O mistério
da derrota: Como combater o fascismo com uma política econômica neoliberal?
O
resultado das eleições municipais para as esquerdas foi um desastre anunciado
com meses de antecedência. Hoje, analistas e atores políticos saem à cata de
causas e responsáveis pela derrota eleitoral. Dentro da multiplicidade de
opiniões, há um fio condutor nas análises. Em sua grande maioria, essas
análises ignoram, ou apenas tangenciam, a economia política e os novos padrões
de acumulação de capital que produzem mudanças na sociabilidade e, por
consequência, no comportamento eleitoral.
As
últimas eleições municipais são mais um prego no caixão da ordem institucional
do pós-ditadura. Agora, quem se esgota é a social-democracia, representada por
PT e PSOL. Esse esgotamento reflete a perda de importância da base social dessa
corrente política, os trabalhadores assalariados do setor formal. A
desarticulação do mercado de trabalho formal produz seus efeitos na
representação política.
O
esgotamento é institucional. Se na Nova República o pacto político consistiu na
alternância entre dois partidos, um socialdemocrata operário e outro
neoliberal, com o MDB como instrumento de controle sobre uma base aliada amorfa
representada no Centrão, o Golpe de 2016, tentando destruir o PT, destruiu o
partido neoliberal e alçou, com parte do golpe, o partido de sustentação para
dirigir o país.
Michel
Temer com a sua “Ponte para o futuro” capturou a alta burguesia rentista, que
exigia o fim dos pactos sociais históricos, como a CLT e a própria
Constituição, sobretudo os direitos sociais. Como apêndice importante, o fim do
patrimônio público brasileiro, que deveria ser privatizado aos rentistas. A
concentração de renda, sempre uma das maiores do planeta, aumentou, e como o
capital é finito, a desigualdade aumentou junto. Se os ricos ficam mais ricos
em uma conjuntura de baixo crescimento, é porque estão tirando dos mais pobres.
E não menos importante, consumindo o capital social acumulado, esterilizando-o
pela via do entesouramento.
Essa
conjuntura deixou na política nacional um espaço sideral, o qual foi ocupado
pela extrema direita, a principal força política popular do golpe de 2016.
Assim como aconteceu em 1964, o neoliberalismo casou-se com o fascismo, fazendo
com que, a cada eleição, a extrema-direita avançasse nas principais cidades,
como ocorreu no nordeste em 2024.
Longe
de entender as questões estruturais do desempenho eleitoral do campo
social-democrata, as direções políticas parecem ver apenas o que é
circunstancial e, portanto, apresentam exclusivamente diagnósticos e propostas
de solução circunstanciais.
As
medições publicadas de quantos prefeitos cada partido elegeu, sem diferenciar o
peso eleitoral e econômico de cada município, contribui para que o panorama
pareça amorfo. Pode levar a uma superestimação ou subestimação do peso de cada
campo ideológico, seja esquerda, direita ou centro. Campos ideológicos
analisados desligados da realidade social, por suposto.
No
campo da esquerda, o “identitarismo” é escolhido o vilão da magreza das urnas.
As chamadas pautas identitárias foram utilizadas como legitimação, na ausência
de políticas governamentais de desenvolvimento social e econômico. Constatada a
impossibilidade das chamadas pautas identitárias mobilizarem por si só, sem
correspondência nas melhorias concretas nas condições de vida, a aderência a
essas pautas é eleita como responsável pelo afastamento dos partidos da
população em geral. Como se as lutas antirracista, por direitos sexuais e
reprodutivos e pelos direitos LGBT’s fossem repudiadas pelo eleitorado.
Em
um senso comum mais amplo, na esquerda, mas senso comum, o culpado seria o
“pobre de direita”. Este personagem, surgido na internet no período de ascensão
do bolsonarismo, é elevado à categoria sociológica por certa academia. Que Max
Weber qual nada, a explicação é dada pelo sociólogo brasileiro Tim Maia, que se
não falou do “pobre que vota na direita”, pensou.
A
figura do “pobre de direita” reforça a tese de um conservadorismo congênito do
povo brasileiro. Portanto, a esquerda deveria modular o seu discurso para a
direita. Houve até candidato petista a prefeito que repudiou a “ideologia de
gênero”.
Outra
explicação é mais etérea, mais genérica. O problema da falta de votos seria de
“comunicação”, que a esquerda não tem domínio das redes sociais, campo em que a
extrema-direita nada de braçada. A comunicação certamente é ruim. É ainda pior
quando não se tem o que comunicar.
Pela
linha política do governo, a única obra disponível é a responsabilidade fiscal,
para a alegria do grande capital financeiro e para aquele segmento que o
economista André Lara Rezende classificou como lúmpen do asset, a
fauna de fundos e operadores localizada na avenida Faria Lima e adjacências.
É
duvidoso que a estratégia de adotar o discurso conservador e dar tudo o que o
mercado pede possa render frutos eleitorais no futuro. Alguns analistas
ressaltaram o peso das emendas parlamentares impositivas. O peso dessas emendas
certamente é grande. Mas vale para cidades como São Paulo ou Rio?
Ao
reduzir o fenômeno eleitoral a comunicação e estratégia de marketing,
esquece-se, proposital ou não, que a eleição é um fenômeno político. Acompanha
essa despolitização, o fato de se reduzir a política a eleições. A derrota
eleitoral é uma derrota política sobretudo.
E,
difícil de admitir, há uma rejeição aos candidatos petistas e da esquerda em
geral. Sem essa rejeição, os portoalegrenses não teriam reelegido o prefeito do
dilúvio e os paulistanos reconduzido um alcaide corrupto, responsável por uma
gestão desastrosa e que, antes do período eleitoral, era necessário fazer uma
busca no Google para saber seu nome.
Importante
lembrar, que em São Paulo Lula e Haddad ganharam as eleições e em Porto Alegre
o atual governador quase perdeu a vaga no segundo turno para o candidato do PT.
A rejeição persiste, mesmo após uma vitória na eleição presidencial contra
todas as possibilidades. Entender as razões dessa rejeição pela esquerda no
plano eleitoral é fundamental para a disputa política daqui para frente.
Acreditar
que a esquerda vai recuperar terreno eleitoral assumindo as palavras de ordem
da direita é, no mínimo, uma tautologia. Erro deveras repetido. E dentre as
causas dessa rejeição não está o fato de a esquerda não fazer o discurso da
direita.
O
governo Lula é prisioneiro de uma conjuntura difícil, agravada pelas escolhas
da política econômica. Ao não trazer resultados palpáveis, para além de um
índice medíocre de crescimento do PIB, o governo erode sua própria base social.
Pode-se evitar o impeachment com essa política, mas não se pode evitar a
derrota nas eleições gerais de 2026.
A
política econômica do governo é imposta pela esfera financeira do capital.
Exemplo foi a pesquisa Quaest publicada em 02 de outubro. A aprovação do
governo Lula caiu em sua base social. A maior queda foi entre idosos e pessoas
que recebem até dois salários-mínimos.
A
queda entre os idosos, de 59% para 49%, é fácil de entender. Lula anunciou
cortes do Benefício de Prestação Continuada (BPC) para o ano de 2026, pois
teria ficado assustado com o aumento do benefício nos últimos anos. O BPC vem
sendo usado por pessoas acima de 60 anos que não conseguem mais se aposentar,
assim por famílias cujos filhos adultos com alguma deficiência não conseguem
trabalho.
Mas
o governo ficou satisfeito? Lógico que não. Lula obteve aprovação no Congresso
de uma Lei que permite que o INSS corte a aposentadoria de forma sumária, sem
direito de defesa.
As
medidas atendem à “necessidade” de uma política econômica neoliberal
capitaneada por Fernando Haddad, que prometeu à Faria Lima déficit zero, o que
vem exigindo medidas de contenção de investimentos e direitos sociais. Podem
até assumir um discurso de taxação dos ricos – o que na prática não ocorreu até
agora, pois lucros e dividendos continuam isentos –, mas os dados mostram que o
aposentado entendeu o recado do governo.
Os
trabalhadores que recebem até dois salários-mínimos também desconfiam do
governo – a desaprovação subiu de 26% para 32%. Por mais que os dados gerais da
economia apontem alguma melhora, o emprego criado é péssimo. Nas grandes
cidades, o precarizado trabalha por mais de 10 horas, sem contar o transporte.
Recebe pouco, embora pouco mais do que antes. O que aconteceu com a proposta de
uma nova CLT? Da revogação da reforma trabalhista?
Como
fruto do conformismo político, o governo assumiu um discurso naturalizante do
empreendedorismo de desespero, retirando o qualificativo para criar, assim
como coaching e Luciano Huck, a ideia de positividade. Lula
chegou a afirmar que os trabalhadores não querem CLT. A eleição a vereador de
Rick Azevedo, no Rio de Janeiro, indica, ao menos, uma contradição no discurso
governamental. Elegeu-se defendendo uma reforma na CLT e o fim da escala de
seis dias trabalhados, ou seja, a diminuição da jornada de trabalho com
manutenção do salário.
O
PIB pode crescer 10%. Em contrapartida, o emprego… emprego não, ocupação será
sempre ruim, sem qualquer perspectiva de melhora. O neoliberalismo é tão
violento que o crescimento do PIB, outrora com recepção mais positiva, não
impacta mais na expectativa das pessoas.
Mesmo
assim, os epígonos do financismo exigem mais. Os ministros Fernando Haddad e
Simone Tebet nem esperaram o segundo turno para anunciar a preparação de um
pacote de cortes de gastos. Nem assim aplacam a sanha do chamado mercado.
Qualquer editorial da grande imprensa basta para que ministros corram a fazer
juras de bom mocismo fiscal.
O
bom mocismo fiscal consiste em referendar a nova estrutura orçamentária e
política, com algum peso para a direita encostada em Arthur Lira. As emendas
parlamentares assumiram parte do papel do executivo, realizando investimentos
em municípios, com alguma função concorrencial com o executivo, com
direcionamentos específicos para prefeitos e vereadores em obras que as
prefeituras não conseguem realizar em virtude do endividamento e dos
baixíssimos orçamentos.
Mas
isso vale para municípios menores. Como já dito, grandes cidades o impacto é
bem menor. Assumir a desculpa das emendas esconde um fato simples e importante:
o governo federal não executa quaisquer investimentos públicos em função do
“arcabouço fiscal” com “déficit zero” inventado por Fernando Haddad.
Sem
investimentos sociais, não há qualquer inserção do governo federal nos
municípios. Qual escola, qual ponte, qual médico, qual UPA, qual moradia
popular foi construída ou contratada em seu município nos últimos dois anos? A
esquerda passou a acreditar de forma messiânica na liderança carismática de
Lula. Apenas o seu toque seria suficiente. Lula não transferiu votos. Eis um
dado dessa eleição.
De
fato, as emendas parlamentares fazem parte de uma nova estrutura política. Mas
a política econômica de Lula e Fernando Haddad destruiu as candidaturas de
esquerda em todo o Brasil. Basta ver os dados das capitais e das principais
cidades do nordeste. A extrema direita entrou naquilo que a imprensa chama de
“reduto” do PT.
Se
o debate econômico, ou melhor, se a disputa da política econômica já foi
resolvida, com a vitória da esfera financeira do capital, pouco resta para
diferenciar esquerda da direita. A renúncia às pautas ditas identitárias
completa essa indiferenciação.
Assumir
o discurso da direita não é estratégia. É rendição. É preparar o terreno para o
retorno da extrema direita ao executivo federal. Só para o executivo federal,
diga-se. O Congresso, a maioria dos governos estaduais e, agora, de importantes
prefeituras são ou dominados pela extrema direita ou dirigidos por figuras que
cedem ao poder gravitacional do fascismo.
O
que se avizinha é o alijamento das forças de esquerda da vida institucional do
país. Esse objetivo não é ocultado pelos próceres do fascismo em nosso país. A
saída é intensificar a luta política, que é escusado dizer que possui dimensões
econômicas e culturais. Como combater o fascismo com uma política econômica
neoliberal?
Entender
as mudanças no mundo do trabalho e do padrão de acumulação no capitalismo
brasileiro é necessário, mas não suficiente. É preciso bater no inimigo
principal, que controla o orçamento público e a divisão do valor produzido
socialmente. O capital financeiro, e seus aliados no agronegócio, na mídia, na
religião e na burocracia estatal.
Só
é possível ter uma estratégia política que mobilize forças sociais concretas,
quando se identifica quem são os inimigos e quem são os aliados. A vitória ou a
derrota, seja nas eleições ou fora delas, depende disso.
¨
Politizando a
antipolítica. Por Bruno Machado
Desde
as jornadas de junho de 2013, o crescimento da visão de mundo atrelada a
antipolítica vem se tornando a maior força na política eleitoral brasileira.
Isso se deve ao crescimento de um sentimento nacional antissistema difuso e
pouco embasado teoricamente. O fracasso pujante do capitalismo vem tornando a
pauta antissistema cada vez mais forte.
A
esquerda anticapitalista tem tido dificuldade de absorver esse sentimento
popular e a direita com suas pautas anti-Estado tem se saído melhor na opinião
pública popular. Com a terceira eleição de Lula, a esquerda se vê cada vez mais
numa perigosa posição de defensora do sistema vigente, enquanto tem que lidar
com o poderoso pânico moral da direita.
O
crescente fracasso do sistema capitalista, iniciado nas crises do petróleo da
década de 1970 e acelerado pelo neoliberalismo dos 1980, se torna cada vez mais
perceptível na estagnação do crescimento dos salários no mundo em paralelo ao
crescimento dos faturamentos e lucros das grandes corporações multinacionais
oligopolistas. Nos países centrais, esse fracasso sistêmico vem dando
combustível ao racismo e à xenofobia. Já na periferia, onde a imigração tem
menor relevância, o neofacismo se alimenta principalmente do fanatismo
religioso, que é muito mais presente nos países pobres do que nos ricos.
Como
as regras que regiam o mundo não estão funcionando mais hoje, as populações dos
países centrais e periféricos têm buscado alternativas cada vez mais extremas.
A esquerda mundial, mergulhada no reformismo, não tem soluções para além de uma
defesa abstrata do aumento de impostos para os ricos, que comumente não se
traduz em política pública, ou, quando o faz, não tem a relevância orçamentária
que prometia. Por outro lado, a direita oferece um discurso “contra tudo que
está aí” capturando esse sentimento difuso da antipolítica e se apropriando da
religiosidade do povo brasileiro para desviar o foco do debate sobre o
capitalismo e os reais problemas que afligem aos trabalhadores.
Como
o sistema atual está flagrantemente em processo de desmoronamento, já era
esperado que a força política com mais vigor seria a pautada pela retórica
antissistema. Seja esse “sistema” entendido como o capitalismo gerido pela
classe proprietária, o próprio Estado comandado por uma elite de políticos; ou,
ainda, de maneira mais subjetiva e simbólica a própria modernidade
“subversiva”, ou, por outro lado, a cultura do culto ao individualismo
performático dos dias atuais. O conceito quase simbólico de sistema acaba se
realizando tanto na frente concreta, sendo o capital ou o governo, quanto na
abstrata, sendo a modernidade ou o individualismo.
Enquanto
a esquerda eleitoralmente relevante fracassa em seu discurso superficialmente
anticapitalista sem ser anticapitalista em seus projetos de nação, a direita
cresce pela extrema-direita declarando guerra aos imigrantes nos países
centrais e, nos periféricos, aos políticos costumeiramente corruptos e
principalmente às regulações do Estado e aos impostos. Além disso, enquanto a
esquerda combate o complexo tema do individualismo, a direita se aproveita do
conservadorismo popular para atacar as pautas modernas relacionadas às minorias
da franja mais moralista e de senso comum possível.
Se,
por um lado, a esquerda vê o capitalismo como o sistema a ser derrubado ou, ao
menos, amenizado; a direita vê no Estado, com seus impostos e legislações, o
sistema a ser destruído ou, ao menos, contido. Como o capitalismo é um modo de
produção despersonalizado, onde o capital é quem dita o que os capitalistas
devem fazer, é muito mais difícil ser entendido como o sistema a ser combatido.
Além disso, a classe proprietária como grupo demográfico é pouco reconhecida
pela população, diferente dos políticos que governam o Estado e que são
diariamente expostos na mídia, além de serem formalmente os que governam o
povo.
O
fato da esquerda utilizar o aparato estatal para realizar política social e
investimento público a coloca na incômoda posição de defender os impostos. Isso
inevitavelmente põe a esquerda no campo dos defensores do sistema, enquanto a
direita se coloca como antissistema ao defender a redução do Estado e dos
impostos. Essa desagradável posição política é agravada quando o governo de
ocasião é ocupado por partidos de esquerda, como ocorre no Brasil hoje. Dessa
maneira, todo o histórico papel antissistema da esquerda brasileira se vê
tomado pela direita, que apesar de defender todos os fundamentos do
capitalismo, consegue se vender como a alternativa ao status quo.
O
desafio maior da esquerda hoje é retomar seu aspecto de alternativa ao status
quo e demonstrar que é a direita que existe para manter o sistema em
sua estrutura fundamental. Sem uma educação libertadora na base, resta aos
sindicatos, movimentos sociais e estudantis o papel de florescer na classe
trabalhadora sua consciência de classe e, por consequência, o entendimento de
que o sistema é o capitalismo e que o Estado, seja qual for o partido eleito, é
um instrumento do capital regido por forças políticas, econômicas e militares
que vão muito além das eleições.
Se
a esquerda intitula o capitalismo como sistema vigente e vê o individualismo
como valor social a ser combatido, a direita enxerga no Estado o status
quo e a modernidade como inimiga da moral. Dessa forma, não só é mais
fácil defender o combate ao Estado do que o combate ao capitalismo como também
é muito mais simples elencar a modernidade e os valores humanísticos atuais
como imorais e antiéticos do que debater o individualismo, a autoexploração e a
ilusão da meritocracia. Assim sendo, a raiva de ter que pagar impostos ao
Estado e o pânico moral contra os novos costumes se tornam instrumentos muito
poderosos, e aliados ao poder econômico e às lideranças religiosas
conservadoras (que são maioria esmagadora) vem derrotando a esquerda no debate
público por corações e mentes.
A
disputa de narrativas que se dá na vida política brasileira vem se pautando no
reformismo petista há duas décadas e isso pode ter reforçado a imagem pública
da esquerda como defensora do Estado e dos impostos. Essa brecha muito bem
aproveitada pela direita deu substância ao sentimento antissistema que põe o
Estado como instância impositiva de costumes subversivos e achacador da
economia popular. Resta a esquerda reconquistar a classe trabalhadora
restaurando seu papel de alternativa antissistema, o que provavelmente só
poderá ser realizado com o abandono do lulismo.
Fonte:
Por Igor Grabois e Leonardo Sacramento, em A Terra é Redonda
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