Acidentes de trânsito são grande causa de
traumas no Brasil, dizem especialistas
Os acidentes de
trânsito são responsáveis por mais de um milhão de mortes por ano no mundo,
além dos sobreviventes que precisam lidar com sequelas que duram a vida toda.
Segundo Carlotti, a
grande causa de trauma no Brasil é o trânsito: “São os acidentes de carro, os
atropelamentos.”
Apenas na cidade de
São Paulo, foram 520 mortes no trânsito no primeiro semestre deste ano — 50%
das vítimas são motociclistas, cenário que fica ainda mais complicado pelo
crescimento do uso de aplicativos de entrega.
“Precisamos melhorar
nossas políticas públicas em relação à mobilidade para diminuir o número de
traumas no Brasil”, disse Carlotti.
Além do número de
vítimas fatais, os sobreviventes que precisam conviver com sequeles de
acidentes também são muitos — o que pode afetar, inclusive, a economia do país.
“Nós temos um
comprometimento muito frequente em homens, nessa idade jovem. Ou eles morrem no
acidente ou ficam com grande incapacidade para realizar suas atividades
habituais e mesmo para trabalhar”, explicou Carlotti. “A repercussão econômica
para os países é muito grande também, são bilhões de dólares que você acaba
dispendendo com o tratamento desses pacientes. E, obviamente, o dano maior é
para o paciente, que acaba tendo uma limitação muito grande.”
Segundo Barros Filho,
certos tipos de fratura são mais comuns de acordo com a idade da vítima: “A
gente pega fratura de coluna, por exemplo, tem uma incidência mais alta no
adulto jovem, por traumas de alta energia, nos acidentes de trânsito.
Progressivamente vai diminuindo, e volta a aumentar na sexta, sétima década de
vida, que é o idoso que cai em casa sozinho, e quebra a coluna, quebra o colo
de fêmur.”
Os especialistas ainda
alertam que, em caso de acidentes, o ideal é chamar socorro de profissionais e
evitar movimentar a vítima, para não causar mais lesões.
¨ Além dos traumas físicos provocados pelos acidentes de trânsito,
a saúde mental também é impactada
Anualmente no Brasil,
cerca de 45 mil mortes ocorrem por ocorrência de acidentes de trânsito, segundo
o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
A meta estipulada pela
Organização das Nações Unidas (ONU) para acidentes de trânsito é a diminuição
dos casos em, pelo menos, metade até 2028. Para além das sequelas físicas, a
adaptação psicossocial de um paciente que passou por essa situação é complexa.
“ Além da
sequela física, a readaptação psicológica do paciente é trabalhosa e demanda
paciência. Uma situação de trauma como essa pode levar a transtornos de
ansiedade relacionados a viagens, estresse pós-traumático e depressão ”,
explica a Dra. Aline Sabino, psiquiatra da Rede de Hospitais São Camilo de São
Paulo.
Dentre os sintomas que
alguém que vivenciou um acidente de trânsito pode apresentar, estão: flashbacks do
ocorrido em vários momentos do dia, ataques de pânico, reexperienciação do
acidente, pensamentos intrusivos, insônia, pesadelos com o acontecimento,
ansiedade, depressão, irritabilidade, hipervigilância, isolamento e até mesmo
solidão.
Além das diversas
abordagens de recuperação para uma vítima de acidente de trânsito, quando se
trata da questão psicológica o acompanhamento com um especialista é essencial e
deve estar aliado ao uso de medicamentos, quando necessário.
A psiquiatra ressalta
que é importante praticar o gerenciamento de estresse, por meio de técnicas de
relaxamento, como exercícios de respiração, a prática de uma atividade
agradável e até mesmo a verbalização da frustração para auxiliar no processo de
melhoria da condição.
De acordo com o
especialista, é difícil mensurar a quantidade de casos de acidentes de trânsito
que levam a um quadro de sequelas psicológicas devido à falta de dados recentes
sobre o assunto.
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Quais são as principais causas de acidentes de trânsito?
A saúde mental também
pode ser um fator importante também para a prevenção de acidentes. Segundo um
estudo da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet), entre janeiro
e julho de 2022, cerca de 14 mil acidentes de trânsito no país foram causados por fatores humanos e questões de saúde.
Além disso, uma
pesquisa realizada pelo Instituto de Transportes da Virginia Tech revelou que
dirigir sob estado emocional alterado aumenta em dez vezes o risco de acidentes
no volante. A Abramet também aponta que o país teve uma mudança de perfil de
motorista, que se mostra mais agressivo e imprudente.
O Brasil também é um
dos países mais ansiosos do mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde
(OMS). Dentro disso, a Dra. Aline Sabino ressalta que o cuidado com a saúde
mental é essencial para a diminuição de acidentes no trânsito.
“ A combinação
de estresse e ansiedade com o volante pode causar diversas consequências para a
população, especialmente com o perfil cada vez mais agressivo e individualista,
é cada vez mais necessário manter a calma em situações no trânsito para evitar
situações graves ”, finaliza Sabino.
• Guerras e clima tornam os surtos de
cólera cada vez mais mortais, informa OMS
A Organização Mundial
da Saúde (OMS) divulgou uma análise em que mostra que os surtos de cólera mais
mortais estão se espalhando pelo mundo, além de sobrecarregarem os sistemas de
saúde.
Entre 2022 e 2023, o
número de mortes aumentou 71% no mundo, enquanto o número de casos subiu 13%. A
conclusão da OMS é a de que este aumento se justifica pelas mudanças climáticas
e guerras.
Segundo Philippe
Barboza, responsável pela equipe de cólera no programa de emergências de saúde
da organização, o aumento desproporcional de mortes em relação ao número de
casos evidencia a falta de interesse global por uma doença que atinge a
população de todo o mundo, uma vez que as pessoas mais pobres não têm acesso a
água limpa para beber.
Barboza afirmou ainda
que, embora os dados oficiais indiquem que quatro mil pessoas foram vítimas da
cólera no ano passado, o número real deve superar 100 mil óbitos.
A cólera pode causar
morte por desidratação em um dia, tendo em vista que o corpo tenta expelir as
bactérias causadoras da doença por meio de vômito e diarreia.
“Como podemos aceitar
que em 2024 as pessoas estão morrendo porque não têm acesso a um simples saco
de sais de reidratação oral que custa 50 centavos [de dólares]?”, disse o
responsável da OMS ao jornal The New York Times.
Entre as regiões mais
afetadas estão países da Ásia, África e Oriente Médio. Apenas no continente
africano, que registrou alta de 125% no número de casos em 2023, o principal
fator que explica o surto são as secas e inundações, decorrentes das mudanças climáticas.
Zâmbia e Malawi
conseguiram estruturar respostas para os surtos da doença, mas ainda apresentam
sobrecarga no sistema de saúde. Já o Sudão, palco de uma forte guerra civil,
registrou 5.600 casos desde agosto.
A OMS informa ainda
que 10 países somam mais de mil casos suspeitos ou confirmados: Afeganistão,
Bangladesh, Congo, Etiópia, Haiti, Malawi, Moçambique, Somália e Zimbábue.
Fonte: CNN Brasil/Hospital
São Camilo/Jornal GGN
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