Os gatos
fazem bem para nossa saúde?
Os
gatos convivem com os seres humanos há milhares de anos. E, muito antes de os
memes e os TikToks viralizarem na Internet, eles têm nos confortado com seus
ronronados e nos feito rir com suas travessuras.
Mas,
o que dizem as pesquisas: os gatos nos fazem bem?
Viver
com um deles pode ter um efeito profundo - e às vezes surpreendente - em nossa
saúde física e mental. E isso não é isento de riscos.
• Parte da
Família
Você
já deve ter ouvido falar que os gatos não têm donos, eles têm “funcionários”.
Na verdade, vários levantamentos mostram que os humanos que moram com eles se
sentem mais como parentes amados.
Em
um estudo com 1.800 tutores de gatos holandeses, metade disse que seu bichano
era parte da família. Um em cada três considerava-o como um filho ou melhor
amigo, e o achava leal, solidário e empático.
Outra
pesquisa, nos Estados Unidos, desenvolveu uma escala de “vínculo familiar ” e
descobriu que os gatos eram um integrante tão importante das famílias quanto os
cães.
Muitos
gatos preferem interação humana em vez de comida ou brinquedos. E eles
conseguem distinguir quando estamos falando com eles (e não com outro humano).
Na
verdade, nós nos adaptamos uns aos outros. Os felinos são mais propensos a se
aproximar de estranhos humanos que primeiro dão um “beijo de gatinho” –
estreitando os olhos e piscando lentamente. E pesquisas sugerem que os gatos
desenvolveram miados específicos que se sintonizam com nossos instintos de
nutrição.
O
que essa relação próxima significa para os resultados de saúde?
• Um senso de
propósito
Ter
um animal de estimação está associado a um menor isolamento social. E alguns
tutores de gatos dizem que “cuidar dele” aumenta a sensação de prazer e senso
de propósito.
Mas
os benefícios do relacionamento podem depender de como você interage com ele.
Um
estudo analisou diferentes estilos de convivência, incluindo “remoto”, “casual”
e “codependente”. E descobriu que pessoas cujo relacionamento era codependente,
ou como um amigo, tinham uma conexão emocional maior com o animal de estimação.
• Links para a
saúde do coração
As
pessoas que possuem – ou possuíram – um bichano têm menor risco de morrer de
males cardiovasculares, como derrame ou doença cardíaca. Esse resultado foi
repetido em várias pesquisas.
No
entanto, um problema na interpretação de estudos populacionais é que eles nos
informam apenas sobre uma associação. Isso significa que, embora os donos de
felinos tenham um risco menor de morrer por problemas de coração, não podemos
afirmar com certeza que os gatos são a causa.
Conviver
com um gato também foi associado a algumas mudanças positivas na microbiota
intestinal, especialmente em mulheres, como melhor controle da glicemia e
redução de inflamação.
• Ajudando a
saúde mental
Ser
tutor de animais domésticos também está associado a um bem-estar psicológico
maior. Para pessoas com depressão, acariciar ou brincar com seu bichano
demonstrou reduzir os sintomas (embora isso tenha ocorrido em um curto período
de duas horas e não possa ser extrapolado para um prazo mais longo).
Outra
maneira de descobrir o impacto dos gatos na saúde é a pesquisa qualitativa:
perguntar às pessoas o que seus gatos significam para elas.
Quando
colegas e eu entrevistamos veteranos de guerra, descobrimos que pessoas mais
apegadas aos seus animais de estimação na verdade tinham pontuações mais baixas
em saúde mental. Mas, suas respostas à pesquisa contaram uma história
diferente. Um entrevistado disse: “meus gatos são a razão pela qual eu me
levanto de manhã”.
Outro
escreveu:
”Considero-o
um animal que presta um serviço. Ele me ajuda a relaxar quando estou lidando
com minha ansiedade, depressão ou quando acordo durante a noite por causa dos
pesadelos frequentes. Meu gato não é apenas um animal de estimação para mim,
ele é uma parte de mim, parte da minha família.”
Pode
ser que os veteranos fossem mais apegados aos seus gatos porque tinham saúde
mental pior — e dependiam mais deles para obter conforto — e não o contrário.
• O peso do
amor
É
possível que o apego tenha desvantagens. Se seu gato ficar doente, o fardo de
cuidar dele pode ter um impacto negativo em sua saúde mental.
Em
nosso estudo com tutores de animais portadores de epilepsia, cerca de um terço
deles experimentou um nível clínico de sobrecarga como cuidadores que
provavelmente interferiu em suas atividades diárias.
• Toxoplasmose
Os
gatos também podem transmitir doenças zoonóticas, que são infecções
transmitidas de animais para humanos.
Eles
são os principais hospedeiros da toxoplasmose, um parasita excretado nas fezes,
que pode afetar outros mamíferos, incluindo os seres humanos.
Há
mais probabilidade de o parasita ser transmitido por gatos selvagens, que caçam
para se alimentar, do que por gatos domésticos.
A
maioria das pessoas apresenta sintomas leves que podem ser semelhantes aos da
gripe.
Mas
a infecção durante a gravidez pode levar ao aborto espontâneo ou natimorto, ou
causar problemas para o bebê, incluindo cegueira e convulsões.
Mulheres
grávidas e pessoas com imunidade baixa correm maior risco.
É
recomendado que esses grupos não esvaziem as caixas de areia dos gatos ou, se o
fizerem, que usem luvas.
Trocar
a caixa de areia diariamente previne que o parasita atinja um estágio que possa
infectar pessoas.
• Alergias
Até
uma em cada cinco pessoas tem alergia a felinos - e esse número está
aumentando.
Quando
os gatos lambem seus próprios pelos, sua saliva deposita um alérgeno. Quando o
pelo e a penugem (flocos de pele) se soltam, isso pode desencadear uma reação
alérgica.
Pessoas
sem alergias graves ainda podem conviver com gatos se lavarem as mãos
regularmente, limparem as superfícies e passarem aspirador de pó para eliminar
os pelos.
Elas
também podem excluir os pets de locais que desejam que sejam livres de
alérgenos, como os quartos.
Embora
os gatos possam provocar reações alérgicas, também há evidências de que o
contato com eles pode ter um papel protetor na prevenção do desenvolvimento de
asma e reações alérgicas.
Isso
ocorre porque a exposição permite modificar o sistema imunológico, tornando
menos provável que reações alérgicas ocorram.
Fonte:
Por Susan Hazel, para The Conversation
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