quinta-feira, 3 de abril de 2025

Trump impõe tarifas sobre produtos brasileiros

O presidente Donald Trump anunciou nesta quarta-feira (2/4) que os Estados Unidos irão introduzir "tarifas recíprocas" aos países que fazem comércio com os americanos.

"Isso quer dizer que, o que fazem conosco, faremos como eles", disse Trump.

Donald Trump, disse que o país cobrará 10% de todas as importações feitas do Brasil.

O republicano detalhou, ainda, as demais tarifas recíprocas que serão cobradas dos países que cobram taxas de produtos norte-americanos importados. Segundo Trump, as tarifas recíprocas serão metade das alíquotas cobradas por outros países. Além disso, os EUA imporão uma alíquota mínima de 10% aos seus parceiros comerciais.

"Os números são tão desproporcionais, são tão injustos. Ao mesmo tempo, estabeleceremos uma tarifa mínima de 10%. [...] Isso será para ajudar a reconstruir nossa economia e prevenir fraudes", afirmou. "As nações estrangeiras finalmente serão convidadas a pagar pelo privilégio de acesso ao nosso mercado, o maior mercado do mundo."

Ainda não está claro como isso será aplicado na gama de bens brasileiros exportados aos EUA.

Entre os principais produtos exportados pelo Brasil aos Estados Unidos em 2024 estão petróleo, ferro e aço, aeronaves, café, carne bovina e açúcar, conforme levantamento da XP Investimentos, com base em dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

Além do Brasil, o republicano também deu exemplos das taxas que os EUA cobrarão de outras nações O presidente também estipulou uma "tarifa mínima base", de 10%, para todos os países do mundo.

Mas, para alguns países, como China e Vietnã, Trump anunciou que irá cobrar "aproximadamente metade" do que eles cobram dos EUA.

"As tarifas não serão totalmente recíprocas. Eu poderia ter feito isso, sim, mas teria sido difícil para muitos países", disse Trump.

"A partir de amanhã, os Estados Unidos implementarão tarifas recíprocas em outras nações. [...] Vamos calcular a taxa combinada de todas as suas tarifas, barreiras não monetárias e outras formas de trapaça [...] e vamos cobrar deles aproximadamente metade do que eles têm nos cobrado", afirmou Trump.

"As tarifas não serão totalmente recíprocas. Eu poderia ter feito isso, sim, mas seria difícil para muitos países. E não queríamos fazer isso", completou.

O presidente norte-americano ainda disse que, caso os países não queiram ser taxados, que levem suas fábricas para a indústria norte-americana.

"Tarifas dão ao nosso país proteção contra aqueles que nos fariam mal econômico. [...] Mas, ainda mais importante, elas nos darão crescimento", afirmou Trump.

·        Entenda o "tarifaço" de Trump

Chamada pelo republicano de "Dia da Libertação", esta quarta-feira (2) marca o início de um conjunto de tarifas — que, segundo Trump, libertarão os EUA de produtos estrangeiros.

"Este é um dos dias mais importantes, na minha opinião, na história americana. É nossa Declaração de independência econômica", afirmou o presidente norte-americano.

Na última semana, o presidente norte-americano chegou a afirmar que as tarifas devem incluir todos os países, mas disse que as taxas podem ser mais suaves do que se espera e que está disposto a fazer acordos.

Além das tarifas recíprocas, outras taxas já anunciadas por Trump também passaram a valer nesta quarta-feira (2), como a cobrança de 25% sobre carros importados pelos EUA e as taxas de 25% sobre as exportações feitas ao país e que não se enquadrem no USMCA (acordo comercial que existe entre os três países), por exemplo.

O presidente também confirmou o início da cobrança de uma tarifa de 25% sobre todos os carros estrangeiros, uma taxa que deve afetar principalmente o México.

As incertezas sobre como essas taxas devem funcionar e quais os impactos podem ter nas economias do mundo têm impactado o mercado financeiro nas últimas semanas e causado uma série de reações de diferentes países.

No Brasil, o Senado Federal aprovou, na véspera, em regime de urgência, um projeto que cria mecanismos e autoriza o governo a retaliar países ou blocos que imponham barreiras comerciais a produtos brasileiros.

O projeto recebeu apoio amplo do Congresso e do governo, e veio após Trump citar o Brasil como exemplo de um país que deve ser taxado.

·        'Dia da libertação nacional'

Trump repetiu que esta quarta é "Dia da Libertação da América" e afirmou que as tarifas visam corrigir o que considera um comércio "injusto" com outros países — um argumento apoiado por algumas indústrias dos EUA.

Estavam na Casa Branca durante o anúncio trabalhadores da indústria siderúrgica e automotiva.

O presidente disse no anúncio que nações "ficaram ricas às custas" dos EUA, por cobrarem mais taxas do que os americanos cobram deles

"Por décadas, nosso país tem sido roubado e explorado por outros países, próximos e distantes, amigos e inimigos", declarou Trump, elencando efeitos nas indústrias de carro e siderúrgica.

"Roubaram nossos empregos", disse Trump, prometendo que as vagas de trabalho voltaram ao país.

Segundo ele, outros líderes protegem suas economias impondo tarifas elevadas sobre importações dos EUA, e agora os EUA farão o mesmo.

"Nossos pagadores de impostos foram enganados por anos. Mas isso vai acabar. Em alguns momentos, assinarei uma ordem executiva histórica, instituindo tarifas recíprocas em países ao redor do mundo. Isso significa que eles fazem isso conosco, e nós fazemos isso com eles", disse Trump em coletiva nesta quarta-feira.

"Este é um dos dias mais importantes, na minha opinião, na história americana. É nossa Declaração de independência econômica", completou o presidente norte-americano.

"Precisamos começar a cuidar do nosso país agora", declarou.

Enquanto defende sua visão de uma economia americana revitalizada por meio das tarifas, Trump descreve um cenário em que fábricas "vazias e mortas" e "prédios caindo aos pedaços" serão substituídos por novas instalações industriais.

Trump já havia anunciado o aumento de impostos sobre importações da China, Canadá e México, além de tarifas sobre aço e alumínio — que tiveram impacto na indústria brasileira.

Na última semana, o presidente norte-americano chegou a afirmar que as tarifas devem incluir todos os países, mas disse que as taxas podem ser mais suaves do que se espera e que está disposto a fazer acordos.

Além das tarifas recíprocas, outras taxas já anunciadas por Trump também passaram a valer nesta quarta-feira (2), como a cobrança de 25% sobre carros importados pelos EUA e as taxas de 25% sobre as exportações feitas ao país e que não se enquadrem no USMCA (acordo comercial que existe entre os três países), por exemplo.

As incertezas sobre como essas taxas devem funcionar e quais os impactos podem ter nas economias do mundo têm impactado o mercado financeiro nas últimas semanas e causado uma série de reações de diferentes países.

No Brasil, o Senado Federal aprovou, na véspera, em regime de urgência, um projeto que cria mecanismos e autoriza o governo a retaliar países ou blocos que imponham barreiras comerciais a produtos brasileiros.

O projeto recebeu apoio amplo do Congresso e do governo, e veio após Trump citar o Brasil como exemplo de um país que deve ser taxado.

¨      'Trump está cercado por terraplanistas econômicos'

O governo Lula tem encontrado dificuldades para negociar com a gestão Donald Trump às vésperas da nova taxação de produtos importados. O intuito do governo brasileiro é diminuir o impacto das novas medidas que devem ser anunciadas pelo governo americano nesta quarta-feira (2).

Fontes do Itamaraty, da Secretaria de Comunicação (Secom) e da assessoria internacional do Planalto relataram que as decisões sobre tarifas estão sendo tomadas de maneira altamente centralizada dentro da Casa Branca. Segundo essa avaliação, Donald Trump e seu entorno imediato definem os rumos sem grande interferência de seus próprios auxiliares, como o representante comercial, Jamieson Greer, e o secretário de Comércio, Howard Lutnick.

A percepção no Itamaraty é de que os diplomatas brasileiros estão praticamente "no escuro" sobre as decisões que serão anunciadas, dada a falta de espaço para um diálogo estruturado. Essa centralização excessiva torna as negociações ainda mais complexas, já que a leitura é de que os interlocutores americanos têm pouco ou nenhum poder de decisão, até porque qualquer posição que eles venham a tomar pode ser desautorizada por Trump.

"Trump está cercado por terraplanistas econômicos. Não há técnico ou ministro que o convença de nada", resume um diplomata brasileiro. "Ninguém sabe o que vai acontecer, nem mesmo Wall Street. Trump age como um caudilho latino-americano dos anos 60".

No Itamaraty, a leitura sobre Lutnick é de que ele é totalmente submisso a Trump, o que prejudica qualquer avanço nas tratativas com o Departamento de Comércio. Já sobre Jamieson Greer, a avaliação é um pouco mais positiva.

Nos últimos dias, o chanceler Mauro Vieira tentou um contato com o Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR), mas a conversa não ocorreu.

O embaixador Mauricio Lyrio, secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty, esteve em Washington em busca de avanços, reunindo-se com representantes do Departamento de Comércio, do USTR, com empresários na Câmara de Comércio, com o sherpa americano do G20 e com parlamentares republicanos.

O governo brasileiro tem reforçado um argumento-chave nas negociações: "O Brasil não é um problema para os Estados Unidos". Lyrio levou números que mostram que os EUA têm com o Brasil o terceiro maior superávit comercial considerando bens e serviços. Diplomatas têm citado um ditado americano para ilustrar a posição do Brasil: "If it ain’t broke, don’t fix it", o mesmo que "se não está quebrado, não conserte".

Um ponto de atrito, no entanto, é a queixa americana sobre o protecionismo brasileiro no setor de etanol. O governo brasileiro entende que as pressões vêm de lobbies de produtores de etanol de milho no Meio-Oeste americano, região que compõe a base eleitoral de Trump.

Internamente, o governo Lula considera que um fator positivo nas negociações é o projeto de lei da reciprocidade, que cria um marco legal para lidar com a questão tarifária e dá mais peso ao Brasil na mesa de negociação. Desde o início da crise comercial, o Planalto vinha defendendo o envolvimento do Congresso, algo que a diplomacia brasileira já apontava como estratégia desde o primeiro anúncio de tarifas por Trump.

O governo entende que é preciso ter medidas de reciprocidade preparadas como uma carta na manga, mas também que ainda haverá um tempo de negociação antes que qualquer tarifa entre em vigor. "As portas ainda estão abertas", avalia um auxiliar de Lula, reforçando que não há um prazo definido para encerrar as negociações.

¨      Musk deixará governo Trump nas próximas semanas, diz site

O presidente dos Estados UnidosDonald Trump, disse ao seu círculo íntimo, incluindo membros de seu gabinete, que Elon Musk deixará o governo nas próximas semanas, segundo o site americano "Político".

De acordo com o site, três fontes disseram que Trump e Musk tomaram a decisão em consenso. Afirmaram ainda que o presidente está satisfeito com o trabalho do bilionário como seu conselheiro e líder do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE).

Pouco depois da publicação do artigo, a Casa Branca comentou o assunto e afirmou apenas que Musk se afastará do serviço público quando seu trabalho no DOGE estiver concluído.

Um alto funcionário do governo disse que Musk provavelmente manterá um papel informal como conselheiro e continuará a aparecer frequentemente nos arredores da Casa Branca.

Outro afirmou que Musk não vai desaparecer completamente da órbita de Trump.

A transição, disseram as fontes do site, provavelmente corresponderá ao fim do tempo de Musk como um “funcionário especial do governo”, um status especial que o isenta temporariamente de algumas regras éticas e de conflito de interesses, que dura 130 dias - até o fim de maio ou início de junho.

O anúncio teria sido feito durante uma reunião de gabinete em que Musk estava no dia 24 de março.

“Elon, quero agradecer a você. Sei que você passou por muita coisa”, disse Trump ao bilionário, em frente a repórteres após a reunião, mencionando ameaças de morte e a onda de vandalismo direcionado aos carros construídos pela Tesla antes de chamá-lo de “patriota” e “amigo meu”.

Ambos já haviam dado sinais de uma possível saída do empresário. Na quinta-feira passada, em entrevista à Fox News, ao ser questionado se ele estaria pronto para sair quando seu status especial de funcionário do governo expirasse, Musk essencialmente declarou missão cumprida:

"Acho que teremos realizado a maior parte do trabalho necessário para reduzir o déficit em US$ 1 trilhão dentro desse prazo".

Na noite desta segunda (31), Trump disse aos repórteres: “Em algum momento Elon vai querer voltar para sua empresa”. E acrescentou: “Ele quer. Eu o manteria enquanto pudesse mantê-lo".

A possível retirada de Musk do governo Trump ocorre em um momento em que alguns de seus membros e muitos aliados externos estão frustrados com a imprevisibilidade do bilionário e, cada vez mais, o veem como um fardo político.

Ela também não significa necessariamente o fim da DOGE. O mandato da equipe de corte de custos expira em 4 de julho de 2026, sob uma ordem executiva assinada por Trump em 20 de janeiro.

Após o artigo ir ao ar, as ações da Tesla, empresa de carros elétricos de Elon Musk, subiram na bolsa de Nova York. Por volta das 13h06 de Brasília, elas eram negociadas em alta de 3,91%, a US$ 278,95 - R$ 1.587,72.

 

Fonte: BBC News Brasil/g1

 

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