segunda-feira, 2 de setembro de 2024

José Reinaldo Carvalho: ‘Venezuela conquista vitória contra o imperialismo e o fascismo’

A reeleição de Nicolás Maduro como Presidente da Venezuela não foi apenas um marco significativo na história política do país, mas também um testemunho da soberania e da resiliência das instituições venezuelanas. Apesar das adversidades e das pressões internacionais, a nação manteve-se firme em seu compromisso com os princípios democráticos da sua Revolução, confirmando a legalidade do processo eleitoral, a soberania popular, a democracia participativa e a legitimidade da liderança de Nicolás Maduro. O triunfo bolivariano foi comemorado por multidões nas ruas de Caracas na última quarta-feira (28), em manifestação no transcurso do primeiro mês da jornada eleitoral. O sentimento geral era o de uma vitória sobre o fascismo e o imperialismo.

Isto foi reconhecido unanimemente pela XI Cúpula Extraordinária da ALBA-TCP, realizada em 26 de agosto. Um claro exemplo de solidariedade e apoio aos valores defendidos pela Venezuela.

A ALBA-TCP, que reúne países da América Latina e do Caribe comprometidos com a cooperação e a integração regional, reafirmou seu apoio à Venezuela em face das tentativas de ingerência estrangeira. Durante a cúpula, os líderes expressaram seu apoio incondicional ao governo venezuelano, condenando as sanções e as campanhas de desinformação promovidas por potências externas, assim como as pressões para reverter o resultado da eleição presidencial. Essas medidas coercitivas, unilaterais e injustas, assim como as pressões políticas e diplomáticas, são uma tentativa clara de minar a vontade soberana do povo venezuelano. 

O bloco condenou as posições intervencionistas de potências imperialistas como os EUA e União Europeia e de países latino-americanos.   

O Brasil e a Colômbia se pronunciaram à parte dos EUA, da OEA e dos países abertamente hostis à Venezuela. Mas cometeram o erro crasso de duvidar da legitimidade da reeleição de Maduro e fazer declarações que violam o princípio da autodeterminação nacional. Por isso foram também alvo de críticas. A declaração conjunta firmada por Lula e Petro manifesta a intenção de ajudar o país bolivariano a se pacificar e estabilizar. Mas ao não reconhecerem a legitimidade da eleição de Maduro, os dois presidentes se afastam dos bons amigos bolivarianos e, independentemente de suas intenções, prejudicam o país. 

Não se sustenta o argumento de que por serem países fronteiriços com a Venezuela, Brasil e Colômbia tenham o direito de se imiscuir nos assuntos internos do vizinho, ao ponto de pretenderem ditar o que deve fazer para resolver seus contenciosos eleitorais, definindo uma ação concreta - a convocação de nova eleição. Além disso, vale notar que a proposta é inócua, jamais será executada, portanto faltou realismo aos seus formuladores. Seria preferível que Brasil e Colômbia explicitassem as razões políticas e ideológicas pelas quais se afastam de um país fraterno e aliado, em vez de objetivamente facilitar o trabalho dos que simplesmente querem remover o poder revolucionário, aliás outro objetivo vão, porquanto uma revolução autêntica não entrega o poder a forças políticas contrarrevolucionárias. 

A ALBA-TCP, em sua cúpula, reafirmou o compromisso com os princípios de integridade, não ingerência e respeito aos assuntos internos dos países membros. Esta é a única posição que contribui essencialmente para a manutenção da paz e da estabilidade na região, especialmente diante das crescentes tensões globais. A condenação à interferência estrangeira na Venezuela é uma defesa não apenas da soberania venezuelana, mas também dos direitos de todas as nações de escolherem seu próprio caminho de desenvolvimento sem a influência coercitiva de potências externas.

A agenda da ALBA-TCP também abordou a continuidade dos planos de integração regional, como a Agenda 2030, que visa enfrentar desafios globais e regionais por meio de um esforço conjunto. Esse compromisso com a cooperação e a integração é vital para a construção de uma América Latina mais unida e independente, capaz de resistir às pressões externas e de trilhar seu próprio caminho de desenvolvimento.

A reeleição de Nicolás Maduro como Presidente da Venezuela foi um triunfo da democracia e da soberania. A ALBA-TCP, ao expressar seu apoio unânime a Maduro e ao povo venezuelano, reafirma a importância de respeitar a vontade popular e de condenar qualquer forma de ingerência estrangeira. É fundamental que as nações da América Latina continuem a se unir em defesa de sua soberania e independência, resistindo às tentativas de subversão de seus processos democráticos e mantendo-se firmes em seus princípios de autodeterminação.

O respeito à soberania popular e a defesa intransigente da democracia na Venezuela tem como premissa a aceitação do resultado proclamado pelo Poder constitucional soberano da Venezuela. Nicolás Maduro ganhou a eleição, foi reeleito. O não reconhecimento disto viola a soberania popular, a democracia e a autodeterminação do país.

O verdadeiro objetivo desses ataques é claro: impedir que um modelo alternativo de governança popular e soberana prospere. Esse modelo ameaça diretamente a hegemonia do imperialismo estadunidense. A tentativa de recolonização da Venezuela faz parte de uma estratégia mais ampla de manter o controle sobre recursos naturais estratégicos e suprimir qualquer movimento de independência e autodeterminação na América Latina.

A Cúpula da ALBA-TCP é uma afirmação da unidade latino-americana e caribenha e pode contribuir para a restauração do ambiente de cooperação no âmbito da Celac, a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos.

 

¨      Nicolás Maduro: 'Venezuela está orientada, hoje mais do que nunca, para o BRICS’

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, garantiu que "hoje mais do que nunca" o seu país está orientado para o BRICS e descreveu o bloco como um bloco econômico parceiro e confiável.

"A Venezuela está orientada há muitos anos, mas hoje mais do que nunca para o BRICS, tecnologia com o BRICS, mercado com o BRICS, capital fresco para investir com o BRICS, [ser] parceiro seguro com o BRICS, o BRICS não é mais uma opção, já deve que ser uma vocação de trabalho porque é o mundo do futuro", disse Maduro em transmissão do canal estatal Venezolana de Televisión.

Da sala Simón Bolívar, na sede do governo, o Palácio de Miraflores, o presidente conduziu uma reunião de trabalho com representantes do setor financeiro do país. Na reunião, Maduro optou pelo fortalecimento da moeda nacional como estratégia para ter uma valorização positiva dentro da aliança BRICS.

"Quando entrarmos no BRICS e estivermos no sistema monetário e multimonetário do BRICS, eles [seus integrantes] poderão respeitar a Venezuela se tivermos uma moeda baseada na verdade produtiva do país", acrescentou.

No dia 2 de agosto, Caracas informou que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, convidou Maduro a participar na reunião do grupo BRICS que será organizada na cidade russa de Kazan, nos dias 23 e 24 de outubro, para considerar áreas de cooperação multilateral.

A Venezuela espera poder se juntar como membro pleno no grupo inicialmente formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

O governo venezuelano garantiu ainda que espera contribuir com os seus recursos naturais para os países do bloco para promover projetos comuns de desenvolvimento econômico.

No dia 1º de janeiro, a Rússia assumiu a presidência rotativa do BRICS para 2024, ano que o grupo começou com a admissão de novos membros.

A presidência russa do grupo é realizada sob o lema do fortalecimento do multilateralismo em prol de um desenvolvimento global justo e seguro.

 

•        União Europeia rejeita legitimidade do presidente venezuelano Nicolás Maduro

A União Europeia rejeitou nesta quinta-feira (29) a legitimidade do presidente venezuelano Nicolás Maduro, disse o chefe de política externa da UE, Josep Borrell.

"Não podemos aceitar a legitimidade de Maduro como presidente eleito. Ele continuará sendo presidente de fato, mas negamos a legitimidade democrática com base em resultados que não podem ser verificados", disse Borrell, após uma reunião informal de ministros das Relações Exteriores em Bruxelas.

As eleições presidenciais na Venezuela foram realizadas em 28 de julho. O Conselho Nacional Eleitoral declarou Nicolás Maduro presidente eleito para 2025-2031. Segundo o boletim eleitoral, Maduro venceu as eleições presidenciais com 51%, contra 44% de Edmundo Gonzales.

No entanto, o resultado foi contestado pela oposição, que afirmou, com base em uma contagem paralela, que a vitória teria sido do oponente, Edmundo González. Uma parte da população que discordou do resultado nas urnas iniciou uma onda de protestos. Mais de 2 mil pessoas foram detidas, acusadas de destruir infraestruturas públicas, incitar ao ódio e ao terrorismo.

Maduro pediu, em 31 de julho, ao Supremo Tribunal proteção constitucional para impedir os ataques ao processo eleitoral, que ele chamou de uma forma de realizar um golpe.

Na sua posição de líder regional e garantidor do processo eleitoral venezuelano, segundo os Acordos de Barbados, o Brasil foi alçado ao cargo de mediador entre as partes, servindo também de conselheiro para os Estados Unidos e para a Europa sobre a situação.

Brasil e Colômbia buscam amenizar a crise pós-eleitoral na Venezuela e chegaram a sugerir que a Venezuela repetisse a votação, proposta que foi criticada pelo governo e pela oposição.

Já Moscou disse que a oposição venezuelana deve admitir a derrota nas eleições. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, alertou terceiros países contra o apoio a tentativas de desestabilizar a situação interna na Venezuela.

•        Regime de Maduro atribui apagão na Venezuela a "sabotagem"

Um apagão generalizado na Venezuela na manhã desta sexta-feira (30/08) deixou a capital Caracas e outras regiões do país no escuro, informou o ministro das Comunicações venezuelano, Freddy Ñáñez. Ele atribuiu a falta de luz à oposição, sem apresentar quaisquer evidências ou explicar exatamente o que causou o blackout.

Segundo Ñáñez, a "sabotagem" contra o "sistema nacional elétrico" teve início por volta das 4h40 (5h40 de Brasília) e afetou quase todo o território nacional, com falhas elétricas totais ou parciais notificadas por todos os 24 estados venezuelanos.

O apagão veio apesar de, segundo o governo venezuelano, as Forças Armadas do país estarem desde o final de junho em "todas as instalações elétricas" como parte de um "plano especial de patrulha e vigilância 24 horas".

As declarações surgem pouco mais de um mês após a controversa eleição presidencial no país.

O atual mandatário, Nicolás Maduro, se autoproclamou vitorioso apesar de jamais ter apresentado as atas eleitorais (espécie de boletim de urna) que permitiriam conferir os resultados da votação de 28 de julho.

O regime também ameaça a oposição após esta ter pressionado pela divulgação das atas e contestado o resultado da eleição.

<><> Apagões em menor escala são recorrentes na Venezuela

Apagões são recorrentes na Venezuela, embora em menor escala. Também é comum o governo apontar o dedo para opositores e seus aliados internacionais, como os Estados Unidos, acusando-os de praticar "sabotagem".

Para analistas, essas falhas elétricas mais restritas e frequentes muito provavelmente se devem ao subfinanciamento e à má gestão da rede elétrica.

O maior apagão da história recente ocorreu em 2019, quando o país registrou três falhas nacionais que duraram até três dias. Na época, a Venezuela também havia passado por uma eleição polêmica, com opositores acusando o pleito de ter sido fraudado.

<><> Maduro pressiona oposição

A vitória de Maduro não foi reconhecida por diversos países e organizações internacionais, inclusive o Brasil.

Recentemente, o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), mais alta Corte do país, chancelou em caráter "inapelável" a reeleição do líder chavista e proibiu a divulgação das atas eleitorais.

A oposição, unida em torno do candidato Edmundo González Urrutia, diz ter reunido parte dessas atas por conta própria e, baseada nelas, afirma ter conquistado a maioria dos votos.

O TSJ, que é fortemente aparelhado pelo chavismo, determinou ainda que o Ministério Público investigue os responsáveis pela divulgação dos boletins.

Nesta sexta, procuradores convocaram González pela terceira vez. O oposicionista é acusado pelo governo de divulgar dados fraudulentos, e está sob ameaça de prisão.

Ao menos 27 pessoas morreram na Venezuela – incluindo dois militares – e outras quase 200 foram feridos em protestos desde a eleição. Cerca de 2.400 pessoas foram presas.

 

¨      Dilma: dívida de países ricos prejudica países menos desenvolvidos

A ex-presidente do Brasil e atual presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês), do BRICS, Dilma Rousseff declarou nesta sexta-feira (30), na 9º conferência anual da instituição, na Cidade do Cabo, África do Sul, que quando os países ricos se endividam, diminuem os investimentos e prejudica o combate às desigualdades.

Com isso, afirmou ela, a maior parte dos capitais disponíveis no mercado financeiro é emprestada para as grandes economias e compromete o crescimento econômico das nações menos desenvolvidas, que têm urgência em diminuir a pobreza e investir

em infraestrutura, educação, saúde e habitação:

"De acordo com estimativas do Banco Mundial, as dez economias desenvolvidas do planeta têm uma dívida combinada de cerca de US$ 87 trilhões. Financiar tais dívidas públicas elevadas consome uma parte significativa da enorme liquidez disponível nos mercados internacionais. Essa liquidez poderia, de outra forma, ser canalizada para financiar a dívida de países em desenvolvimento e, assegurar os investimentos necessários para um desenvolvimento sustentado", disse a presidente do NDB.

Os países mais ricos, frisou, acabam dificultando os mais pobres em obter recursos no mercado internacional:

"Para os países em desenvolvimento, a dívida torna-se um fardo excessivo. Como sabemos, o espaço fiscal é essencial para garantir que os governos possam investir simultaneamente em ações de desenvolvimento, combater as mudanças climáticas e alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. No entanto, a dívida dos países em desenvolvimento está crescendo muito e muito rápido", acrescentou Dilma.

De acordo com Dilma, a liquidez internacional deve priorizar esses países mais necessitados, com redução do peso das altas taxas de juros e financiamentos em moedas locais deve ser tornar alternativas ao dólar:

"Novas soluções financeiras são necessárias para mercados emergentes e países em desenvolvimento. Diversificar as fontes de financiamento e usar uma cesta de moedas mais ampla melhora a resiliência econômica contra choques associados às decisões de política monetária. Isso pode fortalecer a situação fiscal, possibilitando o financiamento de logística, infraestrutura social e digital, habitação, água e saneamento, educação e saúde", acrescentou Dilma.

No discurso, ela disse que o NDB está montando plataformas orientadas para o desenvolvimento sustentável em moeda local e que a instituição deve aumentar 30% do total o volume de crédito em moedas locais dos países membros.

O banco dos BRICS foi criado em 2015, durante a cúpula do grupo, realizada em Fortaleza. O objetivo principal da instituição é financiar o desenvolvimento sustentável de projetos de infraestrutura nos países das economias em desenvolvimento. Em 2021, Emirados Árabes Unidos, Egito e Bangladesh entraram no banco.

Originalmente formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o BRICS recebeu adesão de cinco países em 2024: Egito, Etiópia, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Irã, que formam o Brics+.

 

Fonte: Brasil 247/Sputnik Brasil/Deutsche Welle

 

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