A crise no
sionismo por trás do vazamento de documentos em Israel
Crise
revela disputa entre 'sionismo tradicional' e 'sionismo religioso' para
encabeçar o Estado sionista, e foi agudizada pelo 7 de outubro. Mais do que
nunca desde 1948, as chances de derrota do sionismo e do Estado de Israel, se
mostram como algo concreto, real, mesmo que a longo prazo e a altos custos para
os povos oprimidos do Oriente Médio.
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A
crise política que vinha há meses sendo cozinhada no Estado sionista de Israel
finalmente explodiu. O estopim foi a quebra de uma ordem de silêncio, no dia 1°
de novembro, por um juiz do Tribunal de Magistrados de Israel, acerca de uma
investigação conjunta do Shin Bet, polícia e Exército sobre o vazamento de
informações militares por membros do gabinete de Netanyahu.
Os
documentos eram supostas informações escritas pelo Hamas, as quais o Exército
sionista acessou por mecanismos de espionagem. A papelada foi vazada para
jornais como o Jewish Chronicle, segundo as informações na imprensa israelense
e internacional.
Alguns
nomes da lista de suspeitos logo foram divulgados. Dentre eles, um oficial de
alta patente do Exército e um soldado de alta patente, ambos do gabinete, foram
os primeiros. Dias depois, um assessor próximo de Netanyahu.
O
primeiro-ministro tentou manter as aparências de inocente e exigiu
investigações sobre o caso, mas escalou a crise quando demitiu, no dia 5 de novembro, o ministro da Defesa Yoav Gallant, homem de confiança do Exército. Ele foi substituído pelo chefe
da pasta de Relações Exteriores, Yisrael Katz, do Likud, mesmo partido de
Netanyahu. Mais tarde no mesmo dia, Netanyahu viu o próprio gabinete ser
invadido pela unidade Lahav 433 da polícia sionista.
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Crise sem precedentes
As
especulações sobre o caso ainda estão em curso, mas é consenso que há uma crise
política e institucional sem precedentes no território ocupado. O motor dessa
crise são as contradições no seio do establishment sionista acerca de como
lidar com a guerra regional no Oriente Médio – e particularmente com a derrota
do Estado isralense nas mãos das guerrilhas palestinas e libanesas.
Poucos
dias antes do juiz do Tribunal de Magistrados de Israel suspender uma ordem de
silêncio sobre a investigação – muito provavelmente com aval das forças
policiais e militares envolvidas –, o alto escalão sionista cobrou um
cessar-fogo de Netanyahu. Não é a primeira vez que os militares, preocupados
com o isolamento político internacional de Israel, menos comprometidos com o
regime de Netanyahu e cientes da situação calamitosa nas tropas (exauridas pelo
combate, com baixa moral para lutar e ameaçando à deserção, segundo fontes
oficiais de jornais como o Haaretz), se colocam favoráveis a um acordo.
Por
outro lado, no dia em que Netanyahu demitiu Gallant, o ministro Itamar Ben-Gvir
(Segurança Interna), saudou a decisão, com a justificativa de que uma vitória
completa e decisiva na guerra seria impossível com Gallant no cargo.
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‘Sionismo tradicional’ e kahanistas
As
duas posições expressam a atual peleja no establishment sionista: de um lado, o
setor “tradicional” do sionismo. De outro, os kahanistas, ou sionistas
religiosos, com Ben-Gvir a cabeça; e junto deles, Netanyahu, que firmou, junto
do setor aglomerado no Likud, uma aliança tática com os sionistas religiosos
para se salvar dos processos judiciais que o perseguiam antes da guerra.
Kahanismo
como referência ao partido Kach, do rabino Meir Kahane, de ideologia sionista
religiosa. Meir Kahane foi tão sionista que acabou tendo o partido banido de
Israel, pelos riscos que oferecia à estabilidade do sistema político colonial.
Mas, apesar do banimento, as ideias seguem vivas em figuras como Ben-Gvir e nos
partidos Sionismo Religioso (de Bezalel Smotrich, ministro das Finanças) e
Otzma Yehudit (de Ben-Gvir).
As
disputas não são de hoje. Antes da crise estourar, o chefe da Shin Bet, Ronen
Bar, se colocou contra as invasões da mesquita de Al-Aqsa e o plano
escancaradamente sanguinário de colonização da Cisjordânia capitaneado por
Ben-Gvir. O receio era de que eles pudessem causar danos em demasia à imagem de
Israel. “O dano ao Estado de Israel, especialmente agora… é indescritível:
deslegitimação global, mesmo entre nossos maiores aliados”, disse Bar, em carta
a vários ministros israelenses.
Curioso,
portanto, dias antes das eleições norte-americanas (nas quais ambos os
candidatos, apesar de serem pelo genocídio palestino, querem evitar a
deflagração de uma guerra total no Oriente Médio para concentrar esforços em
conter o avanço do social-imperialismo chinês na disputa pele hegemonia no
continente), um vazamento implode o gabinete de Netanyahu, mostra que figuras
próximas ao primeiro-ministro sabotaram as tentativas de cessar-fogo com
vazamentos de documentos à imprensa e reavivam os protestos contra o cabeça do
regime e por um cessar-fogo.
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‘Substância e estilo’
Se
bem que o martelo ainda não pode ser batido acerca de uma sabotagem tramada
pelos militares, é verdade que estes saem beneficiados, bem como seus planos
sobre a melhor forma de dirigir o Estado israelense e a ocupação do território
palestino. Já Netanyahu, que usa a guerra e sua expansão regional para tentar
manter seu regime, fica ainda mais deteriorado. A demissão de Gallant só piorou
sua situação.
Nada
disso indica, contudo, que nas mãos dos sionistas “tradicionais” os planos de
genocídio cessarão. O conceituado jornalista palestino e Conselheiro Editorial
de AND, Ramzy Baroud, resumiu bem a disputa, em artigo do início desse
ano: “o conflito não é de substância, mas de estilo”.
Por
outro lado, a Resistência Árabe, com frentes no Iraque, Iêmen, Líbano, Gaza e
Cisjordânia, continuam na ofensiva, e a disputa reacionária para encabeçar o
Estado de Israel, agudizada pelos êxitos políticos e militares dos palestinos e
árabes patriotas desde o 7 de outubro, favorecem a guerra de resistência.
De
fato, mais do que nunca desde 1948, as chances de derrota do sionismo e do
Estado de Israel, se mostram como algo concreto, real, mesmo que a longo prazo
e a altos custos para os povos oprimidos do Oriente Médio.
<><> Hamas elimina soldados israelenses durante
defesa do campo de Jabalia
Combatentes
do Hamas eliminaram quatro soldados israelenses nesta segunda-feira,
11. Eles foram atingidos por um míssil antitanque disparado dentro de um
edifício no bairro de Beit Lahiya, próximo ao campo de refugiados
de Jabalia, onde as tropas israelenses conduzem sua quarta ofensiva
desde outubro do ano passado sem atingir o controle completo do
território.
O
norte de Gaza, de onde o exército de Israel lançou seu ataque contra o enclave
palestino, foi anunciado como totalmente livre de operativos do Hamas pelo
Estado Maior do exército de Israel ainda no ano passado. Este recente ataque
demonstra que isto não é verdadeiro.
Além
dos quatro, um outro oficial foi morto dentro do campo de Jabalia na
segunda-feira, após ser atingido também por um míssil antitanque. O oficial
compunha a unidade Eilat, considerada uma tropa de elite do
exército de Israel. Os combates pelo campo de Jabalia persistem encarniçados,
mesmo com a presença massiva de civis no local.
Desde
outubro de 2023 Israel já ceifou a vida de mais de 43 mil palestinos,
a imensa maioria de civis. Estima-se que de cada três mortos, dois sejam
mulheres e crianças, o que contradiz as alegações israelenses de que os seus
alvos são apenas tropas do Hamas. Há também mais de 50 mil desaparecidos e 102
mil feridos do lado palestino.
Crise
de alistamento compromete efetivos de guerra de Israel
Em
decorrência do prolongar da guerra, o exército de Israel passa por uma forte
crise de alistamento e vê dificuldades reais para repor números de soldados
mortos, feridos e desertores. Tel Aviv diz precisar de mais 10
mil soldados para manter sua dupla ofensiva ao Líbano e à Faixa de Gaza,
mas tem capacidade de recrutar apenas mais 3 mil até o final do ano.
Grande
parte da dificuldade está em recrutar judeus ultra ortodoxos e Haredi, grupos
que se opõem à guerra por motivos religiosos e culturais. Porém grande parte da
população secular também se opõem a continuidade da guerra e é contra novos
alistamentos.
Isto
se vê no baixo comparecimento de tropas de reservistas aos seus postos de
combate. Atualmente apenas 75% dos soldados israelenses pertencentes
a unidades de reserva têm se apresentado para o serviço, contra 100% de
comparecimento no final do ano passado. Segundo o jornal do monopólio de
imprensa Times of Israel, isto se deve a uma extenuação dos
combatentes pelo prolongamento da guerra que contribui para o sentimento
generalizado de que o Estado Maior falhou em cumprir os objetivos estratégicos
que foram estabelecidos.
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Ataques israelenses
contra o Líbano já deixaram mais de 3,2 mil mortos, diz Ministério da Saúde
Pouco
mais de um mês após Israel intensificar os ataques contra o território libanês,
o Ministério da Saúde do país anunciou, nesta segunda-feira (11), que o número
de mortos ultrapassou os 3,2 mil. Ao todo, pouco mais de 14,1 mil civis também
ficaram feridos por conta da operação israelense, acrescentou o centro de
operações de emergência.
"O
número de vítimas aumentou para 3.243 desde o início da agressão israelense,
com 14.134 civis feridos", afirmou a pasta em comunicado.
Só
nas últimas 24 horas, 54 pessoas foram mortas e outras 56 ficaram feridas em
ataques israelenses no Líbano, conforme estimativas do ministério.
A
crise no país se intensificou em setembro, quando pagers (equipamentos de
comunicação) ligados ao Hezbollah explodiram por dois dias consecutivos. Na
ocasião, pelo menos 40 pessoas morreram e cerca de 3 mil ficaram feridas, já
que os aparelhos foram detonados em praças, ruas e supermercados. Nenhum dos
mortos era ligado ao movimento.
Na
sequência, Israel iniciou os bombardeios, principalmente na região sul do
Líbano e em Beirute. Pela primeira vez, no último domingo (10), o
primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, admitiu ter dado "sinal
verde" para o ataque com pagers e rádios.
"Netanyahu
confirmou neste domingo que deu sinal verde para a operação com pagers no
Líbano", disse o porta-voz Omer Dostri.
A
declaração de Dostri foi dada após um artigo do jornal The Times of Israel
apontar uma conversa entre Netanyahu e seus ministros, durante a reunião
semanal de seu gabinete, na qual o premiê teria dito que a operação foi feita
apesar da oposição de alguns integrantes da Defesa de seu governo.
Já
a partir de outubro, Israel iniciou uma operação terrestre contra as forças do
Hezbollah no sul do Líbano. Apesar das perdas, o movimento libanês tem
enfrentado as tropas israelenses no terreno e lançado foguetes através da
fronteira. Israel afirma que seu principal objetivo é criar condições para o
retorno de 60 mil moradores que fugiram dos bombardeios no norte.
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Premiê israelense
admite pela 1ª vez que deu aval para ação com pagers no Líbano, diz porta-voz
Omer
Dostri, porta-voz de Benjamin Netanyahu, diz que o primeiro ministro-israelense
deu aval à operação que matou pelo menos 40 e feriu cerca de 3 mil no Líbano em
outubro.
O
primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, admitiu, pela primeira vez,
ter dado "sinal verde" para o ataque com pagers e rádios
comunicadores usados por integrantes do Hezbollah, que explodiram nos dias 17 e
18 de outubro, matando dezenas e mutilando milhares de pessoas.
A
confirmação foi dada pelo porta-voz de Netanyahu neste domingo (10).
"Netanyahu
confirmou neste domingo que deu sinal verde para a operação com pagers no
Líbano", disse o porta-voz ao comentar o ataque.
A
declaração de Dostri foi dada após um artigo do jornal The Times of Israel
apontar uma conversa entre Netanyahu e seus ministros, durante a reunião
semanal de seu gabinete, na qual o premiê teria dito que a operação foi feita
apesar da oposição de alguns integrantes da Defesa de seu governo.
"A
operação de pager e a eliminação de [o líder do Hezbollah, Hassan] Nasrallah
foram realizadas apesar da oposição de altos funcionários do establishment da
Defesa e dos responsáveis por eles no escalão político", teria dito Netanyahu.
Segundo
o texto, a declaração seria uma crítica ao ministro da Defesa demitido
recentemente, Yoav Gallant, que foi substituído pelo atual ministro das
Relações Exteriores, Israel Katz.
A
operação com pagers ocorreu em dois dias consecutivos, em momentos distintos, e
não atingiu apenas integrantes do Hezbollah que carregavam os dispositivos,
matando também pelo menos 40 pessoas e ferindo cerca de 3 mil, uma vez que os
aparelhos foram detonados em meio a praças, ruas e supermercados. As explosões
precederam o início da ofensiva israelense no Líbano atualmente em curso.
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Trump se reúne com
consultor de Netanyahu para discutir crise no Oriente Médio, diz mídia
O
presidente eleito dos EUA, Donald Trump, se encontrou com Ron Dermer, consultor
do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, para discutir a crise no
Oriente Médio e as ações futuras de Washington, informou o portal de notícias
Axios nesta terça-feira (12), citando duas autoridades israelenses e duas
autoridades dos EUA.
Dermer
se encontrou com Trump em sua residência na Flórida, Mar-a-Largo, no domingo
(10) para passar mensagens de Netanyahu e informar o presidente eleito sobre os
planos de Israel em Gaza, Líbano e Irã.
"Uma
das coisas que os israelenses queriam resolver com Trump é quais são as
questões que ele prefere ver resolvidas antes de 20 de janeiro e quais são as
questões que ele prefere que os israelenses esperem por ele", disse uma
autoridade dos EUA ao portal.
O
lado israelense queria supostamente a opinião de Trump sobre várias questões,
incluindo planos pós-guerra para Gaza, um cessar-fogo entre Israel e Líbano e a
normalização das relações entre israelenses e sauditas.
O
governo Biden foi notificado da reunião com antecedência, acrescentou a
apuração.
Trump,
que já havia servido como presidente dos EUA após a eleição de 2016, venceu a
eleição presidencial em 5 de novembro. Ele se tornou o primeiro político nos
Estados Unidos desde o século XIX a retornar à Casa Branca após um hiato de
quatro anos.
Todos
os principais meios de comunicação envolvidos na contagem de votos, incluindo a
Associated Press, Fox News, CNN, NBC, ABC e CBS, anunciaram a vitória de Trump.
A candidata democrata Kamala Harris se dirigiu aos apoiadores e anunciou que
cederia, enquanto o atual presidente dos EUA, Joe Biden, falou com Trump e o
parabenizou.
O
Colégio Eleitoral dos estados deve votar em candidatos de acordo com a vontade
dos eleitores em 17 de dezembro, e o novo Congresso certificará os resultados
da votação em 6 de janeiro. A posse ocorrerá em 20 de janeiro.
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Iraque propõe criação
de fundo para ajudar na reconstrução da Faixa de Gaza e do Líbano
O
Iraque propôs a criação de um fundo islâmico-árabe para reconstruir a Faixa de
Gaza e o Líbano após a guerra com Israel, disse o primeiro-ministro iraquiano,
Mohammed Shia Al Sudani.
O
primeiro-ministro participou da segunda cúpula extraordinária islâmico-árabe,
organizada pela Arábia Saudita para discutir a continuação da ofensiva
israelense nos territórios palestinos e no Líbano, bem como os desenvolvimentos
na região.
"O
Iraque apresenta novamente a sua proposta de criação de um fundo islâmico-árabe
para reconstruir a Faixa de Gaza e o Líbano e neutralizar a destruição geral
para evitar que o agressor realize o objetivo de expulsar os proprietários das
terras", declarou o premiê iraquiano.
Al
Sudani também observou que o Iraque "continua apoiando a trégua e se opõe
a qualquer forma de escalada".
Desde
7 de outubro de 2023, quando o Hamas lançou um ataque contra Israel e matou
cerca de 1,1 mil pessoas e ferir outras 5,5 mil, mais de 43,6 mil pessoas foram
mortas e mais de 103 mil ficaram feridas do lado palestino em decorrência da
resposta israelense, que vem realizando inúmeros ataques contra a Faixa de
Gaza.
Fonte:
A Nova Democracia/Sputnik Brasil
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