Trump
impõe tarifas sobre produtos brasileiros
O
presidente Donald Trump anunciou nesta quarta-feira (2/4) que os Estados Unidos
irão introduzir "tarifas recíprocas" aos países que fazem comércio
com os americanos.
"Isso
quer dizer que, o que fazem conosco, faremos como eles", disse Trump.
Donald Trump, disse que o país
cobrará 10% de todas as importações feitas do Brasil.
O
republicano detalhou, ainda, as demais tarifas recíprocas que serão cobradas
dos países que cobram taxas de produtos norte-americanos importados. Segundo
Trump, as tarifas recíprocas serão metade das alíquotas cobradas por outros
países. Além disso, os EUA imporão uma alíquota mínima de 10% aos seus
parceiros comerciais.
"Os
números são tão desproporcionais, são tão injustos. Ao mesmo tempo,
estabeleceremos uma tarifa mínima de 10%. [...] Isso será para ajudar a
reconstruir nossa economia e prevenir fraudes", afirmou. "As nações
estrangeiras finalmente serão convidadas a pagar pelo privilégio de acesso ao
nosso mercado, o maior mercado do mundo."
Ainda
não está claro como isso será aplicado na gama de bens brasileiros exportados
aos EUA.
Entre
os principais produtos exportados pelo Brasil aos Estados Unidos em 2024 estão
petróleo, ferro e aço, aeronaves, café, carne bovina e açúcar, conforme
levantamento da XP Investimentos, com base em dados do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
Além do
Brasil, o republicano também deu exemplos das taxas que os EUA cobrarão de
outras nações O presidente também estipulou uma "tarifa mínima base",
de 10%, para todos os países do mundo.
Mas,
para alguns países, como China e Vietnã, Trump anunciou que irá cobrar
"aproximadamente metade" do que eles cobram dos EUA.
"As
tarifas não serão totalmente recíprocas. Eu poderia ter feito isso, sim, mas
teria sido difícil para muitos países", disse Trump.
"A
partir de amanhã, os Estados Unidos implementarão tarifas recíprocas em outras
nações. [...] Vamos calcular a taxa combinada de todas as suas tarifas,
barreiras não monetárias e outras formas de trapaça [...] e vamos cobrar deles
aproximadamente metade do que eles têm nos cobrado", afirmou Trump.
"As
tarifas não serão totalmente recíprocas. Eu poderia ter feito isso, sim, mas
seria difícil para muitos países. E não queríamos fazer isso", completou.
O
presidente norte-americano ainda disse que, caso os países não queiram ser
taxados, que levem suas fábricas para a indústria norte-americana.
"Tarifas
dão ao nosso país proteção contra aqueles que nos fariam mal econômico. [...]
Mas, ainda mais importante, elas nos darão crescimento", afirmou Trump.
·
Entenda o "tarifaço" de Trump
Chamada
pelo republicano de "Dia da Libertação", esta quarta-feira (2) marca
o início de um conjunto de
tarifas —
que, segundo Trump, libertarão os EUA de produtos estrangeiros.
"Este
é um dos dias mais importantes, na minha opinião, na história americana. É
nossa Declaração de independência econômica", afirmou o presidente
norte-americano.
Na
última semana, o presidente norte-americano chegou a afirmar que as tarifas devem incluir todos os países, mas disse que as
taxas podem ser mais suaves do que se espera e que está disposto a fazer
acordos.
Além
das tarifas recíprocas, outras taxas já anunciadas por Trump também passaram a
valer nesta quarta-feira (2), como a cobrança de 25% sobre carros
importados pelos
EUA e as taxas de 25% sobre as exportações feitas ao país e que não se
enquadrem no USMCA (acordo comercial que existe entre os três países), por
exemplo.
O
presidente também confirmou o início da cobrança de uma tarifa de 25% sobre todos os
carros estrangeiros,
uma taxa que deve afetar principalmente o México.
As
incertezas sobre como essas taxas devem funcionar e quais os impactos podem ter
nas economias do mundo têm impactado o mercado financeiro nas últimas semanas e
causado uma série de reações de diferentes países.
No
Brasil, o Senado Federal aprovou, na véspera,
em regime de urgência, um projeto que cria mecanismos e autoriza o governo a
retaliar países ou blocos que imponham barreiras comerciais a produtos
brasileiros.
O
projeto recebeu apoio amplo do Congresso e do governo, e veio após Trump citar
o Brasil como exemplo de um país que deve ser taxado.
·
'Dia da libertação nacional'
Trump
repetiu que esta quarta é "Dia da Libertação da América" e afirmou
que as tarifas visam corrigir o que considera um comércio "injusto"
com outros países — um argumento apoiado por algumas indústrias dos EUA.
Estavam
na Casa Branca durante o anúncio trabalhadores da indústria siderúrgica e
automotiva.
O
presidente disse no anúncio que nações "ficaram ricas às custas" dos
EUA, por cobrarem mais taxas do que os americanos cobram deles
"Por
décadas, nosso país tem sido roubado e explorado por outros países, próximos e
distantes, amigos e inimigos", declarou Trump, elencando efeitos nas
indústrias de carro e siderúrgica.
"Roubaram
nossos empregos", disse Trump, prometendo que as vagas de trabalho
voltaram ao país.
Segundo
ele, outros líderes protegem suas economias impondo tarifas elevadas sobre
importações dos EUA, e agora os EUA farão o mesmo.
"Nossos
pagadores de impostos foram enganados por anos. Mas isso vai acabar. Em alguns
momentos, assinarei uma ordem executiva histórica, instituindo tarifas
recíprocas em países ao redor do mundo. Isso significa que eles fazem isso
conosco, e nós fazemos isso com eles", disse Trump em coletiva nesta
quarta-feira.
"Este
é um dos dias mais importantes, na minha opinião, na história americana. É
nossa Declaração de independência econômica", completou o presidente
norte-americano.
"Precisamos
começar a cuidar do nosso país agora", declarou.
Enquanto
defende sua visão de uma economia americana revitalizada por meio das tarifas,
Trump descreve um cenário em que fábricas "vazias e mortas" e
"prédios caindo aos pedaços" serão substituídos por novas instalações
industriais.
Trump
já havia anunciado o aumento de impostos sobre importações da China,
Canadá e México,
além de tarifas sobre aço e alumínio — que tiveram impacto na indústria brasileira.
Na
última semana, o presidente norte-americano chegou a afirmar que as tarifas devem incluir todos os países, mas disse que as
taxas podem ser mais suaves do que se espera e que está disposto a fazer
acordos.
Além
das tarifas recíprocas, outras taxas já anunciadas por Trump também passaram a
valer nesta quarta-feira (2), como a cobrança de 25% sobre carros
importados pelos
EUA e as taxas de 25% sobre as exportações feitas ao país e que não se
enquadrem no USMCA (acordo comercial que existe entre os três países), por
exemplo.
As
incertezas sobre como essas taxas devem funcionar e quais os impactos podem ter
nas economias do mundo têm impactado o mercado financeiro nas últimas semanas e
causado uma série de reações de diferentes países.
No
Brasil, o Senado Federal aprovou, na véspera,
em regime de urgência, um projeto que cria mecanismos e autoriza o governo a
retaliar países ou blocos que imponham barreiras comerciais a produtos
brasileiros.
O
projeto recebeu apoio amplo do Congresso e do governo, e veio após Trump citar
o Brasil como exemplo de um país que deve ser taxado.
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'Trump está cercado por terraplanistas econômicos'
O
governo Lula tem encontrado dificuldades para negociar com a gestão Donald Trump às vésperas da nova taxação de produtos
importados. O intuito do governo brasileiro é diminuir o impacto das novas
medidas que devem ser anunciadas pelo governo
americano nesta quarta-feira (2).
Fontes
do Itamaraty, da Secretaria de Comunicação (Secom) e da assessoria
internacional do Planalto relataram que as decisões sobre tarifas estão sendo
tomadas de maneira altamente centralizada dentro da Casa Branca. Segundo essa
avaliação, Donald Trump e seu entorno imediato definem os rumos sem grande
interferência de seus próprios auxiliares, como o representante comercial,
Jamieson Greer, e o secretário de Comércio, Howard Lutnick.
A
percepção no Itamaraty é de que os diplomatas brasileiros estão praticamente
"no escuro" sobre as decisões que serão anunciadas, dada a falta de
espaço para um diálogo estruturado. Essa centralização excessiva torna as
negociações ainda mais complexas, já que a leitura é de que os
interlocutores americanos têm pouco ou nenhum poder de decisão, até porque
qualquer posição que eles venham a tomar pode ser desautorizada por Trump.
"Trump
está cercado por terraplanistas econômicos. Não há técnico ou ministro que o
convença de nada", resume um diplomata brasileiro. "Ninguém sabe o
que vai acontecer, nem mesmo Wall Street. Trump age como um caudilho
latino-americano dos anos 60".
No
Itamaraty, a leitura sobre Lutnick é de que ele é totalmente submisso a Trump,
o que prejudica qualquer avanço nas tratativas com o Departamento de Comércio.
Já sobre Jamieson Greer, a avaliação é um pouco mais positiva.
Nos
últimos dias, o chanceler Mauro Vieira tentou um contato com o Escritório do
Representante de Comércio dos EUA (USTR), mas a conversa não ocorreu.
O
embaixador Mauricio Lyrio, secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do
Itamaraty, esteve em Washington em busca de avanços, reunindo-se com
representantes do Departamento de Comércio, do USTR, com empresários na Câmara
de Comércio, com o sherpa americano do G20 e com parlamentares republicanos.
O
governo brasileiro tem reforçado um argumento-chave nas negociações: "O
Brasil não é um problema para os Estados Unidos". Lyrio levou números que
mostram que os EUA têm com o Brasil o terceiro maior superávit comercial
considerando bens e serviços. Diplomatas têm citado um ditado americano para
ilustrar a posição do Brasil: "If it ain’t broke, don’t fix
it", o mesmo que "se não está quebrado, não conserte".
Um
ponto de atrito, no entanto, é a queixa americana sobre o protecionismo
brasileiro no setor de etanol. O governo brasileiro entende que as
pressões vêm de lobbies de produtores de etanol de milho no Meio-Oeste
americano, região que compõe a base eleitoral de Trump.
Internamente,
o governo Lula considera que um fator positivo nas negociações é o projeto de lei da reciprocidade, que cria um marco
legal para lidar com a questão tarifária e dá mais peso ao Brasil na mesa de
negociação. Desde o início da crise comercial, o Planalto vinha defendendo o
envolvimento do Congresso, algo que a diplomacia brasileira já apontava como
estratégia desde o primeiro anúncio de tarifas por Trump.
O
governo entende que é preciso ter medidas de reciprocidade preparadas como uma
carta na manga, mas também que ainda haverá um tempo de negociação antes que
qualquer tarifa entre em vigor. "As portas ainda estão abertas",
avalia um auxiliar de Lula, reforçando que não há um prazo definido para
encerrar as negociações.
¨
Musk deixará governo Trump nas próximas semanas, diz site
O
presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse ao seu círculo íntimo, incluindo
membros de seu gabinete, que Elon Musk deixará o governo nas próximas semanas,
segundo o site americano "Político".
De
acordo com o site, três fontes disseram que Trump e Musk tomaram a decisão em
consenso. Afirmaram ainda que o presidente está satisfeito com o trabalho do bilionário como seu
conselheiro e líder do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE).
Pouco
depois da publicação do artigo, a Casa Branca comentou o assunto e afirmou
apenas que Musk se afastará do serviço público quando seu trabalho no DOGE
estiver concluído.
Um alto
funcionário do governo disse que Musk provavelmente manterá um papel informal
como conselheiro e continuará a aparecer frequentemente nos arredores da Casa
Branca.
Outro
afirmou que Musk não vai desaparecer completamente da órbita de Trump.
A
transição, disseram as fontes do site, provavelmente corresponderá ao fim do
tempo de Musk como um “funcionário especial do governo”, um status
especial que o isenta temporariamente de algumas regras éticas e de conflito de
interesses, que dura 130 dias - até o fim de maio ou início de junho.
O
anúncio teria sido feito durante uma reunião de gabinete em que Musk estava no
dia 24 de março.
“Elon,
quero agradecer a você. Sei que você passou por muita coisa”, disse Trump ao
bilionário, em frente a repórteres após a reunião, mencionando ameaças de morte
e a onda de vandalismo direcionado aos carros construídos pela Tesla antes de
chamá-lo de “patriota” e “amigo meu”.
Ambos
já haviam dado sinais de uma possível saída do empresário. Na quinta-feira
passada, em entrevista à Fox News, ao ser questionado se ele estaria pronto
para sair quando seu status especial de funcionário do governo expirasse, Musk
essencialmente declarou missão cumprida:
"Acho
que teremos realizado a maior parte do trabalho necessário para reduzir o
déficit em US$ 1 trilhão dentro desse prazo".
Na
noite desta segunda (31), Trump disse aos repórteres: “Em algum momento Elon
vai querer voltar para sua empresa”. E acrescentou: “Ele quer. Eu o manteria
enquanto pudesse mantê-lo".
A
possível retirada de Musk do governo Trump ocorre em um momento em que alguns
de seus membros e muitos aliados externos estão frustrados com a
imprevisibilidade do bilionário e, cada vez mais, o veem como um fardo político.
Ela
também não significa necessariamente o fim da DOGE. O mandato da equipe de
corte de custos expira em 4 de julho de 2026, sob uma ordem executiva assinada
por Trump em 20 de janeiro.
Após o
artigo ir ao ar, as ações da Tesla, empresa de carros elétricos de Elon Musk,
subiram na bolsa de Nova York. Por volta das 13h06 de Brasília, elas eram
negociadas em alta de 3,91%, a US$ 278,95 - R$ 1.587,72.
Fonte:
BBC News Brasil/g1
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