terça-feira, 3 de setembro de 2024

Ovovegetarianismo: que dieta é essa?

O ovovegetarianismo é um tipo de vegetarianismo e um estilo de vida. Como o próprio nome diz, ovovegetarianos são pessoas que seguem uma dieta vegetariana, com o consumo de alimentos de origem vegetal, e também consomem ovos e seus derivados, como, por exemplo, a maionese, e excluem outros alimentos de origem animal. Nas últimas décadas, as várias vertentes do vegetarianismo têm conquistado cada vez mais adeptos, graças aos benefícios que proporcionam para a saúde e para o meio ambiente.

A motivação ética para escolher esse tipo de vegetarianismo é baseada no fato de que a indústria de laticínios recorre à extrema crueldade para se sustentar. Animais criados para fornecer leite são frequentemente submetidos a tratamentos cruéis e mantidos em espaços muito restritos e pouco higiênicos, o que acaba causando doenças e mortes em condições extremamente dolorosas.

Além disso, as fêmeas são forçadas a engravidar diversas e repetidas vezes, e os bezerros que nascem dessas gestações não têm acesso ao leite materno. De fato, cerca de 60 mil bezerros machos são mortos em fazendas todos os anos

Essa dieta vegetariana é diferente, portanto, do ovolactovegetarianismo, pois neste tipo de dieta vegetariana não existe o consumo de alimentos de origem animal, exceto ovos, leite e laticínios. Porém, ambas não consomem nenhum tipo de carne.

Ovovegetarianos procuram manter critérios específicos para os produtos que compram, uma vez que a indústria de ovos também não está isenta de crueldade – pintinhos machos, por exemplo, são mortos assim que nascem por não contribuir pela produção do alimento.

A escolha mais ética são os ovos não fertilizados e obtidos de galinhas livres, que não criadas em gaiolas, têm alimentação mais adequada e maior qualidade de vida. Intolerância à lactose e quantidades prejudiciais de gordura em produtos lácteos são algumas das razões que têm atraído cada vez mais pessoas para o ovovegetarianismo.

<<<< Vantagens do ovovegetarianismo

<><> Ovovegetarianismo é acessível

Em comparação com os dois extremos do espectro da dieta – uma dieta não vegetariana e uma dieta vegana –, a alimentação ovovegetariana pode ser bastante econômica e saudável.

Normalmente, dietas não vegetarianas se tornam caras quando opções saudáveis e higiênicas de carne são consideradas. Ovos, ao contrário, costumam unir qualidade e baixo valor, mesmo quando a opção é por produtos orgânicos e de galinhas criadas livres, que são um pouco menos acessíveis do que os comuns.

Uma alimentação vegana também pode não ser tão acessível para qualquer bolso, uma vez que uma refeição balanceada e nutritiva requer, em alguns casos, alternativas difíceis de serem encontradas, o que faz os preços subirem.

Entretanto, é importante ressaltar que opções veganas têm sido cada vez mais procuradas pelo público consumidor, o que tende a elevar a oferta desses produtos e, consequentemente, reduzir os preços. Além disso, é possível manter uma dieta vegana de baixo valor monetário e alto valor nutricional consumindo alguns suplementos, consultando profissionais da área de nutrição e fazendo as escolhas certas.

Os ovos, por sua vez, fornecem proteínas em abundância, estão disponíveis em qualquer mercado ou feira e ainda são acessíveis. Além disso, são fontes de sais minerais, ômega-3 e vitaminas A, D, E e B12, que são benéficas para olhos, pele, ossos e memória. A vitamina B-12 e o ômega-3 podem ser suplementados, mas só são encontrados naturalmente em produtos de origem animal. Por isso, os ovos são uma excelente alternativa para aqueles que desejam eliminar a carne da dieta, mantendo os benefícios dos nutrientes alimentícios.

<><> Eco-friendly

A indústria da carne acarreta um enorme impacto ambiental. A criação de gado passa longe de ser sustentável, porque envolve emissões de gases do efeito-estufa comparáveis às emissões de grandes automóveis.

Além disso, essa indústria depende de pastagens de larga extensão para a criação de gado, sendo responsável pelo desmatamento de enormes áreas de florestas. Especialistas afirmam que o futuro do planeta depende da diminuição do consumo de carne, em um esforço que deve atingir todos os países.

<><> Benéfico para a saúde

As dietas vegetarianas são geralmente muito mais saudáveis do que as dietas não vegetarianas. Elas garantem maior ingestão de alimentos ricos em fibras e evitam todos os riscos à saúde associados à carne, incluindo diminuir o risco de doenças cardiovasculares.

As fibras ajudam a manter um índice de massa corporal baixo, porque melhoram o metabolismo, saciam e reduzem a fome excessiva. Além disso, também auxiliam no equilíbrio da flora intestinal, que é responsável pela saúde de todo o organismo.

As dietas vegetarianas ainda podem ser aliadas de pessoas que querem emagrecer com saúde, já que a maioria dos alimentos vegetarianos contém poucas calorias. Como eliminam laticínios e produtos lácteos da rotina, ovovegetarianos também correm menores riscos de contrair várias doenças causadas pela alta ingestão de açúcar e gordura insaturada em produtos alimentícios.

<<<<<< Riscos do ovovegetarianismo

<><> Ingestão inadequada de proteína

Vários tipos de carne constituem a principal fonte de proteína em dietas não vegetarianas. Em uma dieta vegetariana, a ingestão de proteínas pode cair abaixo da quantidade necessária se não for cuidadosamente suplementada com opções à base de plantas.

Legumes e nozes são boas fontes de proteína para vegetarianos. Ovovegetarianos têm uma opção adicional de ovos e derivados. A clara do ovo é uma excelente fonte de proteína.

<><> Deficiência de nutrientes

Pessoas que seguem uma dieta vegetariana estrita podem sofrer com a deficiência de certas vitaminas e minerais. Alguns nutrientes como vitamina B12, vitamina D, ácidos graxos ômega-3 e minerais como cálcio, ferro e zinco são os mais comumente negligenciados entre os vegetarianos.

Essas deficiências são potencialmente perigosas. No entanto, existem várias opções baseadas em plantas para compensar a ausência desses nutrientes. Alimentos fortificados muitas vezes têm vitaminas e minerais adicionados artificialmente em produtos alimentícios, como leite de base vegetal e cereais matinais.

<><> Alimentos processados

A escolha de uma dieta vegetariana não implica manter uma dieta saudável. Fast-foods vegetarianos e processados são cada vez mais comuns no Brasil — e são tão prejudiciais quanto qualquer outra dieta.

Se você escolher o ovo-vegetarianismo por seus benefícios à saúde, deve incluir alimentos integrais e vegetais verdes em suas refeições. Lembre-se de evitar o consumo de alimentos ultraprocessados sempre que puder. As alternativas à carne processada podem ser tentadoras, mas oferecem tantos prejuízos à saúde quanto produtos à base de carne.

 

•                                         Entoveganismo: a substituição da carne por insetos

Entoveganismo é um termo cunhado por Josh Galt em 2017. Ele é um tipo de alimentação que combina partes do veganismo, como a exclusão de alguns produtos de origem animal, incluindo tipos de carne, ovos e leite, enquanto substitui-os pela proteína derivada de insetos e seus subprodutos.

Galt criou o movimento enquanto morava no Sudeste Asiático, especificamente em Camboja, onde a alimentação humana comumente inclui insetos, como grilos e bichos-da-seda. Embora no começo sentia-se relutante em incluir as criaturas em sua alimentação, Galt pesquisou a fundo sobre os possíveis benefícios dos insetos e começou a sua jornada.

Em meados de 2020, Galt mudou a sua dieta — ainda acreditando nos benefícios de uma alimentação que inclui insetos, mas enquanto segue uma dieta onívora padrão. No entanto, com a crescente informação sobre o entoveganismo, muitos ainda adotam o estilo de vida.

<><> O que se consome no entoveganismo?

Segundo o site de Galt, Entovegan, a alimentação de um entovegano é baseada nas plantas e insetos mais nutritivos e segue o seguinte pedrão:

•                                         Exclusão de todas as carnes, peixes, aves, laticínios e ovos;

•                                         Inclusão da entomofagia — o ato de comer insetos e seus subprodutos que são criados e colhidos de forma ética e sustentável;

•                                         Inclusão de animais do clado Tetraconata (insetos e também crustáceos, incluindo camarão e óleo de krill);

•                                         Consumo de frutas, vegetais, nozes e grãos, concentrando-se naqueles com maior valor nutricional;

•                                         Exclusão de alimentos processados, açúcar refinado e todos os sabores/cores/conservantes artificiais;

Além disso, ela incentiva a suplementação à base de plantas conforme necessário em relação a certas vitaminas e minerais, assim como a exposição de 15 a 20 minutos de luz solar direta a fim de facilitar a produção natural de vitamina D.

<><> Quais insetos são consumidos no entoveganismo?

Globalmente, mais de 1.900 espécies de insetos são consideradas comestíveis,  com os besouros sendo os mais comuns, seguidos por lagartas, abelhas, vespas, formigas, gafanhotos e grilos. Tipicamente, fora do entoveganismo, os animais podem ser consumidos de qualquer forma, sejam fritos ou acrescentados em pratos comuns.

Porém, também podem ser processados em proteínas em pó, agindo como um substituto do Whey Protein.

Alguns dos insetos que podem ser consumidos no entoveganismo incluem:

•                                         Grilos: podem ser uma boa fonte de ferro, proteína e vitamina B12;

•                                         Gafanhotos: ricos em proteínas;

•                                         Cupins: ricos em proteínas, ácidos graxos e outros micronutrientes, e também possuem ferro e cálcio;

•                                         Formigas: dependendo da espécie, podem ser ricas em proteínas, fibras, vitaminas e minerais;

•                                         Abelhas: as larvas de abelha possuem aminoácidos, vitaminas B e outros nutrientes;

•                                         Besouros: os besouros contêm um alto teor de ferro;

•                                         Larva-da-farinha: contém muitos ácidos graxos, como o ômega-3, proteínas, vitaminas e minerais como cobre, sódio, potássio, ferro, zinco e selênio.

Por que as pessoas comem insetos?

Embora seja uma das características do entoveganismo, a entomofagia é uma prática comum para parte da população da América Latina, Ásia e África, onde os insetos são consumidos apenas por seu sabor. Por exemplo, as lagartas mopane são consideradas uma iguaria no sul da África, enquanto os ovos de formigas tecelãs são manjares em partes do Sudeste Asiático.

De fato, segundo a FAO, da Organização das Nações Unidas, 2 mil milhões de pessoas em todo o mundo já comem insetos para complementar a sua dieta. E o ato, em si, pode ser uma das resoluções de um dos maiores problemas da humanidade — a fome.

O consumo de certos tipos de insetos pode ajudar a resolver as questões prementes da segurança alimentar, prevendo-se que a população mundial cresça para 9,8 mil milhões até 2050, afirma a ONU. Esses animais, assim como os outros comumente incorporados na alimentação de milhares de pessoas, podem fornecer nutrição, com alto teor de proteínas, gorduras e minerais.

Um estudo de janeiro de 2021 na Critical Reviews in Food Science Nutrition afirma que os insetos comestíveis podem ter “benefícios superiores para a saúde” devido aos altos níveis de:

•                                         Vitamina B12;

•                                         Ferro;

•                                         Zinco;

•                                         Fibra;

•                                         Aminoácidos essenciais;

•                                         Ácidos graxos ômega-3 e ômega-6;

•                                         Antioxidantes.

Além disso, são ricos em proteínas. Os insetos convertem seus alimentos em proteínas em um curto espaço de tempo. O teor de proteína dos insetos em relação à matéria seca é de 35% a 60%.

No caso dos grilos, por exemplo, a proporção chega a ser de 77%. Os animais são quase livres de carboidratos, têm teor extremamente baixo de gordura e colesterol e, ainda, são ricos em vitaminas, minerais e oligoelementos.

<><> O entoveganismo pode salvar o mundo?

O veganismo já possui benefícios ao meio ambiente. Isso se dá porque a agropecuária, em geral, é responsável por inúmeros impactos ambientais, que vão da emissão de gases do efeito estufa ao desmatamento.

Portanto, através da exclusão do consumo de alimentos de origem animal, uma pessoa que segue a dieta vegana possui uma pegada ecológica relativamente menor do que pessoas que seguem uma dieta onívora.

Mas, e o consumo de insetos?

“Grilos e alguns outros insetos podem ser levantados verticalmente. Isto significa que podem ser criados em camadas em instalações climatizadas, oferecendo a possibilidade de funcionar durante todo o ano e deixando menos pegada ambiental do que uma exploração pecuária”, disse Sujaya Rao, professora de entomologia da Universidade de Minnesota em Minneapolis.

Adicionalmente, em comparação com os animais da agropecuária, os insetos precisam de menos recursos, menos terra, menos água, menos combustível para transporte e menos trabalho humano.

<><> Etimologia

O termo “entoveganismo” implica que o movimento é uma vertente do veganismo, que inclui a alimentação com insetos. No entanto, um dos maiores princípios do veganismo é a igualdade entre humanos e animais em geral, pois os adeptos acreditam que todos são seres conscientes e sensíveis.

Como parte do reino animal, os insetos e seus subprodutos são naturalmente excluídos do veganismo. Sendo assim, o entoveganismo não pode ser considerado uma vertente da filosofia vegana, e sim uma dieta que possui algumas características em comum com o veganismo.

 

Fonte: eCycle                       

 

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