quarta-feira, 26 de julho de 2023

Bolsonaros começam a se defender sem ninguém os acusarem de nada

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) lembrou da relação que teve com a ex-vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL), assassinada em 2018, na última sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, no dia 11. A declaração aconteceu após parlamentares petistas perguntarem quem a teria matado durante o depoimento de Mauro Cesar Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo Flávio, houve, naquela sessão, uma “tentativa de lacrar” usando o nome dela.

“Até Marielle tentam criar algum vínculo com (Jair) Bolsonaro, no depoimento do senhor”, afirmou Flávio. “Fui a diversos debates com ela. Mostrava o seu ponto de vista, eu mostrava o ponto de vista oposto, acabava o debate, e não tinha nenhuma ameaça um para o outro, não tinha desrespeito nenhum com o outro, não tinha ameaça de familiar de um com o do outro.”

Durante a mesma fala, Flávio disse que a associação de Bolsonaro com as milícias é feita porque a família defende os policiais. “Falam tanto ‘Bolsonaro miliciano’ Não é esse rótulo, é porque nós sempre defendemos os policiais. E vou continuar defendendo, até o fim da minha vida, aqueles policiais que dão a vida pela nossa segurança. Esses, sim, colocam a vida em risco, porque eles não conhecem. A gente tem que valorizar”, disse.

No fim do discurso, o senador pediu que disse que a própria Marielle teria reprovado a lembrança dela naquela sessão. “Pessoas que sequer conheceram a Marielle, subindo aqui no seu caixão, para fazer política, para tentar lacrar”, concluiu.

Foi o senador Rogério Carvalho (PT-SE) que mencionou o nome de Marielle na sessão. Falando ao ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o parlamentar lembrou de uma contrapartida que o advogado e militar da reserva, Ailton Gonçalves Moraes Barros, preso preventivamente na operação da Polícia Federal que investiga um possível esquema de fraudes em dados de vacinação da covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde, pediu.

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Ao garantir um cartão físico de vacinação para a mulher de Cid, que teria sido fraudado: que o aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro intermediasse encontro cujo tema seria o assassinato da ex-vereadora Marielle.

A ideia era um encontro com o cônsul dos Estados Unidos para resolver problema relacionado a seu visto – ligado ao envolvimento do nome do ex-parlamentar com o caso Marielle. “Eu sei dessa história da Marielle toda, irmão, sei quem mandou. Sei a porra toda. Entendeu? Está de bucha nessa parada aí”.

“Então, o senhor sabia, o senhor sabe, o entorno do Presidente Bolsonaro sabe quem matou Marielle? O Ailton Barros sabe quem matou Marielle? Ele falou para o senhor quem matou Marielle?”, questionou Rogério Carvalho a Cid, que permaneceu calado durante toda a sessão da CPMI.

 

       Gleisi insinua que Bolsonaro barrava investigação do caso Marielle

 

A presidente nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann, associou a saída de Jair Bolsonaro da Presidência ao avanço das investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em março de 2018. Nesta segunda-feira, a Polícia Federal prendeu o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel, suspeito de ocultar provas do crime.

“Muito bom o avanço da Polícia Federal nas investigações sobre o assassinato de Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes. Só foi Bolsonaro sair da Presidência pro inquérito andar. Agora é chegar no mandante”, escreveu Gleisi.

Delação de motorista do assassinato de Marielle põe inquérito na mira de mandantes, diz Flávio Dino

O assassinato de Marielle e Gomes ocorreu em 2018, quando o carro em que ambos estavam foi alvejado por tiros na região central do Rio, após deixarem um evento do PSOL. Uma assessora sobreviveu ao atentado. Dois ex-policiais estão presos – Ronnie Lessa, PM reformado apontado como executor, e Élcio Queiroz, que seria o motorista do carro que perseguiu o veículo de Marielle e Anderson Gomes.

Como mostrou o Estadão, na campanha presidencial de 2022, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, insinuou que Bolsonaro tem proximidade de milicianos e afirmou que “gente dele não tem pudor em ter matado a Marielle”.

De acordo com o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, Maxwell teria participado de ações de vigilância e acompanhamento de Marielle, dando “apoio logístico de integração” com os demais investigados.

O chefe da corporação diz que o ex-bombeiro teve “papel importante” no caso, tanto “antes como depois”. Agentes ainda vasculham sete endereços no Rio de Janeiro e na região metropolitana da capital fluminense.

Maxwell já havia sido preso por suposto envolvimento com a morte de Marielle e Anderson. Em 2020, foi detido sob acusação de tentar obstruir as apurações. No ano seguinte, condenado em razão das mesmas imputações. O ex-bombeiro teria ajudado a ocultar as armas de um dos acusados dos assassinatos da vereadora e do motorista.

Mais cedo, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, contou que falou com o ministro da Justiça, Flávio Dino, que pediu a entrada da Polícia Federal na investigação, e com Andrei Rodrigues, diretor-geral da PF.

“Falei agora por telefone com o ministro Flávio Dino e diretor geral da Polícia Federal sobre as novidades do caso Marielle e Anderson. Reafirmo minha confiança na condução da investigação pela PF e repito a pergunta que faço há 5 anos: quem mandou matar Marielle e por quê?”, questionou Anielle.

 

       Dino garante que mandante da morte de Marielle será preso

 

O ministro da Justiça, Flávio Dino, criticou nesta segunda-feira (24) o que chamou de “ideia de minimização” e “desqualificação” dos avanços anunciados na investigação do assassinato da então vereadora carioca Marielle Franco. Dino também negou eventual “interferência política” por parte do governo Lula na condução do caso.

Mais cedo, nesta segunda, Dino anunciou acordo de delação premiada com Élcio de Queiroz, preso preventivamente e réu por envolvimento no assassinato de Marielle e de seu motorista, Anderson Gomes.

Na delação, Élcio confessou envolvimento no atentado, confirmou participação do policial militar reformado Ronnie Lessa e indicou a participação do ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel, no crime.

A declaração e provas obtidas no inquérito embasaram operação desta segunda da Polícia Federal e do Ministério Público do Rio que prendeu Suel, já condenado por tentar atrapalhar as investigações.

Sem mencionar nomes, o ministro afirmou que, ao longo desta segunda, houve uma tentativa de reduzir os “passos dados” na apuração do crime.

“Houve hoje, infelizmente, uma ideia de minimização do passo dado. Houve uma tentativa de desqualificação do passo dado. Inclusive, por pessoas que se omitiram durante anos – por medo, por conveniência, por conivência – e que agora tentam desqualificar o que foi feito”, disse, em entrevista ao J10, da GloboNews.

O ministro classificou o avanço das investigações como “muito importante”. De acordo com ele, a apuração é uma prioridade da Polícia Federal e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Friso que essa investigação é uma prioridade do presidente Lula. É uma determinação do presidente Lula. Pela Marielle, pelos fatores políticos no sentido específico, mas, sobretudo, por essa compreensão que ela é uma investigação que tem um sentido mais amplo, mais largo”, afirmou.

Embora tenha sinalizado a apuração como “prioridade”, Flávio Dino negou que haja interferência política na condução do caso.

Segundo ele, a equipe responsável pela apuração na PF tem “independência técnica”.

“Ninguém vai fazer pirotecnia, ninguém vai fazer espetáculo, ninguém vai inventar provas”, disse.

“Friso: não são trabalhadas politicamente. Não há interferência política em conteúdo de investigação. Eu sequer conheço os delegados da investigação, mas há uma determinação – que me cabe hierarquicamente falando à luz do artigo 87 da Constituição – que essa investigação é prioridade. A Polícia Federal cumpriu essa determinação, os delegados têm independência técnica e estão apurando as provas”, acrescentou.

Em 2023, o atentado a Anderson e Marielle completou 5 anos. Inicialmente, a investigação foi conduzida por instituições do Rio de Janeiro. Em fevereiro deste ano, no entanto, o caso passou a contar com colaboração da PF.

No período anterior à colaboração da Polícia Federal, a Polícia Civil e o MP do Rio concluíram a primeira fase do inquérito.

A investigação fluminense prendeu e levou ao banco de réus o policial militar reformado Ronnie Lessa — acusado de ter feito os disparos — e o ex-PM Élcio de Queiroz — que estaria dirigindo o Cobalt prata que perseguiu as vítimas.

Até esta segunda, ambos negavam participação no crime. Em delação premiada, no entanto, Élcio admitiu ter participado da execução.

Amigos, Ronnie e Élcio estão presos em penitenciárias federais de segurança máxima e serão julgados pelo Tribunal do Júri. O julgamento ainda não tem data marcada.

Inicialmente, ao ser questionado a respeito da demora na investigação do Rio, Dino não fazer avaliações. Ele agradeceu ao trabalho realizado pelas instituições nos últimos anos, mas afirmou que o “Tribunal da História vai apreciar o papel de cada um”.

“Eu não devo – não posso e não devo – fazer julgamentos sobre outras instituições. Pelo contrário, agradeço a todos, todos, rigorosamente todos, da esfera estadual e federal que até hoje atuaram nesse caso. Evidentemente, o ‘Tribunal da História’ vai apreciar o papel de cada um”, disse.

Pouco depois, ainda na entrevista, o ministro indicou, porém, que “não quiseram buscar” provas e indícios do crime nos últimos anos.

“É claro que essas provas e esses indícios, que estão hoje postos [pela PF], há cinco anos atrás eram muito mais densos. E não quiseram buscar”, afirmou.

Flávio Dino declarou, no entanto, que não está “na agenda do momento” procedimentos para apurar a condução do caso. Segundo ele, “talvez” não seja possível avançar com essa investigação.

“É algo que será uma outra perspectiva de investigação, que não está na agenda do momento. Talvez, até juridicamente, não seja possível essa investigação. Mas é uma pergunta historicamente válida porque ela é reveladora do ontem, do hoje e do amanhã.”

“Quando uma investigação avança, nós estamos também dando uma mensagem contra a impunidade. Portanto, também uma função preventiva”, completou.

Segundo Dino, não há, porém, “competição entre as instituições”.

O ministro da Justiça afirmou que a delação premiada firmada com Élcio possibilitará o avanço da investigação. Dino comparou o avanço à abertura de “avenidas” no inquérito.

Flávio Dino disse que, com essa nova fase, há “todas as condições” para que seja esclarecido o mandante do assassinato de Marielle Franco.

“O fato de termos a certeza de que alguém mandou já é um passo fundamental em relação ao que tinha antes. Não é uma certeza intuitiva, é uma certeza que emerge de provas concretas dos autos”, disse.

Questionado se havia um prazo para a conclusão das investigações, Dino disse ter fé de que o “tempo está próximo”.

“Eu tenho muita fé. Fé em Deus e na ciência. Lastreado em ambas dimensões da fé, eu posso afirmar a você que o tempo está próximo. Se são dias, semanas ou meses, saberemos todos juntos. Não há da minha parte nenhuma previsão objetiva a ser transmitida. Mas nós temos hoje indicações que estão sendo trabalhadas tecnicamente.”

 

       Mandante do caso Marielle enriqueceu assassinos

 

O ex-PM Elcio Queiroz, que confessou participação no assassinato da vereadora Marielle Franco, disse em sua delação premiada que não sabe quem encomendou o crime. Ainda assim, é considerado uma testemunha-chave para desvendar não só o mandante como também o motivo.

De acordo com pessoas a par das próximas etapas da investigação, nos depoimentos à Polícia Federal que continuam sob sigilo , Elcio deu uma série de informações sobre com quem o atirador, o também ex-PM Ronnie Lessa, se reuniu, conversou e fez negócios no período em que estava planejando o homicídio.

Esses dados estão sendo checados e cruzados com outros já disponíveis, como os registros financeiros dos investigados e o envolvimento deles em outros crimes.

O ex-sargento do Corpo de Bombeiros Maxwell Simões Correa, o Suel, preso na operação desta segunda-feira e apontado por Elcio como cúmplice do assassinato, também está sendo alvo de um pente-fino por parte da PF.

Queiroz contou à Polícia Federal que dirigiu o carro a partir do qual Lessa deu os tiros de metralhadora que mataram Marielle e seu motorista, Anderson Gomes, em 14 de março de 2018. Suel, por sua vez, teria atuado no descarte e no desmanche do carro, que nunca mais foi encontrado. A placa foi picotada e os pedaços, jogados em uma linha férrea.

De acordo com Elcio tanto Lessa quanto Suel passaram a exibir boas condições financeiras depois do crime. Ele mesmo teria recebido uma ajuda financeira de R$ 5 mil mensais do ex-bombeiro durante meses, depois da prisão.

O ex-PM detalhou como funcionavam os negócios da milícia que Lessa e Suel mantinham na região de Rocha Miranda, na zona norte do Rio.

Também relatou que, embora Lessa sempre tenha dito não ter recebido nada para matar Marielle, o crescimento no patrimônio do parceiro teria feito ele desconfiar dessa versão.

Elcio afirmou que Ronnie tinha uma Range Rover Evoque, uma Dodge Ram blindada e uma lancha. Além disso, custeava duas casas e ainda fazia manutenção em um terreno em Angra dos Reis.

Na transcrição do depoimento do delator que se tornou público hoje, fica evidente que a PF estava buscando informações específicas sobre promessas de negócios feitas a Lessa e Suel e sobre pessoas ligadas à milícia de Rocha Miranda. Integrantes do grupo do bicheiro Cesar Andrade também são mencionados no relato.

Ainda não se sabe o resultado dos cruzamentos das informações fornecidas pelo delator ou o que trouxeram as buscas realizadas nesta segunda-feira (24), mas no núcleo da investigação é dado como certo que elas levarão a PF a desvendar completamente quem matou Marielle e Anderson e o por quê.

 

       Delator do caso Marielle recebe proteção policial

 

O ex-policial militar Élcio de Queiroz será transferido de presídio após romper o silêncio sobre o caso Marielle Franco e decidir fazer uma delação premiada à Polícia Federal (PF) e ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ).

Além disso, a família de Élcio ganhará proteção. Agora, ele passará para um presídio não divulgado, mas de esfera estadual, de acordo com informações do portal g1.

>> O que Élcio de Queiroz revelou em sua delação:

# Ronnie Lessa foi o executor de Marielle Franco, em 2018;

# Ronnie Lessa tentou matar Marielle Franco em 2017;

# A placa do carro utilizado no crime foi trocada e, a antiga, jogada fora;

# O aplicativo de mensagens Confide foi o escolhido para o crime;

# O ex-policial militar Edimilson Oliveira da Silva (“Macalé”), executado em 2021, quem intermediou o diálogo entre mandantes e executores;

# O ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, preso na última segunda-feira (24/7), quem pagava a defesa dos envolvidos.

Com os novos desdobramentos, a investigação sobre o caso Marielle Franco avança para descobrir quem foram os mandantes e qual o motivo da execução.

Élcio de Queiroz foi o responsável por dirigir o carro, um Cobalt prata, utilizado no dia da execução da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 14 março de 2018.

Ele está preso desde 2019, na mesma época em que o ex-policial reformado e autor dos disparos que mataram a vereadora, Ronnie Lessa, também foi encarcerado.

 

Fonte: Agencia Estado/O Globo/Metrópoles

 

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