O vereador do Rio de Janeiro, Carlos
Bolsonaro (PL); o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL); e o pastor Silas
Malafaia são contra o ex-coach em vários
Fonte: Terra/Brasil
247/Correio Braziliense
Nenhum comentário:
Postar um comentário