sábado, 5 de abril de 2025

Um a cada três brasileiros está acima do peso; especialista alerta riscos

Nesta quinta-feira (3/4), o CB Saúde, parceria entre o Correio e a TV Brasília, recebeu o médico, especialista em nutrologia, emagrecimento e metabolismo e membro Sociedade Brasileira de Medicina e Obesidade, Valdecy Neto. O especialista explicou aspectos importantes que contribuem para o aumento da quantidade de indivíduos com sobrepeso no país e forneceu dicas e sugestão de hábitos para gerir o peso. 

O médico também comentou sobre o Atlas Mundial da Obesidade, que revela um percentual de aproximadamente 31% dos brasileiros com sobrepeso ou obesos. <><> Confira os destaques da entrevista:

  • Segundo o Altas Mundial da Obesidade, quase 70% da população brasileira está com sobrepeso ou obesidade. As projeções são de que, em cinco anos, esse número vá aumentar consideravelmente. É uma questão de saúde pública, não é?  

É uma questão de saúde pública, porque esses dados mostram que cada vez mais a população vai aumentando seu peso. E não é só o excesso de peso, são as doenças que a obesidade provoca. A gente tem que ficar mais atento a essa questão do peso corporal. 

  • Existe essa coisa mais técnica, protocolar, que faz a diferenciação entre o sobrepeso e a obesidade? 

Existe. A gente seguia, principalmente, pelo Índice de Massa Corporal (IMC). Acima de 30%, dizíamos que a pessoa tinha obesidade. Temos vários tipos da doença, tipo um, dois e três. E temos o sobrepeso, que é acima de 24.9%. Então, uma pessoa com 25% já considerávamos com sobrepeso. Atualmente, esse IMC está caindo por terra. Estamos levando mais em conta o percentual de gordura. 

  • E quais são os hábitos para sair de uma condição de sobrepeso para uma condição de saúde, de peso recomendado pelos especialistas?

Existem dois fatores primordiais, que são a atividade física e a dieta. Hoje, nossos hábitos alimentares são muito afetados por conta da nossa rotina de trabalho. Às vezes, temos um trabalho mais intenso e esquecemos da atividade física e dos hábitos alimentares. Pegamos um aplicativo de comida, colocamos o que queremos comer e já chega ali. É muita facilidade. Esses hábitos alimentares, que estão mudando, vão provocar o aumento de peso. Tem também a questão do sedentarismo, que também é uma doença. Sedentarismo com hábitos alimentares irão provocar o sobrepeso.

  • Na projeção do atlas, a quantidade de brasileiras obesas é consideravelmente maior do que a de brasileiros. Estamos falando de 46% contra 33%. Tem uma questão de gênero na obesidade?

Existem estudos que avaliaram o metabolismo tanto dos homens quanto das mulheres que notaram que o das mulheres é um pouco mais lento, justamente por fatores hormonais, que levam a mulher a ter tendência de acumular mais gordura subcutânea, enquanto os homens têm a questão da gordura visceral. Então, as mulheres realmente acumulam mais gordura. 

  • É real que, na menopausa, as mulheres tendem a ganhar mais peso e acumular mais gordura?

Quando a mulher entra no climatério ou na menopausa, o hormônio estradiol cai, o que faz com que ela tenha um aumento de apetite e uma redução de metabolismo, além de mais acúmulo de gordura na região da barriga e visceral. Então, ela precisa procurar um médico para saber se irá precisar repor esse hormônio, que é vital à sua saúde. A falta do estradiol atrapalha até o sono. Então, se ela dorme mal, talvez no outro dia possa ter preferência maior por doce, o que facilita o ganho de peso. 

  • Sobre os medicamentos, como o Ozempic, eles realmente são eficazes? Têm efeitos colaterais? É seguro?

As canetinhas vieram para revolucionar essa questão do tratamento da obesidade. Tínhamos muitos medicamentos que não controlavam bem essa questão do peso corporal. Elas surgiram, a princípio, para tratar as diabetes, mas tem princípios que combatem a obesidade. Quando a medicação é colocada no mercado, ela passa por diversos estudos e fases. Se realmente ela está hoje no mercado, é porque tem uma segurança em utilizá-la. Temos que ter cuidado de não usar sem acompanhamento médico, para fazer com o máximo de segurança possível.

 

Fonte: Correio Braziliense

 

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