segunda-feira, 30 de setembro de 2024

Luiz Marques: ‘A democracia cativa’

O cientista político italiano Giovanni Sartori, no livro Teoria da democracia, diz: “A eficiência da democracia depende antes de tudo e sobretudo da eficiência e da habilidade de seus dirigentes”. O entendimento assenta-se na presumível minoridade intelectual do povo. O cidadão é “incompetente” para ditar rumos à cidade. Depreende-se então que a “profissionalização” é inevitável na sociedade. A política se converte, de vocação, em “carreira” com aposentadoria baseada no tempo de mandato. Tal é a matriz teórica da representação ocidental; excetuando a Suécia, onde os deputados não têm assessores, dormem em quitinetes, pagam pelo cafezinho e não podem aumentar os seus salários.

A Queda do Muro de Berlim cimenta, de um lado, o liberalismo político e, de outro, a economia de mercado na condição de teto intransponível ao progresso humano. Na terminologia popularizada depois de 1989, esse é o “fim da história”. Uma conclusão precipitada, tendo em vista a ascensão da extrema direita que aproveita as oportunidades no Estado de direito para colonizar a democracia e impor um regime de exceção. A fórceps, aos moldes da desventura argentina, o “anarcocapitalismo” (o prefixo é injusto) procura garantir uma desregulamentação estatal para maximizar a acumulação.

A infraestrutura sacraliza o livre mercado e o laissez-faire; porém, a superestrutura ainda pulsa. Se a economia está congelada; o futuro se mantém em suspenso na política. A seleção dos “melhores” para ocupar os postos de destaque no Executivo e no Legislativo faz a roda da incerteza girar. As rivalidades ideológicas entre competidores a cada quadriênio não arrefeceram; forjaram inimigos.

Na acepção de Robert Dahl, a “poliarquia” (governo de muitos) explica a autonomia da política. “A democracia é um sistema em que os dirigentes escutam, mais ou menos, o desejo dos liderados e pode funcionar com um nível fraco de participação dos cidadãos”. Não supõe uma arregimentação forte. Aliás, quanto menos intromissão houver, mais facilidade as “elites” têm de deliberar. Mesmo a inspiradora democracia participativa das ágoras em Atenas, no século V a.C., abrange apenas uma pequena minoria da população (demos) em causa própria. Entre nós, a situação guarda semelhanças.

Em A democracia e seus críticos, para a Conference for the Study of Political Thought uma obra icônica da doutrina liberal e/ou democrática, o cientista político estadunidense avalia a democracia como “um processo sem igual para a tomada de decisões coletivas vinculativas”. Uma entidade com laços “no conjunto das instituições e práticas políticas, um corpo particular de direitos, uma ordem socioeconômica, um sistema que assegura certos resultados vantajosos”. O problema reside em que a “substância” é apropriada por uns poucos, alertam os atentos defensores do “governo do povo”.

Via de regra, só indivíduos politicamente ativos são consultados sobre as decisões, com o agravante de pertencer às categorias sociais privilegiadas. A maioria queda na passividade, o que vira uma espécie de “calcanhar de Aquiles” do modelo – a brecha para o questionamento de sua legitimidade. Vide os juros de lesa-pátria da Taxa Selic do Banco Central, no Brasil. Nos escritórios da avenida Brigadeiro Faria Lima, o poderoso epicentro comercial e financeiro de São Paulo, os bacanas sabem o porquê. A trama é urdida na mesa, aos olhos de velhos comensais. Os “segredos de Estado” são um tabu para as comunidades periféricas. A desinformação é consumida pelos pobres e remediados.

·        A perfeição é uma meta

No quarentão Partido dos Trabalhadores, os lutadores por mudanças na organização social eram assertivos – “trabalhador não vota em patrão”. No entanto, a agrura que desconjunta a constelação do trabalho na produção econômica e a importância assumida por temas ligados mais à reprodução social acarretam novas incumbências: o combate aos efeitos da necropolítica, a disseminação do desemprego, o desalento, a fome. O discurso absorve a linguagem abstrata para se aproximar dos setores sem experiência sindical e identidade classista. Atendo-se à propaganda no rádio e televisão, o PT não evoca a radicalidade renovadora das origens, conquanto integre a trincheira resiliente dos oprimidos e dos explorados. O vermelho recebe nuances de outras cores, necessidades e desafios.

Entre as sociedades democráticas, com certeza, os Estados Unidos são mestres na arte de perpetuar as classes dirigentes no topo da pirâmide. Os embates presidenciais são montados para impedir o sufrágio universal, desde a saga dos líderes das colônias (seus “pais fundadores”) para elaborar a Declaração de Independência em 1776 e a Constituição em 1787. Um filtro elitista unge ou recusa os “aspirantes” à Casa Branca, nos Partidos Democrata e Republicano. Ao barrar os aventureiros, a vigilância dá estabilidade interna para a hegemonia imperialista. Donald Trump fura o bloqueio.

A derrota de Hillary Clinton, em 2018, apesar de haver conquistado as cédulas majoritárias, deve-se à aritmética confederativa dos delegados nas prévias. O princípio de uma cabeça, um voto não vale na grande potência do Norte para auferir a vontade geral; por paradoxal e aristocrático que isso soe em uma nação definida como República. A paradigmática (sic) democracia falha em um quesito básico e consensual. Qual a canção de Gilberto Gil, Meio-de-campo: “A perfeição é uma meta / defendida pelo goleiro / que joga na seleção / e eu não sou Pelé / se muito for / eu sou um Tostão”.

Os marqueteiros conhecem a arquitetura do poder e os mecanismos decisórios modernos. O roteiro acha-se no romance de Tomasi di Lampedusa; tido o primeiro best-seller mundial, com 250.000 exemplares vendidos nos meses seguintes à edição, em 1958. O atual figurino do marketing político reforça a ideia de “competência” (técnica), de “eficácia” (rendimento), de “liderança” (persuasão), de “habilidade” (diálogo amplo) e de “dissimulação” como se aprende com a leitura de O leopardo.

Os valores destacados coincidem com o que se exige do gerente de loja em um Shopping center, na entrevista para contratação. O mercado prognostica inclusive o perfil psicossocial a ser selecionado para a arena de disputa política. Vultuosos recursos potencializam o sucesso nas urnas, não uma compreensão programática. A polissemia dos sentidos subjaz na repetição de conceitos idênticos. As siglas parecem oferecer sempre mais do mesmo. O lusco-fusco oculta a alteridade. Where’s Wally?

·        Retrocesso civilizacional

Todos compartilham os ideais do “desenvolvimento”, da “segurança”, da “educação”, da “saúde”, do “aperfeiçoamento dos serviços públicos”, da “geração de empregos com distribuição de renda”, da “liberdade de imprensa”, dos “preceitos constitucionais”. Na democracia de massas, as palavras se adaptam a interpretações contraditórias. Diferenciações no conteúdo são domesticadas na forma. Deliberadamente a finalidade não é propiciar qualquer discernimento cognitivo; é realimentar a pluralidade de manifestações que por caminhos transversos, ou não, deixem intacto o status quo.

Para o extremista, a solução é travestir-se de outsider sistêmico, romper a civilidade e desqualificar a circunspeção dos oponentes sob a aparente normalidade institucional, ensina Olavo de Carvalho, o guru do bolsonarismo, em O imbecil coletivo. Ao exacerbar as emoções com trejeitos e deboches, os critérios racionais de comparação pegam carona no foguete de Elon Musk, e vão para o espaço. No impeachment da presidenta honesta, o miliciano homenageia um torturador da ditadura militar, “o terror de Dilma Rousseff”. O acinte testemunha o grau de degeneração ética a que levou o golpe.

Hoje, a convite indecente da mídia corporativa, o coach espetaculariza momentos eleitorais; zera os projetos partidários e, impune, desfila a meritocracia no cativeiro nevrálgico da política brasileira. Prevalece o gozo sádico. A dignidade é redimida na cadeirada, que une a torcida do Corinthians e a do Palmeiras na comemoração uníssona de um gol, literalmente, “de placa”. A efeméride recuperou o respeito ao protocolo do debate no confronto de posições. Ninguém frequenta igreja, sem rezar.

Para o progressista, a solução está em superar a percepção empírica para transcender a armadilha que confina a crítica à clausura do establishment. Os postulantes a “gestores”, para usar o léxico neoliberal que anula a dimensão política das escolhas, empatam nas intenções; o horário eleitoral desempata. A decifração da demagogia ideologiza e politiza o enfrentamento, contrapondo a sua substância autoritária e totalitária ao princípio organizativo democrático de sociedade e cidade.

Não à toa, em 2016, o Dictionary Oxford indicou a “pós-verdade” como o símbolo de nossa era. O jornalista britânico Matthew D’Ancona classifica a “guerra contra os fatos” e “a difusão contagiosa do relativismo pernicioso disfarçado de ceticismo legítimo” como provas do “valor declinante da verdade como moeda de reserva”. O retrocesso civilizacional navega na crise da democracia. Que a derrubada da estátua do negacionismo não demore, e as imagens invadam os bunkers da reação, os tradicionais e os digitais. “E a chuva amanhã corra de baixo para cima”, profetiza o poeta alemão.

·        Democratizar o processo

No Rio Grande do Sul, o Conselho de Reconstrução formado pelo governador após as enchentes exclui as associações ambientalistas. O prefeito de Porto Alegre contrata empresas estrangeiras (da Holanda, no caso) para estudos preventivos cujas respostas já foram dadas pela inteligência local. A submissão ao eurocentrismo é vergonhosa. O ditado se confirma, “santo de casa não faz milagre”. A decolonização tem uma longa estrada a percorrer, para que a brasilidade respire autodeterminação.

Para “eles”, Eduardo Leite e Sebastião Melo respectivamente, não importa a opinião dos moradores mergulhados nos bairros do sinistro; ou a expertise dos funcionários do Departamento de Esgotos Pluviais (DEP), extinto para acelerar a privatização do saneamento básico; ou o conhecimento do Instituto de Pesquisas Hídricas (IPH/UFRGS) sobre o Guaíba (em tupi-guarani, Gua-ybe é a “baia de todas as águas”). O que importa é servir o capital financeiro, imobiliário e agrícola. Não militam pela abolição das hierarquias, mas por um posicionamento superior na escala social. A intervenção modelar do governo federal sai em notas de rodapé obscuras, longe das manchetes e dos aplausos.

Para “nós”, em contrapartida, o povo não deve ser tratado como um objeto ou uma massa inepta, senão sujeito das ações reconstrutivas. O empoderamento popular não nega a ciência e a técnica; e sim incorpora-as ao exercício político da soberania dos comuns, que rejeita transformar todas, todos e todes em mercadorias. Sem a participação social, a felicidade pública é uma caricatura. A pedra de toque é a democratização do processo de decisão para desprivatizar o poder e derrotar a concepção de governabilidade, equiparada a um bisturi para cortar a alma e administrar pessoas como coisas.

Os responsáveis pela destruição patrimonial e as sequelas psíquicas do suplício são poupados da execração merecida, por interesse das elites vira-latas que, de outra maneira, fariam um escândalo da tragédia que soma duzentos óbitos nos municípios gaúchos, afora os corpos desaparecidos. A cobertura midiática da hecatombe climática nunca menciona os mortos. Em silêncio, os inocentes esperam por justiça. A omissão de notícias é a variante sutil da manipulação grosseira e cínica.

As contribuições antiecológicas para o desequilíbrio ambiental e a eliminação dos biomas são empurradas para trás da fumaça tóxica, do jornalismo venal, para não atrapalhar a alienação. As finanças, as megaconstrutoras e o agronegócio extrativista são donos das informações, e das fake news. A cumplicidade dos governantes é uma vergonha. A reforma moral e cultural do país depende da luta ideológica pela emancipação das consciências subjugadas e subestimadas pelo pensamento conservador, na democracia cativa. O lema do Iluminismo cobra responsabilidades – “Ouse saber”.

No “pseudomundo”, a unidade do real é fragmentada em esferas paralelas. O mentiroso mente para si próprio e se orgulha de uma Weltanschauung (cosmovisão) invertida, que ora destila o ódio, ora a sedução extorsiva da miséria. Vê-se na loteria do “Familião”, no domingo global, que consagra um fetiche para os indivíduos se libertarem da pobreza, o dinheiro; não o engajamento em movimento social ou partido político. O “valor como espetáculo” exprime a pura essência do rentismo, o não trabalho. É hora de botar o bloco na rua, com garra e esperança. O lema agora é – “Ouse vencer”.

 

Fonte: A Terra é Redonda

 

Por que Brasília não tem prefeito?

Em outubro, 5.569 municípios brasileiros elegerão prefeitos e vereadores — mas Brasília e outras regiões administrativas do Distrito Federal, também chamadas "cidades-satélites", não estão nesta conta.

A área tem uma organização política distinta por que o Distrito Federal acumula características de município e Estado, e suas "cidades-satélites" não são tratadas como municípios.

"Quando Brasília foi inaugurada, em 1960, o modelo administrativo estabelecido se assemelhava um pouco mais a um Estado, englobando responsabilidades que, em outras regiões, seriam divididas entre prefeitos e governadores estaduais. Assim, o título de 'prefeito' foi substituído por 'governador'", explica o historiador Matheus Rosa, mestre pela UnB e pesquisador da história regional.

E como capital federal, diz Rosa, a ideia era que Brasília pudesse funcionar de maneira independente e imparcial, sem o impacto de disputas regionais.

Mas, ainda que haja semelhanças com administrações estaduais, o Distrito Federal tem características únicas que, há décadas, resultam na falta de eleições municipais.

Para entender as divisões políticas diferentes do resto do Brasil, é preciso olhar para trás, na década de 1950, quando a discussão de transferir a capital federal para o interior do Brasil, que remonta ao início do século 19, começou a ser retomada.

•        O que é um Distrito Federal - e por que não pode ser considerado um Estado

Diferentemente dos Estados, o Distrito Federal possui uma estrutura administrativa singular, com maior centralização de algumas funções no governo federal.

Embora o DF tenha um governador e uma câmara legislativa própria, algumas funções, como segurança pública e assuntos judiciais, são geridas ou supervisionadas pelo governo federal.

Aspectos como tributação e regulação do transporte coletivo entre municípios e Estados vizinhos, por exemplo, que normalmente seriam responsabilidade do governo estadual, no DF ficam a cargo da União.

A ideia de um Distrito Federal no Brasil vem desde o Império, quando, em 1834, foi criado o "município neutro".

O objetivo era separar a administração do Rio de Janeiro, então capital do Império, para garantir uma gestão especial por ser sede do governo.

"Já havia, então, essa ideia de que a capital do país deveria ter uma administração local com status diferenciado das demais Províncias ou regiões do Brasil", diz Rosa.

Na prática, explica o historiador, o município neutro funcionava como um município comum, com sua Câmara Municipal e prerrogativas.

"Porém, alguns serviços essenciais, como polícia e corpo de bombeiros, eram controlados diretamente pelo governo central. Com a Proclamação da República, esse conceito evoluiu para o Distrito Federal, nome que refletia a influência do modelo republicano americano, especialmente na questão federativa."

•        O Centro-Oeste como escolha do DF

O Rio de Janeiro foi a capital do Brasil entre 1793 e 1960. Durante os 167 anos como sede, a ideia de transferir o poder nacional para o centro do Brasil era comum a vários goverantes.

De acordo com o historiador Matheus Rosa, não existe um único motivo para essa transferência — ela foi impulsionada por diferentes razões em épocas distintas.

"Um dos principais fatores sempre foi a questão da segurança nacional. O Rio de Janeiro, sendo uma cidade litorânea, era considerada vulnerável tanto a invasões estrangeiras quanto a revoltas internas, devido à crescente urbanização e nova visão do local como uma 'cidade de proletários' ao longo do século 19 e início do século 20."

O professor Antônio Carpintero, do Departamento de Teoria e História da Arquitetura e Urbanismo da UnB, descreve o primeiro estudo da área que viria a se tornar o Distrito Federal.

"O governo de Floriano Peixoto nomeou uma comissão, chamada Comissão Cruls, em 1890, que fez um relatório detalhado sobre a região. O relatório localizou um retângulo no Planalto Central para a criação do Distrito Federal. Mas o assunto ficou em suspenso. Floriano Peixoto deixou o relatório pronto para Prudente de Morais, que acabou arquivando o projeto."

O plano sofreu mudanças e atualizações nos governos seguintes, até que ganhou mais tração a partir do governo de Getúlio Vargas e, especialmente, do de Juscelino Kubitschek, o presidente que de fato efetivou a transferência da capital do Rio para a recém construída Brasília.

"Quando lançou sua candidatura, Kubitschek conciliou as diferentes leituras do projeto e deu prioridade à mudança da capital, apesar da oposição de alguns setores políticos que queriam que continuasse no Rio", lembra Carpintero.

A mudança passou a ser vista como uma forma de descentralizar a população, que estava majoritariamente concentrada no litoral, e ocupar o interior, especialmente o Centro-Oeste.

"O processo de integração nacional também envolvia a ocupação de terras que, embora consideradas 'desocupadas', já eram habitadas por povos indígenas e populações tradicionais", diz Matheus Rosa.

"Assim, Brasília simbolizava não só a expansão econômica para o interior, impulsionada pelo agronegócio, como também a criação de uma rede de infraestrutura que incluía rodovias, ferrovias e aeroportos, promovendo a integração do território e a expansão do mercado interno."

A integração também envolvia a criação de uma infraestrutura robusta, que incluía energia, transportes — como rodovias, ferrovias e aeroportos —, facilitando a integração do território e a expansão do mercado interno.

"A expansão do mercado interno era vista como uma forma de superar a condição de exportador de matérias-primas e transformar o Brasil em uma nação industrializada, moderna, segundo a visão do século 20 sobre o que seria uma nação desenvolvida. Isso incluía explorar as riquezas minerais e agrícolas do interior e ampliar o consumo dessas regiões."

Nos anos 1930 e 1940, durante a expansão demográfica e econômica, foram pensadas várias soluções e tamanhos diferentes para o Distrito Federal.

O formato atual, de 5.760 km² e dividido entre regiões administrativas — e não municípios —, foi concebido em 1955 por meio de uma comissão militar, que se encarregou de localizar a cidade de Brasília dentro do Distrito Federal e definir seus limites geográficos.

"No contexto brasileiro, o distrito é a menor circunscrição territorial autônoma, com uma relativa autonomia, mas com tamanho menor do que vários municípios brasileiros. Sua criação visou evitar que um Estado tivesse precedência sobre os outros, garantindo que a capital fosse neutra e independente", descreve Antônio Carpintero, do Departamento de Teoria e História da Arquitetura e Urbanismo da UnB.

Para comparação, vale ressaltar que a área do Estado de São Paulo é 43 vezes maior do que a área do Distrito Federal. o Rio de Janeiro tem área 7 vezes maior do que a do DF e por sua vez o Estado de MInas Gerais é 100 vezes maior.

O território do DF chega ainda a ser menor que mais de 150 municípios do país.

A área, significativamente menor do que outras unidades federativas, também contribui para uma governança mais centralizada.

•        A prefeitura que durou 9 anos

Embora não exista mais atualmente, Brasília teve uma prefeitura entre 1960, ano de sua criação, e 1969.

Conforme explica o historiador Matheus Rosa, o termo "prefeitura do Distrito Federal" já era usado no Rio de Janeiro quando era a capital, e foi transferido para Brasília.

"A administração do Distrito Federal, após a transferência, foi inicialmente regida por uma lei de 1960, semelhante ao que se tinha até então, ou seja, um prefeito nomeado pelo presidente da República e uma Câmara de vereadores funcionando à parte."

Em 1969, durante a ditadura militar, uma emenda à Constituição de 1967 extinguiu a figura do prefeito. A partir dali, o comando mudou.

"O que aconteceu em 1969 foi a mudança do nome de 'prefeito' para 'governador', sem alterar muito na prática", diz o historiador. Essa situação se mantém até hoje.

Uma possível razão para essa mudança, segundo Rosa, seria uma equiparação entre o Distrito Federal, no Planalto Central, e o Estado da Guanabara, criado em 1960, quando o Rio de Janeiro perdeu o status de capital federal.

"O Estado da Guanabara era uma situação especial, pois era um Estado formado por um único município, com o governador acumulando funções de prefeito. A emenda constitucional que instituiu o 'governador' do Distrito Federal também consolidou esse acúmulo de funções na Guanabara."

Em 1975, quinze anos depois, a Guanabara se fundiu com o Estado do Rio de Janeiro.

Outra hipótese, explica Rosa, é que essa mudança buscava conferir mais prestígio político à figura do governante de Brasília, já que, na época, muitos dos ministérios e órgãos do governo federal ainda operavam no Rio de Janeiro.

"A partir do governo Médici, em 1969, houve uma determinação maior para transferir essas estruturas para Brasília. Assim, a mudança de prefeito para governador pode ter sido uma tentativa de conferir a Brasília um status maior."

Ainda que hoje a prefeitura não exista mais, os cidadãos do DF ainda podem ser convocados para serem mesários, já que existe a necessidade de voto para pessoas que residem na área, mas estão registradas em outros locais.

"Também vale dizer que parte dos residentes de Brasília estão de olho nas eleições dos municípios de Goiás, já que a proximidade geográfica faz com que muitos utilizem serviços ou frequentem locais dessas cidades", aponta o historiador.

 

Fonte: BBC News Brasil

 

Como a caminhada pode prevenir a dor lombar? Veja o que dizem especialistas

A dor lombar é uma das principais causas de incapacidade, afetando cerca de 619 milhões de pessoas em todo o mundo. Para muitas pessoas que sofrem de dor lombar, sua condição é cíclica e a dor retorna mesmo após a recuperação. Cerca de 70% das pessoas que se recuperam da dor lombar podem sofrer outro episódio em um ano.

Caminhar poderia proporcionar a essas pessoas que sofrem de dor lombar cíclica um método fácil e acessível de alívio, informaram pesquisadores recentemente na revista científica The Lancet. O novo estudo analisou se um programa de caminhada individualizado poderia evitar a recorrência da dor lombar em pacientes que haviam se recuperado recentemente de um episódio.

Os pacientes que iniciaram um programa regular de caminhada apresentaram menor probabilidade de recorrência da dor lombar em um ano ou mais. Para os pacientes cuja dor lombar retornou, a caminhada regular pareceu estender o número médio de dias entre os episódios.

“A grande maioria das pesquisas sobre dor nas costas está voltada para o tratamento desses episódios, mas não para a prevenção”, comenta Mark Hancock, pesquisador da Macquarie University em Sydney, na Austrália, e um dos autores do estudo. “Achamos que era muito importante começar a se concentrar na prevenção de episódios futuros e dar aos pacientes habilidades para gerenciar sua própria dor nas costas, sabendo que, para a maioria das pessoas, essa é uma condição flutuante e de longo prazo.”

•        Os exercícios aeróbicos ajudam a ter boa postura

Há muito tempo se sabe que o movimento ajuda a aliviar a dor lombar, e as evidências de exercícios aeróbicos como tratamento são excepcionalmente fortes, diz Comron Saifi, cirurgião ortopédico do Houston Methodist Hospital, nos Estados Unidos, que não participou do estudo. Como resultado, há uma série de diretrizes clínicas que recomendam atividades aeróbicas leves, como caminhadas, como estratégia para o controle de episódios de dor lombar.

Apesar de ser um tratamento comum, a eficácia da caminhada na prevenção da dor lombar não é tão bem estudada. Ainda assim, a caminhada oferece benefícios que já a tornam uma boa candidata à prevenção. O movimento estimula o fluxo sanguíneo para a coluna vertebral, o que ajuda na cura, aumentando a quantidade de oxigênio e nutrientes que são transportados para lá.

Com a caminhada, “a coluna vertebral fica em uma posição em que é desafiada de forma suave”, afirma Femi Betiku, fisioterapeuta e instrutor de Pilates de Westchester, Nova York, que não participou do estudo. Esse desafio suave aplica a quantidade certa de força ou carga à coluna vertebral e traz vários benefícios para os músculos e as articulações da região lombar.

“Se você observar a caminhada, há uma carga muito boa, repetitiva, mas relativamente baixa, passando pela coluna vertebral, e sabemos que isso é muito bom para os tecidos”, explica Hancock. “Todos os tecidos de nosso corpo respondem à carga. Eles ficam mais fortes e saudáveis com a carga.” No caso da região lombar, isso inclui os músculos que circundam e sustentam a coluna, bem como as vértebras e os discos de cartilagem que a compõem.

 O impacto suave da caminhada promove o fluxo sanguíneo para esses tecidos e, ao mesmo tempo, fortalece a cartilagem e os ossos da coluna. Estudos demonstraram que os corredores regulares têm discos de cartilagem mais fortes e saudáveis do que os não corredores, e acredita-se que a caminhada tenha um efeito semelhante.

A caminhada, juntamente com outras formas de exercício aeróbico leve, também tem o efeito de ajudar as pessoas a se movimentarem durante um período em que talvez não se sintam confiantes em sua capacidade de fazê-lo. Quando as pessoas estão sofrendo de um episódio de dor lombar, elas “começam a favorecer certas posições”, comenta Kris Gordon, fisioterapeuta da Universidade de Washington em St. Louis, que não participou do estudo.

“Ficamos com medo de nos movimentar de determinadas maneiras por conta da dor.” Não se movimentar pode, na verdade, piorar as coisas. Embora pareça a coisa certa a fazer no momento, a longo prazo, isso pode fazer com que as pessoas se enrijeçam, prolongando o episódio de dor.

Na experiência de Hancock como fisioterapeuta, muitos pacientes que sofrem de episódios recorrentes de dor lombar podem chegar a um ponto em que têm medo de se mover, mesmo quando a dor não está presente. “Há essa sensação constante de 'Quando isso vai voltar?'” diz Hancock.

“Conversei com muitos pacientes que não sentem dor nas costas há um bom tempo, mas ainda levam uma vida muito protegida”, por medo de fazer algo que provoque um surto de dor. Isso, por sua vez, pode levar ao enrijecimento dos músculos, o que pode prepará-los para uma recorrência.

•        Programa de caminhada individualizado

Para obter dados concretos sobre caminhada e prevenção, Hancock e seus colegas recrutaram 701 pessoas que haviam se recuperado de um episódio recente de dor lombar que durou, em média, de 4 a 5 dias, sem causa aparente. Para se qualificar para o estudo, os participantes também precisavam não ter um programa regular de exercícios. Embora a idade média dos participantes do estudo fosse de apenas 54 anos, essas mesmas pessoas haviam relatado uma média de 33 episódios de dor lombar no passado.

A equipe se concentrou no paciente clássico com dor lombar. “Para a maioria das pessoas que sofrem de dor lombar, trata-se de uma condição recorrente e flutuante”, diz Hancock. Trabalhos anteriores mostraram que esses episódios de dor tendem a durar de 5 a 6 dias, em média.

Os pesquisadores classificaram os pacientes em dois grupos. O primeiro grupo recebeu seis sessões com um fisioterapeuta. Nessas sessões, o objetivo era desenvolver um programa de caminhada individualizado; ao longo de seis meses, cada pessoa passou a caminhar 30 minutos por dia, cinco dias por semana. O segundo grupo não recebeu nenhum tratamento.

Para o grupo de tratamento, os terapeutas ajustaram o programa de caminhada, dependendo das limitações físicas e das circunstâncias da vida da pessoa. Os participantes também receberam orientação sobre como controlar a dor, caso ela voltasse.

O oferecimento de sessões individuais de orientação ajudou os participantes a encontrar maneiras de encaixar a caminhada em suas vidas, seja caminhando para o trabalho ou criando o hábito de caminhar em um determinado horário todos os dias, ao mesmo tempo em que se certificava de que eles iniciassem o programa em um ritmo sustentável para suas capacidades físicas.

A abordagem se encaixa nas tendências que os terapeutas observam nos ambientes clínicos. “O mais importante é encontrar o paciente no ponto em que ele se encontra”, comenta Jake Keller, fisioterapeuta do Centro Médico da Universidade de Rochester, em Nova York, que não participou do estudo.

Os participantes de ambos os grupos relataram se e quando tiveram um episódio recorrente de dor lombar, e os cientistas acompanharam seu progresso por pelo menos um ano e até três anos para alguns pacientes.

O grupo que recebeu orientação para caminhar teve 28% menos probabilidade de relatar um episódio recorrente de dor lombar em comparação com os que não receberam tratamento. Entre todos os participantes cuja dor lombar retornou, o grupo que caminhou passou uma média de 208 dias entre as recorrências, enquanto o grupo que não caminhou relatou uma média de 112 dias entre as recorrências.

As descobertas evidenciam a função mais ampla que o movimento desempenha na cura. “Nosso corpo se cura muito bem, mas precisa de um bom ambiente para se curar, e o ambiente de cura é o movimento”, conclui Hancock. “Se você se movimenta, as coisas ficam melhores.”

•        Você sabe caminhar corretamente? A caminhada é um sinal de boa saúde

Caminhar pode parecer simples… Mas não é, explica a epidemiologista Peggy Cawthon, diretora científica do California Pacific Medical Center Research Institute, em São Francisco, nos Estados Unidos. É um comportamento incrivelmente complexo que continua a confundir os pesquisadores, especialmente aqueles que tentam entender como melhorar nossas vidas à medida que envelhecemos.

"Por razões que não entendemos, a velocidade com que você caminha está relacionada ao seu risco de morrer", diz ela. As pessoas que conseguem manter o ritmo provavelmente ficarão saudáveis por mais tempo. E é provável que vivam melhor.

A falta de mobilidade é um dos principais motivos pelos quais os idosos perdem a independência, de acordo com o National Institute on Aging dos Estados Unidos, e também está intimamente ligada ao declínio cognitivo.

Na última década, a velocidade da marcha surgiu como o sexto sinal vital indicativo de boa saúde, pois pode prever uma grande variedade de problemas. "Andar envolve todos os sistemas do corpo", acrescenta Jessie VanSwearingen, professora de fisioterapia da Universidade de Pittsburgh. Mesmo que os médicos não tenham notado nada de errado, as mudanças na caminhada de alguém podem ser uma dica de que um diagnóstico não está longe.

De acordo com o National Institutes of Healthdos Estados Unidos, há quatro tipos de exercícios que todos nós deveríamos fazer para nos ajudar a permanecer ativos: resistência, força, equilíbrio e flexibilidade. Esse é apenas o começo da equação. "Sou da opinião de que o exercício é importante, mas não é o elixir que resolve todos os problemas. Não há uma única coisa que o salve", afirma Peggy Cawthon.

Ainda há muito a aprender sobre como o cérebro influencia tudo isso, observa On-Yee (Amy) Lo, do Hebrew SeniorLife Marcus Institute for Aging Research e professora assistente da Harvard Medical School e do Beth Israel Deaconess Medical Center, de Boston, nos Estados Unidos. Ela já viu muitos pacientes com músculos funcionando perfeitamente. "Mas quando você diz para eles se moverem, eles não conseguem se movimentar", diz ela.

Então, quais são as medidas que devemos tomar para proteger nossa mobilidade física, especialmente à medida que nos afastamos dos anos de criança? Aqui estão algumas ideias:

<><> Não pare de se movimentar

Os especialistas concordam que a pior coisa que uma pessoa pode fazer é parar de se movimentar. Você sentirá os efeitos quase imediatamente, afirma Pete McCall, diretor de educação da EōS Fitness e autor do livro Smarter Recovery: A Practical Guide to Maximizing Training Results (“Guia prático para maximizar os resultados do treinamento”, em tradução livre). Ficar sentado por horas o deixa dolorido, e é nos dias em que ele usa as mãos que a artrite não o incomoda tanto. Esses são lembretes úteis de que nosso corpo exige ação.

"Mas eu não preciso me ‘acabar’ a cada treino", diz McCall, que compartilhou sua rotina rápida para fortalecer a coluna, os quadris e os tornozelos no site do American Council on Exercise. "É quase como escovar os dentes. Se eu não fizer isso por um ou dois dias, eu noto", diz ele. Ele usa os movimentos – que incluem círculos nos quadris e ajoelhar-se e, em seguida, estender o braço oposto para girar a parte superior do corpo – antes ou depois de um treino ou como um dia de recuperação ativa.

Se isso parecer muito complicado, a sugestão de McCall é seguir o conselho que ele dá ao seu pai de 80 anos: "Eu digo para ele caminhar e fazer ioga", diz ele, observando que posturas de ioga como a da ‘vaca-gato’ e a ‘série do guerreiro’ obrigam você a prestar atenção na coluna.

Mesmo que esteja lesionado, tente encontrar algo ativo que funcione para você, como nadar ou andar de bicicleta. "A mágica é qualquer exercício físico que as pessoas possam fazer", diz Lo. No caso dela, como mãe trabalhadora de uma criança de quatro anos, isso geralmente é correr atrás do filho.

Que tal começar a praticar dança de salão? Não tenha medo de aprender novas habilidades, explica Jennifer Brach, professora de fisioterapia da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos. "Encontre um tipo de exercício que você goste, para que você continue com ele."

<><> Treine para caminhar com boa técnica

No entanto, para realmente melhorar sua caminhada quando ela começa a diminuir, você precisa pensar como um atleta. Imagine que você quer jogar tênis, mas tem um backhand ruim. Jogar muito tênis não resolverá o problema, diz VanSwearingen. Você precisa aprimorar sua técnica. É a mesma coisa com a caminhada.

Uma esteira pode orientá-lo sobre como fazer isso. "Ela arrasta o pé atrás de você e o faz dar um passo", diz ela. Ela também facilita a experimentação de diferentes velocidades para descobrir o que é mais confortável. Para a maioria da população, essa velocidade é de cerca de 1,3 metro por segundo, afirma VanSwearingen. Para praticar a adaptabilidade, ela sugere aumentar ocasionalmente sua velocidade em 10% por um minuto.

Independentemente da superfície em que estiver caminhando, VanSwearingen oferece esta sugestão: "Caminhe com seus pés". Em vez de pensar em pegar um pé e colocá-lo à sua frente, use seus pés para dar propulsão e empurrar o chão. E não olhe para baixo, a menos que você queira cair. "O cérebro presume que você quer ir para onde está olhando", acrescenta.

Essa abordagem à caminhada é a base do On the Move, um curso de 12 semanas desenvolvido na Universidade de Pittsburgh. Em vez de se concentrar na força e na resistência – os objetivos típicos de uma aula de condicionamento físico – ele enfatiza o tempo e a coordenação. "Usamos a analogia dos carros. Em vez de dar a alguém um motor maior, nosso programa está ajustando o sistema para que ele funcione com mais eficiência", diz Brach. "Quando você é mais eficiente, pode fazer mais."

Por exemplo, ela explica que, para iniciar a caminhada, é preciso deslocar sutilmente o peso para trás e para o lado. "Muitos de nossos exercícios começam com um passo para trás, portanto, quando você coloca o peso no pé de trás, pode dar um passo à frente", explica Brach. O uso dessas estratégias para se tornar um caminhante melhor pode levar a benefícios adicionais, como perda de peso e redução da pressão arterial.

<><> Dê um impulso ao seu cérebro

Em última análise, a parte do corpo responsável por tudo é o cérebro. Portanto, não se esqueça disso ao elaborar seu plano de preservação da mobilidade. Cawthon aponta para o poder do tai chi, que demonstrou melhorar o equilíbrio e reduzir o risco de quedas. Os cientistas estão investigando se isso se deve ao aspecto físico da prática ou às suas exigências cognitivas, que incluem o aprendizado de uma sequência específica de movimentos.

Um estudo recente publicado no Annals of Internal Medicine destacou os efeitos benéficos do tai chi "cognitivamente aprimorado". Os participantes que fizeram ginástica mental adicional – como soletrar uma palavra para frente e para trás enquanto se moviam em cada pose – tiveram melhor desempenho em um teste de cognição mental do que as pessoas que fizeram tai chi padrão ou exercícios de alongamento.

Encontrar maneiras de se proteger contra a demência é um grande negócio, diz Lo, que observa que metade das pessoas com demência sofre quedas, em comparação com 30% da população idosa em geral. Mas uma variedade de intervenções promissoras poderia ajudar a aumentar a mobilidade, incluindo a estimulação cerebral não invasiva.

“Muitos idosos conhecem – mas não seguem – as diretrizes recomendadas de atividade física”, explica Lo. Por isso, ela está estudando o que acontece quando o aconselhamento comportamental é combinado com alguns zaps de corrente elétrica direcionados a uma área do cérebro relacionada à motivação e à função executiva.

Os participantes que receberam a estimulação caminharam mais passos, em média, do que o grupo de controle, e eles mantiveram esse resultado mesmo depois de vários meses, conta ela. Outro estudo em andamento usará a estimulação cerebral para melhorar a marcha instável em adultos mais velhos.

Ela também está colaborando com musicoterapeutas para experimentar a estimulação musical. "Os adultos mais velhos com demência ou mal de Parkinson talvez não consigam iniciar o movimento, mas se você tocar música, eles poderão acompanhá-lo", diz Lo.

<><> Comece já a se organizar

Então, quando devemos encarar a música sobre nossa mobilidade? Não há uma resposta definitiva sobre quando os problemas de locomoção começam a surgir. "Você deve ser o mais ativo possível em qualquer idade", diz Cawthon, observando que as pessoas saudáveis na faixa dos 20 e 30 anos estão mais bem preparadas para lidar com os desafios futuros relacionados à idade. "O melhor momento para começar é agora. O próximo melhor momento é amanhã", diz ela.

Um momento importante para considerar a mobilidade é quando estiver decidindo onde morar. Você vai se mudar para um lugar de um andar ou para um prédio de vários andares? Existe um elevador? "É difícil imaginar, quando se está comprando uma casa, que se queira colocar uma rampa", diz Cawthon. Mas uma casa que favoreça a mobilidade pode fazer uma enorme diferença no conforto com que você consegue se movimentar em seu ambiente.

O que está do lado de fora é igualmente importante. "Se você mora em uma vizinhança com calçadas bem conservadas e com baixo índice de criminalidade, você estará mais inclinado a sair e caminhar", diz Brach. Áreas onde é fácil fazer mercado a pé também incentivam os idosos a manter a mobilidade.

VanSwearingen recomenda prestar atenção em como você se sente e no que está pensando. Digamos que você precise levantar da cadeira e atravessar a sala. Com sorte, essa é uma ideia que mal é registrada. Mas se você se concentrar em como vai realizar essa tarefa, é um sinal de alerta. "Se esses pensamentos estiverem em sua mente, está na hora", afirma ela.

 

Fonte: National Geographic Brasil

 

A ditadura do esquecimento compulsório

Pobres de direita se identificam com o funk ostentação de figuras medíocres como Pablo Marçal, sonhando com o consumo conspícuo que os exclui

·        Contexto progressista

Na virada do século XIX para o XX os EUA viviam um profundo crescimento econômico (em 1900 ultrapassaram os britânicos como maior produtor industrial do mundo), num constante e seguro desenvolvimento industrial vindo solidamente desde a Guerra Civil (1861-1865). Tal crescimento econômico do país ocorreu sob a liderança do setor industrial, que crescia sob o escudo das maiores tarifas protecionistas do mundo de então, praticadas pelos EUA desde a Guerra Civil, com a tarifa Morrill, o Tariff Act, de 1862.

Este protecionismo tarifário crônico dos EUA promoveu seu catching up industrial, junto à consolidação dos grandes monopólios produtivos da Gilded Age (termo estadunidense para o mesmo período da, e com equivalência, à Belle époque europeia), desses “anos dourados” do elitismo e da consolidação do capitalismo monopolista norte-americano (Baran-Sweezy).

Mas tal situação trazia sérios problemas sociais e políticos, pela crescente desigualdade, com uma profunda injustiça social, o que gerou um crescente questionamento público da validade dessas estruturas econômicas monopolistas por diversos grupos sociais, sendo os três principais: (i) os pequenos produtores agrícolas, aglutinados no movimento populista; (ii) os operários industriais urbanos, aglutinados no crescente sindicalismo de perfil sobretudo socialista (este o mais combativo, mas não só este sindicalismo crescia então); (iii) os setores médios regulamentacionistas/ antimonopolistas, influentes no mundo jurídico, no mundo acadêmico e na imprensa dos EUA de então.

Este quadro de crise social, com questionamentos gerais ao modelo econômico, encontrou numa obra em especial uma acachapante crítica acadêmica, econômica, social e política, na obra de 1899 de Thorstein Veblen: A teoria da classe ociosa (The theory of the leisure class). Nesta obra o autor estuda as classes mais abastadas dos EUA com o olhar de um antropólogo estudando povos originários da América, ou de ilhas isoladas do Pacífico, descrevendo analiticamente os comportamentos da elite dos EUA de forma crua, e sem julgamentos morais, mas buscando retratar cientificamente tal classe, o que resultou numa imagem final constrangedora para esta elite.

Thorstein Veblen é o economista e cientista social norte-americano mais representativo do Institucionalismo, e esta sua obra teve um impacto de longa duração na auto-imagem da elite norte-americana daquela Gilded Age, romantizada pelo ultraliberalismo econômico (que não era praticado nos EUA!), mas fortemente reprovada pelo pensamento crítico que sua obra alavancou, gerando uma forte e duradoura crítica àquela elite perdulária e ostentatória de consumos conspícuos, propiciados por uma concentração de renda e de capacidade produtiva promovidos pelo Estado, em detrimento da coletividade, da commonwealth. Mesmo os liberais consequentes criticavam a situação de então.

Tal obra foi um fortíssimo quadro crítico dessa elite, que reverberou em diversas obras artísticas, como nos filmes de Chaplin, dolorozamente poéticos sobre os paupérrimos “vagabundos” (the tramp) daquela sociedade tão rica e tão desigual. Críticas dessa situação e dessa elite, proliferaram na cultura norte-americana, sendo o personagem do tio Patinhas um icônico exemplo de crítica da cultura Pop a tal situação do capitalismo monopolista desregulamentado de então (pelo menos desregulamentado nos deveres do capital: pois nas proteções ao capital havia sim regulação, com muita proteção).

Toda essa agitação social resultou numa onda de crítica social, que culminará numa primeira onda de maior regulamentação estatal sobre os monopólios nos EUA no governo Woodrow Wilson (1912-1920), e depois desembocará no próprio New Deal de Roosevelt, que criou um capitalismo dito “civilizado”, “moderno”… pois regulamentado. Mas cujas bases regulatórias serão destruídas nas desregulamentações do neoliberalismo, a partir dos 1980, com Ronald Reagan: o que tem regredido o capitalismo central para aquele estado selvagem da Gilded Age, estudado por Thorstein Veblen.

·        Guerra cultural das Big Tech

Esta descrição feita sobre o impacto do trabalho acadêmico de Veblen na luta social do povo estadunidense contra as opressões de seu capitalismo monopolista, serve aqui para mostrar a força dos estudos e das pesquisas para a melhora e a evolução social, econômica e política das sociedades. Pois as dificuldades e armadilhas (jurídicas, conceituais, econômicas…) contra as classes populares são cada dia mais sofisticadas neste mundo digital, o que exige maior estudo e compreensão das forças sociais vitimadas (o Povo) neste processo. Infelizmente, no Brasil é o oposto o que ocorre hoje.

Pois para que tais trabalhos acadêmicos tenham, com o devido tempo, uma tal reverberação receptiva na sociedade, é preciso haver leitura e estudo de uma crescente parcela social. A divulgação mais popularizada, feita em filtros por divulgadores que leram as obras, é um honesto caminho de divulgação acadêmica. No séc. XX nos EUA, rádios locais, e muita imprensa popular, sindical, dispersa pelo país, além de grupos de teatro, fizeram este heroico papel. Que hoje ocorre em sites independentes na internet, mas sobretudo em plataformas divulgadoras que são monopolistas globais (estadunidenses), como o youtube (da Google), na qual os divulgadores independentes postam seus trabalhos, muitos dos quais de excelente qualidade.

Mas isso mostra a submissão generalizada e crescente da sociedade aos monopólios comunicacionais digitais, e que dificulta hoje a popularização da produção intelectual e acadêmica, como foi o ocorrido na descrita crítica social aos desmandos injustos do capitalismo estadunidense do período já aqui apontado. Hoje o quadro do Brasil é desesperador, diante do absurdo das regressões implantadas, tanto sociais (nas regressões dos direitos trabalhistas e previdenciários, enquanto a produtividade só aumenta), quanto dos direitos produtivos: com privatizações, que são a entrega de bens produtivos públicos construídos por gerações, de capital fixo, entregue para o altar de monopólios privados estruturalmente irresponsáveis de qualquer dever social/ecológico/ou tecnológico, dos ramos produtivos que se assenhoram nessas criminosas privatizações.

·        Contexto regressivo

Vivemos hoje no Brasil um processo histórico inverso ao que reverteu a Gilded Age dos endinheirados do capitalismo monopolista nos EUA em direção ao New Deal. Lá então as forças sociais populares conseguiram popularizar ideias e críticas ao capitalismo monopolista, e forçaram uma reforma do capitalismo. Hoje no Brasil, a internet é usada pelas classes populares de forma tiktoquiana: vídeos de no máximo cinco minutos (se muito…), apenas imagens, e tudo visto em plataformas das Big Tech monopólicas… O meio faz a mensagem, e a mensagem é sempre regressiva já na forma: simplista pela brevidade estrutural, e manipulada/direcionada pelos algoritmos das Big Tech sempre em ação…

O fato da internet ser uma biblioteca infinita de textos e imagens, filmes e livros, só ocorre na mente das pessoas que foram educadas sabendo usar uma biblioteca. Quem nunca foi educado a usar uma biblioteca usa a internet como aprendeu a ver TV: indo sempre nos mesmos links (face, whatzap, G1R7, etc…). Logo, usa a internet não de uma forma ativa e interativa, mas da forma passiva/reativa, igual a que sempre fez vendo a TV: a TV foi a escola de deseducação do uso popular da internet.

Dito de outra forma: a absoluta maioria do povo brasileiro está usando a internet da forma mais imbecilizante, mais até do que como usou a TV. A capacidade de leitura das gerações nascidas com o celular na mão é do tempo de um tiktok: não aguentam ler três páginas.

Assim os problemas se avolumam, a realidade se complica, e a capacidade para o estudo e a compreensão da realidade dos jovens regride em direção a um analfabetismo crônico, a uma iletralidade patológica, incapaz de abstrações intelectuais que só são alcançáveis pela alavanca da leitura.

Tais pessoas submersas, e criadas, na digitalidade crônica dos vídeos rápidos não são apenas analfabetos crônicos em livros e textos: são cada vez mais incapazes e indispostos a ver um filme inteiro. Há já um crescente analfabetismo filmográfico despontando nestas novas gerações! Tais pessoas não apenas não leem livro algum, como sequer conseguem ver filmes mais!!! Assim o quadro de analfabetismo crônico é mais sério do que parece! Pois a própria narrativa, a história contata, é cada vez mais insuportável aos que são deseducados com o celular na mão, e o usam sempre na visualidade, com o teto temporal de cinco minutos (se isso!).

Isso nos leva a agoridade crônica dos nossos dias. Eis que se o analfabetismo crônico é um tema cada vez mais problematizado na atualidade por autores como Michel Desmurget, o analfabetismo filmográfico é um conceito que ouso lançar aqui, já o conceito de agoridade é retirado de João Cezar de Castro Rocha, sendo também o resultado regressivo, que já vinha do uso da televisão, feito hoje do uso ultravisualizado, rápido, sem continuidade, dos vídeos em plataformas digitais.

O passado e o futuro não existem nessa forma de uso das plataformas digitais! A construção da linearidade temporal, bem como da construção intelectual cumulativa, é cada vez mais negada e apagada nessa forma de uso da digitalidade: o presente eterno é uma ditadura do esquecimento compulsório num mundo sem história. O fim da história é uma obsessão neoliberal… Obviamente isso tem uma razão: a única saída da ratoeira neoliberal, neofascista, dessa digitalidade distópica, se faz com o estudo sistemático da história.

A crescente dificuldade de concentração e abstração, de treino na compreensão de uma construção narrativa (para não dizer de uma construção dissertativa!), tem gerado pessoas intolerantes e incapazes de ouvir, impacientes e irritadiças, incapazes de ter resiliência para o estudo, a leitura, ou para qualquer retorno prazeroso no longo prazo de dedicação (como é o estudo, a leitura, e cada vez mais até mesmo um filme!).

A agoridade é resultado deste quadro geral de impaciência induzida, preguiça intelectual totalitária, incapacidade de concentração, resultando num analfabetismo crônico: analfabetismo literário, analfabetismo digital, analfabetismo filmográfico.

Essa deseducação crônica crescente, despreparando as pessoas para o estudo, a leitura, a acumulação intelectual, e as associações temporais e causais, geraram uma crescente imbecilização coletiva, numa sociedade cada vez mais infantilizada, regressiva, mas que é confrontada cada vez mais com problemas mais complexos e aflitivos. Mas para lidar com tais problemas de complexidade crescente, a capacidade intelectual média tem rapidamente regredido em nosso Brave New World digital das redes controladas pelos algoritmos das Big Tech. Na Era da AI a maquinaria progride, plagiando nosso trabalho intelectual, e os humanos regridem numa mecanização binária digital.

·        A mediocridade triunfante do boçal Pablo Marçal

Resultado disso? É a vitória do grito contra a política, da canalização histérica de forças frustradas contra qualquer diálogo construtivo. Pois o objetivo dessas forças não é a melhora coletiva, ou a solução de nada, mas a imposição do que for melhor, cegamente, para a valorização do capital monopolista: passar a boiada é sempre o objetivo dessa “nova direita”, sem mesurar nenhum custo coletivo, social ou ecológico.

Podem queimar o Brasil inteiro, pode-se estimular as mortes em pandemias, podem destruir a segurança hídrica (privatização da Sabesp), pode-se destruir estruturas mínimas de segurança alimentar (como no fim dos estoques reguladores com Temer), ou ser destruída a segurança contra enchentes (como as que foram sucateadas em Porto Alegre pelo neoliberalismo: estruturas construídas desde os anos 1940 com Getúlio Vargas, e que não funcionaram por sucateamento programado do neoliberalismo…): todos os custos sociais e ambientais nada mais valem para um capital monopolista cego ao conjunto, não há Commonwealth mais, não há República, aos pilantras defensores desse neoliberalismo regressivo.

O Brasil vive um projeto capitalista inverso ao do New Deal: estamos sob uma “elite” (como ensinou FHC: o Brasil não tem elite. Ele está correto!) que segue sob o delírio neoliberal destruindo qualquer pacto civilizatório construtivo. Por isso o ódio à industrialização: só o agro é pop… (agro financiado tecnologicamente e cientificamente pela estatal Embrapa). Mas a campanha da grande mídia, e dos algoritmos das Big Tech para legitimar tais projetos destrutivos é a estrada da loucura coletiva, da auto-sabotagem celebrada, da imbecilização infantilizante, que encontra no pilantra Pablo Marçal seu representante acabado no momento agora da vez (este momento passará, mas não importa: o projeto de um maluco oportunista de plantão seguirá sendo repaginado).

O ódio à política, a criminalização da política, é um projeto do capital monopolista contra as forças civilizatórias, que já vinha da velha mídia tradicional, mas que é amplificado nos algoritmos das Big Tech: o círculo repetitivo da imbecilização binária para “resolver” todos os problemas (que sempre são cada vez mais complexos) é o esparramado nos grupos de whatzap e canais da extrema direita, alavancada pelos algoritmos escondidos das Big Tech.

Tais “respostas” simplistas e desonestas, seduzem pela simplicidade tosca, e mentirosa, pela ilusão de potência que exalam e “propõe”: botar a rota na rua, escola cívico-militar, “eu vou quebrar sua cara”, “eu me armo”, prédio de 1 km… A maioria das “soluções” são individuais, vendendo uma ilusão de empoderamento personalizado, para pessoas que sempre sofreram tais violências, e estão muito longe de qualquer poder…

Os mais humilhados e sofridos, adultos infantilizados e revoltados, são os que mais caem nessa conversa absurdamente mentirosa, dos Wisard of Oz vigaristas: cujo exemplo mais extremado do momento é o golpista condenado Pablo Marçal. Um Sr que já mente ao exibir o maior símbolo do trabalhismo varguista, a carteira de trabalho, como se a defendesse, sendo que só se alia politicamente aos maiores inimigos de toda a tradição trabalhista do Brasil.

Este Sr. foi condenado em 2010 por participar de uma quadrilha especializada em golpes digitais, mandava pornografia com vírus para roubar dados, acusado de criar sites falsos dos bancos públicos para desviar dinheiro de correntistas (sobretudo idosos): segundo a ação, o grupo enviava cobranças por inadimplência para as vítimas, manipulando mentiras e golpes para roubarem as pessoas, na maioria idosos. O grupo subtraía os dados, mas as instituições financeiras restituíram os correntistas e arcaram com os prejuízos (logo: Pablo Marçal roubou o erário público). Ele foi condenado em 2010 por tais crimes, mas a condenação prescreveu, e ele não cumpriu sua pena. Pablo Marçal nesta ocasião delatou seus comparças de crime à polícia federal.

Pablo Marçal escapou desta prisão por prescrição da pena, mas a pena nuca foi revista ou retirada, segue mais confirmada do que nunca, e a Justiça eleitoral mesmo assim não derruba a legalidade desta candidatura criminosa.

Bandido, quase, confesso, e debochado, sua estratégia nesta eleição é elevar a milésima potência a avacalhação da política, já antecipada pelo candidato padre de festa junina na eleição de 2022: a destruição da política, da fala séria e construtiva é o objetivo do verme Pablo Marçal. Como isso ele ganha visualizações, e monetização na internet (seu negócio…), e a eleição vira uma alavanca monetizada para seu show de horrores da internet, no qual ele lucra alimentando tudo o que há de pior no planeta.

Mas se todo este absurdo em si já não basta para a Justiça Eleitoral cassar tal candidatura, não haveria razão de ter uma Justiça Eleitoral: os partidos sérios precisam fazer uma CPI sobre a inação da Justiça Eleitoral neste caso. Pois os crimes deste Sr parecem não ter fim: a calúnia que ele perpetrou contra Guilherme Boulos, abertamente de má fé, com ele usando um homônimo do Boulos para espalhar mentira contra o candidato do Psol, é uma das provas de que tudo na candidatura do verme Pablo Marçal é de uma canalhice de quinta categoria.

Novamente: a sociedade (e a Justiça) brasileira aceitar o circo de horrores, mentiras, e crimes, dessa candidatura calhorda, será abrir a Caixa de Pandora do colapso político, será a milicianização da política no Brasil. Este ser precisa ter a candidatura cassada, assim como seus direitos políticos. Cassação que, aliás, precisa ocorrer com todos os que participaram do esgoto de 08 de janeiro de 2023: o Brasil precisa esmagar os que enxovalham a Política, e tentam matar o debate público.

Mas e o sucesso de tal pilantra Pablo Marçal, justamente, com tantos dos mais humildes? Como dizia Simone de Beauvoir: a opressão só tem sucesso pelo apoio que encontra nos oprimidos… O problema atual do Brasil é que tal apoio tem alcançado níveis assombrosos: creio que a Sra Beauvoir ficaria chocada com a absurda situação brasileira atual.

É como o escravo descrito por Machado de Assis em Memórias Póstumas, o Prudêncio, que servia de “cavalo” a Brás Cubas, sendo no começo do livro açoitado, e que no final do livro, já alforriado, adquiri ele próprio um escravo, e nele realiza torturas muito piores do ele próprio sofreu no começo: Este é o projeto de sedução aos pobres brasileiros vendido pela extrema direita digitalizada, como é personificado no Pablo Marçal.

O sucesso destes quadros desclassificados na política é o caso deste projeto do estímulo do ódio, do auto-ódio, e da imbecilidade propagada pelas Big Tech desregulamentadas: novamente, só um New deal regulatório da internet pode salvar as democracias. Isso em todo o mundo: não só no Brasil.

Infelizmente, tais pobres de direita se identificam com o funk ostentação de figuras medíocres como Pablo Marçal, sonhando com o consumo conspícuo que os exclui. O Brasil atual precisa de um Thorstein Veblen, para escrever o livro A Teoria das Classes Imaginárias, para tentarmos descrever e entender o absurdo ridículo que tem sido o resultado político, de tantas pessoas, mais conectados com suas ilusões projetadas e onanismos, do que com suas realidades concretas.

 

Fonte: Por Cristiano Addario de Abreu, em A Terra é Redonda