Antidepressivo pode ser eficaz para tratar
tumor cerebral, mostra estudo
Pesquisadores
descobriram que um antidepressivo chamado vortioxetina pode ser eficaz para
combater o glioblastoma, um tipo de tumor cerebral agressivo e que, atualmente,
é incurável. A descoberta foi relatada em estudo publicado na sexta-feira (20),
na renomada revista científica Nature Medicine.
O medicamento já foi
aprovado para o tratamento de depressão por agências reguladoras como a Food
and Drug Administration (FDA), dos Estados Unidos, e pela Swissmedic, da Suíça.
Segundo cientistas, ele é capaz de cruzar a barreira hematoencefálica para chegar
ao cérebro e, potencialmente, eliminar o tumor, o que muitos remédios contra
câncer não conseguem fazer.
No novo estudo, os
pesquisadores foram liderados pelo professor Berend Snijder, da ETH Zurich,
universidade localizada em Zurique, na Suíça. Por meio de farmacoscopia, uma
plataforma de triagem especial desenvolvida pela instituição nos últimos anos,
eles descobriram o potencial do antidepressivo no combate contra o
glioblastoma.
Com a plataforma, é
possível testar simultaneamente centenas de substâncias ativas em células vivas
de tecido cancerígeno humano. No estudo, os pesquisadores focaram em
substâncias neuroativas que cruzam a barreira hematoencefálica, como
antidepressivos, medicamentos para Parkinson e antipsicóticos.
No total, a equipe
testou até 130 substâncias diferentes em tecido tumoral de 40 pacientes, que
tinham passado por cirurgia recentemente no Hospital Universitário de Zurique.
Os pesquisadores processaram esse tecido em laboratório e o rastrearam na plataforma
de farmacoscopia. Além disso, por meio de técnicas de imagem e análise de
computador, eles determinaram quais substâncias têm efeito sobre as células
cancerígenas.
Segundo o estudo,
alguns antidepressivos testados foram eficazes contra as células tumorais,
principalmente quando desencadearam uma cascata de sinalização que suprime a
divisão celular. Entre eles, a vortioxetina foi o antidepressivo mais eficaz no
combate ao tumor.
Em seguida, eles
testaram esse antidepressivo em camundongos com glioblastoma. Nesse teste, o
medicamento também mostrou boa eficácia, especialmente em comparação com o
tratamento padrão atual.
O próximo passo dos
pesquisadores é realizar dois ensaios clínicos: um com pacientes com
glioblastoma, que serão tratados com vortioxetina, além do tratamento padrão
(cirurgia, quimioterapia, radiação); e outro com pacientes que receberão uma
seleção personalizada de medicamentos, que os pesquisadores determinarão para
cada indivíduo usando a plataforma de farmacoscopia.
• Antidepressivo seria opção barata para
tratamento de tumor cerebral
Segundo os
pesquisadores, a vortioxetina oferece a vantagem de ser segura e econômica.
“Como o medicamento já foi aprovado, ele não precisa passar por um procedimento
de aprovação complexo e pode em breve complementar a terapia padrão para esse
tumor cerebral mortal”, diz Michael Weller, professor do Hospital Universitário
de Zurique, diretor do Departamento de Neurologia e coautor do estudo, em
comunicado à imprensa.
O pesquisador espera
que os oncologistas possam usá-lo em breve. No entanto, ele alerta os pacientes
contra a automedicação. “Ainda não sabemos se o medicamento funciona em humanos
e qual dose é necessária para combater o tumor, razão pela qual os ensaios
clínicos são necessários. A automedicação seria um risco incalculável”,
orienta. “Até agora, sua eficácia só foi comprovada em culturas de células e em
camundongos”.
• Síndrome de abstinência por
antidepressivos: o que é e como evitar
A síndrome de
abstinência por antidepressivos é um conjunto de sintomas físicos e
psicológicos que podem surgir quando uma pessoa para de tomar um antidepressivo
de maneira abrupta e, normalmente, sem orientação médica.
A causa exata da
síndrome de abstinência ainda não é totalmente compreendida, mas acredita-se
que esteja relacionada à adaptação do cérebro ao medicamento.
Durante o tratamento
com antidepressivos, o cérebro aumenta os níveis de neurotransmissores, como
serotonina e noradrenalina, que ajudam a melhorar o humor. Quando a medicação é
interrompida abruptamente, os níveis desses neurotransmissores podem diminuir
rapidamente, levando ao surgimento dos sintomas da síndrome.
“Trata-se de um quadro
variável que a pessoa sente quando suspende abruptamente alguns medicamentos,
não são todos. Alguns medicamentos antidepressivos têm meia-vida curta, ou
seja, são eliminados rapidamente do organismo. Então, se a pessoa está tomando
o remédio numa dose correta e ela suspende, ela pode ter um quadro decorrente
dessa suspensão”, explica Marcos Gebara, psiquiatra e presidente da Associação
Psiquiátrica do Estado do Rio de Janeiro (Aperj).
Não são todas as
pessoas que desenvolvem a síndrome ao parar de fazer uso desses medicamentos de
forma incorreta. Segundo os especialistas ouvidos pela reportagem, os sintomas
da síndrome são mais comuns, por exemplo em pessoas com algum transtorno de ansiedade
anterior.
“No geral, algumas
pessoas podem apresentar um aumento da ansiedade, depressão e sinais de
irritabilidade. Mas é importante falar sobre automedicação e manejo clínico por
profissionais não capacitados. É muito comum nos deparamos com essas questões
no consultório. No geral, o uso com acompanhamento correto não traz problemas
para o paciente”, acrescenta a psicóloga clínica Marcelle Alfinito.
Os sintomas da
síndrome de abstinência por antidepressivos podem variar de acordo com o tipo
de medicamento, a dose utilizada e o tempo de tratamento. Além disso, esses
sintomas podem ser psicológicos ou físicos, e normalmente surgem nas primeiras
72 horas após a interrupção do uso do medicamento.
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Sintomas psicológicos:
• Ansiedade
• Irritabilidade
• Insônia
• Dificuldade de concentração
• Alteração do humor
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Sintomas físicos:
• Tontura
• Dor de cabeça
• Náusea
• Vômito
• Fadiga
• Suor excessivo
Os sintomas, a
intensidade e a duração deles podem variar de acordo com o tipo de
antidepressivo, a dose ingerida por cada pessoa, o tempo de tratamento e da
resposta individual de cada um.
O tratamento da
síndrome de abstinência por antidepressivos geralmente consiste na redução
gradual da dose do medicamento, sob orientação médica. Em alguns casos, o
médico pode prescrever outros medicamentos para ajudar a aliviar os sintomas,
como ansiolíticos ou medicamentos para dormir.
“Para tratar a
síndrome de abstinência, é só tirar o remédio gradativamente. Tirar o remédio
devagarzinho, como deve ser em determinados casos. Alguns medicamentos têm a
chamada meia vida longa e esse você não precisa tirar devagar, pode tirar
abruptamente, mas aqueles que têm a meia vida curta você tem que tirar
devagarzinho”, acrescenta o psiquiatra.
• Rabdomiossarcoma: entenda o que é o
tumor confundido com rinite
Um menino de 13 anos
faleceu devido a um tipo de tumor raro e agressivo chamado “rabdomiossarcoma“.
Segundo o jornal britânico The Sun, Jake Winscoe estava com “nariz entupido e
olhos lacrimejantes”, sintomas comuns de doenças respiratórias, como resfriado,
rinite e gripe. Porém, posteriormente, a criança foi diagnosticada com o tumor
já em estágio 3.
O caso teve
repercussão na mídia internacional. Em relato ao The Sun, Lynsey Winscoe, mãe
de Jake, que vive em Wiltshire, na Inglaterra, contou que, inicialmente, os
sintomas do filho eram leves, o que a fez pensar que se tratava de uma rinite
alérgica. No entanto, quando o pai do jovem voltou do Exército após três
semanas sem ver o filho, ele percebeu que a ponta do nariz do menino estava
inchada, levantando suspeitas.
Após o diagnóstico,
Jake passou a receber quimioterapia intensiva, seguida de terapia com feixe de
prótons (um tipo de radioterapia mais preciso), o que reduziu o tamanho do
tumor. Porém, em outro exame, foi descoberto que o câncer havia se espalhado
para a medula espinhal e para o fluido ao redor do cérebro.
<><> O que
é rabdomiossarcoma?
De acordo com o A.C.
Camargo Cancer Center, o rabdomiossarcoma é um tipo de tumor maligno que se
desenvolve nos músculos ligados aos ossos e é mais comum em crianças e
adolescentes.
O corpo é composto por
três tipos de músculos: os esqueléticos (responsáveis por mover as partes dos
corpos e ligados aos ossos), o cardíaco (que reveste o coração) e os músculos
lisos (presentes nos órgãos internos). A musculatura esquelética se forma ainda
no embrião, na sétima semana após a fertilização. É nesse momento que se formam
os rabdomioblastos, células que dão origem aos músculos. Com o tempo, essas
células podem se tornar malignas e dar origem ao rabdomiossarcoma.
Segundo o Instituto
Nacional do Câncer (Inca), a causa para o desenvolvimento do tumor ainda é
desconhecida, mas pode estar associada a síndromes familiares, como a Síndrome
de Li Fraumeni e a neurofibromatose, além de anormalidades congênitas que
envolvem o sistema urinário e sistema nervoso central. O A.C. Camargo Cancer
Center aponta, ainda, o histórico familiar de câncer como um possível fator de
risco.
<><> Quais
são os sintomas?
Ainda de acordo com o
Inca, os sintomas podem variar dependendo do local de origem do tumor. Porém,
normalmente, inicia-se com a formação de uma massa indolor, com crescimento
progressivo. Outros sinais e sintomas comuns são:
• Proptose ocular (tumor orbitário, ou
seja, nas pálpebras ou na órbita);
• Obstrução nasal, podendo ocorrer
secreção com sangue (tumor na nasofaringe/rinofaringe);
• Obstrução do conduto auditivo médico,
com eliminação de pólipos ou secreção de sangue (tumor no ouvido médio);
• Dificuldade para urinar ou presença de
sangue na urina (tumor na bexiga ou na próstata);
• Aumento do volume da bolsa
escrotal/testicular ou secreção vaginal com sangramento (tumor na bexiga).
<><> Como
são feitos o diagnóstico e o tratamento?
O diagnóstico do
rabdomiossarcoma pode ser feito a partir da análise da história clínica e do
exame físico completo. Podem ser realizados exames laboratoriais e de imagem
para avaliar a extensão do tumor, além de entender se as células cancerígenas
se espalharam para outras partes do corpo.
Entre os exames que
podem ser solicitados, segundo o Inca, estão:
• Tomografia computadorizada;
• Ressonância magnética;
• Cintilografia óssea;
• PET-CT;
• Punção lombar;
• Mielograma;
• Biópsia de medula óssea.
O tratamento do
rabdomiossarcoma pode envolver quimioterapia, cirurgia e/ou radioterapia,
dependendo da localização de origem do tumor. Ao longo do tratamento, são
feitos mais testes para avaliar a resposta do câncer à terapia, além de
detectar um possível retorno da doença. Segundo o Inca, 70% dos pacientes
sobrevivem por cinco anos ou mais.
Fonte: CNN Brasil
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