quarta-feira, 5 de julho de 2023

Depressão na infância e adolescência: veja quais os sinais de alerta

A depressão é uma doença crônica que acomete o lado emocional do indivíduo, tendo como principais características uma profunda tristeza e o sentimento de desilusão. Devido à falta de informação sobre o tema, a tendência geral é acreditar que se trata de uma condição ligada exclusivamente à fase adulta. Porém, o problema pode acometer também crianças e adolescentes.

É o que mostra levantamento do Instituto de Psiquiatria (IPq) da Universidade de São Paulo (USP) realizado durante a pandemia. Segundo a pesquisa, 36% dos jovens brasileiros desenvolveram quadros de depressão (e ansiedade) durante o período mais agudo do fenômeno mundial.

·         Depressão na infância

A Dra. Tamirez Cruz, médica especializada em saúde mental, com foco em ansiedade e depressão, explica que a depressão durante a infância apresenta alguns desafios relacionados ao diagnóstico. Isso porque seus sintomas podem se confundir facilmente com birras e mau humor, que são extremamente comuns nessa fase da vida. 

Conforme Tamires, é a intensidade, a duração, a frequência e a alteração dos hábitos da criança que dão indícios mais claros de que a criança está deprimida ou não. "Para um correto diagnóstico de depressão é essencial que os sintomas estejam presentes pelo menos nas duas últimas semanas e que representem uma alteração considerável no dia a dia da criança", afirma.

Segundo a médica, são sintomas comuns da depressão infantil a irritabilidade e a agitação motora. Esses sinais também são associadas ao transtorno de hiperatividade e, por isso, podem levar a um diagnóstico errôneo. Além desses, há tristeza, cansaço, insônia, perda ou ganho de peso e dores de cabeça e abdominais. 

"Alterações comportamentais como medo de dormir sozinha, falta de vontade de ir à escola e redução do rendimento escolar também são indicativos de que a criança pode ter desenvolvido um quadro depressivo", diz.

·         Como acolher a criança com depressão

Para evitar que a depressão prejudique a criança, interferindo em seu desenvolvimento psicológico e social, a Dra. Tamires ressalta a importância do auxílio médico no início da doença, além do tratamento adequado ao longo dela. 

Tamires também reforça também o papel-chave dos pais no processo de cura da depressão de seus filhos. "O distúrbio pode ocorrer como consequência de relações desestruturadas entre os pais, cobranças exageradas e a falta de tempo para convivência. Por isso, reforço positivo (presença de uma recompensa) sempre é indicado na educação das crianças", afirma.

Além disso, é essencial que os pais mantenham um canal de comunicação aberto com as crianças, evitando dar ordens a elas sobre o que fazer. Também é preciso sempre escutá-las com atenção, pois assim descobrirão com mais facilidade as causas do problema.

·         Depressão na adolescência

Com relação aos adolescentes, a médica explica que podem a patologia pode surgir de fatores como: exposição à violência doméstica, emocional ou sexual; bullying; abandono; e contato com substâncias psicoativas. Além disso, segundo a Dra. Tamires, as redes sociais são, na atualidade, um agravante para o desenvolvimento do distúrbio nessa fase da vida. 

A médica ressalta que, ao mesmo tempo que as redes podem encurtar distâncias, promover a interação social e o acolhimento, elas propiciam o envolvimento com pessoas nocivas, que não relutam em tecer comentários pejorativos relacionados à aparência dos jovens, por exemplo. Estes, por não terem uma estrutura emocional ainda sedimentada, viram alvo fácil para que a tristeza profunda e  a depressão se instalem.

Não à toa, afirma a médica, os principais sintomas da depressão na adolescência estão relacionados ao convívio social. Com isso, os jovens costumam isolar-se e evitar a interação com pais ou amigos. 

Claro, ressalta Tamires, tais atitudes nem sempre denotam um quadro depressivo, por isso cabe aos pais identificar quando esse comportamento é resultado de sofrimento que pode resultar em prejuízo social e emocional ao jovem. "Para ajudar nessa missão, é de grande valia ter uma pessoa próxima ao adolescente que possa alertar a família caso perceba que ele está diferente", orienta.

·         Como ajudar os adolescentes nessa situação

Identificado o problema, os pais devem se manter abertos ao diálogo a fim de ajudar seus filhos adolescentes a saírem da situação em que se encontram. De acordo com a especialista, a conversa é um dos melhores caminhos também para evitar que os jovens desenvolvam um quadro depressivo. A médica ressalta ainda a importância dos relacionamentos positivos com a família e pessoas próximas no tratamento da depressão.

Os jovens, obviamente, não podem prescindir de ajuda profissional na luta contra a depressão. Terapias e o uso de antidepressivos receitados por médicos psiquiatras são  os tratamentos que geralmente são aplicados nesses casos. Segundo Tamires, são pontos positivos também na tarefa de prevenir ou combater a depressão o suporte escolar, a alimentação saudável e a prática de atividade física. "É necessário ainda que todas as pessoas mais próximas se envolvam, deem carinho, apoio e atenção ao adolescente", conclui.

 

Ø  Aperto de mão fraco pode indicar depressão, afirma estudo

 

Cientistas da Faculdade de Medicina da Universidade Yonsei, na Coreia do Sul, sugerem que um simples aperto de mão tem muito a dizer sobre uma pessoa, inclusive sobre sua saúde mental. O estudo sul-coreano apontou que uma pegada fraca pode ser um sinal precoce de depressão. Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores avaliaram 51 mil adultos de seis países, todos tinham mais de 45 anos.

·         Como foi feito o estudo

A equipe responsável pela pesquisa mediu a força de pegada dos voluntários com um dinamômetro. Mais tarde, eles compararam os resultados com uma avaliação de saúde mental. Os respondentes deveriam avaliar afirmações como: "Estou incomodado com coisas que geralmente não me preocupam" e "Senti que tudo o que fiz foi um esforço em vão", por exemplo.

As pessoas que tinham menos forças nas mãos apresentaram até três vezes mais chances de concordar com afirmações negativas, comportamento que já está associado à depressão. "A avaliação oportuna da força de preensão manual pode ajudar na detecção precoce do risco de depressão entre adultos de meia-idade e idosos", sugerem os autores do trabalho.

Os pesquisadores não definiram um motivo específico para a relação entre a depressão e a fraqueza das mãos. No entanto, eles sugerem que a pegada fraca pode estar associada à carência de atividades físicas, que também costuma se relacionar à deterioração do bem-estar mental. Os autores destacam que, embora o método possa contribuir para o diagnóstico, não substitui uma avaliação psicológica adequada.

·         Sintomas de depressão

A prevalência de depressão ao longo da vida no Brasil está em torno de 15,5%, aponta o Ministério da Saúde. Ainda de acordo com a pasta, os sinais indicativos de depressão são:

  • Humor depressivo: sensação de tristeza, autodesvalorização e sentimento de culpa. Acreditam que perderam, de forma irreversível, a capacidade de sentir prazer ou alegria. Tudo parece vazio, o mundo é visto sem cores, sem matizes de alegria. Muitos se mostram mais apáticos do que tristes, referindo "sentimento de falta de sentimento". Julgam-se um peso para os familiares e amigos, invocam a morte como forma de alívio para si e familiares. Fazem avaliação negativa acerca de si mesmo, do mundo e do futuro. Percebem as dificuldades como intransponíveis, tendo o desejo de pôr fim a um estado penoso. Além disso, os pensamentos suicidas variam desde o desejo de estar morto até planos detalhados de se matar. Esses pensamentos devem ser sistematicamente investigados;
  • Retardo motor, falta de energia, preguiça ou cansaço excessivo, lentificação do pensamento, falta de concentração, queixas de falta de memória, de vontade e de iniciativa;
  • Insônia ou sonolência: A insônia geralmente é intermediária ou terminal. A sonolência está mais associada à depressão chamada Atípica;
  • Apetite: geralmente diminuído, podendo ocorrer em algumas formas de depressão aumento do apetite, com maior interesse por carboidratos e doces;
  • Redução do interesse sexual;
  • Dores e sintomas físicos difusos como mal estar, cansaço, queixas digestivas, dor no peito, taquicardia, sudorese.

 

Fonte: Saúde em Dia

 

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