POLÍCIA FEDERAL
INVESTIGA IDA DE ANDERSON TORRES À BAHIA NO SEGUNDO TURNO
A
Polícia Federal apura uma viagem do ex-ministro da Justiça Anderson Torres à
Bahia, às vésperas do segundo turno das eleições presidenciais de 2022, sob
pretexto de reforçar o contingente da Polícia Federal (PF) no estado contra
supostos crimes eleitorais – como compra de votos, por exemplo.
Na
ocasião, Torres pediu pessoalmente à superintendência da PF da Bahia que
atuasse em conjunto com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), que, como é praxe,
deveria fazer a fiscalização comum de rodovias. Mas, segundo investigadores
ouvidos pelo blog, estava pautada para interromper o fluxo de eleitores na
região a fim de prejudicar a eleição do petista Luiz Inácio Lula da Silva.
A
Bahia é um dos estados onde o presidente Lula tem a sua maior votação. Para se
ter uma ideia, no primeiro turno, Lula obteve 69,7% dos votos no estado,
enquanto Bolsonaro teve 24,3%. No segundo turno, pouco mais de 2 milhões de
votos garantiram vantagem a Lula.
A
presença de Torres na Bahia chocou investigadores ouvidos à época pelo blog, e
é classificada como pressão do governo Bolsonaro à superintendência regional
para favorecer o então presidente da República com o uso da máquina. A PF é
polícia judiciária e tem como uma de suas missões a realização de
investigações. Já a PRF é polícia ostensiva, e atua, por exemplo, na
fiscalização de rodovias.
Na
gestão Bolsonaro e nas eleições, o ministro da Justiça, segundo investigadores
da PF, pressionou para que a PF atuasse como a PRF, então comandada por um
indicado da família Bolsonaro – Silvinei Vasques, que está na mira da Justiça,
inclusive, por sua atuação nas eleições.
Como
o blog publicou ainda em outubro de 2022, Torres foi escalado por Bolsonaro
para colocar em prática no Nordeste, por ser uma região majoritariamente
pró-Lula, o plano da campanha bolsonarista envolvendo o uso político da Polícia
Rodoviária Federal no dia 30 de outubro, segundo turno da eleição.
Naquele
dia, a PRF realizou múltiplas blitze e parou veículos que transportavam
eleitores em todo o país. A maior parte das operações – que haviam sido
proibidas no dia anterior pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE),
o ministro Alexandre de Moraes – aconteceu em estados do Nordeste.
Anderson
Torres, um dos principais aliados de Bolsonaro, tinha ciência do mapa feito por
integrantes da campanha do ex-presidente em que foram apontadas as regiões do
país em que Lula era mais forte.
A
viagem de Torres à Bahia foi vista com estranheza por integrantes da Polícia
Federal. Torres não foi só: estava acompanhado pelo então diretor-geral da PF,
Marcio Nunes.
Segundo
apurou o blog, Torres foi ao estado sem agenda prévia ou pauta marcada junto à
superintendência da PF na Bahia. Ele chegou a Salvador um dia após ter atuado
em outro episódio polêmico – o caso de Roberto Jefferson, que recebeu a tiros
agentes da PF que foram prendê-lo, no interior do RJ.
Na
Bahia, Torres se reuniu com Leandro Almada, ex-superintendente da PF no estado,
e outros integrantes da PF. Na ocasião, Torres pediu que a PF atuasse nas ruas
junto com a PRF no dia do segundo turno, para reforçar a operação e coibir
eventuais crimes eleitorais.
Depois
do encontro, a equipe do ex-ministro encaminhou um documento com uma lista de
cidades em que o efetivo policial deveria ser reforçado – em cidades, por
exemplo, em que Lula havia sido o candidato mais votado no primeiro turno.
Este
documento, como revelado pelo colunista Lauro Jardim, do jornal “O Globo”, foi
elaborado pela delegada Marília Ferreira Alencar. Na época, ela atuava no
Ministério da Justiça e, posteriormente, foi trabalhar com Anderson Torres na
Secretaria de Segurança Pública do DF.
Marília
Ferreira Alencar é investigada pela PF, por suspeita de ter agido para esconder
provas relacionadas aos atos antidemocráticos de 8 de janeiro.
• Ataque de Roberto Jefferson à PF
A
ida de Torres à Bahia aconteceu logo após o ex-deputado Roberto Jefferson
desrespeitar ordem de prisão e atacar policiais federais que foram detê-lo.
Naquele dia, 23 de outubro, Torres foi escalado por Bolsonaro para ir a
Comendador Levy Gasparian (RJ), onde Jefferson estava, acompanhar o caso.
Entretanto,
como publicou o blog na ocasião, o ex-ministro recuou da decisão e não foi ao
local, por receio de ser acusado de prevaricação por impedir ou atrasar o
cumprimento do mandado de prisão de Jefferson.
Apesar
da orientação às vésperas da eleição, a superintendência da PF na Bahia
simplesmente ignorou Torres e Marcio. As ordens não passavam de mais uma
tentativa de interferência política na PF - o que foi blindado por Almada e a
equipe que ele comandava na Bahia.
• “Boletim de inteligência” de Anderson
Torres detalhava locais em que Lula era mais votado
A
Polícia Federal (PF) descobriu um “boletim de inteligência” produzido pela
então diretora de Inteligência do Ministério da Justiça, Marília Alencar, que
detalhava os locais em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) havia
sido mais votado no primeiro turno.
O
documento foi elaborado em outubro do ano passado pela delegada que,
posteriormente, foi trabalhar com o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, na
Secretaria de Segurança do DF.
• Tentativa atrapalhada
O
levantamento serviu para que Anderson botasse de pé a tentativa de atrapalhar a
chegada dos eleitores aos locais de votação nestas regiões, com a célebre
operação feita pela PRF no dia 30 de outubro.
Ele
tentou apagar o documento do seu celular, mas a PF recuperou parte do material.
Há
ainda uma viagem fora de agenda de Anderson à Bahia, num avião da FAB, dias
antes do segundo turno.
Ele
viajou acompanhado do então diretor da PF Marcio Nunes. O objetivo foi
pressionar o então superintendente regional, Leandro Almada, a atuar na
operação no dia da eleição, dando apoio à PRF.
Ø
Servidor
da Justiça elaborou mapa para ações da PRF no 2º turno. Por Blog de Andreia Sadi
O
documento com uma lista de cidades em que o efetivo policial deveria ser
reforçado em 30 de outubro de 2022, quando foi realizado o segundo turno nas
eleições presidenciais, foi feito por um servidor do Ministério da Justiça e
contemplava todos os estados da região Nordeste, apurou o blog.
Como o blog publicou na segunda-feira
(3), Anderson
Torres, então ministro da Justiça do ex-presidente Jair Bolsonaro
(PL), se reuniu com integrantes da Polícia Federal (PF) na Bahia, para pedir
que a corporação atuasse nas ruas junto com a Polícia
Rodoviária Federal (PRF) no dia do segundo turno, reforçando a
operação e coibindo eventuais crimes eleitorais.
A
equipe do ex-ministro, segundo investigadores ouvidos pelo blog, promoveu este encontro com base
em um mapeamento de cidades em que o efetivo policial deveria ser reforçado –
cidades, por exemplo, nas quais Lula havia sido o candidato mais votado no
primeiro turno. No estado da Bahia, ao qual o ministro foi pessoalmente
discutir a ação da PF no segundo turno, Lula obteve 69,7% dos votos na primeira
etapa da eleição, enquanto Bolsonaro teve 24,3%.
Como
revelado pelo colunista Lauro Jardim, do jornal “O Globo”, a responsável pelo
documento seria a delegada Marília Ferreira Alencar. O mapeamento, conforme
apurou o blog, foi pedido
por Anderson Torres a Alencar, que na época atuava no Ministério da Justiça.
Alencar teria, então, pedido a um servidor da área de Tecnologia da Informação
(TI) do ministério que fizesse o levantamento.
Ainda
em outubro de 2022, o blog publicou
que Torres foi escalado por Bolsonaro para colocar em prática no Nordeste, por
ser uma região majoritariamente pró-Lula, o plano da
campanha bolsonarista envolvendo o uso político da Polícia Rodoviária Federal
no dia 30 de outubro, segundo turno da eleição.
Naquele
dia, a PRF realizou múltiplas blitze e parou
veículos que transportavam eleitores em todo o país. A maior parte
das operações – que haviam sido proibidas no
dia anterior pelo presidente do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE), o ministro Alexandre de
Moraes – aconteceu em estados do Nordeste.
Anderson
Torres está preso em
Brasília desde 14 de janeiro, e é investigado por suspeita de
omissão e conivência com os atos antidemocráticos de 8 de janeiro; Marília
Alencar também é alvo de investigação, por suspeita de ter agido para
esconder provas relacionadas aos atos daquele dia.
“Minuta do golpe”: PF avança nas
investigações e pode complicar Torres
As
investigações da Polícia Federal em relação à “minuta do golpe” e o
envolvimento do ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL), Anderson Torres,
com o processo eleitoral estão cada vez mais avançadas, o que pode complicar
ainda mais a situação de Torres.
Entre
as discrepâncias apuradas no caso, está a negativa da secretária de Torres de
que ela teria entregado o documento golpista a ele. Em depoimento, a mulher
teria sido taxativa: “Nunca entreguei nada”. O ex-ministro teria declarado que
recebeu a minuta por meio dela. A informação é do jornalista Lauro Jardim, em O
Globo.
Já
em relação ao envolvimento nas eleições, a PF descobriu um “boletim de
inteligência” que teria sido produzido em outubro pela então diretora de
Inteligência do Ministério da Justiça, Marília Alencar – delegada que,
posteriormente, trabalhou com Torres na Secretaria de Segurança do Distrito
Federal (DF).
O
documento detalha os locais onde o então candidato à Presidência Luiz Inácio
Lula da Silva havia (PT) sido mais votado no primeiro turno das eleições de
2022. Na análise dos investigadores, o boletim serviu para que o ex-ministro
viabilizasse a tentativa de complicar a chegada dos eleitores aos locais de
votação em algumas regiões, com a operação realizada pela Polícia Rodoviária
Federal (PRF) no dia do segundo turno.
O
documento chegou a ser apagado do celular de Marília. No entanto, foi
recuperado parcialmente pela PF.
A
PF também teria descoberto uma viagem de Torres, fora de agenda, à Bahia, num
avião da FAB, dias antes do segundo turno. Na ocasião, ele teria sido
acompanhado pelo então diretor da PF, Marcio Nunes, para pressionar o então
superintendente regional, Leandro Almada, a atuar na operação no dia da
eleição, dando apoio à PRF.
• Prisão
Torres,
ex-secretário de Segurança Pública do DF, está preso no âmbito da investigação
sobre possível omissão durante a invasão e depredação das sedes dos Três
Poderes, em 8 de janeiro, por bolsonaristas radicais. Torres continua detido
nas instalações do Batalhão de Aviação Operacional, no 4º Batalhão de Polícia
Militar (BPM) do Distrito Federal.
No
dia dos atentados, Anderson Torres viajava para os Estados Unidos. Ele foi
preso em 14 de janeiro, ao voltar para o Brasil. Em 1º de março, Alexandre de
Moraes indeferiu pedido da defesa do ex-secretário de Segurança Pública pela
revogação da prisão.
O
ministro considerou não haver, no momento, “como dissociar as condutas
omissivas de Anderson Gustavo Torres dos atos ocorridos no dia 8 de janeiro de
2023, com ataque às instituições democráticas e depredação e vandalismo dos
prédios públicos na Praça dos Três Poderes”.
• Rodrigo Roca deixa a defesa de Anderson
Torres
Rodrigo
Roca não é mais o advogado do ex-secretário de Segurança do DF Anderson Torres,
preso desde janeiro por suposta omissão nos atos antidemocráticos de 8 de
janeiro. O ex-chefe da casa civil de
Ibaneis, Eumar Novacki assume a defesa.
A
troca de advogados acontece em meio a rumores de que Anderson Torres estaria
negociando uma delação premiada junto a Polícia Federal, que já teria recebido
a proposta.
Segundo
fontes ligadas a Torres, um dos motivos para a troca de advogado seria um
desconforto do ex-secretário com a proximidade de relação de Rodrigo Roca com a
família Bolsonaro, que sempre declarou ser frontalmente contra a delação
premiada.
Serviço de inteligência alertou Torres
que CACs queriam "sitiar Brasília"
Um
relatório da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública
do Distrito Federal (SSP-DF), emitido no dia 6 de janeiro — dias antes dos atos
golpistas de 8 de janeiro —, mostra que a área da inteligência alertou sobre a
convocação de atos. O documento aponta que Caçadores, Atiradores e
Colecionadores (CACs) queriam “sitiar Brasília”. O relatório foi emitido no
mesmo dia em que Anderson Torres viajou aos Estados Unidos.
Torres
está preso desde 14 de janeiro, no 4° Batalhão da Polícia Militar do Distrito
Federal. No relatório elaborado pela Subsecretaria de Inteligência da SSP,
responsável por assessorar o secretário sobre possíveis tomadas de decisões, a
área da pasta emitiu alertas sobre os atos do fim de semana de 8 de janeiro.
“Circula
divulgação sobre a realização dos atos, em Brasília, entre os dias 06 e 8 de
janeiro, com vinda de caravanas de outros Estados, em oposição ao atual governo
federal. Em desdobramento, a partir do dia 9 de janeiro, estaria prevista a
realização de uma “greve geral”. Entre as eventuais ações estariam invasão a
órgãos públicos e bloqueio em refinarias e/ou distribuidoras e combustíveis”,
cita o resumo do documento enviado pela inteligência.
A
inteligência apontou que, em 5 de janeiro, verificou situações que dariam
início ao potencial ataque a sede dos Três Poderes, como estacionamento de
terra com acesso bloqueado e com quatro tendas; recolhimento de material pelos
militares em tendas desocupadas; e presença de cerca de 100 pessoas em frente
do Quartel-General do Exército. Esses monitoramentos ocorriam por meio de
drones. “Em que pese a mencionada desmobilização, nota-se convocação para novas
mobilizações pelas redes sociais e previstas para ocorrer em Brasília contra o
atual governo federal”, diz o documento, obtido com exclusividade pela reportagem
do Correio.
Os
investigadores apontaram que ocorreriam mobilizações de oposição contra o atual
governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entre os dias 6 e 8 de
janeiro. A convocação, intitulada “Tomada de Poder pelo povo”, previa a invasão,
inicialmente, no Congresso Nacional. Os organizadores, segundo o monitoramento
da inteligência, eram autodenominados “patriotas”. Além deles, os integrantes
do movimento também seriam dos segmentos do agronegócio e caminhoneiros.
O
monitoramento da pasta era feito também por meio das redes sociais. Os membros
citam que, em transmissão realizada ao vivo em uma rede social, os
manifestantes davam ênfase para as manifestações a partir de 7 de janeiro, com
a participação de pessoas e vinda de caravanas de outros estados. “Assinala-se
ainda grupo de mensagem, no qual os integrantes seriam pessoas conhecidas por
CACs (Caçadores, Atiradores e Colecionadores) e com postagens sobre 'sitiar
Brasília' e que denotam a intenção de prática de atos de violência no dia 8 de
janeiro”, destaca o relatório.
• Preparo físico
A
inteligência, no documento endereçado à cúpula da SSP, detalha que, no
monitoramento feito pela equipe, foi constatada uma orientação curiosa por meio
dos manifestantes: fossem adultos e com boa condição física. A orientação, nos
grupos de WhatsApp e Telegram, é que fosse vedada a participação de crianças e
“daqueles que apresentam dificuldade de locomoção”.
Após
os atos, os manifestantes planejaram fazer uma “greve geral” no país em 9 de
janeiro. Os atos entraram no radar da Inteligência em 3 de janeiro,
principalmente após uma hashtag pedindo a greve ter sido levantada pelo
Twitter. Apesar disso, a inteligência detalhou que, apesar dos atos, as
informações eram inconsistentes sobre os dias, horários e locais das
manifestações.
“Destaca-se
que um dos organizadores alega ser liderança entre os caminhoneiros, todavia,
como corrobora em eventos passados, o mesmo não tem representatividade junto ao
segmento. Outrossim, a divulgação da mobilização prevista ocorreu recentemente
(3 de janeiro), e, geralmente, manifestações com prazo exíguo comprometem a
organização dos atos, a vinda de caravanas dos outros Estados e a adesão de
público geral”, completa o relatório da inteligência.
• CPI na CLDF
No
depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos,
o coronel da PMDF Jorge Henrique da Silva Pinto — que ocupava um cargo na
Subsecretaria de Inteligência — detalhou que enviou alertas, na véspera dos
atos do 8 de janeiro, nos grupos de WhatsApp. Ele confrontou uma versão do
depoimento de Torres à PF, quando o ex-secretário disse que a inteligência da
pasta o municiava de informações estratégicas, mas que não foi informado dos
movimentos para os atos.
"A
princípio, ele estava no grupo Difusão. O alcance desse grupo era exatamente o
secretário de Segurança Pública. Se ele não estava exercendo (o cargo), o
destinatário dessas informações (da inteligência) seria o
secretário-executivo", garantiu o coronel.
À
CPI, o coronel esclareceu que a inteligência exerce duas funções: suporte ao
secretário da pasta para tomada de decisões — no âmbito da inteligência — e
assessoramento a todas as outras subsecretarias. Sem acompanhamento de um
advogado, o policial pontuou que todos os monitoramentos foram repassados aos
superiores. Na data, segundo o coronel, quem respondia pela SSP-DF era o então
secretário-executivo Fernando de Sousa Oliveira, que, no início do mês, apontou
Anderson Torres como responsável pelo órgão.
"Teve
dois momentos de repasse de informações. O primeiro, que foi elaborado um
relatório de inteligência mais completo e, depois da criação da cédula, foram
estabelecidos os grupos (no WhatsApp). Todo o tipo de conhecimento, dado ou
informação relativo aos eventos, foram repassadas no grupo. Esse grupo permitiu
que a gente elaborasse essas frações que chegavam ao secretário-executivo.
Todas as informações que chegaram a ele (Fernando), chegava aos outros órgãos
que faziam parte dos grupos", disse.
O
coordenador de inteligência explicou que, dentro da SSP, não tinha o
entendimento do que poderia ocorrer naquele fim de semana dos atos de 8 de
janeiro, mesmo com as convocações de apoiadores de Jair Bolsonaro nas redes
sociais, para a "tomada do Poder". O coronel contou que, até
sexta-feira (6/1), havia 250 a 300 pessoas e que esse quantitativo não seria
suficiente para enquadrar a manifestação como "de risco".
"Muito
provavelmente (se os alertas fossem levados em contas para evitar os atos), mas
eu não sei de que forma os tomadores de decisão entenderam os meus alertas. A
inteligência produz conhecimento e ajuda no processo decisório. Quem decide não
é a inteligência", esclareceu. "A inteligência se presta à obrigação
de informar ao decisor. Se essa informação chega ao decisor, é o mais importante.
No caso da SSP, chegou", finalizou.
• Baixo risco
Os
alertas dos dois atos, de 12 de dezembro e 8 de janeiro, eram considerados de
baixo risco pela inteligência da SSP. O policial citou que, no caso do dia 12,
a pasta monitorava essa manifestação, mas que os ânimos ficaram exaltados após
a prisão do indígena José Acácio Serere Xavante, 42, efetuada pela Polícia
Federal.
"Nós
acompanhamos (na inteligência), desde o acampamento, até o deslocamento e o
Palácio do Alvorada (...) Algumas pessoas somente executaram ações após a
prisão (do indígena). Essas ações, verificamos pelo acompanhamento de
inteligência, que elas eram totalmente descentralizadas. Algumas delas foram
para posto de combustível, outras para a sede da PF. Não foi algo premeditado.
A sequência dos atos foi espontânea", analisou.
O
coronel revelou que na SSP existe uma tabela para mapear o grau de potencial
das manifestações. Dentro da inteligência, nos dias que antecederam os atos de
8 de janeiro, os atos golpistas eram considerados pela equipe como de risco
"baixo", por ter menos de mil pessoas.
Fonte: G1/Fórum/Metrópoles/O Antagonista/Correio Braziliense
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