Brasil sem
X: jornais internacionais apoiam Moraes e criticam Musk
Depois
de o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes suspender o X
Brasil, nessa sexta-feira (30/8), em represália ao não cumprimento de
exigências legais por Elon Musk, dono da rede, jornais internacionais
repercutiram a decisão em tom crítico a Musk e elogioso a Moraes.
O
jornal norte-americano The New York Times escreveu: “Brasil bloqueia X após
Musk ignorar ordens judiciais”. Ao longo da reportagem, foram exemplificados
outros conflitos que o bilionário travou com a Justiça de diversos países,
destacando que, no Brasil, a realidade é diferente.
“Ele
encontrou um desafio formidável no juiz Moraes”, alega a reportagem de um dos
principais jornais norte-americanos.
O
The Washington Post também adotou postura crítica a Musk. O veículo escreveu:
“Musk e Durov enfrentam a vingança dos reguladores”. E destacou que “Musk está
arriscando um dos maiores mercados do X para defender Jair Bolsonaro e seus
apoiadores, que começaram a divulgar falsas narrativas de fraude eleitoral
antes da candidatura do presidente de direita à reeleição em 2022”.
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Veja as reportagens em alguns jornais internacionais:
O
jornal britânico The Guardian, em duas reportagens, repete o tom crítico a
Musk. Com títulos de “X sai do ar no Brasil após recusa de Elon Musk em cumprir
leis locais” e “Elon Musk está fora de controle. Veja como controlá-lo”, o
veículo analisa as ações do bilionário e defende a decisão de Alexandre de
Moraes.
O
veículo de comunicação francês Le Monde também repercutiu a decisão do ministro
brasileiro, afirmando que o “Supremo Tribunal Federal do Brasil aumenta tensão
com Musk após suspender X”. Ao longo da reportagem, o jornal analisa como
“brutal”, mas previsível a suspensão do X no Brasil.
“Por
mais brutal que seja, a decisão não é nenhuma surpresa. Ela vem sendo preparada
há meses, se não anos. De Moraes, a bête noire da extrema direita, é
responsável pelas principais investigações que têm como alvo o ex-presidente
Jair Bolsonaro (2019-2023), bem como seus associados próximos e seus
apoiadores. Várias dessas investigações dizem respeito à disseminação de
informações falsas ou à existência de “milícias digitais” que supostamente usam
várias plataformas de mídia social para espalhar suas mensagens no Brasil”, diz
a reportagem.
• Bloqueio
do X é 'maior teste até agora' para Musk, diz NYT
Jornais
e portais de notícias do mundo inteiro repercutiram nesta sexta-feira (30/8) a
ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de
suspender a rede social X no Brasil.
A
determinação ocorreu após o X, empresa do bilionário Elon Musk, não atender à
solicitação de Moraes de indicar um representante legal no Brasil.
No
último dia 17 de agosto, Musk decidiu fechar o escritório do X no Brasil, em
meio a pedidos de Moraes para suspender perfis de investigados em inquéritos no
STF, com possibilidade de multa em caso de descumprimento.
Musk,
que passou ele próprio a ser investigado no Supremo, tem rejeitado cumprir as
decisões judiciais de Moraes por acusá-las de censura.
O
jornal americano The New York Times colocou um alerta de "breaking
news", usado para notícias urgentes, em seu site para noticiar a decisão
de Moraes.
A
notícia aparece um pouco abaixo das chamadas principais no site. No subtítulo
da chamada, o jornal destaca que "a plataforma ficará indisponível no país
de 200 milhões de habitantes, resultado de uma briga crescente entre Elon Musk
e um juiz sobre o que pode ser dito online".
O
New York Times afirma que a situação é "o maior teste até agora para os
esforços do bilionário em transformar o local em uma praça digital onde quase
tudo é possível".
A
proibição do uso de VPN por usuários brasileiros que tentem acessar o Twitter,
violação que pode acarretar em multa de R$ 50 mil segundo decisão de Moraes,
foi caracterizada pelo jornal como "uma atitude bastante incomum".
A
agência de notícias Associated Press (AP) também usou um alerta de
"breaking news".
A
AP aponta que "a medida intensifica ainda mais a batalha de meses entre os
dois homens [Musk e Moraes] sobre liberdade de expressão, contas de
extrema-direita e desinformação".
O
jornal mexicano El Universal colocou a notícia como uma das três principais em
sua página, ao lado da manchete, afirmando que "Juiz ordena suspensão do X
no Brasil". A matéria retoma o histórico de disputas entre Musk e Moraes.
O
argentino Clarín também destacou que a Justiça do Brasil "intensificou o
conflito com Elon Musk", diante da decisão de Moraes.
O
veículo argentino trouxe recentes declarações do presidente Lula, que disse:
"Todo cidadão de qualquer parte do mundo que tenha investimentos no Brasil
está sujeito à Constituição e às leis brasileiras. Quem ele pensa que é
[Musk]?".
O
também argentino La Nación chamou Moraes como "um poderoso juiz" no
título.
Já
o jornal americano Washington Post destacou que a medida acontece após Musk se
recusar a nomear um representante legal no Brasil.
O
espanhol El País também deu destaque importante à notícia em sua página,
afirmando que Moraes "manteve uma dura punição pública ao magnata sobre os
limites da liberdade de expressão e como combater a desinformação".
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90% dos telespectadores da TV 247 apoiam o bloqueio do X no Brasil
A
decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, de
bloquear o acesso ao X no Brasil tem o apoio de 90% dos telespectadores da TV
247, um dos maiores canais de jornalismo independente do Brasil, com 1,3 milhão
de inscritos. Uma pesquisa realizada entre os inscritos do canal, com 23 mil
votos, apontou que 90% dos telespectadores consideram o bilionário Elon Musk um
fora-da-lei, enquanto 10% enxergam censura na decisão do ministro.
• Conheça
os países em que o X, antigo Twitter, é bloqueado
O X
começou a ficar indisponível no Brasil, no início deste sábado (31), após
determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal
(STF).
O
bloqueio da rede social foi iniciado após a intimação da Agência Nacional de
Telecomunicações (Anatel) e das empresas que prestam serviços de internet no
país.
A
suspensão do X vale até que a plataforma cumpra todas as decisões do STF, pague
as multas — que já somam R$ 18,3 milhões — e indique um representante no país.
Conheça
os países em que o X é bloqueado.
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China
Na
China, o acesso ao X, antigo Twitter, foi bloqueado em 2009, poucos dias antes
do 20º aniversário da sangrenta repressão na Praça Tiananmen, a Praça da Paz
Celestial.
Na
ocasião, antes do amanhecer de 4 de junho de 1989, tanques invadiram a Praça
Tiananmen, no coração de Pequim, para reprimir semanas de protestos de
estudantes e trabalhadores.
O
acesso ao provedor Hotmail também foi bloqueado em 2009.
A
China mantém uma vigilância constante da internet, inclusive das redes sociais
chinesas. Relatos de prisões de usuários após críticas contra o governo em
postagem nas redes sociais são comuns no país.
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Mianmar
Também
na Ásia, o regime militar de Mianmar expandiu a repressão das ruas para
internet ao tomar o poder em fevereiro de 2021.
Dias
depois do golpe de Estado, o Ministério dos Transportes e Comunicações de
Mianmar ordenou que os provedores de internet bloqueassem o acesso ao X, na
época Twitter, Instagram e o Facebook, segundo a empresa norueguesa Telenor,
que oferece serviços móveis no país.
Na
época, o Twitter disse em nota que estava “profundamente preocupado” com o
pedido. “Isso prejudica o diálogo público e os direitos das pessoas de fazerem
ouvir suas vozes”, disse um porta-voz da empresa em comunicado à CNN Business.
De
acordo com um relatório da Agência de Direitos Humanos da ONU, de 2022, os
provedores de telecomunicações sofrem forte pressão para entregar os dados dos
utilizadores à polícia e aos militares.
“A
falta de conectividade em grandes partes do país também representa um desafio
aos funcionários da ONU, que dependem de provas contemporâneas de violações dos
direitos humanos”, afirma o relatório.
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Irã
O
Twitter e o Facebook são banidos no Irã desde 2009, quando a população tomou as
ruas em protestos que ficaram conhecidos como a Revolução Verde. A preocupação
do regime era que as manifestações se ampliassem e se tornassem mais
organizadas.
Em
2013, por um erro técnico, as duas redes sociais tiveram os bloqueios
suspensos, mas voltaram a ser banidas horas depois.
De
acordo com o próprio X, o Irã continua a bloquear o acesso ao X a usuários
comuns.
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Coreia do Norte
A
Coreia do Norte é uma das nações mais fechadas quando se fala em acesso a sites
e plataformas ocidentais.
Segundo
a Voz da América, uma agência de notícias patrocinada pelo governo dos Estados
Unidos, a Coreia do Norte anunciou oficialmente em 1º de abril de 2016 que
bloqueou websites como YouTube, Facebook, Twitter, a Voz da América e vários
outros sites de mídia sul-coreanas.
O
país disse, ainda, que sites de jogos, “sexo e sites adultos” foram bloqueados.
Poucos norte-coreanos têm acesso à Internet, mas, anteriormente, moradores
estrangeiros e visitantes conseguem acessar páginas da web com quase nenhuma
restrição.
A
estimativa é que mais de 2 milhões de norte-coreanos usem telefones celulares,
mas, com poucas exceções, o acesso à Internet é limitado a funcionários,
técnicos ou outros que têm permissão especial para usá-la, geralmente sob
supervisão rigorosa.
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Rússia
A
autoridade de comunicação do governo da Rússia anunciou, em março de 2022, o
bloqueio do Twitter e das plataformas da Meta, empresa dona do Facebook e do
Instagram. O bloqueio ao acesso às redes sociais aconteceu após o início da
guerra contra a Ucrânia, em fevereiro do mesmo ano.
A
agência estatal de notícias russa, a Tass, informou que mesmo após a compra do
Twitter por Elon Musk e a mudança de domínio e do nome da plataforma para X, o
Serviço Federal Russo de Supervisão de Comunicações, Tecnologia da Informação e
Mídia de Massa não viu motivos para desbloquear o acesso ao X.
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Turcomenistão
No
Turcomenistão, país da Ásia Central, que divide fronteiras com o Cazaquistão, o
Afeganistão, o Irã e o Uzbequistão, o governo mantém um controle rigoroso de
toda imprensa e da internet. Os cidadãos não têm acesso a fontes de informação
mundiais na web e correm o risco de serem multados se tentarem usar acesso via
VPN. O acesso à informação é feito por agências de notícias ligadas ao governo.
A mídia independente ou de oposição opera a partir do exterior.
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Venezuela
No
início de agosto, o presidente venezuelano Nicolás Maduro assinou um decreto
determinando o bloqueio o X na Venezuela por 10 dias.
“Assinei
um documento com a proposta feita pela Conatel (Comissão Nacional de
Telecomunicações da Venezuela) que decidiu desativar a rede social X,
anteriormente conhecida como Twitter, durante dez dias da circulação da
Venezuela para que eles apresentem suas documentações”, disse Maduro, um
encontro com seus apoiadores, televisionado pela mídia estatal.
Durante
o encontro com seus apoiadores, Maduro criticou Elon Musk, o dono do X, dizendo
que ele violou as regras da sua própria rede social.
Segundo
o presidente venezuelano, o bilionário e sua rede violaram “todas as leis da
Venezuela”, “incitando o ódio, o fascismo, a guerra civil, a morte, ao
enfrentamento dos venezuelanos”.
Até
o momento, a rede social continua bloqueada aos venezuelanos. O governo
chavista argumenta que aguarda a empresa indicar um representante legal no país
para que aceite as leis venezuelanas.
• O X do
problema. Por Reimont Otoni
O X
(ex-Twitter) saiu do ar, e essa é uma notícia a ser comemorada. Trata-se de
defender a soberania nacional, o direito inalienável de fiscalizar as empresas
que atuam no Brasil, de exigir e garantir o respeito às normas internas.
O
X, sob a direção do Sr. Elon Musk, tornou-se um cofre secreto que conspira
abertamente contra o país. Além de atacar os princípios democráticos, insuflar
golpes e promover discursos de ódio, Musk tem sido acusado de monitorar
inúmeras movimentações em nosso território, incluindo operações militares. Isso
é gravíssimo.
O
direito à defesa dos interesses nacionais deve prevalecer. Não se trata de
liberdade de expressão ou do direito à opinião.
Há
poucos meses, precisamente no dia 24 de abril deste ano, o presidente dos EUA,
Joe Biden, sancionou um projeto de lei do Senado daquele país que proíbe o
TikTok em território americano. A condição para manter o aplicativo é que seu
proprietário, a chinesa ByteDance, venda a operação para um empresário dos EUA
em até nove meses.
O
TikTok tem milhões de usuários, mas isso não dá a seus proprietários uma carta
branca para fazer o que bem entendem. E ninguém acusou os americanos de
ditadores ou censores.
A
suspensão do X no Brasil segue a mesma lógica, embora seja até mais branda. O
STF, por meio do ministro Alexandre de Moraes, exige apenas que Elon Musk
indique um representante legal brasileiro para continuar operando aqui,
conforme estabelece o artigo 1.134 do Código Civil.
No
Brasil, qualquer sociedade estrangeira, sem exceção, só pode funcionar
atendendo às normas legais. Entre elas está, precisamente, a de nomear um
representante legal em território nacional. É da lei! Mas o Sr. Musk se recusa
a obedecer e decidiu fazer disso mais uma trincheira contra a nossa democracia,
nossas instituições e nossa soberania. A punição é necessária.
Simples
assim. Todo o resto é mimimi ideológico da extrema-direita.
Fonte:
Metrópoles/Brasil 247/CNN Brasil
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