Tarifaço EUA: Analistas temem colapso
financeiro semelhante à 1987
Analistas
de mercado mundiais receiam que esta semana se repita o crash da “Black Monday”
de 1987, quando os mercados sofreram perdas acentuadas três dias antes do
colapso financeiro nos Estados Unidos.
Os
riscos ocorrem porque após anunciar uma nova rodada de tarifaço contra as
importações, os EUA sentiu logo nas primeiras horas a reação financeira, com
grandes perdas em Wall Street e as expectativas de temor dos acionistas
norte-americanos.
Conforme mostramosi, os mercados globais
abriram esta segunda-feira com uma liquidação de perdas drásticas nas bolsas:
os fundos S&P 500 caíram 1,8%, Dow Jones sofreu queda de 2,3%, Nasdaq
Composite caiu 2,1%, e a Ásia com perdas singnificativas: Nikkei 225 do Japão
despencou 7,8%, Hang Seul de Hong Kong caiu 13,2%, a pior queda desde 1997, e
Taiex de Taiwan recuou 9,7%, a maior queda já registrada.
O
mercado europeu também refletiu a tendência dramática, com DAX da Alemanha e
CAC 40 da França perdendo 5,8%, e o FTSE 100 da Grã-Bretanha caindo 6% nesta
segunda-feira (07). Para fechar, o Bitcoin caiu 10% nas últimas 24 horas, sendo
negociado a menos de US$ 74,700, o menor preço há 5 meses.
Em entrevista à CNBC, o analista de
mercado e apresentador da emissora Jim Cramer chegou a afirmar que esta semana
poderia ser uma repetição da “Black Monday” de 1987, o que foi o “crash de
1987” dos Estados Unidos, o maior pânico das bolsas americanas da história,
quando o Dow Jones chegou a cair 22,6%.
Em
contextos similares ao que estamos presenciando hoje, naquele ano, as bolsas
asiáticas começaram a tombar em uma segunda-feira, espalhando-se rapidamente
pelos demais mercados mundiais.
Desde
sexta-feira (04), os analistas norte-americanos vêm apresentando as semelhanças
do episódio dramático, com o declínio dos mercados financeiros em três dias
antes do colapso. Antes dos resultados desta manhã, as expectativas dos
boletins – como a Polymarket – era de 60% de
chances de os EUA entrarem em recessão em 2025.
Diante
dos temores, aumentaram as pressões de analistas do mercado apelando para
Donald Trump recuar dos aumentos das tarifas.
“O
risco de não fazer isso é que o aumento maciço da incerteza leve a economia a
uma recessão, potencialmente grave”, escreveu o investidor bilionário Bill
Ackman, em suas redes sociais, compartilhando o alerta de Cramer.
O risco
da recessão também foi confirmado pelo JPMorgan, que afirmou que as novas
tarifas de Trump podem aumentar 1,5% à inflação. “Só esse impacto pode levar a
economia perigosamente perto de cair em recessão”, afirmaram os analistas.
¨ Bill Ackman detona
políticas tarifárias de Trump e alerta para danos econômicos
O
bilionário Bill Ackman, fundador e CEO do Pershing Square Capital Management,
expressou preocupações sobre a postura agressiva do presidente dos Estados
Unidos, Donald Trump, na guerra comercial, alertando para os danos que essa
abordagem pode causar à economia e à reputação internacional do país.
As
declarações foram feitas em uma publicação na rede social X (antigo Twitter),
conforme noticiado pela Reuters nesta segunda-feira, 7.
Ackman
defendeu uma pausa nas disputas tarifárias, propondo uma trégua de 90 dias para
que fossem buscadas soluções por meio de negociações.
“Ao
presidente é dada uma oportunidade de anunciar uma pausa de 90 dias”, escreveu
Ackman, sugerindo que esse intervalo seria crucial para evitar danos maiores.
Segundo
ele, a manutenção do curso atual das tarifas pode resultar em sérios prejuízos
para a economia dos EUA e afetar sua imagem no cenário global.
Em um
tom enfático, Ackman alertou sobre os impactos potenciais de uma escalada das
tensões comerciais, afirmando que uma “guerra econômica nuclear” com todos os
países do mundo teria consequências desastrosas.
“Se,
por outro lado… lançarmos uma guerra econômica nuclear contra todos os países
do mundo, os investimentos empresariais vão parar, os consumidores vão fechar
suas carteiras e danificaremos severamente nossa reputação com o resto do mundo
— o que levará anos ou até décadas para ser reparado”, afirmou o investidor.
Embora
tenha sido um apoiador de Trump durante sua campanha presidencial, Ackman agora
se une a um número crescente de líderes empresariais que expressam preocupações
sobre os rumos da política externa e econômica dos Estados Unidos sob a atual
administração.
O setor
empresarial tem demonstrado crescente apreensão sobre os efeitos da guerra
tarifária em curso, com temores de que ela possa desacelerar o crescimento
econômico e comprometer a estabilidade dos mercados financeiros globais.
As
declarações de Ackman acontecem em um momento de tensão crescente entre
Washington e seus parceiros comerciais, especialmente a China.
As
relações comerciais entre os dois países têm se deteriorado, com a imposição de
tarifas mútuas e uma escalada das disputas comerciais, enquanto Trump continua
a defender sua estratégia econômica agressiva.
A
expectativa é de que os desdobramentos dessa estratégia devam moldar as
políticas econômicas e comerciais do segundo mandato de Trump, com repercussões
para os mercados globais.
Ackman,
conhecido por seu perfil de investidor ativo e influente, tem utilizado sua
plataforma para alertar sobre os riscos associados às políticas de Trump,
principalmente no que diz respeito à guerra comercial.
Sua
posição reflete a crescente inquietação entre investidores e empresários sobre
os impactos negativos que a continuidade da guerra tarifária pode causar, tanto
para os Estados Unidos quanto para a economia global.
Enquanto
isso, o governo de Trump segue enfrentando críticas sobre a eficácia de suas
políticas comerciais, com analistas e líderes empresariais cada vez mais
preocupados com as possíveis consequências de uma escalada nas tensões
comerciais internacionais.
O
futuro da política tarifária dos Estados Unidos permanece em aberto, com a
possibilidade de novas negociações ou o aprofundamento das disputas, dependendo
da postura adotada pelo presidente e seus aliados no Congresso.
Em um
cenário global em que as economias estão interconectadas, os riscos de uma
guerra comercial prolongada são amplamente reconhecidos. O apelo de Ackman por
uma abordagem mais cautelosa e focada em negociações reflete uma preocupação
crescente com os efeitos de longo prazo da política econômica de Trump, tanto
para os Estados Unidos quanto para seus parceiros comerciais.
¨ Risco de recessão
global ganha força com tarifaço americano
A derrocada dos mercados financeiros
globais se
manteve pelo terceiro dia nesta segunda-feira (07/04) em reação às tarifas impostas pelo presidente dos
EUA, Donald Trump, à maioria dos parceiros comerciais do país.
A perspectiva de uma guerra comercial generalizada tende a provocar uma recessão global, com impactos
previstos no crescimento, inflação e desemprego de diversos países.
Novas
quedas de ações na Ásia, Europa e EUA no início desta semana foram
impulsionadas pela recusa de Trump de rever a medida. "Às vezes, é preciso
tomar remédios para consertar alguma coisa", disse Trump a repórteres na
noite deste domingo.
A
expectativa é de que as novas tarifas resultem em maiores custos de produção e
volatilidade nos mercados, queda da confiança empresarial e interrupções nas cadeias globais de
suprimentos.
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A economia global pode mesmo entrar em recessão?
A J.P.
Morgan, uma das maiores instituições financeiras do mundo, avalia que há 60% de
chances do mundo enfrentar recessão generalizada, em comparação com os 40%
previstos antes do anúncio das novas barreiras tarifárias.
A
recessão é uma contração da economia, muitas vezes medida pelo tamanho do
Produto Interno Bruto (PIB) de um país. Na ponta, a crise pode ocasionar um
aumento no preço de itens básicos e redução na renda nas familias. A pandemia de covid-19 é um dos
exemplos de uma depressão que exigiu intervenção de governos com programas
de ajuda estatal para combater, por exemplo, o aumento da pobreza.
Na
segunda-feira, o Deutsche Bank alertou que, à medida em que Trump dobra a
aposta em taxas recíprocas, suas políticas terão "imensas implicações
globais para 2025 e para os próximos anos e décadas".
Até o
momento, os países mais atingidos estão na
Ásia.
Vietnã, Taiwan e Indonésia, por exemplo, tentam estabelecer novos acordos
comerciais com Washington para evitar o colapso de setores-chave da indústria.
Essa também foi a decisão da Índia, que enfrenta a partir de quarta-feira
(09/04) uma sobretaxa de 26% sobre os seus produtos. Segundo informou a agência
de notícias Reuters, o país não pretende retaliar a Casa Branca, mas
estabelecer um novo consenso comercial com os EUA.
A
China, que foi atingida por Trump com uma tarifa
adicional de 34%, é, até o momento, a única grande economia a impor sanções retaliatórias sobre as
importações dos EUA.
Na
sexta-feira, Pequim também impôs taxas extras de 34% sobre os produtos
americanos e restringiu a exportação de terras raras – matérias-primas
essenciais para a produção de novos produtos de tecnologia e energia limpa. Em
reação, Trump respondeu nesta segunda-feira ameaçando impor tarifas adicionais
de mais 50% caso a China siga adiante com a medida.
Já a
União Europeia, que deve ter suas importações taxadas em 20%, concordou nesta
segunda-feira em impor 26 bilhões de euros em tarifas a produtos americanos em
retaliação à sobretaxa de 25% imposta
anteriormente sobre aço e alumínio.
A
presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse no domingo que o
bloco estava preparado para "defender seus interesses com contramedidas
proporcionais", mas também sinalizou disposição de negociar com os EUA.
O ABN
Amro, um dos maiores bancos da Holanda, cortou pela metade sua previsão de
crescimento para os países da UE, projetando "em torno de zero"
crescimento no primeiro trimestre, "com grande chance" de um
resultado negativo.
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Nos EUA, "catástrofe econômica autoprovocada"
A
economia dos EUA teve um crescimento médio de quase 3% desde o fim da pandemia
da covid-19, mas agora enfrenta o que a empresa de pesquisa Morningstar chamou
de "catástrofe econômica autoprovocada".
A
empresa de análises financeiras S&P Global aumentou a probabilidade de uma
recessão nos EUA para entre 30% e 35%, ante os 25% que havia previsto em março.
O Goldman Sachs, por sua vez, aumentou as chances de uma estagnação da economia
americana no próximo ano para 45%, enquanto o Barclays calcula que a contração
terá efeito já nos próximos meses.
Steve
Cochrane, economista-chefe da Moody's Analytics para a região Ásia-Pacífico,
alertou na segunda-feira que os EUA poderiam entrar em recessão "muito
rapidamente" e que ela pode ser "bastante longa".
Enquanto
isso, a Capital Economics afirmou que, se Trump não estiver disposto a fazer
novos acordos com os parceiros comerciais, a queda no mercado de ações será seguida
por um "colapso na confiança das famílias e das empresas".
A
empresa de pesquisa econômica sediada no Reino Unido entende que a inflação dos
EUA poderia subir acima de 5% e que a recessão pioraria se o Congresso dos EUA
"não conseguir aprovar um estímulo fiscal oportuno".
O chefe
do Federal Reserve dos EUA (FED), Jerome Powell, alertou na semana passada que
as tarifas provavelmente causariam o aumento da inflação e a desaceleração do
crescimento no país. Ele também mencionou um risco "elevado" de
aumento do desemprego.
Os
mercados agora estão apostando que Powell anunciará em breve cortes nas taxas
de juros dos EUA mais cedo do que o esperado anteriormente.
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O que as tarifas significam para o crescimento da China?
As
tarifas de Trump podem prejudicar a economia chinesa, interrompendo as
atividades de exportação e causando uma volatilidade substancial no mercado.
Espera-se
que Pequim implemente medidas monetárias e fiscais internas para compensar as
barreiras tarifárias. Em uma publicação, o jornal porta-voz do Partido
Comunista buscou assegurar os leitores chineses de que "o céu não cairá
[...] mesmo que as tarifas dos EUA tenham impacto".
Na
segunda-feira, o Ministério das Relações Exteriores da China chamou a política
americana de "bullying econômico" e diz ser "inconsistente com
as regras do comércio internacional". O porta-voz do Ministério das
Relações Exteriores do país, Lin Jian, se recusou a dizer se o presidente
chinês, Xi Jinping, buscaria negociar bilateralmente com a Casa Branca para
resolver a guerra comercial.
Trump
descartou a possibilidade de um acordo com a China até que o déficit comercial
dos EUA seja equalizado.
O
Goldman Sachs disse em um relatório publicado neste domingo que havia planejado
atualizar sua previsão de crescimento para a China antes do anúncio das tarifas
de Trump, mas que agora prevê uma redução do crescimento do PIB chinês em pelo
menos 0,7% este ano.
A
Kaiyuan Securities acredita que as tarifas devem reduzir as exportações
chinesas para os EUA em quase um terço, cortar as exportações totais em mais de
4,5% e diminuir o crescimento econômico em 1,3 %.
Cochrane,
da Moody's Analytics, alertou que a China certamente sentirá dor econômica
"porque a demanda por seus produtos será atingida com ainda mais força [do
que a dos EUA]".
Segundo
o Deutsche Bank, a China passou da fabricação de 5% dos bens globais para 32%
em trinta anos, enquanto os bens produzidos nos EUA caíram mais de um terço,
para 15%. Os EUA exportaram 144,6 bilhões de dólares (R$ 835,3 milhões) em
mercadorias para a China em 2024, muito menos do que os 439,7 bilhões de
dólares (R$ 2,5 trilhões) que importaram, segundo dados do Departamento de
Comércio da China.
Fonte: Jornal GGN/O Cafezinho/DW Brasil

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