sábado, 1 de abril de 2023

Jeferson Miola: Recusa do foro privilegiado é truque de Moro para se safar de condenação no STF

Por trás do anúncio de Sérgio Moro de renunciar ao foro privilegiado se esconde a estratégia de defesa para se safar de condenação na Suprema Corte.

O STF manja Sérgio Moro. O ex-juiz foi declarado suspeito pelo STF, o que praticamente equivale a uma sentença de morte na carreira de um juiz. É o reconhecimento de que é absolutamente inadequado para o cargo de juiz, pois é alguém que manipula e corrompe o sistema de justiça.

O STF sabe, e muito bem, tudo o que Moro fez nos verões passados, quando chefiava a gangue de Curitiba e, junto com policiais federais, procuradores e conivência da mídia hegemônica, promoveu o maior esquema de corrupção mundial da história, como a imprensa internacional já classificou.

No STF, portanto, Moro não teria escapatória.

Com a apresentação de provas idôneas por Tacla Duran sobre o esquema de extorsão operado pelo advogado Carlos Zucolotto Júnior – ex-sócio de Rosângela Moro no escritório de advocacia, amigo e padrinho do casal –, Moro dificilmente conseguiria se safar de uma condenação no STF.

Moro sabe perfeitamente que suas chances de escapar de condenação na primeira e segunda instância do judiciário são consideravelmente maiores. Tanto devido ao perfil ideológico de juízes e magistrados, de direita e ultradireita, muitos lavajatistas; como, também, devido à possibilidade de lançar mão de uma infinidade de chicanas processuais.

Por isso Moro foge do foro privilegiado e aproveita para fazer sua demagogia.

A demagogia do gesto dele, porém, é neutralizada pela extravagante condição imposta, de escolher a unidade judiciária onde o escândalo deve tramitar e, também, o juiz – ou, preferencialmente, a juíza Gabriela Hardt – que deveria julgá-lo.

No entanto, o plano demagógico do Moro para escapar do STF, onde ele é super manjado, pode não dar certo. O jurista Walter Maierovitch explica que “Como político, ele [Moro] pode dizer várias besteiras, inclusive essa. Como ex-juiz e bacharel em Direito, ele não pode dizer isso. Não é o acusado quem escolhe o foro, que é determinado pela lei processual e pela Constituição […], que estabelece competências e o foro onde se deve tramitar”.

 

       Moro usa MPF paranense para tentar calar Tacla Duran

 

O Ministério Público Federal do Paraná solicitou a anulação do depoimento do advogado Rodrigo Tacla Duran, que fez acusações de extorsão durante a Operação Lava Jato contra o ex-juiz Sérgio Moro e o ex-promotor Deltan Dallagnol. O que aconteceu? O pedido sustenta que houve omissão do juiz Eduardo Appio, da 13ª Vara Federal de Curitiba. A anulação foi solicitada pelo procurador Walter José Mathias Júnior, que acompanhou o depoimento;

O procurador cita que o MPF requereu o sigilo do ato. O motivo foi a presença de fatos sobre parlamentares com foro privilegiado; Júnior também alega que a decisão do STF anularia o depoimento. O ministro Ricardo Lewadowski determinou no dia 13 de março a suspensão de duas ações contra Tacla Duran. O procurador argumenta que o depoimento serviria para ajustar as medidas cautelares que substituiriam a prisão preventiva do advogado; O MPF-PR também solicitou que a 13ª Vara Federal de Curitiba reconsidere o pedido de sigilo; Tacla Duran pediu a extensão da decisão do STF. O advogado quer incluir petição de Moro que sugere que o juiz Eduardo Appio não deve decidir sobre casos envolvendo a Operação Lava Jato antes da decisão do pedido de suspeição do MPF.

 

       "Armação de Moro": STF arquiva pedidos de Nikolas Ferreira e Marinho para investigar Lula

 

A tentativa da oposição de polemizar a declaração de Lula, de que a operação autorizada pela juiza Gabriela Hardt contra o PCC seria mais uma "armação" de Sergio Moro (União-PR), foi enterrada definitivamente pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Moraes determinou o arquivamento de duas notícias-crime apresentadas por bolsonaristas - o senador Rogério Marinho (PL-RN) e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) - que pediam abertura de investigação contra Lula.

Em ambos os casos, Moraes determinou o "arquivamento imediato em razão da ausência de indícios mínimos da ocorrência de ilícito penal".

A ação apresentada por Ferreira pedia investigação de Lula por incitação ao crime. Já Marinho acusava Lula de "atentar contra as instituições republicanas".

Na semana passada, um dia após a realização de uma operação contra um grupo suspeito de planejar ataques contra Moro e outras autoridades, Lula declarou que era “visível que é uma armação do Moro”, apesar de admitir que não tinha provas.

Ao STF, Rogério Marinho pediu que o presidente seja incluído no chamado inquérito das fake news, acusando-o de “atentar contra as instituições republicanas”. Nikolas, por sua vez, apontou que Lula teria cometido incitação ao crime.

 

       Evangélicos se unem a Moro contra Lula

 

O embate entre Lula (PT) e Sergio Moro (União Brasil-PR) ao longo da última semana representou mais um episódio de repercussão negativa para o presidente no setor cristão, em especial o evangélico. De acordo com levantamento da Casa Galiléia, organização que promove iniciativas para a comunidade católica e evangélica, Lula ter considerado uma “armação” o plano de uma facção criminosa para atacar o senador foi o principal tópico discutido entre expoentes religiosos nas redes sociais, no período.

Mais uma vez, o presidente se distanciou do setor com o qual enfrenta dificuldades desde a posse a campanha eleitoral. Os dados consideram um universo de 2.459 posts e 424 vídeos espalhados por 378 páginas, canais e perfis entre 20 e 26 de março.

A repercussão negativa foi alavancada por parlamentares cristãos, como Nikolas Ferreira, Pastor Marco Feliciano e Magno Malta que fizeram publicações com associações falsas entre Lula e a facção criminosa.

“O grande especialista Felipe Neto não vai se pronunciar sobre o vínculo de e-mail “Lula Livre” com celular de criminosos do PCC? Nem sobre o integrante do PCC ter o mesmo advogado do filho do Lula? Vem cá, defender seu presidente, foquinha”, provocou Nikolas Ferreira em tuíte que obteve mais de um milhão de impressões.

Entre as lideranças religiosas, o pastor e cantor gospel Rafael Bitencourt foi quem mais se destacou. O influenciador publicou um vídeo em que avalia o governo Lula como fracassado. Sem provas, o líder evangélico afirma que cargos foram vendidos e que os eleitores estão arrependidos de terem votado no petista, sugerindo um pedido de impeachment. Ao comentar a fala do presidente sobre o ex-juiz federal, o youtuber afirmou haver ligações históricas entre o grupo criminoso e o PT e disse, sem provas, que Lula estaria envolvido no plano de homicídio contra Moro. A gravação teve mais de 53 mil visualizações no Youtube.

O episódio representa mais um impasse entre o petista e o segmaneto. De acordo com a última Pesquisa Ipec, eleitores evangélicos confiam menos no presidente. Nesse grupo, que corresponde a mais de um quarto da população, são 31% os que avaliam a gestão petista como boa ou ótima, 32% os que a veem como regular, e 32% os que a classificam como ruim ou péssima.

A falta de acenos por parte do Planalto têm impedido que o outro lado se desarme. A Igreja Universal manteve nos últimos meses publicações críticas a Lula e ao Partido dos Trabalhadores, como num texto divulgado em dezembro pela Folha Universal: “Lula não é novidade. O PT não é novidade. Já conhecemos seu modo de governar, que quebrou o Brasil e foi responsável pelo maior escândalo de corrupção já visto neste país. Não existe razão para pensar que algo seria diferente desta vez. Se temos que esperar alguma coisa para o próximo mandato de Lula, é que o PT se manterá fiel à sua natureza e será ainda mais PT”.

Outro ponto levantado pelos pesquisadores da Casa Galiléia é o protagonismo assumido pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro na bolha cristã nas redes. Entre as lideranças políticas, a mulher de Bolsonaro é a que teve maior expressividade em interações no período analisado, deixando para trás nomes caros da base da extrema-direita, como Nikolas Ferreira (PL-MG), Damares Alves (Republicanos-DF), Magno Malta (PL-ES) e Sóstenes Cavalcante (PL-RJ)

O grande número de menções nesta semana se justifica pela posse de Michelle na presidência do PL Mulher, que ocorreu no último dia 21. Temas que circundaram a ex-primeira-dama, como escândalo das joia poe exemplo, não foram mencionados.

 

       CNJ intima juíza teleguiadoa por Moro

 

O Corregedor-Nacional de Justiça, ministro Luis Felipe Salomão, deu quinze dias para que a juíza da 13ª Vara Federal de Curitiba, Gabriela Hardt, responda a uma reclamação sobre a sua atuação em processos da Lava-Jato.

A reclamação foi protocolada por Márcio Lobão, filho do ex-ministro de Lula e Dilma Rousseff Edison Lobão, e acusa a juíza de cometer abuso de autoridade na condução de processos originados pelas operações Galeria e Vernissage, que investigaram suspeitas de lavagem de dinheiro de esquemas de corrupção na Transpetro e em Belo Monte. Pai e filho foram citados por um delator como supostos beneficiários.

O filho do ex-senador alega na reclamação que a juíza deu decisões nos processos mesmo depois de o TRF-4 e o STF terem declarado a incompetência da vara de Curitiba para julgar os casos. Ele acusa ainda a magistrada de ter mantido o bloqueio de bens seus e de parentes por tempo maior do que o decidido em instâncias superiores.

Márcio alega ainda que obras de arte de sua propriedade apreendidas pela operação Lava-Jato foram exploradas comercialmente sem a sua autorização pelo Museu Oscar Niemeyer e que teve que arcar com os custos de transporte para que os itens voltassem para a sua casa.

O ministro Salomão registrou em decisão desta quinta-feira que é “salutar” que os fatos sejam apurados e pediu esclarecimentos. Ele reconheceu, contudo, que há uma “linha tênue que separa os atos simplesmente jurisdicionais dos que detêm relevância correcional”. “

Ante o exposto, com fundamento no art. 67, §3º, do Regimento Interno do Conselho Nacional de Justiça, notifique-se a magistrada GABRIELA HARDT para que, no prazo de 15 (quinze) dias, preste informações acerca dos fatos narrados”, determinou Salomão.

 

Fonte: Brasil 247/UOL/Fórum/O Globo/Veja

 

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