terça-feira, 10 de setembro de 2024

Sustentabilidade e meio ambiente: Confira as propostas dos candidatos para Salvador

Assunto em voga por conta das mudanças climáticas e da necessidade de diminuir os impactos socioambientais causados pelos espaços urbanos das grandes cidades, o eixo de sustentabilidade, em associação ao planejamento para o meio ambiente, pode ser observado como um ponto-chave para a próxima gestão da Prefeitura de Salvador.

Com a data dos brasileiros irem às urnas - 6 de outubro - se aproximando, a importância de conhecer o plano de governo dos nomes que disputarão a preferência do eleitorado soteropolitano é essencial para a formação de um voto consciente.

Dando sequência à série de matérias que se debruçam sobre o que os prefeituráveis pretendem para a capital baiana, o portal A TARDE, que até o momento já publicou matérias nos eixos de Desenvolvimento SocialMobilidade UrbanaSegurança PúblicaDesenvolvimento UrbanoEmprego e Renda e Cultura, apresenta agora o que pensam, e prometem, os candidatos para a construção de uma Salvador mais verde e que equilibre desenvolvimento econômico com responsabilidade ambiental.

Os candidatos Bruno Reis (União Brasil), Geraldo Júnior (MDB), Kleber Rosa (PSOL), que são os três principais candidatos com tempo de TV e Rádio, possuem mais destaque, mas também há um resumo dos demais postulantes, Giovani Damico (PCB), Victor Marinho (PSTU) e Eslane Paixão (UP).

<<<< Confira abaixo cada ponto defendido pelos prefeituráveis em relação ao tema:

<><> Bruno Reis (União Brasil)

Buscando a reeleição neste ano, o prefeito Bruno Reis (União Brasil) listou uma série de projetos no eixo "Sustentabilidade e Resiliência" de seu plano de governo, além de dois projetos especiais, considerados como os maiores projetos de uma vindoura segundo gestão, com foco especial no desenvolvimento de uma Salvador mais sustentável.

O primeiro deles é a Renaturalização da Bacia do Rio Camarajipe. Já em sua justificativa, o plano do atual prefeito professa que "os eventos climáticos externos, associados ao aquecimento global, são motivo de preocupação para Salvador" e lista uma atuação baseada em um tripé "forte do desenvolvimento sustentavel, que une o social, a economia e o ambiental".

Maior bacia hidrográfica de Salvador, a Bacia do Camarajipe se estende por 39 quilometros do territorio da cidade, atravessando 22 bairros, e impactando diretamente na vida de 630 mil habitantes, 26% da população soteropolitana.

Fonte de abastecimento de água ate os anos 70, o Rio Camarajipe virou um esgoto a céu aberto após décadas de dejetos, lixo e esgoto não tratado jogado em seu leito.

Com a renaturalização da bacia, o projeto objetiva a "elevacao das condicoes sanitarias e reducao dos riscos de vulnerabilidade por inundacoes, estabelecendo um novo padrao de urbanizacao para areas pobres da cidade", além de contribuir para a melhoria do clima com a redução dos níveis de CO₂ presentes.

Outros benefícios como recuperar a balneabilidade de praias, o que contribui para o turismo e a economia, e regenerar o ecossistema e biodiversidade dos rios também são citados. Ações como saneamento, drenagem, construção de areas de preservacao permanentes proximas a bacia, urbanização, mobilidade e espaços de lazer também estão previstos em um projeto com prazo de 10 a 15 anos para ser concluído.

>>>> Corredores verdes

O outro projeto especial com base na sustentabilidade é a implementação de Corredores Verdes na cidade de Salvador para "reduzir gases do efeito estufa, mitigar efeito das ilhas de calor formadas na cidade e proteger a mancha verde urbana e promover resiliencia ambiental".

De acordo com o especificado no planejamento, a ideia é que o projeto crie novos corredores "de verde e de sombra" com a plantação de milhares de mudas de árvores e a construção de mini parques e mini florestas que ofertem "maiores areas de sombras e temperaturas mais amenas para pedestres, ciclistas e usuarios de onibus, BRT e metrô".

Outros benefícios listados são: Aumento do conforto térmico, novos pontos de lazer, embelezamento paisagístico, geração de oxigênio, avanços na saúde pública através da melhor qualidade do ar, novos pontos de infiltracao pluvial para reduzir alagamentos e mais biodiversidade, com mais vida silvestre de volta a cidade, entre outros.

A 1ª etapa do projeto, que seria implementada nos 4 anos da gestão do prefeito, caso o mesmo se reeleja, prevê a arborização das seguintes vias: Avenida Juracy Magalhaes Junior, que liga Rio Vermelho-Santa Cruz-Itaigara, Avenida Otavio Mangabeira, da orla da Pituba até Itapuã, Rua Conego Pereira, que liga Dois Leões-Sete Portas, Avenida Manoel Dias, Avenida Jequitaia, que liga o Comércio a Calçada, Avenida Fernandes da Cunha, em Mares, e o bairro do 2 de Julho.

>>>>> Outros projetos

Entre os outros projetos listados pelo plano do gestor estão o Programa Salvador Capital da Mata Atlântica, que visa implantar fisicamente os parques no Sistema de Areas de Valor Ambiental e Cultural – SAVAM, a implementação de incentivos tributários, como o IPTU Verde, para fomentar a adocao de medidas sustentaveis por parte de empreendimentos e o programa Salvador Solar, que objetiva aumentar em 500% a geracao de energia solar na capital.

A renovação da frota de ônibus por motores menos poluentes, sem utilização de diesel, a implantação de onibus eletrico no sistema BRT, do programa Cidade Circular, que promove modelos de negócios que gerem mais riqueza para o município, e o programa Construção Sustentável, que visa inserir adaptacoes de sustentabilidade na área da construção civil, também estão entre as medidas pensadas para um possível segundo mandato do atual prefeito.

<><> Geraldo Jr. (MDB)

Segundo colocado na pesquisa AtlasIntel/A TARDE, o vice-governador Geraldo Jr., que já foi presidente da Câmara e agora concorre à Prefeitura de Salvador, nomeou um dos eixos de seu programa como Cidade Sustentável e Meio Ambiente.

Nele, o emedebista elenca o desenvolvimento de um programa de reflorestamento em áreas degradadas e de encostas, assim como a criação de parques e jardins comunitários nos bairros de Salvador, e a redução tributária para imóveis "que façam reflorescer o nosso meio ambiente" como algumas das prioridades do seu governo para o desenvolvimento sustentável da cidade.

O plano de governo de Geraldo projeta também a implementação do Programa Parques da Paz, que criará áreas verdes nas comunidades periféricas, ofertando espaços de esporte, lazer e convivência.

O aprimoramento do sistema de alerta precoce para desastres naturais, que visaria auxiliar na prevenção dos danos causados pelas fortes chuvas que costumam cair em Salvador, assim como a criação da Autoridade Municipal de Mudanças Climática de Salvador, que produziria subsídios para a elaboração e a execução da política municipal sobre mudança do clima, também estão entre as alternativas listadas.

Dentre os outros tópicos listados dentro do eixo estão a Requalificação das Praias, com medidas como a implantação de um Plano de Requalificação Urbana da Orla Marítima e a ampliação da iluminação noturna nas praias, e medidas voltadas para Ciência, Tecnologia e Inovação, com a promessa de implantar um Projeto de Wi-Fi gratuito em áreas públicas na capital baiana para disponibilizar internet de alta velocidade e criar Espaços Dinamizadores, que funcionariam como oficinas de inovação, conectividade e empreendedorismo.

Apesar do eixo direcionado para sustentabilidade e meio-ambiente, a estruturação em tópicos das medidas pensadas para o governo do vice-governador não permite um aprofundamento maior no tema e não elabora consistentemente os projetos que capitaneariam esta área de atuação

<><> Kléber Rosa (PSOL)

Em seu plano de governo, o psolista Kléber Rosa afirma que vivemos "uma crise social, sanitária, ambiental e climática de escala global, relacionada ao modo predatório de produção e de consumo que atualmente escancara o racismo ambiental" e que os impactos decorrentes desta política afetam "mais duramente as comunidades marginalizadas".

O candidato cita a falta de acesso a recursos naturais e problemas como enchentes, alagamentos e deslizamentos de áreas de encosta como algumas das principais adversidades da população baiana e sugestiona um modelo de transição ecológica, construiído pelo poder público em parceria com a sociedade civil, com políticas públicas socioambientais e ecológicas que "integrem o meio ambiente, a cultura, a educação e todas as áreas que compõem o nosso tecido social".

Entre as propostas de Kléber estão a revisão do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano do Município de Salvador (PDDU) para ampliar a política de proteção ambiental da cidade, o estímulo do plantio de espécies nativas de Mata Atlântica e frutíferas em Salvador, a criação de corredores ecológicos urbanos, que reduzam as ilha de calor e promovam a melhoria da qualidade do ar e da saúde da população, a criação da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e a oferta de incentivos fiscais para empresas que apresentem planos de sustentabilidade socioambiental.

A recuperação e revitalização de fontes naturais, a mudança de fonte energética dos transportes, abandonando os combustíveis fósseis em prol de energia limpa, e a manutenção de áreas verdes já existentes também estão entre as medidas previstas.

Outros pontos citados no programa incluem medidas para promover uma rede de alimentos saudáveis, com o fortalecimento de grupos, feiras e plantios que produzam alimentos orgânicos, ações para o bem estar animal, como a elaboração de campanhas de castração de animais domésticos e de rua e de adoção, ampliação das políticas de fiscalização e punição para quem cometer maus tratos ou abandono de animais domésticos e o fortalecimento do programa de combate às zoonoses.

A ampliação da coleta de lixo seletiva na cidade de Salvador, a criação de programas de letramento ambiental nas escolas, a revitalização dos ecossistemas marinhos, com benefícios para o turismo e a área de pesca, e a valorização da proteção ambiental junto à orgãos como INEMA e IBAMA também são pontos apontados pelo socialista dentro do seu plano de governo.

<><> Giovani Damico (PCB)

Após candidaturas para vereador em 2020 e governador em 2022, o comunista Giovani Damico busca sair vitorioso na disputa pela Prefeitura de Salvador em 2024.

Após candidaturas para vereador em 2020 e governador em 2022, o comunista Giovani Damico tenta a sorte na disputa pela Prefeitura de Salvador em 2024. Com um plano de governo intitulado "21 pontos para mudar Salvador", o candidato foi sucinto em relação às medidas previstas para o eixo "Questão Ambiental e Saneamento".

Entre os pontos prometidos por Damico estão a criação de cooperativas agroecológicas urbanas para a implantação de Cinturões Verdes e Coluna Verdes nos espaços verdes da cidade. Segundo ele, tais programas teriam como objetivo auxiliar no estabelecimento de um "um plano de enfrentamento municipal à desnutrição, à insegurança alimentar e ao desemprego por via de cooperativas enquanto instrumentos de participação econômica, política e social".

A "universalização e padronização" do acesso à Água, com a criação de uma Empresa Municipal de Água e Saneamento, garantiria 100% da oferta de água tratada para a população de Salvador.

Damico também aponta a reestruturação de políticas urbanísticas, como a revitalização dos leitos dos rios urbanos, associadas a projetos integrados com as universidades públicas, estaduais e federais da Bahia, a recomposição das áreas verdades da cidade e a substituição da utilização de geomantas por "políticas de rearborização de encostas, associadas ao programa de habitação", como os principais pontos de seu plano de governo para a área.

<><> Victor Marinho (PSTU)

Defender o meio ambiente "contra a ganância imobiliária" é o mote das ações voltadas para sustentabilidade no programa de Victor Marinho (PSTU).

Segundo ele, "Salvador sofre com uma permissividade para com a ganância imobiliária, perda de áreas naturais e ausência e má distribuição de espaços públicos na cidade" e a elaboração de uma nova proposta de Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental (PDDUA), com participação da sociedade civil e voltado para os interesses na melhoria de vida da população, é essencial.

Marinho propõe ainda elaborar o Código de Meio Ambiente de Salvador, revisar e cancelar licenças ambientais concedidas em desconformidade com a legislação ambiental, criar a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, combater a privatização de parques e áreas de conservação e criar um sistema de tributação ambiental, com criação de IPTU ambiental e ISS ecológico, incentivando a manutenção de cobertura vegetal no território da cidade.

<><> Eslane Paixão (UP)

O programa da candidata Eslaine Paixão (UP) não conta com nenhum eixo específico com ações voltadas para a sustentabilidade e o meio ambiente. As palavras "ambiente" e "sustentabilidade" não são citadas nenhuma vez em seu plano de governo, com a única menção à alguma medida que teria impacto nesta área sendo feita ao repudiar a privatização de "praças e parques" do município.

 

Fonte: A Tarde

 

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