As perigosas cirurgias para mudar a cor dos
olhos
Parece não haver
limites para o que as pessoas estão dispostas a fazer em busca da aparência
perfeita.
Injetar gordura
própria nas nádegas, raspar os dentes para colocar implantes ou remover e
reinserir faixas de pele da cabeça para tratar a calvície... Não importa o quão
arriscados esses procedimentos estéticos sejam, sempre há pessoas dispostas a
pagar o preço.
Há quem realize até
mesmo procedimentos para alterar permanentemente a cor dos olhos.
Isso pode ser feito de
várias maneiras — como implantes para mudar a aparência da íris, tatuagem na
íris ou fazer despigmentação a laser.
Embora esses
procedimentos possam dar a aparência desejada, eles vêm com uma série de riscos
e complicações — a cegueira está entre eles.
A íris é o anel
colorido que envolve a pupila. E ela é tão complexa quanto bonita.
Essa estrutura
consiste em duas camadas de músculo liso (sb os quais não temos controle).
Esses músculos são responsáveis por encolher e expandir o tamanho da pupila e
da íris para controlar a quantidade de luz que entra no olho.
Esses músculos também
protegem as células receptoras sensíveis dentro do olho de danos permanentes.
A íris também tem duas
camadas pigmentadas que contêm melanina, que determina a cor dos olhos. Existem
seis cores principais: marrom, âmbar, castanho, verde, azul e cinza.
Se você tem muito
pigmento em ambas as camadas, seus olhos serão de uma cor mais escura — como
marrom, que é a cor de olhos mais comum (aparece em cerca de 80% da população
mundial).
Se você tem menos
pigmento na camada frontal, terá olhos castanhos ou verdes (as cores mais
raras, encontradas em apenas 2% da população).
Já aqueles com pouca
ou nenhuma melanina na camada frontal terão olhos nas cores azul ou cinza.
• Correção de um problema?
Cirurgias nos olhos,
especialmente na íris, não são novidade. As operações oculares para catarata
datam do século 5 a.C. Cicatrizes que trazem uma nova coloração no olho existem
há mais de 2 mil anos.
Até recentemente,
esses procedimentos eram realizados para reconstruir a íris ou reparar um
defeito nessa estrutura.
Mas procedimentos
cosméticos para mudar permanentemente a cor da íris têm se tornado mais comuns.
A ceratopigmentação é
um desses métodos. Nele, pequenas incisões são feitas com uma agulha na córnea
(a camada protetora transparente do globo ocular).
Pigmentos são
inseridos na camada para mudá-la permanentemente. Essa técnica remonta a
milhares de anos, com uma variedade de pigmentos testados, incluindo preto.
Da mesma forma, o uso
de lasers para remover o pigmento da camada externa da íris pode mudar os olhos
de castanho para azul claro ou cinza.
Os procedimentos de
despigmentação fazem isso queimando, com laser, o pigmento e as células que
produzem essa coloração.
Essa técnica só pode
ser usada para mudar os tons mais escuros para mais claros — e não para o
contrário.
Isso ocorre porque
atualmente não é possível adicionar ou depositar mais melanina na íris se ela
já estiver ausente ou se não houver muita quantidade dessa substância.
A técnica de
despigmentação foi desenvolvida originalmente para tratar a melanose dérmica
ocular, uma condição em que as células pigmentares não migram para onde
precisam estar, fazendo com que outras partes do olho (como o branco)
escureçam.
Essa condição pode
exigir várias sessões de tratamento, mas geralmente é permanente, assim como a
alteração cosmética.
Tanto a
ceratopigmentação quanto a despigmentação a laser apresentam risco
significativo de infecção, pois comprometem as camadas mais externas do olho.
Esses procedimentos
também podem causar sensibilidade à luz e alterações na visão, incluindo
cegueira, afinamento e perfuração da córnea, glaucoma e catarata.
Alguns pacientes que
passaram por procedimentos de ceratopigmentação até reclamaram de sentir dor
nos olhos durante procedimentos de ressonância magnética.
Outro procedimento que
vem sendo utilizado para mudar a cor dos olhos é a inserção de implantes de
silicone nos olhos.
Uma modelo divulgou no
Instagram que fez esse procedimento e teve complicações significativas, que a
deixaram com a visão de uma pessoa de 90 anos. Ela perdeu 50% da visão em um
olho e 80% no outro. Outras pessoas também relataram complicações semelhantes.
Esses implantes trazem
um alto risco de infecção e outras complicações — como alterar o formato do
olho e modificar a pressão do fluido interno do olho no nervo óptico. Como esse
nervo controla a visão, a cegueira pode ocorrer se ele for comprimido demais.
Não há evidência
suficiente para apoiar o uso cosmético de qualquer um desses procedimentos.
Como acontece com tantas coisas que são feitas por razões estéticas, um ganho
de curto prazo pode levar a uma perda de longo prazo.
Mesmo quando esses
procedimentos são usados para tratar condições médicas, há relato de
complicações.
Se você está pensando
em se submeter a um desses procedimentos, pergunte a si mesmo se vale correr o
risco de ficar cego só porque você não gosta da cor dos seus olhos.
Uma maneira segura e
bastante conhecida de mudar a cor dos seus olhos é usar lentes de contato
coloridas.
Fonte: Por Adam
Taylor, para,The Conversation
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