segunda-feira, 9 de setembro de 2024

Poluição luminosa pode aumentar risco de Alzheimer, diz estudo

Um novo estudo mostrou que a poluição luminosa excessiva, principalmente à noite, pode aumentar os riscos de Alzheimer. Publicado no Frontiers in Neuroscience nesta sexta-feira (6), o trabalho sugere que a iluminação vigorosa de placas, estradas e iluminação pública pode trazer consequências para a cognição a longo prazo, principalmente entre os mais jovens.

“Mostramos que nos Estados Unidos há uma associação positiva entre a prevalência de Doença de Alzheimer e a exposição à luz à noite, particularmente em pessoas com menos de 65 anos”, diz o primeiro autor do estudo, Robin Voigt-Zuwala, professor associado do Rush University Medical Center, em comunicado à imprensa. “A poluição luminosa noturna – um fator ambiental modificável – pode ser um fator de risco importante para Alzheimer.”

Para chegar à conclusão, os pesquisadores estudaram mapas de poluição luminosa dos 48 estados ao sul dos Estados Unidos e incorporaram dados médicos que eram considerados fatores de risco para Alzheimer em sua análise. A partir de dados sobre intensidade de luz noturna, eles dividiram cada estado em cinco grupos, classificados da menor para a maior intensidade.

Os resultados da análise mostraram que, para pessoas com 65 anos ou mais, a prevalência de Alzheimer estava mais fortemente correlacionada com a poluição luminosa noturna do que alguns outros fatores da doença, incluindo abuso de álcool, doença renal crônica, depressão e obesidade. Outros fatores de risco, como diabetes, pressão alta e derrame, estavam mais fortemente associados ao Alzheimer do que à poluição luminosa.

No entanto, para pessoas com menos de 65 anos, a maior intensidade de luz noturna estava associada a uma maior prevalência de Alzheimer do que qualquer outro fator de risco examinado no estudo. Isso sugere que pessoas mais jovens podem ser particularmente sensíveis aos efeitos da exposição à luz à noite, segundo os pesquisadores.

O motivo pelo qual as pessoas mais jovens podem ser mais vulneráveis aos riscos associados à poluição luminosa ainda não está claro, mas os pesquisadores acreditam que isso pode ocorrer devido a diferenças individuais na sensibilidade à luz.

“Certos genótipos, que influenciam o Alzheimer de início precoce, impactam a resposta a estressores biológicos, o que pode ser responsável pelo aumento da vulnerabilidade aos efeitos da exposição à luz noturna”, explica Voigt-Zuwala. “Além disso, pessoas mais jovens têm mais probabilidade de viver em áreas urbanas e ter estilos de vida que podem aumentar a exposição à luz à noite.”

Para reverter os riscos, os pesquisadores acreditam que uma melhor educação sobre os riscos potencias da poluição luminosa à noite pode ajudar. “A conscientização sobre a associação deve capacitar as pessoas — particularmente aquelas com fatores de risco para DA — a fazer mudanças fáceis no estilo de vida”, diz Voigt-Zuwala. “Mudanças fáceis de implementar incluem usar cortinas blecaute ou dormir com máscaras para os olhos. Isso é útil especialmente para aqueles que vivem em áreas com alta poluição luminosa.”

Além disso, a exposição à luz dentro de casa pode ser tão importante quanto a exposição à luz externa. Embora os pesquisadores não tenham examinado os efeitos da luz interna no presente estudo, eles disseram que a luz azul tem o maior impacto no sono, e usar filtros de luz azul, trocar para luz quente e instalar dimmers — dispositivos que permite controlar a intensidade da luz emitida por lâmpadas — em casa pode efetivamente reduzir a exposição à luz.

 

•        Ansiedade pode triplicar o risco de demência, sugere estudo

Mais de 55 milhões de pessoas em todo o mundo têm demência, um número que deve aumentar para 139 milhões até 2050. Com a condição sendo também uma das principais causas de morte, pesquisadores e profissionais de saúde têm focado na prevenção, especialmente abordando fatores de risco como ansiedade ou hábitos de vida.

Estudos anteriores explorando a relação entre ansiedade e demência mediram em grande parte a ansiedade dos participantes em um momento específico, proporcionando conclusões variadas — mas a duração da ansiedade de alguém é um aspecto importante a ser considerado, argumentaram os autores.

A equipe estudou 2.132 participantes recrutados do Hunter Community Study, baseado em Newcastle, entre dezembro de 2004 e dezembro de 2007. Eles tinham entre 60 e 81 anos ou mais, e no início do estudo forneceram dados de saúde como uso de tabaco ou consumo de álcool, ou se tinham condições como hipertensão ou diabetes.

Houve três avaliações, também chamadas de ondas, com cinco anos de intervalo. Os pesquisadores mediram a ansiedade dos participantes na primeira e na segunda avaliação. A ansiedade crônica foi definida como a presença de ansiedade tanto na primeira quanto na segunda onda. A ansiedade de alguém foi considerada resolvida se ele tivesse ansiedade apenas no momento da primeira onda. Ansiedade de novo início refere-se à ansiedade identificada apenas na segunda onda.

A demência foi identificada usando códigos da Classificação Internacional de Doenças ou dados de benefícios farmacêuticos que mostravam a compra de medicamentos para demência, fornecidos pelo Departamento de Saúde e Cuidados de Idosos da Austrália.

No final, 64 participantes desenvolveram demência. Ansiedade crônica e nova ansiedade foram associadas a um risco quase três vezes maior de demência de qualquer causa — com um tempo médio para diagnóstico de 10 anos, descobriram os autores.

A ansiedade que se resolveu nos primeiros cinco anos não estava associada a um risco maior, sendo as chances semelhantes às daqueles sem ansiedade — uma descoberta que Glen R. Finney, membro da American Academy of Neurology, chamou de “uma adição bem-vinda ao nosso conhecimento sobre ansiedade e demência.” Finney, diretor do Programa de Memória e Cognição da Geisinger na Pensilvânia, não esteve envolvido no estudo.

Os resultados foram também largamente impulsionados por participantes com menos de 70 anos.

“Sabemos há muito tempo que o estresse aumenta o risco de doença de Alzheimer,” diz por e-mail Rudolph Tanzi, diretor do McCance Center for Brain Health no Massachusetts General Hospital em Boston, que não esteve envolvido no estudo. “Este estudo concorda com estudos anteriores que a terapia destinada a aliviar a ansiedade pode ajudar a reduzir o risco de doença de Alzheimer. Mas, é o tamanho deste estudo que é particularmente convincente.”

Os autores da pesquisa mais recente não tinham informações sobre o que ajudou alguns participantes a superarem sua ansiedade.

Os resultados destacam “a importância de tratar a ansiedade cedo e consistentemente,” afirma o neurologista Joel Salinas, fundador e diretor médico da Isaac Health, um serviço clínico virtual e domiciliar para demência e outras condições de saúde cerebral. Salinas não esteve envolvido na pesquisa.

<><> Estresse e doença neurodegenerativa

O estudo tem algumas limitações, incluindo o fato de que as medidas da ansiedade dos participantes foram baseadas nas quatro semanas anteriores às avaliações, segundo os autores. A equipe também perdeu 33% dos participantes que tinham uma taxa maior de ansiedade no início do estudo; não saber o que aconteceu com essas pessoas pode resultar em uma subestimação do efeito da ansiedade na demência.

“No futuro,” afirma Finney, “seria útil acompanhar os achados com um estudo prospectivo usando medidas cognitivas e biológicas de hormônios do estresse, inflamação e neurodegeneração, incluindo para a doença de Alzheimer.”

A associação entre ansiedade e demência pode ser parcialmente explicada pela ligação da primeira com doenças vasculares — uma causa de demência — e efeitos nocivos nas células, segundo os especialistas.

O estresse aumenta o cortisol no cérebro e a inflamação, e ambos matam células nervosas, afirma Tanzi, também diretor da unidade de pesquisa em genética e envelhecimento no Massachusetts General Hospital.

A ansiedade também está associada ao acúmulo de beta-amiloide, segundo Khaing, que é um sinal característico da doença de Alzheimer.

O transtorno também tem sido ligado a mudanças estruturais no cérebro “como atrofia cerebral e do hipocampo, todos processos que também estão associados à demência,” acrescenta Khaing. Atrofia refere-se ao desgaste de um tecido ou órgão, especialmente como resultado da degeneração celular.

No entanto, o estudo “também pode sugerir a possibilidade de que a ansiedade possa ser uma manifestação precoce de uma doença cerebral subjacente,” diz Salinas, professor assistente clínico de neurologia na NYU Langone Health, por e-mail. “O declínio cognitivo precoce de alguém pode contribuir para a sua ansiedade (por exemplo, cometer erros ou sentir-se embaraçado em situações sociais).”

No início do estudo, os autores excluíram pessoas que já tinham comprometimento cognitivo, mas reconheceram que o declínio não detectado ainda é possível.

Pessoas com ansiedade também são mais propensas a fazer escolhas não saudáveis, como ter uma dieta pobre ou fumar, segundo os autores.

<><> Gerenciamento da ansiedade

A ansiedade é uma resposta normal aos estressores, mas se for excessiva, “procure ajuda,” diz Khaing.

Converse com seu médico ou um profissional de saúde mental sobre suas opções, que podem incluir mudanças no estilo de vida, como manejo do estresse, dieta saudável, exercícios e melhor sono, todos os quais também influenciam separadamente o risco de demência, de acordo com os especialistas. Formas importantes de tratamento também incluem diferentes tipos de terapia ou medicamentos antidepressivos.

“Mas eu recomendo evitar certos medicamentos que prejudicam o cérebro, incluindo antidepressivos tricíclicos, benzodiazepínicos e anti-histamínicos fortes,” diz Finney.

A terapia cognitivo-comportamental é o tratamento de escolha para muitos transtornos de ansiedade. Ela funciona descobrindo “padrões de pensamento não saudáveis e como eles podem estar causando comportamentos e crenças autodestrutivas,” de acordo com a National Alliance on Mental Illness.

Além disso, “tente adotar uma prática de meditação e limite as expectativas dos outros e de si mesmo para responder a e-mails, mensagens de texto e redes sociais,” afirma Tanzi. “Também recomendamos evitar pessoas que você realmente não gosta e interagir com aquelas que têm um efeito positivo… no seu bem-estar.”

Tanzi enfatizou que a ansiedade é resultado das “partes mais antigas e primitivas” do nosso cérebro, focadas apenas na sobrevivência.

“É importante sempre tentar estar consciente e atento se o seu cérebro está pressionando você a enfatizar excessivamente essas necessidades de sobrevivência,” diz.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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