quarta-feira, 4 de setembro de 2024

Post de britânica condenada por incitar violência e racismo não viola regras do X, diz plataforma

A rede social X (antigo Twitter) determinou que a esposa de um vereador do Partido Conservador britânico condenada por incitar violência e racismo não violou as regras da plataforma com sua postagem.

Lucy Connolly, que trabalha como babá na cidade inglesa de Northampton, confessou à Justiça do Reino Unido ter publicado uma mensagem nas redes sociais em que pedia que hotéis que abrigam refugiados fossem incendiados.

Poucos dias após a postagem ter sido feita, o X rejeitou a denúncia de um usuário sobre o conteúdo do post.

A plataforma não respondeu aos vários pedidos de comentário feitos pela BBC sobre o tema.

A mulher de 41 anos, cujo marido Raymond Connolly é vereador em West Northamptonshire, fez a postagem em 29 de julho. Na mensagem, ela pedia que os hotéis que abrigam imigrantes fossem incendiados e clamava por "deportação em massa já".

"Se isso me torna racista, que assim seja", escreveu ela.

O post, agora excluído, foi feito no momento em que protestos violentos anti-imigração e racistas eclodiram em diversas partes do Reino Unido.

Durante os episódios registrados no início de agosto, grupos de direita radical arremessaram tijolos, bombas de fumaça e outros projéteis contra a polícia, e solicitantes de asilo foram alvo de ataques em hotéis.

Após a postagem de Connolly, um usuário do X que não quis ser identificado disse ter alertado a plataforma sobre os riscos contidos na mensagem, mas teve sua denúncia rejeitada pela rede social em uma resposta automática.

"Estou chocado e horrorizado. Se eles podem ignorar essa violação clara de suas supostas regras de conduta e ir contra a lei do Reino Unido, há claramente um problema grave com seu suposto processo de moderação", disse o usuário da rede social à BBC.

As regras do X proíbem qualquer tipo de ameaça de danos físicos, o que inclui "ameaçar matar, torturar, agredir sexualmente ou machucar alguém de outra forma".

Em resposta à reclamação feita pelo usuário, o X enviou um e-mail com a seguinte mensagem: "Após analisar as informações disponíveis, gostaríamos de informar que nossos sistemas automatizados descobriram que [a conta X de Connolly] não violou nossas regras contra a publicação de ameaças violentas. Sabemos que esta não é a resposta que você está procurando."

O usuário do X disse que já havia denunciado outras mensagens preocupantes na plataforma e recebido respostas semelhantes. "Agora desisti de denunciar, pois sempre recebo a resposta 'sem violação', apesar das violações claras", acrescentou.

Ele não quis ser identificado porque teme receber ataques online.

"Eu assisti com consternação como a retórica racista floresceu na internet, em sites de mídia social, espalhando desinformação para deliberadamente atiçar a divisão", disse.

"Não acho que sites como X sejam os únicos responsáveis, mas eles desempenham um papel significativo na disseminação de desinformação e devem, no mínimo, seguir seu próprio código de conduta."

Em um julgamento realizado na segunda-feira (2/9), Lucy Connolly confessou ter feito a postagem que incitava violência racial. Ela receberá oficialmente sua sentença em outro julgamento, marcado para 17 de outubro.

O dono do X, o bilionário Elon Musk, usou a sua própria plataforma para comentar sobre a condenação de um outro usuário que foi preso por copiar a mensagem de Connolly.

Tyler James Kay foi condenado a 38 meses de prisão após confessar ter publicado as postagens inflamatórias pedindo que hotéis que abrigassem requerentes de asilo fossem incendiados.

O bilionário descreveu a condenação de Kay como "confusa".

·        Nova legislação no Reino Unido

A ministra do policiamento do Reino Unido, Diana Johnson, afirmou em agosto que as empresas de tecnologia "têm a obrigação" de lidar com material que incite a violência.

As declarações foram feitas depois que a Ofcom, a agência governamental responsável por regular os serviços de comunicação no país, publicou uma carta aberta às plataformas de mídia social.

No texto, o organismo dizia que as empresas deveriam tomar medidas contra tais postagens imediatamente e não esperar até a entrada em vigor da nova Lei de Segurança Online.

A legislação, aprovada em 2023, passará a valer em 2025 e obrigará as empresas de tecnologia a tomar "ações robustas" contra conteúdo e atividades ilegais nas redes sociais.

Sob essa determinação, as plataformas podem ser multadas em até 18 milhões de libras esterlinas (cerca de R$ 130 milhões) ou 10% de sua receita mundial.

Os gerentes e empresários mais sêniores da empresa também podem enfrentar ações criminais caso descumpram a lei.

No Brasil, o X foi bloqueado por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes na última sexta-feira (30/8) e implementado pela Anatel no dia seguinte.

Nesta segunda, a primeira turma do STF decidiu, por unanimidade, manter a suspensão.

A Corte tomou a decisão depois que o X anunciou que não acataria uma decisão anterior, que determinava o bloqueio de determinadas contas que, segundo inquérito brasileiro, disseminavam fake news e discurso de ódio.

Além disso, a empresa fechou seu escritório e deixou de nomear um representante legal no país. As leis brasileiras exigem que um representante legal seja indicado.

Elon Musk acusa Moraes de ser "um juiz falso e não eleito" e afirma que a decisão do STF fere o direito à liberdade de expressão. Ele anunciou na semana passada que a empresa não pretende acatar a ordem judicial.

No fim de semana, o X lançou uma conta chamada "Alexandre Files", na qual passou a divulgar decisões do ministro do STF que diz serem contra a lei brasileira.

 

¨      Financial Times dá razão a Alexandre de Moraes e vê Musk como "míssil geopolítico desgovernado"

Em um artigo publicado nesta segunda-feira (2), o editor de Assuntos Internacionais do Financial Times, Gideon Rachman, descreveu o bilionário Elon Musk como um "míssil geopolítico desgovernado", cujas intervenções imprevisíveis e imensas capacidades tecnológicas e financeiras podem alterar os rumos dos assuntos mundiais.

Recentemente, Musk se envolveu em uma disputa pública com o Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil, que suspendeu as operações da X no país. Segundo o Financial Times, esta medida marca um ponto de virada importante, indicando que "o tempo de impunidade das redes sociais no mundo democrático está chegando ao fim".

O editor do jornal britânico observa que a suspensão da X no Brasil e outras ações recentes mostram que as redes sociais "poderão ser reguladas de maneira mais rigorosa, semelhante aos meios de comunicação tradicionais".

A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, de suspender as operações da X no Brasil, representa uma declaração de que a soberania e a justiça do Brasil não podem ser facilmente subjugadas por interesses estrangeiros ou pela riqueza. 

<><> Nunes Marques não deve derrubar suspensão do X, avaliam ministros do STF

Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) afirmaram à jornalista Camila Bomfim, do G1, que o pedido do partido Novo para derrubar a suspensão do X no Brasil não deve avançar na Corte. O partido tenta reverter a decisão do ministro Alexandre de Moraes, que foi referendada pela 1ª Turma do STF. O relator desse pedido é o ministro Nunes Marques.

Os ministros afirmaram que não há precedentes de um membro do STF derrubar a decisão de um colegiado. Na avaliação deles, Nunes Marques não está disposto a quebrar esse histórico e cassar a decisão sobre o X. A aposta é que ele submeta o pedido ao plenário, com todos os 11 ministros da Corte se manifestando sobre o caso. 

Nesse cenário, a suspensão da rede social deve ser mantida, mas não por unanimidade. A expectativa é de que o ministro André Mendonça vote pela retomada do X e pela derrubada da decisão da 1ª Turma. A maioria dos ministros do STF vê o desrespeito do bilionário Elon Musk, dono do X, às leis brasileiras e acham que isso é inaceitável. Portanto, se o caso for ao plenário, a tendência é que a decisão de Moraes tenha, no máximo, dois votos contrários.

 

¨      O Brasil vive sem o X em absoluta normalidade. Por Ricardo Bruno

Referendada pela 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal, a decisão do ministro Alexandre de Moraes de suspender as atividades do X, após reiteradas manifestações de afronta do magnata Elon Musk, não é isolada. Não expressa apenas o descontentamento individual de um magistrado rigoroso no exercício da toga. Mais do que isto, traduz mudança no  conceito sobre a influência e o papel das big techs nas democracias  mundo afora. Se antes, as redes sociais eram em essência instrumentos da liberdade de expressão, hoje o conceito é visto com restrições, relativizado ante os estragos institucionais decorrentes dos abusos de sua utilização sem filtros.

Não por acaso, na mesma semana, o presidente do Telegram, Pavel Durov, foi preso na França, após ser denunciado por uma série de crimes praticados em sua plataforma sem que tenha tomando qualquer providência. Há denúncias de tráfico de drogas, de seres humanos e até pedofilia. A despeito da gravidade, Durov permaneceu impávido, complacente, criminosamente omisso, sob o suposto manto do zelo à liberdade de expressão. Esta argumentação se esgotou diante de situações tóxicas, inaceitáveis, promovidas por essa meia dúzia de empresários que detém o oligopólio das redes sociais. A liberdade de expressão não pode ser álibi para práticas criminosas recorrentes.

Brasil e França são país democráticos que resolveram confrontar o conceito,  hoje absolutamente vencido, de que de as redes são intocáveis porque, em si, encerram a liberdade de expressão em sua quintessência. Acabou a tolerância com esse reduzido grupo de supostos cyberlibertários que se consideram acima de tudo e de todos, subvertendo a ordem e a soberania dos países.

Até mesmo os Estados Unidos aprovaram recentemente lei que pode levar à proibição do Tik Tok no país. A liberdade irrestrita dos forasteiros digitais parece com os dias contados.

Há alguns anos, havia certo pudor em restringir as redes pelo entendimento de que eram, de fato, canais livres de expressão, instrumentos efetivos da liberdade. A prática mostrou que, por trás deste biombo, abriu-se espaço para a demolição dos alicerces do estado democrático de direito. Fez-se desta suposta arma libertária um instrumento letal para a democracia, numa espécie de suicídio institucional do estado de direito. A democracia não pode conceder espaços para sua autodestruição. Este é o limite.

Os principais jornais do mundo, sem exceção, apoiaram a decisão de Alexandre de Moraes. Não viram no ato qualquer traço de censura ou intolerância com a divergência democrática, Ao contrário, foi reconhecida a pertinência da reação do ministro da Suprema Corte brasileira  para conter Elon Musk em sua sanha criminosa de se sobrepor aos poderes institucionais dos países onde mantém atividades comerciais.

Liberdade e responsabilidade são faces de uma mesma moeda. Não há como se dissociar um do outro. Como enfatizou o ministro Flávio Dino, ao analisar o caso, “o primeiro não vive sem o segundo, e vice-versa, em recíproca limitação aos contornos de um e de outro”.

De resto, o Brasil vive em absoluta normalidade sem o X. O  que não se pode prescindir é o respeito às instituições e à lei. A decisão de Alexandre de Moraes não retirou sequer um átimo  da liberdade intrínseca à democracia. Apenas reafirmou o ditame de que o Brasil vive sob à égide da lei.  

Entre o X e a soberania, não há razões para hesitar.

 

¨      Moraes higienizou eleição de 2024. Por Eduardo Guimarães

No último sábado (31), a rede X foi retirada do ar no Brasil após decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF. A derrubada da rede fez com que os usuários buscassem alternativas; entre elas, as redes Bluesky e Threads, que estão entre as mais procuradas.

Além de derrubar o X, Moraes determinou multa diária de R$ 50 mil para aqueles que burlarem o bloqueio através de VPNs, mas, em aplicativos de mensagens como o WhatsApp, os VPNs superaram as redes alternativas (Bluesky e Threads).

Monitoramento de milhares de grupos públicos de WhatsApp revelam os efeitos da remoção do X no Brasil, tendo como destaque uma queda de cerca de 70% no número de compartilhamentos de matérias da rede de Elon Musk

Com isso, os acessos às redes Threads e Bluesky dispararam 600% e 1.600%, respectivamente. E com as menções absolutas à rede X e suas VPNs crescendo 300% nos mesmos dias, foi possível detectar que se tratava de uma fraude, pois os envios denotam uso de artifícios robóticos.

Especialistas da Rede de monitoramento Palver aplicaram um filtro para excluir as mensagens com comportamento robótico e, com isso, a rede de Elon Musk despencou de forma impressionante. O tombo do X ultrapassa os 99%. 

Só para entender quão expressiva foi a queda, comparemos a média do tráfego do X por dia em agosto com o tráfego posterior às medidas determinadas pelo STF. Desse modo , a rede X, que teve em média, mês passado, 500 menções a cada 100 mil mensagens de WhatsApp, agora teve míseras 4 menções no último domingo.

O significado desses números é maior ainda do que parece ao analisarmos seus efeitos políticos. 

Em primeiro lugar, lembremo-nos de que de todas as caudalosas redes de Jair Bolsonaro, o uso desmesuraddo de inteligência artificial (robôs) para bombar artificialmente os números de engajamento só não era usado em uma grande rede, a de Elon Musk, aliado incondicional do ex-presidente. 

O X deprimiu drasticamente o engajamento da esquerda ou de qualquer outro agente político não-alinhado ao bolsonarismo e intensificou o engajamento da extrema-direta manipulando seus algorítmos (ordens programadas para alterar repercussão de postagens nas redes sociais). 

A rede do bilionário extremista, portanto, era a principal rede de propaganda político-ideológica do bolsonarismo e o super-hiper-mega-blaster megafone do seu controlador, Elon Musk. Dessa forma, após Moraes "limar" essa rede do nosso cenário político, também extirpou uma vantagem injusta e incrivelmente expressiva do ex-presidente e de seus candidatos nas eleição deste ano. 

Pode-se dizer, portanto, que, com o apoio do STF em peso, do governo federal, da Procuradoria Geral da República e de nove entre dez juristas, Alexandre de Moraes promoveu uma forte higienização do processo eleitoral de 2024. Simples assim.

 

¨      Bloqueio do X: a verdadeira posição da China sobre a decisão de Moraes

Fervilha entre brasileiros e brasileiras que moram na China uma declaração da diplomacia chinesa associada ao bloqueio da rede X (antigo Twitter) por decisão do ministro da Suprema Corte brasileira Alexandre de Moraes. A história não é bem assim.

No dia 29 de agosto, durante coletiva regular de imprensa do Ministério das Relações Exteriores da China, o porta-voz Lin Jian foi questionado pelo jornal chinês Global Times sobre o descontentamento e protesto contra a interferência dos EUA em assuntos internos de países da América Latina.

A pergunta do veículo chinês lista episódios de interferência de Washington em vários países latino-americanos: México, Honduras, Cuba, Venezuela e Bolívia. Mas não cita o Brasil.

Em resposta, Lin observa que embora os EUA tenham anunciado o fim da Doutrina Monroe (leia abaixo). Mas o fato é que, diz o porta-voz, pelos mais de 200 anos passados, o hegemonismo e a política de poder, que são intrínsecos à essa política externa, estão longe de ser abandonados.

"A China apoia firmemente a posição justa dos países latino-americanos em se opor à interferência estrangeira e salvaguardar a soberania de suas nações. Os EUA não devem ignorar as preocupações legítimas e o chamado justo dos países latino-americanos e fazer o que bem entenderem", declarou o porta-voz.

Pequim, reforça Lin, insta os EUA a descartar o mais rápido possível a obsoleta Doutrina Monroe e o intervencionismo, parar as ações unilaterais de bullying, coerção, sanções e bloqueio, e desenvolver relações e ter cooperação mutuamente benéfica com os países da região com base no respeito mútuo, igualdade e não interferência nos assuntos internos um do outro.

"O hegemonismo e a política de poder dos EUA contrariam a tendência histórica incontível dos países latino-americanos de permanecerem independentes e buscarem força através da união. Tais abordagens não ganharão apoio e serão relegadas ao esquecimento histórico",  finalizou.

<><> A quais países se aplica o comentário da China

O comentário da diplomacia chinesa fez alusão aos seguintes episódios de interferência de Washington em questões internas de países da América Latina:

# México - No dia 26 de agosto, o embaixador dos EUA no México, Ken Salazar, fez comentários sobre a reforma judicial em curso naquele país e afirmou que a abertura da eleição de juízes, ministros e magistrados para o voto popular comprometeria os acordos políticos e comerciais do México com os Estados Unidos. Em resposta, o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, disse que o México "não é uma colônia de nenhum país estrangeiro" e que os EUA têm que "aprender a respeitar a soberania do México".

# Honduras - A presidente de Honduras, Xiomara Castro, anunciou em 28 de agosto que ordenou a suspensão do acordo de extradição entre seu país e os Estados Unidos. A medida foi uma resposta aos comentários feitos pela embaixadora dos EUA em Honduras, Laura Dogu, sobre diferentes altos funcionários hondurenhos que haviam viajado para a Venezuela. Castro, condenou os EUA, dizendo que sua "interferência e intervencionismo violam o direito internacional".

# Cuba - No dia 27 de agosto, o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez Parrilla, disse pelas redes sociais que Havana está informada sobre atividades desestabilizadoras realizadas pela ong National Endowment for Democracy (NED) dos Estados Unidos e sua interferência nos assuntos internos de outros países. "Cuba está bem ciente das atividades desestabilizadoras da NED disfarçadas em nome dos valores da democracia".

# Venezuela - Caracas frequentemente acusa os EUA de interferir em seus assuntos internos, especialmente em relação a eleições e políticas internas. Tanto que a Casa Branca não reconhece a vitória do presidente do país nas eleições de julho de 2024. Nesta segunda-feira (2), Washington anunciou o sequestro do avião presidencial de Nicolás Maduro, que estava localizado na República Dominicana.

# Bolívia - No dia 7 de junho passado, o presidente da Bolívia, Luis Arce, declarou esperar que seu país se junte “em breve” ao BRICS, porque a adesão aceleraria o atual processo de industrialização de Sucre. Ele fez a declaração em entrevista à Sputnik no âmbito do Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, na Rússia. Na ocasião, o mandatário afirmou que a Bolívia se beneficiaria de muitas maneiras ao entrar para o BRICS, especialmente em termos de tecnologia.

De acordo com a mídia chinesa, a Bolívia revelou ter sido pressionada pela "grande potência do norte" após expressar seu interesse em aderir aos BRICS. Embora não haja registros na imprensa dessa pressão ou qual seria essa potência, a general Laura Richardson, comandante do Comando Sul dos EUA, tem expressado preocupações significativas sobre as atividades da China na América Latina, o que inclui o BRICS.

<><> Comentário da China se aplica ao Brasil?

A China não interfere em assuntos internos de outros países e não fez nenhum comentário sobre o caso específico de bloqueio do X, rede do bilionário Elon Musk, determinado pelo ministro Moraes, do STF. No que diz respeito à soberania digital, que pode ser um viés para abordar esse assunto, Pequim pode contribuir com o próprio exemplo.

Nos últimos anos, a China tem investido pesadamente em desenvolver e adotar tecnologias domésticas para reduzir sua dependência de sistemas estrangeiros como o Windows da Microsoft. Muitas instituições e empresas chinesas utilizam sistemas operacionais locais, como o HarmonyOS.

A infraestrutura digital da China é fortemente controlada e monitorada, permitindo uma resposta rápida e eficiente a qualquer incidente de cibersegurança. Além disso, a política de armazenar dados localmente minimiza a exposição a problemas externos.

O sistema de filtragem e monitoramento de internet da China, conhecido como "Great Firewall", controla rigorosamente o tráfego de dados que entra e sai do país. Isso isola efetivamente a infraestrutura digital chinesa de muitas vulnerabilidades e ataques que afetam outras regiões.

A China conta com organizações como o CNCERT/CC, que coordenam a resposta a emergências de cibersegurança de maneira eficaz. Essas organizações trabalham em conjunto com empresas locais, instituições acadêmicas e outros parceiros para garantir a resiliência e a segurança da infraestrutura digital.

Esse conceito de soberania digital é impulsionado pelo desejo de proteger a segurança nacional, promover o desenvolvimento econômico e garantir a estabilidade política.

<><> Elon Musk e Xi Jinping

Se no Brasil o bilionário dono da rede X desafia e desrespeita a justiça brasileira, na China ele anda pianinho e segue à risca as leis da potência asiática. Ele, inclusive, já postou foto de encontro dele com o presidente chinês, Xi Jinping.

Esse comportamento de respeito a Pequim não tem nenhuma relação com valores ou ideologia e sim ao bolso dele. Fica em Xangai, o centro financeiro da China, uma gigantesca fábrica da Tesla, empresa de veículos elétricos de Musk. A potência asiática é o segundo maior mercado da montadora que, em 2023, tirou de lá 33% de todo o seu faturamento anual.

<><> O que é Doutrina Monroe

A "Diplomacia Monroe" é um termo que se refere à política externa dos EUA que evoluiu a partir da Doutrina Monroe, articulada pelo presidente James Monroe em 1823.

Essa doutrina declarava que qualquer intervenção europeia nas Américas seria vista como um ato de agressão que exigiria a intervenção dos Estados Unidos. Inicialmente, a Doutrina Monroe visava principalmente prevenir a colonização europeia adicional e a interferência nos assuntos políticos dos países recém-independentes do hemisfério ocidental.

Ao longo dos anos, essa política foi usada para justificar a influência e, em alguns casos, a intervenção direta dos Estados Unidos na América Latina e no Caribe, defendendo a ideia de que o hemisfério ocidental tinha interesses distintos dos da Europa.

Durante o século 20, particularmente durante a Guerra Fria, a Doutrina Monroe foi interpretada de maneiras que justificavam ações anti-comunistas e de suporte a regimes ditatoriais na América Latina, sob a premissa de evitar a influência soviética na região.

A diplomacia baseada na Doutrina Monroe tem sido criticada por promover um tipo de imperialismo ou hegemonia estadunidense, enquanto os defensores argumentam que ela foi crucial para proteger as Américas de conflitos e influências externas, especialmente durante os períodos críticos de conflito global.

 

Fonte: BBC News Brasil/Brasil 247/Fórum

 

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