Pan-africanista espera que Trump continue a
ignorar África, senão continente estará em apuros
A ativista social e
pan-africanista Nathalie Yamb expressou à Sputnik sua esperança de que Donald
Trump, que venceu a eleição presidencial dos EUA, continue a ignorar a África,
porque se os EUA começarem a se concentrar em qualquer continente, isso significa
problemas.
Donald Trump venceu as
eleições presidenciais em 5 de novembro de 2024. Esse evento evocou diferentes
sentimentos e opiniões no mapa político do mundo, da alegria à decepção.
Yamb disse que não
considera Trump "um amigo da África". Além disso, ela acredita que
Trump não pode mudar a percepção do sistema político norte-americano em relação
à África.
"Espero que Trump
continue a ignorar a África de agora em diante. Eu apenas saúdo essa decisão.
Quando os EUA começam a prestar atenção em você, isso significa que tem grandes
problemas", disse Yamb à margem da primeira conferência ministerial do
Fórum de Parceria Rússia-África em Sochi.
Ela acrescentou que a
África estaria melhor se os EUA se concentrassem em "tornar a América
grande novamente", reavaliassem seu relacionamento com a Europa, lidassem
com a migração ilegal e não dessem atenção alguma ao continente africano.
Porém, Trump é menos
"tóxico" do que os candidatos democratas, segundo a ativista.
Tocando um assunto
africano particular, Yamb citou a Comunidade Econômica dos Estados da África
Ocidental (CEDEAO) como exemplo de uma ferramenta do Ocidente para manipular os
chefes de Estado africanos.
"Em vez de ser
uma organização que prioriza a unidade econômica e a prosperidade dos países
africanos, a CEDEAO está sendo usada como uma arma contra aqueles que estão
interessados na soberania de seus Estados. Portanto, eu realmente espero que,
mais cedo ou mais tarde, a CEDEAO entre em colapso", disse Yamb.
O comentário deve
estar se referindo a uma tentativa do bloco de realizar uma intervenção no
Níger em que uma junta militar tinha chegado ao poder.
Então, a intervenção
falhou porque outros países africanos, como o Mali e Burkina Faso, ameaçaram
entrar no conflito ao lado do Níger.
Por outro lado, Yamb
afirmou que a África quer aprender com a experiência da Rússia em inteligência
e no treinamento de militares.
Ela considerou que a
Rússia e a China estão entre os países com "a inteligência mais eficaz do
mundo".
Segundo Yamb, a
questão do treinamento de militares profissionais, bem como de especialistas em
segurança da informação, é importante para a África.
"Você e eu temos
adversários em comum – as mesmas pessoas que se opõem à Rússia durante a
operação militar especial estão agora apoiando terroristas nos países do Sahel.
A cooperação nessa esfera é mais do que justificada."
O Sahel é a região de
savana tropical na África, que é uma espécie de transição entre o deserto do
Saara, ao norte, e as terras mais férteis, ao sul.
A ativista africana
também espera que essa cooperação possa garantir a paz nos países da África.
¨ Países africanos não precisam da piedade ocidental, diz
chanceler do Congo
Em entrevista à margem
do Fórum de Parceria Rússia-África, em Sochi, Jean-Claude Gakosso diz que uma
relação mutuamente benéfica "é tudo que os africanos querem hoje".
As populações de
países do continente africano não precisam da misericórdia nem da piedade das
potências ocidentais, mas sim de cooperação mutuamente benéfica.
É o que declarou o
ministro das Relações Exteriores da República do Congo, Jean-Claude Gakosso, em
entrevista à Sputnik à margem da primeira conferência ministerial do Fórum de
Parceria Rússia-África, que ocorre em Sochi. A conferência teve início neste sábado
(9) e vai até domingo (10).
Gakosso concordou com
as palavras do presidente russo Vladimir Putin, que afirmou anteriormente que a
política ocidental no campo da economia e segurança globais permanece
neocolonial.
"O presidente
Putin tem toda a razão. E, além disso, no mundo ocidental, muitos líderes
políticos pensam da mesma forma. É preciso que haja justiça nas relações entre
potências, grandes potências e países africanos, para que as relações sejam
mais suscetíveis de serem mutuamente benéficas", disse o ministro.
Ele acrescentou que
uma relação mutuamente benéfica "é tudo que os africanos querem
hoje".
"Os africanos não
precisam da misericórdia do Ocidente, não precisam de autopiedade. Eles são
pessoas como todas as outras. Eles não precisam de piedade", disse
Gakosso.
¨ Rússia e África vão continuar comercializando apesar dos
obstáculos criados pelo Ocidente
A Rússia e os países
africanos vão continuar desenvolvendo relações comerciais apesar dos obstáculos
criados pelo Ocidente, disse o ministro das Relações Exteriores da Rússia,
Sergei Lavrov, neste domingo (10).
De acordo com o
chanceler russo, Serguei Lavrov, a Rússia e os Estados africanos têm
desenvolvido novos instrumentos financeiros resilientes na busca de otimizar e
viabilizar suas trocas comerciais a despeito dos impedimentos vindos do
Ocidente.
"Apesar dos
obstáculos artificiais do Ocidente coletivo, continuamos a melhorar os
mecanismos de suporte empresarial, encontrar soluções logísticas eficazes e
usar novos instrumentos para acordos mútuos que não dependem de interferência
externa negativa", disse Lavrov na primeira Conferência Ministerial do
Fórum de Parceria Rússia-África.
Lavrov acrescentou que
o comércio entre a Rússia e os países africanos atingiu um máximo histórico de
US$ 24,5 bilhões (cerca de R$ 140,5 bilhões) em 2023.
"O comércio e a
cooperação econômica estão se desenvolvendo. No ano passado, atingimos o máximo
histórico de US$ 24,5 bilhões em trocas comerciais, mas está claro que esse
número não reflete nosso potencial, que precisa ser maximizado", disse
Lavrov.
O chanceler russo
acrescentou que o ritmo definido pelas duas cúpulas anteriores está ajudando as
relações entre a Rússia e os países africanos a avançar, com progresso
registrado em todas as áreas.
"Em particular,
no curso de reuniões bilaterais às margens desta conferência, foram alcançados
acordos em uma série de projetos específicos, tendo sido assinados convênios e
memorandos em várias áreas", disse Lavrov.
A primeira Conferência
Ministerial do Fórum de Parceria Rússia-África acontece de 9 a 10 de novembro
no Território Federal Sirius da Rússia.
¨ China lança produção de veículos elétricos na África em meio à
rivalidade com EUA e Europa
Em busca de mercados
alternativos, os principais fabricantes de automóveis da China estão apostando
na África e há boas razões para isso, conforme explicado pelo jornal South
China Morning Post.
Um dos esquemas padrão
de entrada no mercado para uma empresa automobilística é fazer acordos com
revendedores oficiais de seus carros em um determinado país, mas as empresas
automobilísticas chinesas foram além.
"Os fabricantes
de veículos elétricos chineses estão abrindo lojas principais e fábricas de
montagem na África, buscando se expandir no continente e contornar as tarifas e
outras restrições de importação impostas pelos EUA e pela Europa", diz o
artigo.
Em particular, o
artigo destaca um acordo entre as empresas BAIC Group e Zeekr a que pertence a
marca Geely, e o Egito para a construção de uma montadora de automóveis.
A BAIC planeja montar
até 20 mil carros elétricos por ano e vendê-los não só na África, mas também no
Oriente Médio, tendo, de um lado, países árabes ricos por perto e, de outro,
mão de obra barata.
O mesmo processo está
em andamento entre a empresa Chery e o Quênia, enquanto a BYD Auto, Neta Auto
EV e Xpeng estão presentes em Marrocos, Ruanda, África do Sul, Zâmbia,
Madagascar e outros.
"As últimas ações
das empresas de veículos elétricos para se expandir no Egito seguem uma
tendência das montadoras chinesas de buscar o mercado africano desde que a
rivalidade geopolítica da China se intensificou com os EUA e a Europa",
observa.
Segundo os
especialistas entrevistados pelo jornal, a China tenta assim evitar as
restrições impostas pelos Estados Unidos, México e União Europeia (UE) em forma
de tarifas de importação de 100% que, de fato, impediam as vendas de veículos
elétricos chineses nestas regiões.
Neste contexto, as
empresas produtoras de automóveis estão se dirigindo a outros mercados, como o
africano, onde as restrições ocidentais não se aplicam.
¨ Uganda recebe convite da
Rússia para se tornar parceiro do BRICS, diz MRE
Uganda recebeu um
convite da Rússia para se tornar país parceiro do BRICS e está estudando a
proposta, disse o ministro das Relações Exteriores da república africana,
Abubaker Jeje Odongo, à Sputnik.
No sábado (9), o
ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, declarou em uma
reunião com seu colega ugandense, à margem da primeira Conferência Ministerial
do Fórum de Parceria Rússia-África, que a Rússia apoia Uganda como país
parceiro do BRICS.
"Uganda foi
convidado a se tornar membro-parceiro do BRICS. Recebi o convite há cerca de
três dias. Agora estamos passando por todos os procedimentos necessários para
determinar se aceitaremos o convite ou não", disse ele.
Nesse sentido, o
interlocutor da agência observou que o BRICS abre novas oportunidades para seu
país no atual mundo multipolar, onde alguns países da África e América Latina
compartilham a visão da Rússia em fóruns internacionais.
Segundo ele, o
continente africano está enfrentando desafios que as instituições mundiais
tradicionais não podem resolver, o que fez a África se orientar para outros
parceiros.
"O BRICS, a China
e outros são opções que estamos considerando e analisando agora em termos da
profundidade dos resultados necessários", afirmou à Sputnik.
<><> BRICS
em 2024
O BRICS é uma
associação interestatal criada em 2006. A Rússia assumiu a presidência do BRICS
em 1º de janeiro de 2024. Em 2025, a presidência vai passar para o Brasil.
O ano começou com a
entrada de novos membros na associação: além da Rússia, Brasil, Índia, China e
África do Sul, o BRICS agora inclui o Egito, Etiópia, Irã, Emirados Árabes
Unidos e Arábia Saudita.
A 16ª Cúpula do BRICS
em Kazan, com a participação de representantes de 36 países e seis organizações
internacionais, foi realizada de 22 a 24 de outubro deste ano.
O Brasil foi
representado pelo ministro das Relações Exteriores Mauro Vieira, pois o
presidente Lula da Silva teve que cancelar sua viagem um dia antes devido a um
acidente doméstico.
A cúpula foi o evento
final da presidência russa da associação, e foi realizada sob o lema de
fortalecer o multilateralismo para o desenvolvimento global equitativo e a
segurança.
¨ Protestos contra o governo em Moçambique causam 3 mortes e
deixam dezenas de feridos
Ao menos três pessoas
morreram e dezenas ficaram feridas após protestos ocorridos na quinta-feira (7)
em Moçambique contra o governo, após a oposição rejeitar os resultados das
eleições, de acordo com o site de notícias Reuters.
De acordo com a
matéria divulgada nesta sexta-feira (8), dos 66 feridos, 57 foram possivelmente
causados por armas de fogo, quatro foram causados por quedas, três foram
feridos por agressões físicas e dois foram feridos por armas cortantes.
O partido Frente de
Libertação de Moçambique (Frelimo) está à frente do país africano desde 1975 e
foi declarado vencedor das eleições do mês passado.
O candidato
presidencial Venâncio Mondlane, ficou em segundo lugar na eleição, trás do
candidato Daniel Chapo, mas alega que a disputa foi fraudada.
De acordo com a
Comissão Nacional de Eleições de Moçambique o candidato presidencial da Frelimo
teve mais de 50% dos votos (4.912.762). Mondlane, apoiado pelo partido
extraparlamentar Podemos, chegou em segundo lugar, com 20,32 (1.412.517).
Moçambique vive uma
intensa onda de protestos violentos desde a divulgação dos resultados das
eleições, em 24 de outubro, resultando em mortes, feridos e na vandalização de
bens públicos e privados.
¨
Brasil manifesta
preocupação com repressão de protestos em Moçambique
A capital Maputo,
em Moçambique, vive uma onda de protestos que culminaram na morte de pelo menos 30 pessoas. As eleições presidenciais, que ocorreram no dia 9 de
outubro, levaram centenas de apoiadores do candidato do partido Podemos,
Venâncio Mondlane, às ruas para protestar os resultados, que deu vitória a
Daniel Chapo, da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), com 70% dos
votos. O resultado é questionado pela população e pela oposição do governo, que
alega fraude eleitoral.
Neste sábado (9/11), o
governo brasileiro emitiu uma nota por meio do Ministério das Relações Exteriores (MRE) informando que tem acompanhado "com preocupação,
a escalada de violência nos
confrontos entre forças de segurança e manifestantes em Moçambique, desde a
divulgação dos resultados eleitorais". O texto defendeu as contestações
como parte do exercício da cidadania em um governo democrático e ao direito à
liberdade de expressão por meio de protestos.
O resultado das
votações foi anunciado pela Comissão Nacional de Eleições de Moçambique
em 24 de outubro. Além do Podemos, outros partidos como o Movimento
Democrático de Moçambique (MDM) exigem a recontagem de votos ou a convocação de
novas eleições. Nas redes sociais, Venâncio Mondlane incitou a população
protestar até que haja "a reposição da verdade eleitoral".
As mortes e os quase
70 feridos ocorreram durante o confronto com as forças armadas moçambicanas,
enviadas par aconter os protestos. Segundo o portal de notícias EuroNews, o
porta-voz do exército, general Omar Saranga, anunciou em conferência de
imprensa, na última quinta, que o exército apoia a polícia e que vão
trabalhar para manter a ordem.
De acordo com a
Organização Não-Governamental ONG) Centro de Integridade Pública, as eleições
gerais de 9 de Outubro foram as “mais fraudulentas desde 1999”. A
Amnistia internacional condenou a repressão do governo e pediu respeito ao
direito livre da manifestação popular.
<><>
Histórico eleitoral de Moçambique
Moçambique é governado
por Filipe Nyusi, que cumpre seu segundo mandato na presidência, eleito em 2015
e reeleito em 2019, do Frelimo, que, desde a libertação em 1975, permanece no
poder, sendo a maior força política moçambicana. Até 1994, era o único partido
do país, até que por meio de uma assembleia popular, a criação de outras
legendas passou a ser aceita.
Antes das eleições, o
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) trabalhou com o
governo moçambicano em campanhas gerais para registrar mais eleitores e
garantir que as pessoas estivessem melhor informadas sobre onde, quando e como
votar, segundo informações da Organização das Nações Unidas (ONU). “O número de
eleitores registrados em 2024 aumentou em 4 milhões, atingindo um total de
pouco mais de 17 milhões de pessoas”, informou a nota.
De acordo com dados do
Banco Mundial (The World Bank) Moçambique tem quase 33,9 milhões de habitantes,
80% deles tem até 35 anos. A maioria é composta por mulheres (52%), inclusive
de eleitores: elas representam 53% dos votos. A África tem a população mais
jovem do mundo, com idade média de 19 anos, e 70% está abaixo dos 30.
Fonte: Sputnik Brasil
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