Sustentabilidade e meio ambiente: Confira
as propostas dos candidatos para Salvador
Assunto em voga por
conta das mudanças climáticas e da necessidade de diminuir os impactos
socioambientais causados pelos espaços urbanos das grandes cidades, o eixo de
sustentabilidade, em associação ao planejamento para o meio ambiente, pode ser
observado como um ponto-chave para a próxima gestão da Prefeitura de Salvador.
Com a data dos
brasileiros irem às urnas - 6 de outubro - se aproximando, a importância de
conhecer o plano de governo dos nomes que disputarão a preferência do
eleitorado soteropolitano é essencial para a formação de um voto consciente.
Dando sequência à
série de matérias que se debruçam sobre o que os prefeituráveis pretendem para
a capital baiana, o portal A TARDE, que até o momento já publicou matérias nos
eixos de Desenvolvimento Social, Mobilidade Urbana, Segurança Pública, Desenvolvimento Urbano, Emprego e Renda e Cultura, apresenta agora o que pensam, e prometem, os candidatos para a
construção de uma Salvador mais verde e que equilibre desenvolvimento econômico
com responsabilidade ambiental.
Os candidatos Bruno
Reis (União Brasil), Geraldo Júnior (MDB), Kleber Rosa (PSOL), que são os três
principais candidatos com tempo de TV e Rádio, possuem mais destaque, mas
também há um resumo dos demais postulantes, Giovani Damico (PCB), Victor
Marinho (PSTU) e Eslane Paixão (UP).
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Confira abaixo cada ponto defendido pelos prefeituráveis em relação ao tema:
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Bruno Reis (União Brasil)
Buscando a reeleição
neste ano, o prefeito Bruno Reis (União Brasil) listou uma série de projetos no
eixo "Sustentabilidade e Resiliência" de seu plano de governo, além
de dois projetos especiais, considerados como os maiores projetos de uma
vindoura segundo gestão, com foco especial no desenvolvimento de uma Salvador
mais sustentável.
O primeiro deles é
a Renaturalização da Bacia do Rio Camarajipe. Já em sua
justificativa, o plano do atual prefeito professa que "os eventos
climáticos externos, associados ao aquecimento global, são motivo de
preocupação para Salvador" e lista uma atuação baseada em um tripé
"forte do desenvolvimento sustentavel, que une o social, a economia e o
ambiental".
Maior bacia
hidrográfica de Salvador, a Bacia do Camarajipe se estende por 39 quilometros
do territorio da cidade, atravessando 22 bairros, e impactando diretamente na
vida de 630 mil habitantes, 26% da população soteropolitana.
Fonte de abastecimento
de água ate os anos 70, o Rio Camarajipe virou um esgoto a céu aberto após
décadas de dejetos, lixo e esgoto não tratado jogado em seu leito.
Com a renaturalização
da bacia, o projeto objetiva a "elevacao das condicoes sanitarias e
reducao dos riscos de vulnerabilidade por inundacoes, estabelecendo um novo
padrao de urbanizacao para areas pobres da cidade", além de contribuir
para a melhoria do clima com a redução dos níveis de CO₂ presentes.
Outros benefícios como
recuperar a balneabilidade de praias, o que contribui para o turismo e a
economia, e regenerar o ecossistema e biodiversidade dos rios também são
citados. Ações como saneamento, drenagem, construção de areas de preservacao
permanentes proximas a bacia, urbanização, mobilidade e espaços de lazer também
estão previstos em um projeto com prazo de 10 a 15 anos para ser concluído.
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Corredores verdes
O outro projeto
especial com base na sustentabilidade é a implementação de Corredores Verdes na
cidade de Salvador para "reduzir gases do efeito estufa, mitigar efeito
das ilhas de calor formadas na cidade e proteger a mancha verde urbana e
promover resiliencia ambiental".
De acordo com o
especificado no planejamento, a ideia é que o projeto crie novos corredores
"de verde e de sombra" com a plantação de milhares de mudas de
árvores e a construção de mini parques e mini florestas que ofertem
"maiores areas de sombras e temperaturas mais amenas para pedestres,
ciclistas e usuarios de onibus, BRT e metrô".
Outros benefícios
listados são: Aumento do conforto térmico, novos pontos de lazer, embelezamento
paisagístico, geração de oxigênio, avanços na saúde pública através da melhor
qualidade do ar, novos pontos de infiltracao pluvial para reduzir alagamentos e
mais biodiversidade, com mais vida silvestre de volta a cidade, entre outros.
A 1ª etapa do projeto,
que seria implementada nos 4 anos da gestão do prefeito, caso o mesmo se
reeleja, prevê a arborização das seguintes vias: Avenida Juracy Magalhaes
Junior, que liga Rio Vermelho-Santa Cruz-Itaigara, Avenida Otavio Mangabeira,
da orla da Pituba até Itapuã, Rua Conego Pereira, que liga Dois Leões-Sete
Portas, Avenida Manoel Dias, Avenida Jequitaia, que liga o Comércio a Calçada,
Avenida Fernandes da Cunha, em Mares, e o bairro do 2 de Julho.
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Outros projetos
Entre os outros
projetos listados pelo plano do gestor estão o Programa Salvador Capital da
Mata Atlântica, que visa implantar fisicamente os parques no Sistema de Areas
de Valor Ambiental e Cultural – SAVAM, a implementação de incentivos
tributários, como o IPTU Verde, para fomentar a adocao de medidas sustentaveis
por parte de empreendimentos e o programa Salvador Solar, que objetiva aumentar
em 500% a geracao de energia solar na capital.
A renovação da frota
de ônibus por motores menos poluentes, sem utilização de diesel, a implantação
de onibus eletrico no sistema BRT, do programa Cidade Circular, que promove
modelos de negócios que gerem mais riqueza para o município, e o programa Construção
Sustentável, que visa inserir adaptacoes de sustentabilidade na área da
construção civil, também estão entre as medidas pensadas para um possível
segundo mandato do atual prefeito.
<><> Geraldo
Jr. (MDB)
Segundo colocado na pesquisa AtlasIntel/A TARDE, o vice-governador Geraldo Jr., que já foi presidente da Câmara
e agora concorre à Prefeitura de Salvador, nomeou um dos eixos de seu programa
como Cidade Sustentável e Meio Ambiente.
Nele, o emedebista
elenca o desenvolvimento de um programa de reflorestamento em áreas degradadas
e de encostas, assim como a criação de parques e jardins comunitários nos
bairros de Salvador, e a redução tributária para imóveis "que façam
reflorescer o nosso meio ambiente" como algumas das prioridades do seu
governo para o desenvolvimento sustentável da cidade.
O plano de governo de
Geraldo projeta também a implementação do Programa Parques da Paz, que criará
áreas verdes nas comunidades periféricas, ofertando espaços de esporte, lazer e
convivência.
O aprimoramento do
sistema de alerta precoce para desastres naturais, que visaria auxiliar na
prevenção dos danos causados pelas fortes chuvas que costumam cair em Salvador,
assim como a criação da Autoridade Municipal de Mudanças Climática de Salvador,
que produziria subsídios para a elaboração e a execução da política municipal
sobre mudança do clima, também estão entre as alternativas listadas.
Dentre os outros
tópicos listados dentro do eixo estão a Requalificação das Praias, com medidas
como a implantação de um Plano de Requalificação Urbana da Orla Marítima e a
ampliação da iluminação noturna nas praias, e medidas voltadas para Ciência,
Tecnologia e Inovação, com a promessa de implantar um Projeto de Wi-Fi gratuito
em áreas públicas na capital baiana para disponibilizar internet de alta
velocidade e criar Espaços Dinamizadores, que funcionariam como oficinas de
inovação, conectividade e empreendedorismo.
Apesar do eixo
direcionado para sustentabilidade e meio-ambiente, a estruturação em tópicos
das medidas pensadas para o governo do vice-governador não permite um
aprofundamento maior no tema e não elabora consistentemente os projetos que
capitaneariam esta área de atuação
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Kléber Rosa (PSOL)
Em seu plano de
governo, o psolista Kléber Rosa afirma que vivemos "uma crise social,
sanitária, ambiental e climática de escala global, relacionada ao modo
predatório de produção e de consumo que atualmente escancara o racismo
ambiental" e que os impactos decorrentes desta política afetam "mais
duramente as comunidades marginalizadas".
O candidato cita a
falta de acesso a recursos naturais e problemas como enchentes, alagamentos e
deslizamentos de áreas de encosta como algumas das principais adversidades da
população baiana e sugestiona um modelo de transição ecológica, construiído pelo
poder público em parceria com a sociedade civil, com políticas públicas
socioambientais e ecológicas que "integrem o meio ambiente, a cultura, a
educação e todas as áreas que compõem o nosso tecido social".
Entre as propostas de
Kléber estão a revisão do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano do Município
de Salvador (PDDU) para ampliar a política de proteção ambiental da cidade, o
estímulo do plantio de espécies nativas de Mata Atlântica e frutíferas em Salvador,
a criação de corredores ecológicos urbanos, que reduzam as ilha de calor e
promovam a melhoria da qualidade do ar e da saúde da população, a criação da
Secretaria Municipal do Meio Ambiente e a oferta de incentivos fiscais para
empresas que apresentem planos de sustentabilidade socioambiental.
A recuperação e
revitalização de fontes naturais, a mudança de fonte energética dos
transportes, abandonando os combustíveis fósseis em prol de energia limpa, e a
manutenção de áreas verdes já existentes também estão entre as medidas
previstas.
Outros pontos citados
no programa incluem medidas para promover uma rede de alimentos saudáveis, com
o fortalecimento de grupos, feiras e plantios que produzam alimentos orgânicos,
ações para o bem estar animal, como a elaboração de campanhas de castração de
animais domésticos e de rua e de adoção, ampliação das políticas de
fiscalização e punição para quem cometer maus tratos ou abandono de animais
domésticos e o fortalecimento do programa de combate às zoonoses.
A ampliação da coleta
de lixo seletiva na cidade de Salvador, a criação de programas de letramento
ambiental nas escolas, a revitalização dos ecossistemas marinhos, com
benefícios para o turismo e a área de pesca, e a valorização da proteção
ambiental junto à orgãos como INEMA e IBAMA também são pontos apontados pelo
socialista dentro do seu plano de governo.
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Giovani Damico (PCB)
Após candidaturas para
vereador em 2020 e governador em 2022, o comunista Giovani Damico busca sair
vitorioso na disputa pela Prefeitura de Salvador em 2024.
Após candidaturas para
vereador em 2020 e governador em 2022, o comunista Giovani Damico tenta a sorte
na disputa pela Prefeitura de Salvador em 2024. Com um plano de governo
intitulado "21 pontos para mudar Salvador", o candidato foi sucinto em
relação às medidas previstas para o eixo "Questão Ambiental e
Saneamento".
Entre os pontos
prometidos por Damico estão a criação de cooperativas agroecológicas urbanas
para a implantação de Cinturões Verdes e Coluna Verdes nos espaços verdes da
cidade. Segundo ele, tais programas teriam como objetivo auxiliar no
estabelecimento de um "um plano de enfrentamento municipal à desnutrição,
à insegurança alimentar e ao desemprego por via de cooperativas enquanto
instrumentos de participação econômica, política e social".
A
"universalização e padronização" do acesso à Água, com a criação de
uma Empresa Municipal de Água e Saneamento, garantiria 100% da oferta de água
tratada para a população de Salvador.
Damico também aponta a
reestruturação de políticas urbanísticas, como a revitalização dos leitos dos
rios urbanos, associadas a projetos integrados com as universidades públicas,
estaduais e federais da Bahia, a recomposição das áreas verdades da cidade e a
substituição da utilização de geomantas por "políticas de rearborização de
encostas, associadas ao programa de habitação", como os principais pontos
de seu plano de governo para a área.
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Victor Marinho (PSTU)
Defender o meio
ambiente "contra a ganância imobiliária" é o mote das ações voltadas
para sustentabilidade no programa de Victor Marinho (PSTU).
Segundo ele,
"Salvador sofre com uma permissividade para com a ganância imobiliária,
perda de áreas naturais e ausência e má distribuição de espaços públicos na
cidade" e a elaboração de uma nova proposta de Plano Diretor de
Desenvolvimento Urbano e Ambiental (PDDUA), com participação da sociedade civil
e voltado para os interesses na melhoria de vida da população, é essencial.
Marinho propõe ainda
elaborar o Código de Meio Ambiente de Salvador, revisar e cancelar licenças
ambientais concedidas em desconformidade com a legislação ambiental, criar a
Secretaria Municipal de Meio Ambiente, combater a privatização de parques e
áreas de conservação e criar um sistema de tributação ambiental, com criação de
IPTU ambiental e ISS ecológico, incentivando a manutenção de cobertura vegetal
no território da cidade.
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Eslane Paixão (UP)
O programa da
candidata Eslaine Paixão (UP) não conta com nenhum eixo específico com ações
voltadas para a sustentabilidade e o meio ambiente. As palavras
"ambiente" e "sustentabilidade" não são citadas nenhuma vez
em seu plano de governo, com a única menção à alguma medida que teria impacto
nesta área sendo feita ao repudiar a privatização de "praças e
parques" do município.
Fonte: A Tarde
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