'Destino da Ucrânia
está em jogo': mídia revela detalhes da batalha geral pela Ucrânia
O
apoio militar ocidental à Ucrânia terminará se a eleição presidencial dos EUA
em 2024 levar os republicanos ao poder, escreveu o colunista do jornal Hill Brad
Dress.
"A
candidatura à reeleição do presidente Biden na terça-feira [25] deu início a um
confronto com os principais candidatos republicanos na disputa pela Casa Branca
em 2024 sobre o conflito na Ucrânia, com o resultado podendo ser decisivo para
Kiev", afirma a publicação.
Na
opinião do especialista, o destino da Ucrânia agora está na balança. O tema da
ajuda a Kiev começa a deixar os representantes do Congresso cansados.
Os
republicanos estão cada vez menos propensos a apoiar o fornecimento de armas e
munições para o Exército ucraniano, ao contrário dos democratas.
Segundo
Dress, não são apenas os políticos de direita que estão "do lado de
Vladimir Putin" e pedem a interrupção total da ajuda militar, mas os
moderados também estão começando a fazer perguntas.
"Os
líderes republicanos no Congresso concentraram suas preocupações principalmente
em saber se as armas dos EUA estão sendo usadas indevidamente ou saqueadas na
Ucrânia e se a prontidão militar dos EUA está ameaçada pelo apoio à
Ucrânia", escreveu o colunista.
Na
semana passada, um grupo de 19 congressistas republicanos escreveu uma carta a
Biden pedindo o fim da "ajuda desenfreada" à Ucrânia.
Os
políticos disseram que a estratégia atual do governo Biden – ajuda e sanções
constantes – leva a um prolongamento do conflito e a "mais
violência".
• Vem à tona desespero da Ucrânia diante
do esgotamento de seus mísseis de defesa antiaérea soviéticos
Estamos
falando do esgotamento dos estoques de mísseis para os sistemas de defesa
antiaérea soviéticos. Tais munições são produzidas na Rússia. Os veículos de
imprensa ocidentais, em particular, The Wall Street Jornal e The Washington
Post, citando documentos vazados do Pentágono, escreveram que as reservas de
Kiev podem acabar em maio.
Kiev
está ficando sem munição para os sistemas de defesa antiaérea soviéticos,
informou em entrevista a RBC, o ministro da Defesa ucraniano Aleksei Reznikov.
"Se
eles [mísseis para este sistema de defesa antiaérea] não são produzidos por
nós, e há apenas nos países dos quais não podemos levá-los, então é necessário
reabastecer com outra coisa. O quê? Sistemas de defesa antiaérea
ocidentais", sugeriu Reznikov.
Segundo
ele, um alvo principal agora para Kiev e seus parceiros é fornecer à Ucrânia
peças de reposição, manutenção, reparo e munição para os sistemas que já
recebeu – "de fuzil para Himars [High Mobility Artillery Rocket System] e
tanque".
Anteriormente,
o The Wall Street Jornal escreveu, referindo-se aos dados do Pentágono vasados
nas redes sociais, que Kiev enfrentou um sério problema para encontrar munições
soviéticas para a base de seus sistemas de defesa antiaérea, S-300 e Buk.
Os
documentos disseram que, nesse caso, a maior parte da infraestrutura crítica da
Ucrânia fora da região de Kiev permanecerá descoberta pela defesa antiaérea e o
número de objetos desprotegidos aumentará de seis para mais de 40.
O
The Washington Post, também citando documentos vazados do Pentágono e da
inteligência dos EUA datados do final de fevereiro, informou que a capacidade
de Kiev de fornecer defesa aérea de médio alcance seria esgotada em 23 de maio.
O
coronel Yuri Ignat, representante da Força Aérea ucraniana, disse que não
poderia comentar a veracidade dessas informações, já que tais dados na Ucrânia
são confidenciais. Mas ao mesmo tempo, ele admitiu que havia um risco de
escassez de munições soviéticas sendo produzidas na Rússia.
"Não
há outro lugar de onde poderíamos consegui-los, para que mais cedo ou mais
tarde acabem", afirmou.
Em
meados de abril, a Alemanha informou que a Ucrânia recebeu o primeiro sistema
de defesa antiaérea Patriot. Ao mesmo tempo, o Financial Times, citando fontes,
escreveu que Kiev pediu aos parceiros ocidentais que entregassem urgentemente
mísseis para sistemas de mísseis antiaéreos.
Otan diz que já equipou Ucrânia para
contraofensiva com 230 tanques
A
Otan, aliança militar liderada pelos Estados Unidos, afirmou nesta quinta (27)
que já entregou 230 tanques de guerra para a contraofensiva prometida pela
Ucrânia contra a invasão russa, considerada iminente por analistas.
"Mais
de 98% dos veículos de combate prometidos para a Ucrânia já foram entregues.
Isso significa mais de 1.550 blindados, 230 tanques e outros equipamentos,
incluindo uma vasta quantidade de munição", afirmou o secretário-geral do
clube, o norueguês Jens Stoltenberg.
Ele
não foi preciso acerca do período de tempo dessa entrega e qual o tipo de
equipamento. No ano passado, a Polônia havia enviado cerca de 230 tanques
soviéticos T-72 de sua frota para Kiev, mas foi apenas em janeiro deste ano que
a Otan concordou em fornecer modelos ocidentais, principalmente versões antigas
do alemão Leopard-2.
Se
todos os 230 citados hoje forem novos, isso quase bate a meta das Forças
Armadas da Ucrânia de ter 300 tanques novos para tentar reconquistar os quase
20% de território perdidos para os russos desde 24 de fevereiro de 2022.
Em
relação aos blindados, o número bastante elevado sugere que Stoltenberg falava
de entregas desde o ano passado, embora só agora veículos mais modernos, como o
americano Bradley e o alemão Marder, entraram na lista de doações ao governo de
Volodimir Zelenski.
São
números significativos. Antes da guerra, a Ucrânia tinha 987 tanques, todos
modelos soviéticos. Segundo o site de monitoramento de perdas militares a
partir de dados abertos Oryx, até esta quinta havia perdido 490 deles
-destruídos, danificados, abandonados ou capturados.
Stoltenberg
afirmou que foram treinados nove brigadas blindadas para o emprego dos novos
equipamentos ocidentais. Isso pode envolver de 25 mil a 45 mil soldados, a
depender da disponibilidade de pessoal. Polônia e Eslováquia doaram alguns
caças soviéticos MiG-29, rompendo o tabu de que tal entrega levaria os russos a
considerá-los parte da guerra.
A
contraofensiva ucraniana é esperada para ocorrer agora que as condições do solo
já são mais estáveis, após o inverno do Hemisfério Norte. Ao longo da estação,
a ofensiva coube só aos russos, que concentraram suas ações no "moedor de
carne" de Bakhmut, em Donetsk, uma das regiões russófonas do leste do país
anexadas ilegalmente ano passado.
Moscou
avançou, mas não conseguiu tomar a estratégica cidade. Os ataques, contudo,
continuam. Observadores sugerem que a contraofensiva ucraniana possa ocorrer em
Kherson, ao sul, numa tentativa de cortar a ligação por terra estabelecida
entre a Rússia e a Crimeia, anexada em 2014.
Mas
há dúvidas sobre a capacidade de Kiev, dado o entrincheiramento das defesas
russas. Tanques são essenciais nesse sentido: uma vez rompida a frente, é
necessária a ocupação do território com tropas e blindados com alto poder de
fogo.
Enquanto
isso, em Moscou, a carta nuclear voltou a ser sacada pelo governo de Vladimir
Putin, ainda que de forma velada. Durante uma entrevista, a porta-voz do
Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova, afirmou que a Rússia não
quer uma escalada nuclear com o Ocidente, mas que sua paciência não deve ser
testada.
"Nós
vamos fazer de tudo para evitar o desenvolvimento dos eventos de acordo com o
pior cenário, mas não ao custo de infringir nossos interesses vitais. Eu não
recomendo a ninguém que duvide ou coloque em teste na prática a nossa
determinação", afirmou.
Desde
que a guerra foi iniciada pela Rússia, Putin e autoridades de seu governo
fizeram ameaças semelhantes, com maior ou menos agressividade. Nesta semana, o
ex-presidente Dmitri Medvedev afirmou que é alto o risco de uma Terceira Guerra
Mundial.
A
visão do Kremlin é de que o conflito foi necessário porque a Otan buscava
absorver a Ucrânia, chegando à maior fronteira ocidental da Rússia e a um país
que a elite russa considera praticamente seu. Na prática, contudo, até aqui o
que Putin conseguiu foi a expansão da fronteira com a Otan, com a entrada da
antes neutra Finlândia -a Suécia ainda está esperando a boa vontade de turcos e
húngaros para fazer o mesmo.
Ao
mesmo tempo, foi dada uma sinalização importante do ponto de vista diplomático.
O Kremlin elogiou o telefonema entre o líder chinês, Xi Jinping, e Zelenski, na
quarta (26). Xi é o maior aliado de Putin, e sua entrada em jogo, com o envio
de uma delegação para Kiev, sugere que pode haver um avanço -ainda que o
Ocidente considere a China parcial, buscando uma solução que seja favorável à
Rússia.
Rússia intensifica defesa enquanto
Ucrânia se prepara para atacar
As
valas antitanque perto da cidade ocupada de Polohy, no sudeste da Ucrânia, se
estendem por 30 quilômetros. Atrás estão fileiras de barricadas de concreto com
"dentes de dragão". Mais atrás estão as trincheiras defensivas onde
as tropas russas serão posicionadas.
As
defesas visíveis nas imagens de satélite obtidas pelo Capella Space fazem parte
de uma vasta rede de fortificações russas que se estende desde o oeste da
Rússia até o leste da Ucrânia e segue para a Crimeia, construídas em prontidão
para um grande ataque ucraniano.
Milhares
de soldados ucranianos estão treinando no Ocidente para usar diferentes meios
militares no campo de batalha de forma combinada antes de uma contraofensiva
que as autoridades ucranianas dizem que acontecerá quando suas forças estiverem
prontas.
A
Reuters revisou imagens de satélite de milhares de posições defensivas dentro
da Rússia e ao longo das linhas de frente ucranianas que mostram que são mais
fortemente protegidas na região de Zaporizhzhia, no sul, e na porta de entrada
para a Península da Crimeia.
Seis
especialistas militares disseram que as defesas, construídas principalmente
após os rápidos avanços da Ucrânia no outono, podem tornar as coisas mais
difíceis para a Ucrânia desta vez e que o progresso dependerá de sua capacidade
de realizar operações complexas e combinadas de forma eficaz.
"Não
são os números ideais para os ucranianos. Eles podem fazer esse tipo de guerra,
operações de armas combinadas?", disse Neil Melvin, analista do Royal
United Services Institute (RUSI). "Os russos mostraram que não podem fazer
isso e voltaram ao seu antigo método soviético de desgaste."
Uma
contraofensiva ucraniana pode mudar a dinâmica de uma guerra que se transformou
em uma sangrenta batalha de desgaste e especialistas militares dizem que a
extensão do front pode esticar as defesas da Rússia.
• Rússia exige plena implementação do
acordo de grãos do Mar Negro
Somente
a implementação total pode salvar o acordo de grãos do Mar Negro do colapso,
disse o Ministério das Relações Exteriores da Rússia nesta quinta-feira,
reafirmando a insatisfação de Moscou com um acordo que visa evitar uma crise
alimentar global.
O
acordo, mediado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Turquia em
julho passado, permite que os grãos ucranianos retidos pelo conflito sejam
exportados com segurança dos portos do país no Mar Negro.
Mas
a Rússia disse repetidamente que não permitirá que o acordo seja estendido para
além de 18 de maio, a menos que o Ocidente remova os obstáculos às exportações
russas de grãos e fertilizantes.
“(O
acordo) não é um buffet que você pode escolher”, disse a porta-voz do
Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, em uma coletiva
de imprensa em Moscou, acrescentando que a implementação do acordo até agora
tem sido insatisfatória.
A
Rússia e a Ucrânia são grandes produtores de grãos, mas Moscou diz que partes
do acordo destinadas a permitir a exportação de seus próprios produtos
agrícolas via Mar Negro não estão sendo honradas.
Embora
as exportações agrícolas da Rússia não tenham sido explicitamente alvo de
sanções ocidentais, Moscou diz que as restrições aos seus pagamentos, logística
e seguros — impostas por causa de suas ações militares na Ucrânia — criaram uma
barreira à exportação de seus grãos e fertilizantes.
Uma
das principais demandas da Rússia nas negociações é a reconexão do Banco
Agrícola Russo (Rosselkhozbank) ao sistema de pagamentos Swift.
Fonte:
Sputnik Brasil/FolhaPress/Reuters
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