segunda-feira, 9 de setembro de 2024

Trump indica que as sanções aplicadas pelos EUA 'matam' o dólar

Ex-presidente dos EUA e candidato ao Executivo nacional, Donald Trump declarou que as sanções econômicas aplicadas por Washington prejudicam a moeda norte-americana.

"Eu apliquei sanções, mas levantei-as o mais rápido que pude, porque no final elas matam o dólar e matam tudo o que o dólar representa", disse o candidato republicano durante um evento na cidade de Nova York, quando questionado se, caso eleito presidente, reforçaria as sanções, especialmente as dirigidas à Rússia.

Na quarta-feira (4), os EUA anunciaram uma série de sanções para o grupo de mídia russo Rossiya Segodnya e suas subsidiárias RIA Novosti, RT, TV-Novosti, Ruptly e Sputnik. A informação foi dada em comunicado emitido pelo Departamento do Tesouro dos EUA. Além disso, as sanções também afetam a editora-chefe do grupo Rossiya Segodnya, Margarita Simonyan, e vários outros gestores.

A medida foi tomada na esteira das acusações de Washington sobre uma suposta tentativa russa de interferir nas eleições dos EUA. Moscou reitera que a Rússia não

No Brasil, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) condenou a ação e disse que o movimento do governo norte-americano é um "atentado à liberdade de expressão e de imprensa mundial, sobretudo nesse contexto de alegar que as mídias russas têm interesse em intervir na eleição norte-americana".

A Associação dos Correspondentes de Imprensa Estrangeira no Brasil (ACIE) também se posicionou contra as sanções impostas a jornalistas e veículos de comunicação russos. Em nota, o grupo afirmou que "a imposição de sanções atenta contra a liberdade de imprensa e o livre exercício do jornalismo".

As eleições dos EUA acontecem no dia 5 de novembro. O ex-presidente concorrerá contra a atual vice-presidente, Kamala Harris, indicada pelo Partido Democrata após a desistência do chefe de Estado, Joe Biden.

¨      Preferência pelo ouro por bancos centrais africanos: um novo e duro golpe para a hegemonia do dólar

A escolha de vários países africanos de investir mais no ouro do que no dólar para compor suas reservas internacionais é reflexo do fim da hegemonia da moeda americana, opinaram analistas em entrevista à Sputnik Brasil.

Nigéria, Zimbábue, Uganda, Madagascar e Sudão do Sul são alguns países do continente que decidiram aumentar suas reservas em ouro no lugar do dólar.

Para abordar esse assunto, a Sputnik Brasil ouviu em seu programa Mundioka nesta sexta-feira (6) o economista e especialista em políticas públicas e gestão da educação e coordenador dos cursos de gestão financeira do Centro Universitário Internacional Uninter Daniel Weigert Cavagnari e a professora de relações internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) Natalia Fingermann.

O dólar continua a ser a principal moeda de reserva internacional. Os últimos dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) apontam que os países mantiveram 58,85% de suas reservas nessa moeda. Ao mesmo tempo, há dez anos, o valor era um pouco mais alto, 63,04%.

A professora destacou que a mudança está sendo tomada principalmente por países africanos que integram o grupo BRICS.

"A própria China, a Índia, têm aumentado suas reservas em ouro. A China tem favorecido em seu comércio trocas que não são feitas em dólar. Então o que a gente percebe é que a hegemonia do dólar como aquela moeda segura, onde todos os países utilizavam para manter as suas reservas e realizar trocas internacionais, é um processo que está em decadência", frisou a entrevistada.

Para Cavagnari, a desistência dos bancos centrais dessas nações pelo uso do dólar é um dos "desesperos" do mercado norte-americano.

"Ele [os EUA] está perdendo o poder de uma série de áreas: de política, de tecnologia […]. A China está bem superior em relação à tecnologia, em produção, em outras questões. Há vários países que se destacam também no desenvolvimento de tecnologias, de produção agrícola, então o americano já não é a superpotência que era", argumentou o analista.

Cavagnari lembrou que antes da Segunda Guerra Mundial, o ouro servia como base para as outras moedas no mundo. Após a guerra, "eles tiram o ouro, porque estava ficando escasso, e passam a adotar o dólar como moeda oficial, como reserva do mundo, utilizada principalmente no comércio internacional", esclareceu.

Ainda assim, o ouro é uma das principais reservas de segurança do planeta, cujo valor aumenta conforme cresce a demanda, mencionaram os entrevistados, uma "espécie de poupança" que, apesar de valorizar pouco, não desvaloriza.

A especialista em relações internacionais defendeu que a posição de maior busca pelo ouro por parte desses países é principalmente política. Porém, o cenário econômico de instabilidade econômica global favorece essa posição.

"Uma vez que a maior parte dos países que têm ampliado a sua reserva de ouro são países que recentemente passaram por um processo de revolução, golpes, em oposição às suas relações tradicionais, principalmente na região do Sahel, ali com a França […]", comentou ela. "Eles poderiam estar aumentando as suas reservas em outras moedas, poderia ser feita outra escolha. Mas, neste momento, pela questão das taxas de juros e a queda das taxas de juros dos países desenvolvidos, a escolha tem sido feita em ouro", declarou ela.

Entretanto, para o economista, os países africanos "estão chegando muito tarde nesse mercado".

"Porque desde o ano passado, a China, a Índia, principalmente, que têm crescido bastante, já estão correndo nesse mercado internacional. O Brasil também já tem vistas para fazer mais reservas de ouro. Porque o dólar não para de flutuar", comentou, ao acrescentar que os conflitos envolvendo países do Oriente Médio e a Rússia e Ucrânia também têm sido responsáveis pela fuga de capitais e busca mais acirrada pelo ouro, prejudicando principalmente os países mais pobres no poder de compra.

De acordo com o Conselho Mundial do Ouro (WGC, na sigla em inglês), em julho as compras líquidas de ouro pelos bancos centrais dobraram em relação a junho, atingindo 37 toneladas, o maior volume desde janeiro, apesar da alta nos preços.

Por outro lado, a professora de relações internacionais salientou a ironia dessa situação, uma vez que o continente concentra quase metade das reservas de ouro do mundo, mas os países não conseguem converter essa riqueza e prosperidade para a população e precisam de dólar para comprar o metal, que muitas vezes é produzido em território africano e vendido ilegalmente no mercado internacional.

O Sudão, um dos maiores produtores de ouro do continente, está numa guerra civil, em uma das maiores crises humanitárias do planeta. Tal situação favorece os grupos dominantes, o tráfico internacional, os países ricos que compram o ouro barato, a indústria de joias.

O legado do período colonial, de expropriação, opressão e destruição dessas nações por séculos, cujos processos de independências ainda são recentes é, na opinião da especialista, um dos principais entraves para os avanços necessários.

"Você ainda não conseguiu criar, em muitos desses locais, a ideia de que aquele território é uma nação, que esses recursos não deveriam ficar somente vinculados a um grupo específico, mas sim pensando em toda a população", refletiu. "Para isso, não é necessário somente manter a riqueza, é necessário desenvolver essa riqueza […], fazer dessa riqueza uma transformação tecnológica", acrescentou Fingermann.

O racismo é outro componente prejudicial: "Há ainda um certo racismo estrutural, que faz com que muitos desses países não consigam ter igualdade nas negociações. Esse é um aspecto que, do meu ponto de vista, ainda prejudica muito os países africanos", frisou a especialista.

Para mudar essa realidade de apenas vender commodities e bens finitos, alguns governos africanos têm buscado diversificar sua economia e combater o tráfico internacional de minérios, mas o caminho ainda é longo e tortuoso, lamentou a professora.

"É difícil a gente saber como é que isso pode ser resolvido, mas, do meu ponto de vista, enquanto não tiver o interesse, não somente local, mas também o interesse, vamos dizer, global, para que essas questões sejam resolvidas tem que mudar um pouco a estrutura do sistema internacional, a estrutura do comércio internacional como um todo teria que ser repensada, não acho que isso seria algo que a gente possa vislumbrar uma solução de curto prazo", concluiu.

¨      Yellen: acabar com os créditos fiscais de energia limpa ajudaria a China e prejudicaria os EUA

Qualquer movimento para acabar com os créditos fiscais de energia limpa do governo Biden aumentaria os custos para as famílias nos Estados Unidos, paralisaria novos investimentos na indústria, a criação de empregos nos EUA e fortaleceria a China, disse a secretária do Tesouro Janet Yellen nesta quinta-feira (5).

"Há alguns por aí que querem eliminar os créditos [...] Isso seria um erro histórico", disse Yellen em um discurso programado para ser feito em um evento na Carolina do Norte. "Reverter os créditos pode aumentar os custos para as famílias trabalhadoras em um momento em que é fundamental que continuemos a tomar medidas para reduzir os preços."

A secretária do Tesouro disse que as famílias nos Estados Unidos reivindicaram US$ 8,4 bilhões (cerca de R$ 47,1 bilhões) em créditos fiscais de energia para aliviar suas contas de energia a longo prazo, disse Yellen.

Somente na Carolina do Norte, cerca de 90 mil famílias reivindicaram mais de US$ 100 milhões (mais de R$ 561 milhões) em créditos fiscais residenciais de energia limpa para instalações como painéis solares e baterias de armazenamento de energia e outros US$ 60 milhões (aproximadamente R$ 336,6 milhões) em créditos fiscais de eficiência energética para bombas de calor, ar condicionado eficiente e isolamento, disse Yellen.

Acabar com esses créditos prejudicaria o emprego e a China estaria entre os beneficiários se os Estados Unidos perdessem esses investimentos, disse Yellen.

"Isso poderia colocar em risco os investimentos significativos em manufatura que estamos vendo aqui e em todo o país, junto com os empregos que vêm com eles, muitos dos quais não exigem um diploma universitário", disse Yellen. "E poderia dar uma vantagem à China e outros países que também estão investindo para competir nessas indústrias críticas."

Os comentários de Yellen ocorreram em meio a promessas do candidato presidencial republicano Donald Trump de acabar com muitas das regras de energia limpa do presidente Joe Biden para usinas de energia e veículos elétricos (VE).

Trump também prometeu acabar com centenas de bilhões de dólares em subsídios fiscais no quadro da Lei de Redução da Inflação de Biden de 2022, prometendo revogar o que o republicano chamou de "novo golpe verde" e redirecionar o dinheiro economizado para a construção de estradas e pontes.

A vice-presidente Kamala Harris, que enfrenta Trump na eleição de 5 de novembro como candidata presidencial democrata, prometeu levar adiante muitas das políticas de Biden.

O governo Biden deve em breve, no curto prazo, aumentar drasticamente as tarifas sobre VEs, baterias, células solares e outros bens de fabricação chinesa para proteger o desenvolvimento de uma cadeia de fornecimento de energia limpa nos EUA.

¨      Ex-chefe do Tesouro dos EUA vê 'perigo de excesso' americano em relação econômica com China

Os políticos dos Estados Unidos devem ter cuidado para não exagerar nas restrições comerciais e tarifas sobre a China enquanto tentam proteger a segurança nacional, de acordo com o ex-secretário do Tesouro Robert Rubin.

O presidente Joe Biden anunciou planos em maio para aumentar as tarifas sobre importações chinesas, incluindo semicondutores, células solares e minerais essenciais, com taxas variando de 25% para baterias a 100% para veículos elétricos.

As tarifas devem ser limitadas e dificultadas para garantir que sejam usadas com cautela, disse Rubin por meio de um link de vídeo no Bund Summit em Xangai, segundo a Bloomberg.

"O perigo é que os políticos ultrapassem os limites razoáveis", disse o ex-secretário nesta quinta-feira(5), observando que isso não se aplica apenas aos EUA.

Rubin disse que muitos nos EUA acreditam que o investimento da China em manufatura e sua capacidade excedente estão afetando o mercado global. Embora ele não tenha certeza se essa percepção é precisa, ele disse que Pequim deve esperar uma resposta.

Outros economistas importantes no fórum pediram que os EUA abandonassem sua estratégia de excluir a China da cadeia de fornecimento global de produtos essenciais, relata a mídia.

O diretor emérito do Instituto Peterson de Economia Internacional e ex-funcionário do Tesouro dos EUA, C. Fred Bergsten, disse que a China é grande demais para ser excluída da economia global. Bergsten pediu um "desacoplamento funcional", onde ambos os países identificam áreas para competição e também oportunidades para colaboração.

O ex-assessor do Banco Central chinês Yu Yongding pediu que Washington e Pequim resolvessem suas disputas sobre subsídios e política industrial por meio da Organização Mundial do Comércio (OMC), estabelecendo novos pontos em comum.

<><> Washington está assustado com a vontade da Turquia em aderir ao BRICS, diz jornalista

Washington está apavorado porque a Turquia, um dos principais membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), está buscando ingressar no BRICS, sugeriu em conversa com a Sputnik o jornalista dos EUA Jackson Hinkle.

"Eles devem estar muito preocupados. Ou seja, a Turquia é provavelmente o membro mais importante da OTAN além dos EUA. E o fato de que eles estão agora discutindo a adesão ao BRICS: informaram ter apresentado a solicitação, vão participar de uma reunião do BRICS [cúpula em Kazan]. [...] Os EUA estão definitivamente assustados", disse o interlocutor nas margens do Fórum Econômico do Oriente.

Hinkle também observou a natureza multifacetada da política do presidente turco Recep Tayyip Erdogan e acrescentou que acreditaria na adesão do país ao BRICS quando isso realmente acontecer.

Anteriormente, o assessor presidencial russo Yuri Ushakov confirmou que a Turquia havia se candidatado a membro pleno do BRICS e que o pedido está sendo analisado.

<><> Argentina se une à coalizão naval internacional encabeçada pelos EUA

A Argentina se juntou às Forças Marítimas Combinadas (CMF, na sigla em inglês), a coalizão internacional liderada pelos EUA para a segurança marítima, informou o Ministério da Defesa do país sul-americano nesta sexta-feira (6).

"A Argentina se une às Forças Marítimas Combinadas, uma coalizão internacional de 45 nações comprometidas com a proteção das rotas comerciais e a segurança marítima global", publicou o ministério na rede social X (antigo Twitter).

Segundo a imprensa local, a Marinha da Argentina foi convidada pelos EUA a se juntar à coalizão em novembro de 2023.

"Essa participação protege nossos interesses econômicos, melhora a competitividade de nossas exportações e assegura o fluxo de produtos para o mundo ao reduzir os custos logísticos e garantir rotas comerciais seguras", disse o Ministério da Defesa.

 

Também "fortalece a cooperação regional e a presença sul-americana, promovendo a paz em alto-mar e a proteção dos oceanos sem comprometer recursos nacionais", acrescentou.

Em maio, os Emirados Árabes Unidos se retiraram do agrupamento naval multinacional liderado pelos Estados Unidos, que opera no mar Vermelho e no golfo Pérsico.

As Forças Marítimas Combinadas, sediadas no Bahrein junto com a Quinta Frota dos EUA, são compostas por 34 países, inclusive o Brasil, e se dedicam à segurança marítima e ao combate à pirataria no mar Vermelho e no golfo Pérsico.

O texto diz ainda que sua missão é "promover a segurança, a estabilidade e a prosperidade em aproximadamente 3,2 milhões de milhas quadradas de águas internacionais, que abrangem algumas das rotas marítimas mais importantes do mundo".

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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