sábado, 9 de novembro de 2024

4 a cada 10 habitantes de Salvador viviam em favelas em 2022, aponta Censo; proporção é terceira maior entre capitais

Em 2022, quatro a cada 10 habitantes (42,7%) de Salvador moravam em favelas. O número, que representa 1.370.262 pessoas, foi descoberto através do Censo Demográfico 2022 e divulgado nesta sexta-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado mostra que a capital baiana concentrava 45,8% ou 262 favelas do total de 572 comunidades baianas mapeadas. É a terceira maior proporção entre as capitais do país, atrás apenas de Belém (PA) e Manaus (AM).

As 310 restantes estavam espalhadas em 27 dos 417 municípios do estado.

Para o IBGE, as favelas são locais onde há: "territórios populares originados das diversas estratégias utilizadas pela população para atender, geralmente de forma autônoma e coletiva, às suas necessidades de moradia e usos associados (comércio, serviços, lazer, cultura etc.)".

Na prática, em muitos casos, isso inclui relações de vizinhança, engajamento comunitários e intenso uso de espaços comuns.

Na Bahia, abaixo de Salvador, as cidades que tinham maior número de áreas avaliadas dessa forma em 2023 eram Feira de Santana (49 comunidades), Camaçari (47) e Lauro de Freitas (35). Quanto à proporção de moradores de favelas pelo total de habitantes, os municípios com maiores marcas depois da capital eram Ilhéus (64.364 pessoas em favelas), Camaçari (54.664) e Feira de Santana (44.699).

De modo geral, o estado tinha 1.370.262 pessoas vivendo em favelas e comunidades urbanas — o quarto maior número absoluto entre os estados, que representava 9,7% da população baiana.

<><> Evolução e perfil da população: mais preta, mais feminina e menos longeva

O estudo também mostrou que a população moradora de favelas na Bahia era:

•        mais feminina - 53,4% eram mulheres;

•        mais preta - 39,2% das pessoas se declaravam dessa cor;

•        menos longeva - apenas 12,7% da população tinha 60 anos ou mais.

Outra observação destacada pelo IBGE é o aumento do número de favelas: em 2010, ano do Censo anterior, 280 áreas do tipo foram identificadas na Bahia. Ou seja, o número mais que dobrou em 12 anos.

Apesar do crescimento na quantidade de áreas mapeadas, a Bahia caiu três posições no ranking nacional. Antes era o quinto maior número do país e, 12 anos depois, passou para o oitavo.

Em 2022, o ranking era liderado por São Paulo (3.123 favelas), seguida por Rio de Janeiro (1.724) e Pernambuco (848). O Censo mapeou um total 12.348 áreas do tipo em comunidades urbanas de todo o país. São locais espalhados em 656 municípios ou 11,8% dos 5.570 existentes.

Além disso, o quadro geral mostra que a Bahia tinha duas das 20 favelas mais populosas do Brasil. É o caso de Beiru/ Tancredo Neves, com 38.871 moradores nesses locais, como a 10ª maior comunidade do país, e Pernambués, com 35.110 moradores, na 11ª posição.

<><> Favelas e comunidades na concepção do IBGE

O Censo mostra que houve um aumento generalizado no reconhecimento de favelas e comunidades urbanas, o que o próprio IBGE avalia como fruto de seus "aprimoramentos metodológicos e tecnológicos".

O instituto entende que favelas e comunidades urbanas são áreas com "predominância de domicílios com graus diferenciados de insegurança jurídica relativa à posse" e pelo menos um dos seguintes critérios:

•        ausência ou oferta incompleta e/ ou precária de serviços públicos (iluminação, saneamento, drenagem etc.);

•        predomínio de edificações, arruamento e infraestrutura usualmente autoproduzidos e/ ou orientados por parâmetros urbanísticos e construtivos distintos dos definidos pelos órgãos públicos;

•        localização em áreas com restrição à ocupação definidas pela legislação ambiental ou urbanística, como faixas de domínio de rodovias e ferrovias, linhas de transmissão de energia e áreas protegidas; ou em áreas de risco.

A classificação também leva em conta trabalhos de campo, de análise de imagens de satélites e tratativas com as prefeituras. O objetivo é alinhar a classificação do IBGE com a feita pelos próprios municípios.

 

•        Belém e Manaus têm mais da metade da população vivendo em favelas, diz Censo

Belém e Manaus são as únicas capitais do país com mais da metade da população vivendo em favelas, revelam os dados do Censo 2022 divulgados nesta sexta-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em Belém, que em 2025 irá sediar a COP 30 – a conferência do clima das Nações Unidas –, 57,2% dos moradores estão em comunidades. Em Manaus, 55,8%.

📌Estes índices são bem maiores que a média do país, de 8,1% – um total de 16,4 milhões dos 203 milhões de brasileiros, que moram em 12.348 favelas distribuídas por 656 municípios.

📌No conjunto, a Região Norte tem a maior fatia de pessoas vivendo em favela: são 18,9%, o dobro dos 8,5% do Nordeste e os 8,4% do Sudeste. O Sul tem 3,2% e o Centro-Oeste, 2,4%.

📌Os três estados brasileiros com maior população em favelas são da região Norte: Amazonas (34,7%), Amapá (24,4%) e Pará (18,8%).

📌Todas as cinco cidades brasileiras com maior percentual de população em favelas são do Norte:

<><> Moradores de favelas

Cidade % da população e favela

Vitória do Jari (AP)   69%

Ananindeua (PA)      60%

Marituba (PA) 59%

Belém 57%

Manaus         56%

Fonte: % da população em comunidades

De acordo com o IBGE, grande parte das comunidades acompanham a margem do rio Amazonas.

"A urbanização dessas cidades na região Norte não contou com uma base produtiva mais consolidada no processo histórico. Além disso, Manaus e a concentração urbana de Belém apresentam uma condição de macrocefalia, ou seja, uma única área que concentra fortemente os serviços, promovendo com isso uma forte atração de população", analisa a pesquisadora do IBGE Letícia de Carvalho.

 

•        População que vive em favelas cresce e chega a 8,1%, mostra Censo; no Norte, são 19%

A população que mora em favelas cresceu na última década e chegou 16,4 milhões de pessoas, 8,1% do total de brasileiros, segundo dados do Censo 2022, divulgados nesta sexta-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Há 12 anos, em 2010, eram 11,4 milhões de moradores em favelas, 6% do total.

📌 O número de favelas também cresceu. Em 2010, o Brasil tinha 6.329 favelas em 323 municípios. Em 2022, segundo Censo, eram 12.348 favelas distribuídas por 656 municípios.

🔍De acordo com o IBGE, parte desses aumentos estão relacionados a uma melhoria e aperfeiçoamento na coleta dos dados, especialmente em áreas menores, e não ao crescimento na população vivendo nas favelas.

🧭As favelas são diversas e heterogêneas em suas formas, tamanhos e tipos de construção. Ocupam morros, baixadas, praias, planaltos, alagados, mangues, beiras de rio e outras composições geográficas. E, segundo o IBGE, estão concentradas na faixa litorânea, na calha do Rio Amazonas e em regiões de expansão de fronteira agrícola.

Os dados divulgados nesta sexta-feira também mostram que:

📊A Região Norte tem a maior fatia da população vivendo em favelas, 19%; em Belém e Manaus, mais da metade da população está em comunidades.

📄A maioria das favelas (72,5%) tem até 500 lares.

📍A favela da Rocinha, no Rio, continua sendo a maior do país, seguida da Sol Nascente (DF) e da Paraisópolis (SP).

🙎🏿‍♂Os moradores de favelas são mais jovens e mais negros que a média brasileira.

👩🏻‍⚕️As favelas têm mais templos e menos unidades de saúde que a média.

<><> Região Norte tem maiores índices de população em favelas do país

Enquanto a média nacional é de 8,1% da população vivendo em favelas, na região Norte do país este percentual chega a 18,9%. Em seguida, está o Nordeste (8,5%), seguido do Sudeste (8,4%), do Sul (3,2%) e do Centro-Oeste (2,4%).

Quando se olha para os estados brasileiros, os maiores percentuais de população favelizada também estão no Norte:

1.       Amazonas: 34,7%

2.       Amapá: 24,4%

3.       Pará: 18,8%

Da mesma forma, cidades do Norte também lideram a proporção de pessoas vivendo em comunidades em relação à população total:

1.       Vitória do Jari (AP): 69,2%

2.       Ananindeua (PA): 60,2%

3.       Marituba (PA): 58,7%

4.       Belém (PA): 57,2%

5.       Manaus (AM): 55,8%

"A urbanização dessas cidades na região Norte não contou com uma base produtiva mais consolidada no processo histórico. Além disso, Manaus e a concentração urbana de Belém apresentam uma condição de macrocefalia, ou seja, uma única área que concentra fortemente os serviços, promovendo com isso uma forte atração de população", analisa a pesquisadora do IBGE Letícia de Carvalho.

Em números totais, no entanto, São Paulo e Rio de Janeiro – 1º e 3º estados mais populosos do país – concentram a maior fatia da população que vive em favelas – 3,6 milhões e 2,1 milhões, respectivamente.

<><> Rocinha, Sol Nascente e Paraisópolis são as maiores favelas do Brasil

A favela da Rocinha, localizada na Zona Sul do Rio de Janeiro, com 72.021 moradores, segue como a maior do país. A Rocinha tem mais gente que 91% dos 5.570 municípios brasileiros.

Mantendo o segundo lugar, está Sol Nascente, no DF, com 70.908 habitantes (os dados preliminares do Censo divulgados em 2023 haviam apontado que ela era a maior, mas isso não se confirmou nos dados finais.)

Uma das que mais cresceu foi Paraisópolis, em São Paulo, que saiu da oitava colocação em 2010 (42.826 habitantes) para a terceira em 2022, com 58 mil moradores.

Na quarta e quinta posições também estão favelas cariocas: Cidade de Deus (55.821 moradores) e Rio das Pedras (55.653 moradores).

🌱Curiosidade: Em "A gênese das favelas cariocas", de Licia Valladares, ela conta que, com o fim da guerra de Canudos, na Bahia, no final do século 19, alguns soldados, ao retornar para o Rio de Janeiro, se instalaram no morro da Providência, considerada a primeira favela carioca. Lá, havia a mesma vegetação rasteira de Canudos, chamada Favella. Com isso, o local, primeiro, passou a ser conhecido como Morro da Favella, o que acabou dando nome a todas as outras comunidades semelhantes que foram surgindo.

<><> Favelas do RJ são mais verticalizadas

Segundo o IBGE, uma característica que diferencia as favelas do Rio de Janeiro é a maior existência de apartamentos.

No conjunto do Brasil, 2,8% dos lares em favelas são apartamentos. No Rio de Janeiro, esse percentual chega a 7% (em São Paulo é 0,5%).

"A maior proporção de apartamentos no Rio tem relação direta com a verticalização, que está relacionada ao relevo e à relativa pequena disponibilidade de espaço próximo aos locais de emprego", analisa a pesquisadora do IBGE Letícia de Carvalho.

<><> Maior parte das favelas tem até 500 lares e está perto das capitais

O Censo 2022 mostra ainda que a maior parte das comunidades do país tem até 500 domicílios –72,5% do total e estão concentradas próximo das capitais.

👩🏽‍👧🏼‍👦🏻Em 2022, as favelas tinham, em média 2,9 moradores por domicílio. No total do Brasil, a média é semelhante: 2,8.

🏠 93,3% dos domicílios em favela são casas, proporção mais alta do que a do país (82,3%). Apenas 2,8% dos domicílios em comunidades são apartamentos, enquanto no total dos domicílios do país, são 14,9%.

<><> Em 1 em cada 5 casas de favela, coleta de lixo é feita através de caçambas

O Censo 2022 também analisou a presença dos serviços de água, esgoto e lixo nos domicílios particulares permanentes ocupados das favelas brasileiras.

⚠️ Na comparação com o total do Brasil, em alguns serviços o percentual brasileiro é menor do que nas favelas, porque inclui as áreas rurais, de baixa densidade demográfica.

<><> Veja o resultado das favelas:

•        🚰 86,4% com ligação à rede geral e que a utilizam como principal forma de abastecimento de água. No Brasil, índice é de 83,9%.

•        🚿 95,9% com canalização de água dentro de casa, apartamento ou habitação. No Brasil, índice é de 95,7%.

•        🚽 99% com banheiro ou sanitário.

•        🚮 76% com lixo coletado por serviço de limpeza. No Brasil, índice é de 83,1%.

Uma das grandes diferenças em relação a média do pais é a forma da coleta de lixo.

🗑️Em 20,7% domicílios das favelas do país, a coleta de lixo era feita através de caçambas em vez de ser diretamente no domicílio. Na média do país esse percentual é de 8,6%.

<><> Favelas têm 6,5 estabelecimentos religiosos para cada escola

As favelas brasileiras têm mais estabelecimentos religiosos do que a média do Brasil. Já a proporção de unidades de saúde e de ensino é menor nas comunidades do país.

No país, considerando o total de estabelecimentos (20.398.293), 579.798 são religiosos, o que representa 2,8% do total.

Já nas favelas, considerando o total de estabelecimentos (958.251), em números absolutos, são 50.934 estabelecimentos religiosos, 7.896 de ensino e 2.792 de saúde nas favelas. O levantamento ressalta, porém, que a maioria dos estabelecimentos em favelas e comunidades urbanas, 64,3% eram de outras finalidades, como oficinas, bancos, farmácias, lojas e comércio em geral.

Segundo o IBGE, a concentração urbana do Rio de Janeiro foi a que apresentou o maior quantitativo absoluto de estabelecimentos religiosos em favelas e comunidades, com 5.416. Considerando apenas os estabelecimentos do tipo, de ensino e saúde, os religiosos compreendiam 86,1% do total.

Na cidade de São Paulo, o percentual é ainda maior, com estabelecimentos religiosos representando 88,8% do total.

O IBGE também destaca Salvador, mas por aparecer como a concentração urbana com maior número de estabelecimentos de ensino em favelas e comunidades (1.257, o que representa 23,4% do total de estabelecimentos religiosos, de ensino e de saúde). Na capital baiana, os estabelecimentos religiosos representaram 71,1% desse total, percentual menor que o das outras grandes concentrações urbanas.

Em relação ao total de estabelecimentos do país, as favelas e comunidades concentram 8,8% dos estabelecimentos religiosos, 7,9% das edificações em construção e reforma, 3,0% dos estabelecimentos de ensino e s unidades de saúde são 1,2% do total do país, e 0,3% das favelas. As comunidades também têm um percentual menor de unidades de educação: 0,8% do total, enquanto no país este índice é de 1,3%.

•        Vitória do Jari, no Amapá, tem maior percentual de moradores em favelas do Brasil, segundo o IBGE

Vitória do Jari, no sul do Amapá, é o município do país com o maior percentual de pessoas morando em favelas em relação à população, alcançando 69,2%, segundo dados do Censo de 2022, do Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado nesta sexta-feira (8).

Os dados do IBGE mostram que em 2022, o Brasil possuía 12.348 favelas e comunidades urbanas. Mostra também o número de 16.390.815 moradores dessas áreas.

O Amapá aparece liderando a lista de sete municípios, com relação à crescimento em termos de população:

•        Vitória do Jari (AP), com 69,2%

•        Ananindeua (PA), com 60,2%

•        Marituba (PA), com 58,7%

•        Belém (PA), com 57,2%

•        Manaus (AM), com 55,8%;

•        Paranaguá (PR), com 47,2%;

•        Cabo de Santo Agostinho (PE), com 45,4%.

Vitória do Jari segundo o IBGE em 2022, possuía população de 11.291pessoas. A cidade está localizada a 180 km da capital, Macapá e surgiu após ser desmembrada do município de Laranjal do Jari em 8 de setembro de 1994.

A origem da pequena cidade está ligada ao desenvolvimento direto de Laranjal do Jari. Por lá, durante muito tempo foi executado o Projeto Jari Florestal, onde muitos trabalhadores trabalhavam na exploração de minério.

Essa população de trabalhadores aumentou na região e criou-se uma espécie de povoado às margens do rio Jari, que ficou conhecido na década de 80 como "Beiradinho".

Em 1994, "Beiradinho" foi instituído como Vitória do Jari. O local é vizinho a Monte Dourado, município paraense que também se mistura com a vida ribeirinha da região.

 

Fonte: g1

 

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