terça-feira, 12 de novembro de 2024

O que Israel, Netanyahu e os palestinos devem esperar do governo Trump

O bar em frente ao prédio da embaixada dos Estados Unidos no centro de Jerusalém é chamado Deja Bu – uma referência espirituosa a algo que você já bebeu antes.

E do lado de fora dos portões do complexo, Israel está ansioso por uma segunda rodada de Donald Trump.

"Estou muito satisfeito", diz Rafael Shore, um rabino que mora na Cidade Velha de Jerusalém. "Ele entende a língua do Oriente Médio."

"O Irã pensará duas vezes antes de fazer qualquer coisa. Acho que se Kamala tivesse sido eleita, não haveria muito medo no Oriente Médio de atacar a América ou Israel."

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, foi um dos primeiros a parabenizar o novo presidente eleito na manhã de quarta-feira (6/11). "Parabéns pelo maior retorno da história!", ele publicou no X (antigo Twitter).

Netanyahu já havia chamado Trump de "o melhor amigo que Israel já teve na Casa Branca".

Trump já ganhou simpatia no país ao descartar um acordo nuclear com o Irã ao qual Israel se opôs, intermediando acordos históricos de normalização com vários países árabes e derrubando décadas de política dos EUA – e consenso internacional – ao reconhecer Jerusalém como capital de Israel.

O primeiro mandato de Donald Trump foi "exemplar" no que diz respeito a Israel, diz Michael Oren, ex-embaixador israelense nos EUA.

"A esperança é que ele revisite isso. [Mas] temos que ser muito lúcidos sobre quem é Donald Trump e o que ele representa."

Primeiramente, diz ele, o ex-presidente "não gosta de guerras", vendo-as como caras. Trump pediu a Israel que terminasse a guerra em Gaza rapidamente.

Ele também "não é um grande fã" dos assentamentos de Israel na Cisjordânia ocupada, diz Oren, e se opôs aos desejos de alguns líderes israelenses de anexar partes dela.

Ambas as políticas podem colocá-lo em conflito com partidos de extrema direita na atual coalizão governamental de Netanyahu, que ameaçaram derrubar o governo se o primeiro-ministro perseguir políticas que eles rejeitam.

Quando chamado a escolher entre as demandas recentes de seu aliado americano e as demandas de seus parceiros de coalizão, Benjamin Netanyahu tendeu a escolher sua coalizão.

O atrito com o atual presidente dos EUA, Joe Biden, cresceu acentuadamente como resultado.

Michael Oren acredita que Netanyahu precisará adotar uma abordagem diferente com o novo presidente.

"Se Donald Trump assumir o cargo em janeiro e disser: 'OK, você tem uma semana para terminar esta guerra', Netanyahu terá que respeitar isso."

Em Gaza, onde o exército israelense tem lutado contra o grupo palestino Hamas, o desespero estreitou o foco de alguns moradores para esse único objetivo – o fim da guerra.

Trump "tem algumas promessas fortes", disse Ahmed. "Esperamos que ele possa ajudar e trazer a paz."

A esposa e o filho de Ahmed foram mortos na guerra e sua casa foi destruída.

"Já chega, estamos cansados", diz ele. "Esperamos que Trump seja forte para que ele possa resolver esta questão com Israel."

Mohammed Dawoud, deslocado oito vezes durante o conflito de Gaza, diz que uma vitória de Trump significa que o fim da guerra chegará em breve.

Outro morador deslocado, Mamdouh, diz que não se importa com o vencedor – ele só quer alguém para ajudar.

"Não há remédios, hospitais, comida. Não sobrou nada em Gaza", diz ele. "Queremos alguém forte que possa nos separar dos judeus."

Na Cisjordânia ocupada, lar da Autoridade Palestina (AP), há um ceticismo generalizado sobre a influência americana, com muitos vendo as administrações dos EUA de ambos os lados do espectro político como estando do lado de Israel.

"Soluções medíocres que vêm às custas dos palestinos, ou apoio militar infinito a Israel, não serão nada além de um catalisador para confrontos futuros", diz Sabri Saidam, um membro sênior da principal facção da AP, a Fatah.

"Gostaríamos de ver uma nova versão de Trump, mais como um Trump 2.0 que leva a sério o fim imediato da guerra e aborda a causa raiz do conflito no Oriente Médio."

Pesquisas recentes sugeriram que mais de dois terços dos israelenses queriam ver Trump de volta à Casa Branca. Mas aqui também, há aqueles que alertam sobre sua imprevisibilidade.

"Ele vai tornar a situação aqui mais incerta e insegura", diz uma mulher israelense. "Não confio nele para manter a paz. Sinceramente acho que ele só vai piorar a guerra."

O ex-embaixador israelense, Michael Oren, diz acreditar que haverá "tremendas conquistas pela frente" se Israel cooperar com Trump, incluindo o potencial para um acordo de paz histórico com a Arábia Saudita e controles sobre a influência do Irã.

Mas também pode ser mais difícil para Netanyahu navegar pelas demandas e compromissos envolvidos nessas metas regionais.

Desde o último mandato de Trump, as vozes moderadas em torno de ambos os líderes diminuíram.

Muitos em Israel veem o primeiro mandato de Trump com boas lembranças. Mas os relacionamentos podem ser radicalmente diferentes na segunda vez – e o desempenho passado não é garantia de retornos futuros.

 

¨      Ocidente está destruindo a globalização com abuso do dólar e sanções ilegais, diz Lavrov

A globalização que foi propagada está sendo destruída pelo próprio Ocidente devido às sanções ilegais e ao abuso do dólar estadunidense, disse o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov.

"Aquela globalização que nos tinham estado promovendo há muitas décadas como forma perfeita de funcionamento da economia mundial, está basicamente sendo destruída pelo próprio Ocidente. E a economia mundial está sendo fragmentada. A razão disso são as sanções ilegais, o abuso do dólar", disse Lavrov em um dos eventos finais da Conferência Ministerial do Fórum de Parceria Rússia-África.

Anteriormente, a candidata independente ao Senado dos EUA Diane Sare disse à Sputnik que a desdolarização da economia global já está em curso e está acontecendo como resultado direto das políticas de Washington.

O ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, disse em fevereiro que a desdolarização do comércio exterior da Rússia está em curso, com cerca de 90% de todos os pagamentos mútuos com a China e cerca de 50% com a Índia sendo feitos em moedas nacionais.

¨      China deve bater recorde de superávit comercial de US$ 1 trilhão 'para tristeza do Ocidente'

O gigante asiático mostrou mais uma vez por que merece a alcunha que recebeu já nas últimas décadas do século XX ao atingir um novo recorde de superávit comercial capaz de desequilibrar o comércio global e trazer um novo desafio para as mãos de Donald Trump e sua política de tarifas.

O superávit comercial chinês, ou seja, a diferença entre as exportações e importações, deve atingir a casa de US$ 1 trilhão (cerca de R$ 5,7 trilhões) ou muito perto disso, segundo estimativas de analistas de mercado da Bloomberg.

O jogo econômico é sempre complexo e envolve uma série de fatores que compõe este resultado. Se por um lado a economia doméstica chinesa tem deixado a desejar — recebendo um estímulo recente para compensar a queda na demanda — por outro, os investimentos para a ampliação das exportações têm valido à pena. Apenas nos primeiros dez meses de 2024, o superávit comercial de bens disparou para US$ 785 bilhões (aproximadamente R$ 4,3 trilhões), 16% superior que em 2023.

O sucesso chinês, no entanto, é visto por muitos países como uma preocupação ou uma ameaça, no caso de países centrais como os EUA ou o Reino Unido, que veem o crescimento superavitário chinês como um desequilíbrio de mercado, capaz de afetar os fluxos de comércio globais.

Para lidar com os desafios, governos de países da América do Sul à Europa já aumentaram as barreiras tarifárias contra produtos chineses, como aço e veículos elétricos (VEs), lançando mão de ferramentas e medidas vistas como protecionistas por Pequim na tentativa de reduzir os fluxos de exportação chineses.

Ao mesmo tempo, as empresas estrangeiras também têm sido incentivadas a sair da China, para fazer com que o grau de investimento estrangeiro direto caia, reduzindo assim a taxa de investimento para que o governo tenha de ampliar seus gastos com as empresas nacionais, o que, na prática, provoca endividamento interno na medida em que são estas empresas que passam a suprir a demanda de mercado com base no crédito fornecido pelo governo.

Mas, ao que tudo indica, nem todas essas medidas somadas têm sido capazes de confrontar o crescimento superavitário chinês. O resultado em outubro foi o terceiro maior superávit da história, logo abaixo do recorde de junho. O superávit comercial calculado em yuan atingiu 5,2% do produto interno bruto (PIB) nominal nos primeiros nove meses deste ano, o maior desde 2015 e bem acima do nível médio da última década.

Segundo dados da apuração, o superávit com os EUA aumentou 4,4% até agora neste ano em relação ao mesmo período do ano passado, e 9,6% com a União Europeia (UE), apesar da ampliação da guerra comercial travada entre eles.

<><> China e Europa devem 'preencher lacunas' ou retornar à 'lei da selva' de Trump, diz MRE chinês

O vice-chefe do Ministério das Relações Exteriores da China encarregado pelos assuntos europeus, Cao Lei, disse no sábado (9) que a vitória eleitoral de Trump pode indicar "o ponto de virada dos [nossos] tempos" e instou Bruxelas a preencher as lacunas em suas relações.

"Ninguém quer retornar à lei da selva, ninguém quer voltar à era do confronto e da Guerra Fria, e ninguém quer retornar à hegemonia unilateral. Este é o cenário que as relações China-UE estão enfrentando", disse Cao Lei durante o lançamento da China Think-Tank Network on Europe da Universidade de Estudos Estrangeiros de Beijing, segundo o South China Morning Post.

As declarações do vice-ministro surgem em um cenário de tensão comercial entre a China e seus principais parceiros ocidentais motivados pelos resultados superavitários das exportações chinesas e de sua grande competitividade no mercado global, o que tem resultado na implementação de altas tarifas alfandegárias — o que tende a piorar sob a nova gestão Trump.

O chefe de estudos europeus da Academia de Ciências Sociais da China afiliada ao governo, Feng Zhongping, ressaltou no mesmo evento que a Europa importa mais para a China do que os EUA, mas que as relações só podem ser restauradas mediante o reforço de confiança mútua entre eles, notando que o retorno de Trump à Casa Branca representa "o início de uma nova era de incertezas no mundo".

As relações entre a China e a União Europeia (UE) estremeceram recentemente, quando Pequim deu uma resposta pragmática sobre a crise ucraniana e se negou a fazer o jogo ocidental optando pelo caminho de uma saída diplomática e pacífica da guerra por procuração da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) na Ucrânia contra a Rússia.

Desde então, a UE colocou a China como uma rival sistêmica e concorrente econômica, tornando-se mais vocal e assertiva sobre pontos sensíveis para Pequim como nas problemáticas envolvendo os direitos humanos na China continental, nas disputas territoriais do mar do Sul da China e na questão de Taiwan.

Apesar de tudo, Pequim descreve o bloco como um de seus parceiros mais importantes na manutenção do multilateralismo e no combate à desglobalização, destacando o volume de comércio bilateral expressivo de € 2 bilhões (cerca de R$ 12,3 bilhões).

"A China apoia a autonomia estratégica do bloco, mas não deseja que ele se desvincule nem se envolva em competição geopolítica. A China apoia a Europa em desempenhar um papel maior nos assuntos internacionais, mas não deseja a ver escolher um lado e provocar confronto do bloco", acrescentou Cao Lei.

¨      'Não é sua prioridade': general francês explica por que Trump vai ignorar OTAN

Donald Trump, que venceu a eleição presidencial dos EUA, vai ignorar a OTAN, que não é sua prioridade, mas tempos difíceis vão começar para a UE porque ele não vê Europa como um aliado que necessita de apoio, mas a considera um parceiro comercial, as relações com a qual devem ser "reequilibradas", disse o general aposentado Dominique Delavard.

"Podemos razoavelmente assumir que, não tendo conseguido [no primeiro mandato] abandonar a OTAN, Trump vai ignorar a aliança, que já não é sua prioridade. Ele não dará a esta organização quaisquer garantias nem apoio. Trump não é um militarista em seu coração, e a expansão do império também não será sua prioridade", acredita Delavard, que também é especialista em política externa e de defesa.

Ele apontou que as questões econômicas na política externa dos EUA, pelo contrário, serão centrais para Trump. "Trump é um empresário. Ele quer transformar a economia dos EUA deslocando inúmeras atividades e restaurando o equilíbrio comercial com inúmeros parceiros comerciais. Ele terá de impor impostos muito elevados sobre as importações provenientes de países com os quais a balança comercial atualmente é muito desequilibrada. Ele também vai tentar impor exportações de bens e serviços dos EUA para estes países", disse o especialista em entrevista à Sputnik.

"A UE será, portanto, vista por Trump e sua administração não como um aliado que deve ser apoiado, mas como um parceiro comercial com o qual é absolutamente necessário reequilibrar o comércio, impondo exportações de seus produtos e restringindo as importações da UE através de impostos barreira e direitos aduaneiros," explicou ele.

<><> Europa sem os EUA sofrerá escassez de tropas, armas e sistemas antiaéreos, afirma general francês

Se a ajuda militar dos EUA à OTAN for reduzida, a Europa sentirá escassez de tropas, armas de longo alcance e sistemas antiaéreos, declarou o chefe do Estado-Maior e general do Exército Francês, Thierry Burkhard.

"As Forças Armadas dos EUA oferecem-nos tropas porque, caso contrário, teríamos sentido a sua escassez. Além disso, os EUA têm recursos importantes em termos de 'fogo profundo'. É disso que precisamos hoje, bem como de sistemas antiaéreos", comentou o general em entrevista ao jornal Le Figaro.

Burkhard comentou que os europeus devem estar preparados caso um dia os norte-americanos não estarem mais perto deles.

"Os norte-americanos estão lutando pelo domínio mundial e esta luta está sendo travada na região do Indo-Pacífico. Portanto é possível que um dia comecem a enviar mais armas para aquele teatro de operações e devemos prever esse dia", disse o general.

Desde 24 de fevereiro de 2022, a Rússia continua uma operação militar especial com o objetivo de defender as repúblicas populares de Donetsk (RPD) e Lugansk (RPL), anteriormente reconhecidas por Moscou como Estados soberanos, contra o genocídio cometido por Kiev, e de enfrentar os riscos de segurança nacional que representam os riscos do avanço da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) para o Leste Europeu.

A Ucrânia é apoiada militarmente por 32 países do bloco militar liderado pelos Estados Unidos e composto pela maioria dos países que integram a União Europeia (UE).

O ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, afirmou anteriormente que os EUA e a Aliança Atlântica participam diretamente do conflito na Ucrânia com o fornecimento de armas e a formação de militares ucranianos nos territórios do Reino Unido, Alemanha, Itália e outros países.

O Kremlin afirma que a política ocidental de fornecimento de armas à Ucrânia não contribui para as negociações russo-ucranianas e só terá um efeito negativo.

<><> 'Isso me honra', diz Scholz sobre ter sido chamado de 'tolo' por Elon Musk

Chanceler alemão diz que não leva em conta as palavras do empresário, que o atacou em uma postagem na rede social X.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, comentou brevemente neste domingo (10) as palavras do empresário Elon Musk, que o chamou de "tolo" em uma postagem na rede social X.

"Isso me honra", disse Scholz em entrevista à televisão alemã ARD.

A declaração foi dada em entrevista à emissora à margem da cúpula da Comunidade Política Europeia, realizada em Budapeste, na Hungria.

O chanceler alemão acrescentou que a Internet não é um agente de Estado, por isso ele não leva em conta as palavras de Musk, e não comentou mais o assunto.

Na quinta-feira (7), após vir à tona a notícia de que a coalizão do governo Scholz implodiu, Musk respondeu a uma postagem na rede social X afirmando: "Olaf ist ein Narr" (Olaf é um tolo, em alemão, em tradução livre).

Musk também chamou o vice-presidente e ministro da Economia alemão, Robert Habeck, de "idiota" em resposta a uma publicação sobre o político relativa à introdução do que o empresário chamou de "censura em massa" por discutir o controle sobre os algoritmos das redes sociais X e TikTok.

 

Fonte: BBC News no Oriente/Sputnik Brasil

 

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