Um a cada três brasileiros está acima do
peso; especialista alerta riscos
Nesta
quinta-feira (3/4), o CB Saúde, parceria entre o Correio e
a TV Brasília, recebeu o médico, especialista em nutrologia,
emagrecimento e metabolismo e membro Sociedade Brasileira de Medicina e
Obesidade, Valdecy Neto. O especialista explicou aspectos importantes que
contribuem para o aumento da quantidade de indivíduos com sobrepeso no país e
forneceu dicas e sugestão de hábitos para gerir o peso.
O
médico também comentou sobre o Atlas Mundial da Obesidade, que revela um
percentual de aproximadamente 31% dos brasileiros com sobrepeso ou obesos.
<><> Confira os destaques da entrevista:
- Segundo o Altas
Mundial da Obesidade, quase 70% da população brasileira está com sobrepeso
ou obesidade. As projeções são de que, em cinco anos, esse número vá
aumentar consideravelmente. É uma questão de saúde pública, não
é?
É
uma questão de saúde pública, porque esses dados mostram que cada vez mais a
população vai aumentando seu peso. E não é só o excesso de peso, são as doenças
que a obesidade provoca. A gente tem que ficar mais atento a essa questão do
peso corporal.
- Existe essa
coisa mais técnica, protocolar, que faz a diferenciação entre o sobrepeso
e a obesidade?
Existe.
A gente seguia, principalmente, pelo Índice de Massa Corporal (IMC). Acima de
30%, dizíamos que a pessoa tinha obesidade. Temos vários tipos da doença, tipo
um, dois e três. E temos o sobrepeso, que é acima de 24.9%. Então, uma pessoa
com 25% já considerávamos com sobrepeso. Atualmente, esse IMC está caindo por
terra. Estamos levando mais em conta o percentual de gordura.
- E quais são os
hábitos para sair de uma condição de sobrepeso para uma condição de saúde,
de peso recomendado pelos especialistas?
Existem
dois fatores primordiais, que são a atividade física e a dieta. Hoje, nossos
hábitos alimentares são muito afetados por conta da nossa rotina de trabalho.
Às vezes, temos um trabalho mais intenso e esquecemos da atividade física e dos
hábitos alimentares. Pegamos um aplicativo de comida, colocamos o que queremos
comer e já chega ali. É muita facilidade. Esses hábitos alimentares, que estão
mudando, vão provocar o aumento de peso. Tem também a questão do sedentarismo,
que também é uma doença. Sedentarismo com hábitos alimentares irão provocar o
sobrepeso.
- Na projeção do
atlas, a quantidade de brasileiras obesas é consideravelmente maior do que
a de brasileiros. Estamos falando de 46% contra 33%. Tem uma questão de
gênero na obesidade?
Existem
estudos que avaliaram o metabolismo tanto dos homens quanto das mulheres que
notaram que o das mulheres é um pouco mais lento, justamente por fatores
hormonais, que levam a mulher a ter tendência de acumular mais gordura
subcutânea, enquanto os homens têm a questão da gordura visceral. Então, as
mulheres realmente acumulam mais gordura.
- É real que, na
menopausa, as mulheres tendem a ganhar mais peso e acumular mais gordura?
Quando
a mulher entra no climatério ou na menopausa, o hormônio estradiol cai, o que
faz com que ela tenha um aumento de apetite e uma redução de metabolismo, além
de mais acúmulo de gordura na região da barriga e visceral. Então, ela precisa
procurar um médico para saber se irá precisar repor esse hormônio, que é vital
à sua saúde. A falta do estradiol atrapalha até o sono. Então, se ela dorme
mal, talvez no outro dia possa ter preferência maior por doce, o que facilita o
ganho de peso.
- Sobre os
medicamentos, como o Ozempic, eles realmente são eficazes? Têm efeitos
colaterais? É seguro?
As
canetinhas vieram para revolucionar essa questão do tratamento da obesidade.
Tínhamos muitos medicamentos que não controlavam bem essa questão do peso
corporal. Elas surgiram, a princípio, para tratar as diabetes, mas tem
princípios que combatem a obesidade. Quando a medicação é colocada no mercado,
ela passa por diversos estudos e fases. Se realmente ela está hoje no mercado,
é porque tem uma segurança em utilizá-la. Temos que ter cuidado de não usar sem
acompanhamento médico, para fazer com o máximo de segurança possível.
Fonte:
Correio Braziliense
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