Ozempic pode causar hipoglicemia?
Endocrinologistas explicam
Os remédios para
emagrecimento formulados com antagonistas do GLP-1, como a semaglutida (Ozempic
e Wegovy) e liraglutida (Saxenda e Victoza) sempre dão o que falar. A última
foi a postagem da modelo e atriz Lisandra Silva, que relatou que prefere a
orientação de um médico ao uso do medicamento e como a única vez que o usou,
foi parar no hospital com hipoglicemia, ou seja, uma queda na quantidade de
açúcar no sangue.
Será que é preciso se
preocupar com o uso desse medicamento? A CNN conversou com endocrinologistas
para entender melhor quando se preocupar.
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Ozempic falsificado tem sido relacionado a hipoglicemia
A endocrinologista
Andressa Heimbecher, professora do Ambulatório de Obesidade da Santa Casa de
São Paulo, explica que é preciso considerar dois fatores ao se falar a relação
entre a hipoglicemia e o Ozempic e similares. “O primeiro é a questão da falsificação:
tem ocorrido a venda de caneta de insulina com outra etiqueta”, explica a
médica.
A insulina é o
hormônio responsável pelo transporte da glicose que está circulando no sangue
para as células: pessoas com diabetes tipo 1 e tipo 2 costumam usá-la para
controlar a glicemia. Mas, caso a pessoa esteja com os índices de açúcar no
sangue normais, aplicar mais do hormônio levaria a uma queda brusca desse
índice, a hipoglicemia.
<><> E se
a pessoa tomou o remédio verdadeiro?
No entanto, mesmo
pacientes que não foram enganados por uma versão falsificada do medicamento
devem tomar cuidado. Existem alguns fatores que devem ser observados, conforme
explica a endocrinologista Maria Clara Martins:
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• Uso de outros medicamentos para
diabetes: como a semaglutida e a liraglutida já ajudam na absorção da glicose
pelas células, o uso de outros remédios hipoglicemiantes podem resultar na
queda maior desse índice;
• Dieta restritiva ou desequilibrada:
Comer muito pouco ou pular refeições pode baixar os níveis de açúcar,
potencializando o risco. Pacientes que fazem o jejum intermitente por exemplo,
precisa ser monitorado e individualizado, para evitar episódios de hipoglicemia;
• Exercícios intensos: Atividade física
intensa sem ajuste na alimentação pode contribuir para uma hipoglicemia,
especialmente em quem já usa medicação para diabetes;
• Consumo de álcool: O álcool pode
interferir no controle de glicose e aumentar o risco de hipoglicemia.
Principalmente se a pessoa consumir álcool e não se alimentar.
Heimbecher reforça a
importância do acompanhamento médico regular na observação da dosagem do
medicamento. “Se está muito alta, a pessoa acaba não comendo”, reforça a
especialista. Além disso, ter um nutricionista especializado em pacientes que
toma esse tipo de medicação é fundamental. “Se a pessoa está comendo muita
gordura em uma dieta low carb, por exemplo, ela sentirá muito mais náuseas e
comerá menos, o que pode ocasionar uma queda do açúcar no sangue”, conclui a
médica.
Além disso, a
endocrinologista Maria Fernanda Barca, doutora pela Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (FMUSP), reforça como muitas vezes o uso dos
antagonistas de GLP-1 podem anular o uso de insulina. “Esse medicamento é muito
bom e costuma baixar o glucagon e reorganizar o metabolismo”, explica a
especialista.
<><> Como
reconhecer uma hipoglicemia
Mas como você pode
saber que está tendo uma hipoglicemia? Geralmente, a queda do açúcar no sangue
causa sintomas bastante desagradáveis, como enumera Barca:
• Palpitações;
• Sudorese;
• Sensação de desmaio;
• Falta de concentração;
• Dor de cabeça;
• Taquicardia;
• Tremores.
Ao notar o surgimento
desses sintomas, o ideal é consumir uma fonte de carboidrato simples, como uma
fruta ou bala. “Se não se sentir bem minutos após se alimentar procure um
atendimento médico de urgência”, reforça a endocrinologista Martins.
• Ozempic falso pode gerar insuficiência
cardíaca e hepática, diz endocrinologista
A Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um novo alerta, no último dia 29, sobre a
falsificação do medicamento Ozempic, da farmacêutica Novo Nordisk, amplamente
utilizado para tratamento de diabetes e, de forma off-label, para emagrecimento.
O alerta surge após a
hospitalização de uma mulher em estado grave no Rio de Janeiro, vítima de uma
suposta fraude envolvendo o medicamento.
Em entrevista à CNN
Brasil, a endocrinologista Maria Fernanda Barca esclareceu os riscos associados
ao uso de medicamentos falsificados.
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Riscos da falsificação
A falsificação do
Ozempic pode conter substâncias perigosas como ácido bórico, álcool, chumbo ou
até mesmo bactérias contaminantes, explica a médica.
“Podem ter substâncias
que são poluentes, que fazem mal à saúde, que podem levar a insuficiência
cardíaca e insuficiência hepática”, afirma.
Além disso, a maioria
das compras suspeitas ocorre pela internet, com 97% das aquisições sendo feitas
online. A médica enfatiza que mais de 62% do que é posto no mercado pode não
ser o medicamento original.
Embora as autoridades
atuem em conjunto com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e setores policiais
para combater as gangues responsáveis por essas falsificações, a médica
ressalta que o processo não é simples. Portanto, o consumidor corre o risco de
encontrar falsificações.
Desta forma, é
fundamental que os pacientes adquiram o medicamento apenas com prescrição
médica e em estabelecimentos confiáveis, evitando compras pela internet ou de
fontes não autorizadas, recomenda a endocrinologista.
A vigilância e a
conscientização são essenciais para prevenir os riscos associados ao uso de
medicamentos falsificados.
<><> Como
identificar o Ozempic original
A médica alertou sobre
as características do produto original. Veja:
• A caneta deve ser azul clara;
• O mostrador deve ser cinza;
• O botão de aplicação deve ser cinza;
• A solução deve ser fosca, e não
transparente;
• “Ozempic natural”: alternativas sem
comprovação trazem riscos à saúde
Recentemente, o
Ozempic, medicamento para diabetes da Novo Nordisk, ganhou enorme popularidade
devido ao seu efeito na perda de peso. Muitas pessoas têm buscado o remédio
para fins estéticos, o que apresenta riscos se não utilizado com orientação
médica, e pode levar à falta de estoque do remédio. Diante disso, alternativas
naturais têm surgido e viralizado nas redes sociais.
Uma delas é o
Psyllium, uma fibra solúvel obtida através da casca das sementes da planta
Pantago ovata, encontrada na Ásia, África e região mediterrânea. Esse
ingrediente é capaz de absorver água e, quando misturado com líquidos, aumenta
de tamanho, formando um gel no trato gastrointestinal, o que aumenta o volume e
umidade do bolo fecal, promovendo a regularidade intestinal, melhorando a
consistência das fezes e aliviando a constipação.
No TikTok, a busca por
“Psyllium” leva a diversos vídeos sobre seu efeito emagrecedor, regulador de
apetite e laxante. Alguns vídeos, inclusive, chegam a chamá-lo de “bariátrica
de pobre” ou “Ozempic de pobre“. Mas será que alternativas como essas são
realmente seguras e levam a um emagrecimento saudável?
De acordo com
especialistas ouvidos pela CNN, embora o Psyllium tenha propriedades que levam
à saciedade e melhoram a regularidade intestinal, não há evidências científicas
robustas que comprovem a sua eficácia direta no emagrecimento.
“O termo ‘Ozempic
Natural‘ é uma forma de propaganda enganosa, já que não existe uma alternativa
natural direta para medicamentos prescritos como o Ozempic”, afirma Tassiane
Alvarenga, endocrinologista e metabologista pela SBEM (Sociedade Brasileira de
Endocrinologia e Metabologia), à CNN.
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Alguns estudos
realizados in vitro levantaram a hipótese de que essa substância, ao promover
uma espécie de “fermentação” no intestino, poderia promover a produção de
ácidos graxos de cadeia curta, dentre eles o ácido butírico.
Em outro estudo,
também em laboratório, o ácido butírico pode estimular a produção do hormônio
GLP-1, cuja ação é estimulada também pela semaglutida, principal componente do
Ozempic.
“Esse componente
promove a saciedade, retarda o esvaziamento gástrico e estimula a secreção de
insulina. Talvez, a confusão tenha surgido dessa associação, mas é importante
ressaltar que não há estudos demonstrando a elevação do GLP-1 com o uso do
Psyllium”, reforça Leonardo Parr dos Santos Fernandes, diretor da SBEM-SP
(Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – Regional São Paulo), à
CNN.
“Na prática e em
estudos realizados com humanos infelizmente o efeito do Psyllium sobre perda de
peso foi muito pequeno e em alguns estudos, semelhante ao do placebo”, completa
o especialista. Uma meta-análise que compilou resultados 22 estudos não mostrou
alterações no peso corporal, no IMC (Índice de Massa Corporal) ou da medida da
circunferência abdominal.
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Fiterápicos também não devem ser usados como “Ozempic Natural”
Essa não é a primeira
vez que um ingrediente natural é apresentado como uma alternativa ao Ozempic.
No ano passado, a berberina também se popularizou nas redes como uma
alternativa ao medicamento para emagrecer.
A berberina é um
fitoterápico feio a partir de um composto extraído de ervas chinesas. Porém,
também não há evidências científicas robustas que atestem a sua eficácia para o
emagrecimento.
“Estudos preliminares
indicam que seu consumo pode levar a discretas reduções no IMC (índice de massa
corporal), mas a maioria dos estudos são pequenos e de evidência questionável”,
afirma Alvarenga.
Além disso, o uso da
berberina sem acompanhamento médico pode causar efeitos colaterais e apresentar
riscos à saúde, incluindo possíveis interações medicamentosas e intoxicação e
lesão hepática.
“É preciso tomar
cuidado ao consumir os produtos vendidos como ‘fitoterápicos’, especialmente
nas compras on-line”, alerta Fernandes. “Há vários casos de intoxicação por
produtos ditos naturais cuja procedência é duvidosa e em que o risco de
contaminação por fungos, bactérias e outras substâncias tóxicas pode ocorrer”,
completa.
Os especialistas
alegam que o uso de fitoterápicos, para qualquer finalidade, deve ser feito com
orientação de um profissional de saúde, como médico ou nutricionista. Além
disso, esses produtos devem ser adquiridos em empresas com registro da Anvisa
(Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que garante boas práticas de
produção e armazenamento.
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Estratégias que são realmente eficazes para o emagrecimento saudável
O uso de Ozempic para
emagrecimento se popularizou por aumentar a sensação de saciedade devido ao
papel da semaglutida. A Anvisa e a FDA (Food and Drug Administration, órgão
regulador dos Estados Unidos), aprovaram o componente para o tratamento da
obesidade.
“A semaglutida,
presente no Ozempic, está aprovada para o uso no tratamento da obesidade.
Porém, no caso do Ozempic, o uso é off label, não está prescrito na bula, mas o
uso da molécula está liberado para a perda de peso”, afirma Lorena Lima Amato,
endocrinologista com título da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia),
em matéria publicada anteriormente na CNN.
No entanto, como toda
medicação, o uso de remédios à base de semaglutida podem trazer efeitos
colaterais, principalmente se usados indevidamente, ou seja, sem prescrição e
acompanhamento médico. Por isso, o uso de medicação para emagrecer deve ser
feito havendo a indicação de um profissional de saúde.
Além disso, o
emagrecimento saudável pode ser atingido através da mudança de hábitos como um
todo. É o caso de uma dieta saudável e baixa em calorias, adaptada a
individualidade de cada pessoa e orientada por um nutricionista ou nutrólogo.
“A dieta deve ser
equilibrada e rica em fibras, com carboidratos complexos e de baixo índice
glicêmico, restrição de gordura, açúcares refinados e alimentos
ultraprocessados. Tudo isso, combinado a atividades aeróbicas e resistidas, já
podem ajudar e muito na redução da gordura corporal”, afirma Fernandes.
“Não existe nenhuma
pílula, pó ou suplemento mágico que vá consertar um estilo de vida ruim”,
completa Alvarenga.
Fonte: CNN Brasil
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