quarta-feira, 5 de julho de 2023

Deputado racista apaga 200 vídeos após TSE condenar Bolsonaro

Em meio ao julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que tornou Jair Bolsonaro (PL) inelegível, o perfil do deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) e outros canais da militância bolsonarista no YouTube retiraram do ar, por conta própria, centenas de vídeos. O movimento foi detectado pela empresa de análise de dados Novelo Data, que faz acompanhamento sistemático de contas de extrema-direita na plataforma. Gayer é alvo de apuração no TSE por ataques às urnas eletrônicas, apresentada pela coligação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no pleito passado e que pode torná-lo inelegível, como no caso de Bolsonaro.

Somente na sexta-feira da semana passada, quando foi concluído o julgamento por ataques ao sistema eleitoral, foram removidos 357 vídeos de canais de aliados do ex-presidente no YouTube. Quase metade desse total foi de conteúdo de Gayer. Se considerados o dia da decisão e a véspera, 29 de junho, o parlamentar escondeu pouco mais de 200 vídeos. Procurado pelo GLOBO para comentar as mudanças em seu perfil no YouTube, Gayer não quis se manifestar.

A medida foi tomada pelos próprios canais e não foi motivada por ação do YouTube, de acordo com a Novelo Data. Nem todos os vídeos removidos por Gayer e pelas demais contas bolsonaristas são sobre o julgamento, mas há conteúdos recentes, postados ao longo da semana passada, que citam o processo analisado pelo TSE ou fazem referências a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), como Alexandre de Moraes. Um dos vídeos do deputado federal, agora fora do ar, chama já no título a decisão da Corte Eleitoral pela inelegibilidade de Bolsonaro de “absurda”. O deputado também removeu um vídeo, publicado na sexta-feira, em que rebate recentes acusações de racismo contra ele.

Além do revés sofrido por Bolsonaro na semana passada, o deputado da tropa de choque do ex-presidente sofre pressão após associar, em entrevista, o fato de democracias “não prosperarem” na África à população não ter o “mínimo de capacidade cognitiva” . A declaração motivou reações em diferentes frentes sob acusação de racismo. O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, enviou pedido de providências a uma série de órgãos, enquanto o advogado-geral da União, Jorge Messias, determinou à Procuradoria-Geral da União o estudo de medidas jurídicas cabíveis. Parlamentares também protocolaram pedidos de cassação de Gayer na Câmara.

Com a “limpeza” no canal, conteúdos políticos perderam espaço entre os vídeos recentes da conta do deputado, que é cotado para disputar a Prefeitura de Goiânia no pleito municipal do ano que vem. Boa parte dos vídeos em destaque agora mostram interações do deputado com sua família.

A estratégia de esconder conteúdos, incluindo aqueles com ataques a tribunais e magistrados, também foi observada na base bolsonarista em outros momentos emblemáticos recentes. Após as eleições do ano passado, em que foi eleito deputado federal, Gayer já havia excluído 1,6 mil vídeos. Desse total, 159 citavam já no título o TSE.

Gayer chegou a ter seu canal desmonetizado durante o segundo turno das eleições por decisão do tribunal eleitoral. Na pandemia, a conta do agora deputado apareceu como a segunda que mais lucrou no YouTube com desinformação sobre a Covid-19 em um relatório do Google enviado à CPI da Covid, no Senado.

Canais bolsonaristas também removeram seus próprios conteúdos após a prisão do ex-deputado Daniel Silveira por ameaças a ministros do STF e em meio a operações da Polícia Federal em casos ligados ao inquérito dos atos antidemocráticos em curso no tribunal.

No dia do julgamento de Bolsonaro no TSE, outro canal que aparece entre os que mais removeram vídeos é o Notícias News N.N, perfil que soma mais 483 mil inscritos e é alinhado ao ex-presidente. A conta retirou do ar 89 conteúdos. Em boa parte deles, cita o Supremo em publicações feitas nos meses entre as eleições do ano passado e os ataques golpistas de 8 de janeiro. Os títulos dos vídeos não trazem, porém, ataques explícitos à Corte e não foi possível recuperar o teor das postagens.

Já o canal Novo Brasil, com 55 vídeos retirados do ar, chega a afirmar no título de um deles, publicado no dia do julgamento no TSE, que um ministro da Corte “surpreende e derruba a inelegibilidade de Bolsonaro”. Em outro vídeo, de março deste ano, a chamada é: “Ministro do STF rasga todas provas e joga no lixo!! Decisão tomada”. Não foi possível recuperar os conteúdos para saber a que magistrado se referem. Um terceiro vídeo removido é intitulado como “formação no TSE abala o Brasil!! Bolsonaro em perigo!!”.

 

Ø  Empresário bolsonarista sobre morte da mãe de Haddad: ‘Deus, leve o filho também’

 

O empresário maranhense Wilkson Araujo afirmou, logo após a morte, no último domingo (2), de Dona Norma Thereza Goussein Haddad, 85 anos, mãe do ministro da Fazenda, Fernando Haddad: ‘Deus, leve o filho também’.

Com a repercussão negativa da frase, que tem um sentido bem óbvio, o cidadão ainda tentou contornar, afirmando que não quis dizer o que realmente disse. “Eu estava expressando o desejo de que o amor e a força do filho possam preencher a ausência deixada e trazer consolo para a família que está de luto”, afirmou.

Ao persistir em sua longa, enfadonha, confusa e mentirosa ginástica mental, Wilkson escreveu ainda: “para ser mais claro, eu estava tentando dizer: ‘Que Deus envie o amor e a força do filho para preencher a ausência e trazer consolo à família.’ Aqui, o ‘filho’ é uma metáfora para o amor e o apoio que existem na família e na comunidade, e a minha esperança é que essa energia possa ajudar a todos a enfrentarem este momento difícil”.

As explicações, é claro, não convenceram ninguém.

>>>> Veja a nota do empresário na íntegra abaixo:

Recentemente, fiz um comentário em um post que pode ter sido mal interpretado e eu gostaria de esclarecer minha intenção. Eu escrevi ‘Deus, leve o filho também’. Reconheço agora que essa frase pode ter soado confusa ou até mesmo ofensiva, e peço sinceras desculpas por isso.

Na verdade, minha intenção ao escrever aquela frase não foi sugerir qualquer coisa negativa. Em vez disso, eu estava expressando o desejo de que o amor e a força do filho possam preencher a ausência deixada e trazer consolo para a família que está de luto.

Para ser mais claro, eu estava tentando dizer: ‘Que Deus envie o amor e a força do filho para preencher a ausência e trazer consolo à família.’ Aqui, o ‘filho’ é uma metáfora para o amor e o apoio que existem na família e na comunidade, e a minha esperança é que essa energia possa ajudar a todos a enfrentarem este momento difícil.

Peço desculpas se causei qualquer mal-entendido com meu comentário anterior. Meus pensamentos e orações estão com todos que estão sofrendo e espero que encontrem conforto e paz neste momento doloroso.

 

       Discurso de ódio nas redes tem 11 causas principais

 

O grupo de trabalho criado pelo Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania para investigar a propagação do discurso de ódio em ambiente digital vai apresentar o relatório final às 14h desta segunda-feira.

A equipe foi liderada pela ex-deputada Manuela D’Ávila e é composta por servidores de instituições de Estado, representantes da pasta e integrantes da sociedade civil, que não foram remunerados para o trabalho.

O relatório define os discursos de ódio e extremismo e mostra como identificá-los, além de elaborar estratégias para combater tais práticas.

As recomendações vão desde a regulamentação das plataformas digitais e da inteligência artificial até medidas educacionais, passando pela judicialização e responsabilização dos financiadores e disseminadores do discurso de ódio.

A pesquisa também elencou 11 grupos, instituições e setores da sociedade que são mais atacados pelo discurso extremista e os tipos de preconceito mais frequentes.

- Misoginia e a violência contra as mulheres;

- Racismo contra pessoas negras e indígenas;

- Ódio e violência contra a população LGBTQIA+;

- Xenofobia e violência contra estrangeiros e nacionais da Região Norte e Nordeste;

- Ódio e violência contra as pessoas e comunidades pobres;

- Intolerância, ódio e violência contra as comunidades e pessoas religiosas e não religiosas;

- Capacitismo e violência contra as pessoas com deficiência;

- Grupos geracionais mais vulneráveis ao contágio do extremismo: jovens e pessoas idosas;

- Atos extremistas contra as escolas, instituições de ensino e docentes e a violência decorrente do discurso de ódio;

- O ódio e a violência extremista contra instituições e profissionais da imprensa e ciência;

- Violência política, neonazismo e atos extremistas contra a democracia.

 

       Ex-assessor de Bolsonaro é punido por gesto racista

 

A Comissão de Ética Pública da Presidência (CEP) decidiu punir o ex-assessor de Bolsonaro Filipe Martins. Ele foi alvo de um procedimento instaurado no colegiado para apurar o gesto racista que teria feito em uma audiência pública no Senado, em maio de 2021.

O ex-assessor de Bolsonaro acompanhava a audiência do então ministro Ernesto Araújo no plenário, quando fez um gesto na lapela do paletó com três dedos em formato um W, de “white”, e o polegar junto ao indicador formando a letra “P”, de power. O sinal é usado por supremacistas para exaltar o “poder branco”.

Os membros da CEP se reuniram nesta quinta-feira e aplicaram uma “censura ética” a Martins, que é uma espécie de advertência que consta no currículo da pessoa e será destacada em análises para preencher cargos públicos.

A mesma punição foi aplicada pela comissão ao ex-ministro da Educação do governo Bolsonaro, Abraham Weintraub. Ele era investigado num procedimento sobre “supostas manifestações públicas indevidas”, deboche da imagem do educador Paulo Freire e proibição de manifestações em instituições de ensino.

Na reunião de quinta-feira, a CEP também instaurou um processo de apuração sobre o ex-ministro e hoje deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ).

A base é uma matéria do jornal “Folha de S.Paulo”. A reportagem trouxe uma gravação na qual o então ministro da Saúde prometeu, a um grupo de intermediadores, comprar 30 milhões de doses da vacina chinesa Coronavac pelo triplo do preço negociado pelo Instituto Butantan. A denúncia apura a prática de improbidade administrativa.

 

Ø  Policial pai de aluno agride, aponta arma e ameaça professor no Paraná que repreendeu gesto nazista

 

O pai de um aluno do Colégio Franciscano Nossa Senhora do Carmo (Confracarmo), em Guaíra, no Paraná, agrediu, ameaçou e apontou uma arma para o professor Gabriel Barbosa Rossi, que leciona História na instituição. O crime foi registrado na última sexta-feira (30). 

O agressor foi até a porta da escola em uma viatura policial, se identificou como delegado da Polícia Federal e procurou pelo professor. Quando Gabriel se apresentou, foi agredido pelo homem, que estava armado, com um "mata leão", além de ameaçado. 

“Esse pai chegou na porta da escola perguntando se ele era o professor Gabriel […] meu filho se virou com a mão estendida para cumprimentar, e o pai agarrou o braço dele e começou com as agressões. Deu um mata-leão, asfixiou, deu voz de prisão. Em seguida colocou uma arma na testa dele”, relatou a mãe do professor ao site Pragmatismo Político. 

Segundo relatos de outros estudantes e funcionários da escola, o agressor estaria irritado pelo fato do professor Gabriel ter repreendido seu filho após ele fazer declarações preconceituosas em sala de aula. O mesmo estudante já teria, em outra ocasião, feito um gesto nazista

Em nota, o Colégio Franciscano Nossa Senhora do Carmo informou que "lamenta profundamente o episódio violento" e que "tal agressão é inadmissível". 

<<<<< Confira a íntegra da nota

·         "NOTA DE REPÚDIO A TODA E QUALQUER VIOLÊNCIA

O Colégio Franciscano Nossa Senhora do Carmo lamenta profundamente o episódio violento ocorrido nesta sexta-feira (30/06), contra um de nossos professores, em frente ao Colégio. Tal agressão é inadmissível, acima de tudo, em uma instituição de ensino, a quem cabe o mais importante dever social, que é o de educar as crianças e os jovens, preparando-os para o exercício da cidadania.

Somos uma Escola Franciscana da rede SCALIFRA-ZN que defende os princípios e valores da Paz e do Bem. E em sua ação pedagógica busca promover o diálogo entre a família e a escola, ferramenta fundamental, na parceria de educar, pois educamos principalmente pelo exemplo e nas atitudes de amor e respeito. Somos, também, signatárias da cultura da paz, do diálogo, da correção com amor e compreensão, a exemplo de São Francisco de Assis.

Desta forma, expressamos nosso total repúdio a todo o tipo de manifestação de violência, e todas as formas de agressão, intolerância e ódio. E conclamamos as famílias a ressignificar a arte do diálogo com seus filhos, nossos alunos e com os professores destes. Sempre há novos caminhos a descobrir, para um jeito franciscano de educar para o desenvolvimento do ser humano: mais humano.

Reiteramos nosso apoio ao professor agredido e vale ressaltar que nada justifica uma agressão, seja física, moral ou verbal, e será sempre um ato repudiável, independentemente das razões que possam levar alguém a cometer tal atitude.

Equipe Diretiva e Pedagógica"

·         Flávio Dino comenta

Através das redes sociais, o ministro da Justiça, Flávio Dino, informou que tomou conhecimento da agressão e que a Polícia Federal investigará o caso, já que o pai do aluno se apresentou como delegado da instituição. 

"Sobre a denúncia veiculada pelo Professor Gabriel Barbosa Rossi, no Paraná, informo que já houve o registro formal e as apurações administrativas serão procedidas na Polícia Federal, visando ao esclarecimento dos fatos e cumprimento da lei", escreveu Dino. 

 

Fonte: O Globo/Fórum/Veja

 

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