quarta-feira, 26 de abril de 2023

No Senado, presidente do Banco Central diz não saber quando queda dos juros vai acontecer

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta terça-feira (24) que não sabe dizer quando a taxa básica de juros vai cair.

Atualmente em 13,75% ao ano, a Selic está no maior patamar em mais de seis anos. O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pressiona, publicamente, por uma queda nessa taxa para acelerar o crescimento da economia, enquanto o Banco Central aponta risco de inflação.

"Eu não tenho capacidade [de dizer quando o juro vai cair], até porque eu sou um voto dos nove, de dizer quando isso vai acontecer. Mas eu acho que a gente tem explicado que é um processo técnico, que tem o seu tempo e que as coisas têm caminhado no caminho certo", declarou.

Durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal, Campos Neto lembrou que as decisões sobre a taxa de juros são tomadas pelo Comitê de Política Monetária (Copom) - colegiado formado por ele e pelos diretores do Banco Central.

De acordo com pesquisa realizada pelo Banco Central na semana passada com mais de 100 instituições financeiras, a expectativa dos economistas é de que a taxa Selic comece a cair somente em meados de setembro deste ano - quando a taxa passaria para 13,50% ao ano.

Questionado por senadores, Campos Neto afirmou que o BC presta atenção, nas decisões sobre a taxa de juros, para as contas públicas (aumentos de gastos tendem a pressionar a inflação, por exemplo), além da inflação atual e das expectativas para os preços nos próximos anos.

Com autonomia fixada por lei, o Banco Central será comandado até 2024 por Campos Neto, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Ele tem sido alvo de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo atual patamar da taxa básica de juros e seu reflexo no crescimento do país e no emprego.

•        Como os juros são definidos

Para definir o nível dos juros, o Banco Central se baseia no sistema de metas de inflação. Quando a inflação está alta, o BC eleva a Selic. Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas, o Banco Central pode reduzir o juro básico da economia.

Neste momento, o BC já está ajustando a taxa Selic para tentar atingir a meta de inflação do próximo ano, uma vez que as decisões sobre juros demoram de seis a 18 meses para terem impacto pleno na economia.

•        A meta de inflação do próximo ano é de 3% e será considerada cumprida se oscilar entre 1,5% e 4,5%.

•        Na ata da última reunião do Copom, quando os juros foram mantidos estáveis em 13,75% ao ano, o maior nível em mais de seis anos, o BC avaliou que a inflação ao consumidor continua elevada.

Na ata de sua última reunião, o Copom avaliou que a desaceleração da atividade econômica em curso "é necessária para garantir a convergência da inflação para suas metas, particularmente após período prolongado de inflação acima das metas".

O Copom informou também que o processo de redução da inflação "demanda serenidade e paciência na condução da política monetária [definição dos juros] para garantir a convergência da inflação para suas metas".

•        Credibilidade para baixar os juros

Campos Neto afirmou, ainda, que gostaria de baixar os juros, mas acrescentou que, para que o país continue crescendo com inflação baixa, isso tem de ser feito de forma técnica.

"O BC quer cair os juros, BC gosta de trabalhar com os juros baixo, BC gosta de ter a economia crescendo de forma sustentada com inflação baixa. Houve períodos no passado com juros reais altas, e o resto [do mundo] baixo, mas não é o que está acontecendo agora", declarou.

Ele explicou que eventuais cortes de juros têm de ser feitos no momento certo e com credibilidade para que se sustentem na economia. E afirmou que não adianta o BC baixar os juros de forma artificial, pois a taxa futura, cobrada pelo mercado financeiro, iria subir - gerando elevação das taxas bancárias.

"Escuto que se abaixar a Selic, melhoram as condições de crédito. Não. Vai melhorar e se eu tiver credibilidade com o que faço na Selic. Eu controlo os juros de um dia [Selic], e todo o resto da curva de juros é determinada pelo preço que as pessoas querem emprestar ao governo. Se eu não tiver credibilidade, posso baixar os juros curtos e os juros longos subirem", explicou ele.

 

       Brasil teria inflação de 10% e Selic de 18,75% se não tivesse elevado juros em ano eleitoral, diz presidente do BC

 

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reafirmou nesta terça-feira (25) que a instituição age de forma técnica na fixação da taxa básica de juros para combater a inflação.

Durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) no Senado Federal, Campos Neto apontou que a taxa básica de juros, atualmente em 13,75% ao ano – o maior nível em seis anos –, avançou no ano passado mesmo durante o período eleitoral.

"Nunca na história desse país, nem na história do mundo, foi feito um movimento de alta dos juros em um período eleitoral. O que mostra que o BC entendeu que a inflação ia subir, antes de grande parte dos outros países. O BC do país foi um dos primeiros a subir os juros", declarou Campos Neto.

O BC autônomo será comandado até 2024 por Campos Neto, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A elevação da taxa de juros foi interrompida em setembro do ano passado.

Segundo ele, se o Banco Central tivesse parado de subir os juros no ano passado, durante as eleições, a inflação teria sido de 10% em 2022, e não 5,8%, conforme divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

"E hoje, para controlar a inflação e a expectativa do ano que vem, teríamos que ter juros de 18,75% [ao ano]. Se não tivéssemos, a inflação ia contaminar e subir bastante. O BC atuou de forma autônoma", acrescentou o presidente do BC.

O patamar dos juros brasileiros tem sido criticado reiteradamente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e integrantes do governo, por desacelerar a economia e influenciar negativamente a geração de empregos.

•        Campos Neto voltou a citar o alto volume do chamado crédito direcionado, a maior parte com juros subsidiados, para explicar porque os juros são altos no Brasil. E exemplificou, novamente, citando a teoria da "meia-entrada no cinema".

•        Além disso, ele também citou o baixo nível de recuperação de crédito no Brasil (quanto os bancos conseguem recuperar de inadimplentes).

•        O presidente do BC também falou sobre o volume de gastos públicos (que elevam a quantidade de recursos na economia) e a indexação existente no país, forma pelo qual a alta de preços de retroalimenta.

"A dívida bruta do governo [resultado dos gastos públicos] é maior do que a media. É explosiva? Não é. Mas é maior do que a média, isso reflete na taxa futura", declarou Campos Neto no Senado Federal.

•        Como os juros são definidos

Para definir o nível dos juros, o Banco Central se baseia no sistema de metas de inflação. Quando a inflação está alta, o BC eleva a Selic. Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas, o Banco Central pode reduzir o juro básico da economia.

Neste momento, o BC já está ajustando a taxa Selic para tentar atingir a meta de inflação do próximo ano, uma vez que as decisões sobre juros demoram de seis a 18 meses para terem impacto pleno na economia.

•        A meta de inflação do próximo ano é de 3% e será considerada cumprida se oscilar entre 1,5% e 4,5%.

•        Na ata da última reunião do Copom, quando os juros foram mantidos estáveis em 13,75% ao ano, o maior nível em mais de seis anos, o BC avaliou que a inflação ao consumidor continua elevada.

Em doze meses até fevereiro, a inflação oficial somou 5,60%, ainda acima das metas. O grande peso para o resultado do IPCA do mês passado foi o grupo de Educação.

Para o Copom, a desaceleração da atividade econômica em curso "é necessária para garantir a convergência da inflação para suas metas, particularmente após período prolongado de inflação acima das metas".

O Copom informou também que o processo de redução da inflação "demanda serenidade e paciência na condução da política monetária [definição dos juros] para garantir a convergência da inflação para suas metas".

•        Inflação alta prejudica o pobre

O presidente do BC também afirmou que o aumento da inflação prejudica, principalmente, os mais pobres e mostrou o exemplo da Argentina.

"Na Argentina, a inflação saiu de controle, e quem sofre mais é o mais pobre, o menos protegido. Quando a inflação subiu na Argentina, a pobreza subiu muito. O combate à inflação é a melhor política social que existe", declarou.

•        Credibilidade para baixar os juros

Campos Neto afirmou, ainda, que gostaria de baixar os juros, mas acrescentou que, para que o país continue crescendo com inflação baixa, isso tem de ser feito de forma técnica.

"O BC quer cair os juros, BC gosta de trabalhar com os juros baixo, BC gosta de ter a economia crescendo de forma sustentada com inflação baixa. Houve períodos no passado com juros reais altas, e o resto [do mundo] baixo, mas não é o que está acontecendo agora", declarou.

Ele explicou que eventuais cortes de juros têm de ser feitos no momento certo e com credibilidade para que se sustentem na economia. E afirmou que não adianta o BC baixar os juros de forma artificial, pois a taxa futura, cobrada pelo mercado financeiro, iria subir - gerando elevação das taxas bancárias.

"Escuto que se abaixar a Selic, melhoram as condições de crédito. Não. Vai melhorar e se eu tiver credibilidade com o que faço na Selic. Eu controlo os juros de um dia [Selic], e todo o resto da curva de juros é determinada pelo preço que as pessoas querem emprestar ao governo. Se eu não tiver credibilidade, posso baixar os juros curtos e os juros longos subirem", explicou ele.

•        Taxa poderia ser mais alta

O presidente do Banco Central também disse que a instituição poderia ter subido ainda mais os juros se buscasse combater os choque de demanda [alta de gastos] no curto prazo, sem considerar efeitos mais amplos na economia.

Mas acrescentou que o BC também considera, em seus modelos, o "custo social" do aumento da taxa Selic, ou seja, seu impacto no emprego e na renda.

"O Banco central suaviza [a trajetória dos juros]. Se tivesse de combater o choque imediatamente, teria de subir mais [os juros]. Nosso trabalho é fazer a inflação convergir para a meta com o menor custo social", afirmou.

 

       Disputa de egos entre Lula e Campos Neto está ridícula e precisa ser logo encerrada

 

As declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em Londres, sinalizando que pode não haver uma queda dos juros no curto prazo, aumentaram a pressão no governo por uma saída fiscal para tentar fomentar o crescimento do PIB.

Num evento na sexta-feira (dia 21), Campos Neto disse que “o anseio pela queda de juros é político, mas nosso trabalho é técnico” e sinalizou que as condições para a queda dos juros, hoje em 13,75%, ainda não estão dadas.

A fala do presidente do Banco Central repercutiu mal não só no governo, mas também no Congresso, ao ser interpretada como uma resposta ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que antes, no mesmo evento em Londres, havia feito um apelo para a queda da Selic.

Lula está cobrando integrantes do governo que busquem alternativas que possam compensar a política monetária. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem sido praticamente uma voz isolada ao defender a harmonia entre o fiscal e a política monetária.

Com a sinalização de Campos Neto na sexta-feira, integrantes do governo apostam que Lula insistirá na adoção de políticas parafiscais, com o uso dos bancos públicos para subsidiar taxa de juros. ‘Ninguém toma dinheiro emprestado a 13,75%’, disse Lula em Portugal, nesta segunda-feira.

Medidas como essas, já adotadas em gestões passadas do PT, são criticadas pelo efeito contrário que podem causar na Selic e pelo fato de que o crédito subsidiado acaba indo para as mãos de empresários — e não necessariamente com retorno em geração de empregos e crescimento econômico.

Na última ata do Copom, o BC disse que o uso de políticas parafiscais eleva o juro neutro da economia (patamar que não acelera nem desestimula economia). A declaração sinaliza que, se o governo puxar de um lado com o fiscal, está agravada a queda de braço: o BC puxará do outro com a monetária.

 

Fonte: g1/GloboNews

 

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