quarta-feira, 26 de abril de 2023

Bolsonaro teme virar principal alvo da CPMI dos Atos Golpistas e quer escalar filhos para comissão

A CPMI terá 32 integrantes, contanto com 16 senadores e 16 deputados. As vagas serão ocupadas de forma proporcional ao tamanho dos blocos partidários.

Mesmo tendo já se passado quase cinco meses das invasões aos prédios dos três Poderes em Brasília, a ação continua a ser amplamente apurada e ganhou novo fôlego após a queda do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Gonçalves Dias, na semana passada.

No Congresso Nacional, a expectativa é para a instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) já nesta quarta-feira (26) para investigar as invasões e suas possíveis conexões com políticos, Forças Armadas e empresários.

Para ser cem por cento aprovada, o presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), tem que fazer a leitura do pedido de instalação durante sessão no plenário da casa legislativa.

Enquanto a instalação da CPMI anda, o ex-presidente, Jair Bolsonaro, já teria traçado uma estratégia para se "blindar" diante da comissão. De acordo com o blog de Lauro Jardim em O Globo.

Segundo o colunista, além de indicar o deputado federal e seu filho, Eduardo Bolsonaro, para uma das três cadeiras que o PL terá na comissão mista, o ex-presidente quer também Flávio Bolsonaro entre as duas vagas do Senado.

Ainda segundo o colunista, antes, o PL previa escalar os bolsonaristas Magno Malta e Jorge Seif. Porém, o capitão está convencido de que será o principal alvo da CPMI e precisará dos filhos Eduardo e Flávio para protegê-lo.

O PL também deve escalar o ex-Abin e atual deputado Alexandre Ramagem e André Fernandes, autor do requerimento, para o colegiado, de acordo com o G1.

Tanto no Senado quanto na Câmara o governo tem maioria, mas o chamado Centrão será o fiel da balança porque tem influência nos dois maiores blocos. Um formado por nove partidos e o outro formado por cinco partidos.

ESTRATÉGIA

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teme virar o principal alvo da CPMI dos Atos Golpistas e quer escalar dois filhos para integrar a comissão: deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

Inicialmente, nenhum dois participaria. Por interferência do ex-presidente, o PL decidiu indicar o deputado Eduardo Bolsonaro. Agora, o pai quer também que o filho senador participe da CPMI.

Na oposição, uma ala já avalia que a criação da CPMI dos Atos Golpistas pode ser um autêntico "tiro no pé", porque o governo terá maioria na comissão. Consequentemente, governistas vão acabar ditando o ritmo dos trabalhos e definindo os convocados.

Os governistas já planejam, por exemplo, convocar empresários bolsonaristas que financiaram os atos, o ex-ministro Anderson Torres e, talvez, até o ex-presidente Bolsonaro.

Ao blog, um deputado da oposição lembrou que a munição do governo nesta CPMI será muito maior do que a dos bolsonaristas.

"Eles terão um canhão, nós, uma espingarda. O desgaste para o Bolsonaro pode ser enorme", disse o parlamentar oposicionista. Ele diz ter alertado internamente que o risco de Bolsonaro se tornar o principal alvo é elevado.

Confira os possíveis nomes que devem compor a CPMI do 08/01

Dentro da oposição, outro temor é que os trabalhos da CPMI possam acabar fragilizando ainda mais o ex-presidente no momento em que ações contra ele podem estar próximas de julgamento, como no caso do Tribunal Superior Eleitoral.

Segundo um deputado da oposição, o governo vai querer repassar todo o filme dos atos golpistas, reforçando a responsabilidade do ex-presidente pelo que aconteceu.

•        Medo de que? Mourão diz não ver motivo para Bolsonaro ser convocado para CPMI

O senador e ex-vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos-RS) afirmou nesta segunda-feira (24/4), não ver motivos para que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) seja ouvido pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do dia 8 de janeiro.

Segundo o general, a comissão precisa ser conduzida "sem aquele clima de oba-oba, sem aquele clima de circo, sem aquele clima de bate-boca".

"No nosso caso, congressistas, precisamos apurar a invasão que houve aqui dentro do Congresso, esse é nosso principal mote para a CPMI. Independente do Planalto, STF que foi invadido, o Congresso as duas casas foram invadidas. Esse é o grande argumento para instalação dessa comissão mista. Não vejo razão para chamar o presidente Bolsonaro, que no próprio inquérito que vem sendo conduzido no STF não foi chamado em nenhum momento. Estava fora do país", alegou Mourão em entrevista à CNN.

"A minha visão é que houve uma grande arruaça. Vários arruaceiros devidamente identificados, sendo qualificados no inquérito e denunciados. Nós vamos procurar esclarecer porque o aparato de segurança não foi acionado", completou.

Mourão também criticou a escolha de Ricardo Capelli para o comando do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), ironizando que o mesmo "entende tanto de segurança nacional ou pública quanto eu de física quântica".

"Acho que a escolha tem que ser em alguém capacitado para essa atividade, que normalmente é um militar, mas existem civis com essa capacitação. Agora o senhor Ricardo Cappelli, eu deixo muito claro que ele entende tanto de segurança nacional ou pública quanto eu de física quântica", concluiu.

 

       Bolsonaristas do Congresso começam a recuar na defesa de uma CPMI do 8/1

 

Apesar de terem defendido, desde o princípio, a instalação da CPMI, hoje, nos bastidores, parlamentares do núcleo bolsonarista no Congresso começam a recuar da defesa intransigente das investigações do 8 de janeiro e iniciam um movimento de desmobilização nos bastidores. Mas haverá vozes eloquentes na defesa da tese se que o governo se omitiu diante dos ataques aos Poderes.

O deputado André Fernandes (PL-CE), por exemplo, que apresentou o requerimento da CPMI, segue cobrando publicamente sua instalação, e confrontou a subida de tom adotada por membros do governo, na última semana. O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), porém, frisou que o partido fará o possível para que Fernandes não participe das investigações no Legislativo. O deputado cearense é um dos alvos do inquérito aberta na Polícia Federal por suspeita de incentivar os atos golpistas.

Fernandes teve seu nome incluído na investigação autorizada pelo Supremo Tribunal Federal por divulgar, com dois dias de antecedência, a manifestação que resultou nos ataques. Ele rebateu as falas de Farias. "É claro que não querem, pois estão se borrando de medo!", escreveu Fernandes, em seu Twitter.

•        União Brasil na CPMI

Precisando de força dentro do Congresso Nacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acabou cedendo três ministérios para o União Brasil. O partido do deputado Luciano Bivar (PE), no entanto, tem dado mais problemas do que soluções ao governo. As duas primeiras grandes polêmicas no Poder Executivo envolveram, justamente, dois nomes da legenda, a ministra do Turismo, Daniela Carneiro, e o ministro das Comunicações, Juscelino Filho.

Com grandes bancadas tanto na Câmara quanto no Senado, e compondo, também, os maiores blocos partidários nas duas Casas, a legenda vê, na CPMI, a oportunidade de retribuir as três vagas que ganhou na Esplanada dos Ministérios. A expectativa é que Bivar indique parlamentares que se alinhem na defesa do governo na comissão.

 

       Boulos diz que CPMI irá identificar os 'golpistas bolsonaristas'

 

O deputado federal Guilherme Boulos (Psol-SP) defendeu a instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), nesta segunda-feira (24/4), e afirmou que ela irá identificar os reais responsáveis pelos ataques em Brasília, no 8 de janeiro, a quem ele chamou de ‘golpistas bolsonaristas’.

Em uma série de publicações, o aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começa ressaltando que quem viu os vídeos do ataque às sedes dos Três Poderes sabe que os líderes do movimento têm nome e sobrenome: “Golpistas de Bolsonaro”.

O parlamentar diz que a invasão foi convocada pessoalmente por parlamentares alinhados ao ex-presidente Bolsonaro. “Dono de ônibus que transportou golpistas era ligado a Carla Zambelli (PL-SP). O senador Magno Malta (PL-ES) convocou a manifestação. O secretário de segurança do DF na época era ex-ministro de Bolsonaro”, destacou.

Boulos também lembrou de um atentado a bomba no aeroporto de Brasília, na véspera do natal de 2022. Na ocasião, o ex-assessor da senadora Damares Alves (Republicanos-DF), ex-ministra dos Direitos Humanos do governo de Jair Bolsonaro (PL), Wellington Macedo de Souza, foi um dos organizadores do ato terrorista. Ele foi preso no dia 16 de janeiro.

Por fim, o psolista também citou a visita do general Braga Netto, que concorreu a vice-presidência na chapa de Bolsonaro nas eleições, ao acampamento em frente ao quartel do exército em Brasília.

“O resumo da ópera: Bolsonaristas empregavam terroristas e golpistas e ajudaram a invasão do Congresso. Iniciaram um golpe sob comando do ex-ministro da Justiça de Bolsonaro. A CPMI vai ajudar a investigar e prender esses canalhas”, disse.

•        Governo x Oposição na CPMI

Desde que as imagens do general Gonçalves Dia, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), no Palácio do Planalto durante os atos golpistas viralizaram,

aliados do governo Lula e a oposição disputam a narrativa que pode ditar os trabalhos na CPMI.

Bolsonaristas tentam emplacar a tese de que o governo foi omisso durante a invasão para se beneficiar enquanto vítima. Já os governistas, que antes eram contrários a CPMI, tentam mostrar que os Três Poderes foram atacados por apoiadores do ex-presidente Bolsonaro.

Nos bastidores, parlamentares do núcleo bolsonarista no Congresso Nacional começam a recuar da defesa intransigente das investigações do 8 de janeiro e iniciam um movimento de desmobilização. Mas alguns continuam com vozes eloquentes na defesa da tese de que o governo se omitiu.

 

       Paulo Pimenta afirma que CPMI irá mostrar toda verdade sobre o 8/1

 

O Ministro-Chefe da Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República do governo Lula), Paulo Pimenta, afirmou na madrugada desta segunda-feira (24/04) que a "CPMI vai mostrar toda verdade sobre o Golpe".

A afirmação de Pimenta veio logo após a divulgação das mais de 500 horas de gravação do dia 8 de janeiro, pelo Gabinete de Segurança Institucional, mostradas no Fantástico na noite de ontem (23/04). O ministro afirmou que sete dos nove militares do GSI (Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República) presentes no palácio do Planalto durante a invasão eram seguranças de Jair Bolsonaro, tendo, inclusive, participado de motociatas do ex-presidente.

"Acabou a farsa: imagens divulgadas mostram que sete dos nove militares do GSI que estavam no palácio do Planalto durante a invasão de 08 de janeiro, eram seguranças de Bolsonaro e participaram, inclusive, de suas motociatas! CPMI vai mostrar toda verdade sobre o Golpe!!", escreveu Pimenta em sua conta no Twitter.

 

       Líder do governo quer fechar indicados para CPMI do 8 de janeiro

 

O líder do governo na Câmara, o deputado José Guimarães (PT-CE), disse em entrevista coletiva nesta terça-feira (25/4) que a base quer fechar os nomes que vão participar da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro o quanto antes.

Guimarães afirmou que a CPMI não será o foco central do governo, que precisa articular para aprovar medidas como o novo arcabouço, o projeto de lei das fake news e, mais para frente, a reforma tributária. Por conta disso, os nomes escolhidos para compor o embate dentro do inquérito devem ser definidos o mais breve possível como seu principal.

“A CPMI não é a CPMI do governo, os partidos e os blocos aqui na Câmara estão discutindo. Nós queremos uma CPI que exponha aqui a verdade, quem financiou os atos golpistas. Nós já conversamos com o bloco do PP do União Brasil, conversamos com o bloco do MDB e PSD, enfim, o nosso campo da federação (PT/PCdoB/PV). E eu acho que estamos prontos para indicar os nomes. A federação do PT discutiu de hoje pra amanhã. Na hora que o presidente do Congresso ler o relatório e estabelecer os prazos, nós seremos os primeiros a indicar os nomes para compor este colegiado”, disse o líder.

 “O governo tem que governar. Nós vamos cuidar da CPI, não como a centralidade do governo, vamos trabalhar para que ela realmente fale a verdade para a opinião pública brasileira. Quem vai presidir ou relatar os partidos está se movimentando na hora certa, nós vamos fazer o acordo”, concluiu.

 

Fonte: Sputnik Brasil/g1/Correio Braziliense

 

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