quinta-feira, 5 de setembro de 2024

Bolívia levará 4 anos para adaptar ao Mercosul e cita expectativa de China e UE

Em entrevista exclusiva à Sputnik, a ministra das Relações Exteriores da Bolívia Celinda Sosa revelou que há grande expectativa nos mercados da União Europeia (UE) e da China sobre a recente adesão do país ao Mercosul, após anos para concretizar o processo de entrada no bloco.

"A partir do momento em que a Bolívia faz parte do Mercosul, realmente há uma grande motivação, por exemplo, na economia europeia, no mercado chinês e também em outras entidades [...]. De verdade, esta oportunidade foi muito bem recebida por espaços e organismos internacionais", afirmou.

No dia 7 de agosto, entrou em vigor o protocolo de adesão do Estado Plurinacional da Bolívia ao Mercosul, com o qual a nação adquiriu oficialmente a condição de Estado-membro do bloco sul-americano.

Sosa, que participou na última segunda-feira (2) em Montevidéu, no Uruguai, da primeira reunião com os demais chanceleres do bloco, destacou que a Bolívia esperou por esta oportunidade por mais de 18 anos. "Estamos muito agradecidos aos países que fazem parte do Mercosul", afirmou.

Além disso, detalhou que na reunião de Montevidéu foram analisados os processos de integração do grupo e como podem fortalecer o desenvolvimento econômico dos países membros. Na reunião também participaram os ministros das Relações Exteriores Mauro Vieira, do Brasil; Diana Mondino, da Argentina; Rubén Ramírez Lezcano, do Paraguai; e o anfitrião, Omar Paganini, do Uruguai.

  • 'Adaptação da Bolívia deve levar 4 anos'

A ministra detalhou que a Bolívia ainda deve aprovar uma série de regulamentos para se adaptar ao Mercosul, um processo que, ao todo, levará cerca de quatro anos. "São quatro anos nos quais trabalharemos nos aspectos que são de maior interesse para a população boliviana, não apenas para o Estado", disse.

A chanceler também destacou o potencial que a entrada no bloco representa para toda a população boliviana.

"O Mercosul é um espaço que permitirá a todos os bolivianos e bolivianas fazerem parte. Hoje eu me sinto uma cidadã do Mercosul e é isso que a população boliviana tem que assimilhar. A incorporação ao Mercosul não implica apenas uma integração econômica, mas também em matéria de desenvolvimento humano, saúde, educação e mobilidade humana", destacou.

O Mercosul é o quinto bloco econômico mais importante do mundo e foi fundado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai em 26 de março de 1991, em Assunção. Posteriormente, se juntaram Venezuela e Bolívia, que até agora era um país associado sem direito a voto nas decisões do grupo.

O bloco sul-americano suspendeu a participação da Venezuela em 2016, alegando que Caracas não cumpria com o Protocolo de Ushuaia, assinado em 1998 pelo bloco, sobre o compromisso democrático dos países membros.

 

¨      Apreensão do avião de Maduro pelos EUA mostra desrespeito às normas internacionais, diz MRE russo

Os Estados Unidos demonstraram total desrespeito às normas legais internacionais ao apreender o avião do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, disse a representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, nesta terça-feira (3).

A apreensão da aeronave do presidente venezuelano, ocorrida na República Dominicana na segunda-feira (2), aconteceu após "a determinação de que sua aquisição violava as sanções dos EUA, entre outras questões criminais", alegaram as autoridades norte-americanas.

"As autoridades dos EUA apreenderam uma aeronave presidencial venezuelana que estava em manutenção na República Dominicana. Mais uma vez, demonstraram seu completo desrespeito às normas legais internacionais e, citando o 'direito do forte', enviaram mais um sinal de que Washington, como entende, pode dispor da propriedade soberana de outro Estado", disse Zakharova em declaração.

O governo da Venezuela considera que a apreensão se trata de um "ato de pirataria" feito pelos Estados Unidos.

O ministro das Relações Exteriores venezuelano, Yván Gil Pinto, denunciou à comunidade internacional que, "mais uma vez", as autoridades dos EUA voltaram a executar "uma prática criminosa reincidente que não pode ser qualificada como outra coisa senão pirataria".

<><> Autoridades venezuelanas comparam apreensão de avião presidencial pelos EUA à pirataria

Após a apreensão do avião presidencial venezuelano pelos Estados Unidos na República Dominicana nesta segunda-feira (2), o governo do país classificou o ato como uma nova forma de pirataria norte-americana. A aeronave foi levada para Miami após o confisco.

"A República Bolivariana da Venezuela informa à comunidade internacional que as autoridades dos Estados Unidos da América cometeram mais uma vez um ato criminoso que não pode ser qualificado de outra forma senão como pirataria, ao confiscar ilegalmente o avião que era utilizado pelo presidente da República, justificando suas ações com medidas coercitivas unilaterais e ilegais que impõem ao redor do mundo. Isso demonstra que nenhum Estado e nenhum governo constitucional está protegido contra passos ilegais que burlam o direito internacional", diz o comunicado publicado pelo ministro de Comunicações, Cultura e Turismo, Freddy Ñáñez.

Conforme relatado pela mídia norte-americana, as autoridades do país apreenderam o avião do presidente venezuelano Nicolás Maduro e o transferiram para a Flórida. A alegação dos EUA é de que a aquisição foi feita em violação às sanções impostas ao país.

"Os Estados Unidos já demonstraram que usam seu poder econômico e militar para intimidar e pressionar países como a República Dominicana para que se tornem cúmplices de ações criminosas. Este é um exemplo da suposta 'ordem baseada em regras' que, ignorando o direito internacional, busca estabelecer a lei do mais forte, criar e impor regras que atendam aos seus interesses sem punição", afirma a declaração do governo venezuelano.

A Venezuela também anunciou que reserva o direito de tomar qualquer medida legal para compensar os danos. Além disso, lembrou que não é um ato isolado dos EUA, mas uma escalada geral das ações contra o governo reeleito.

O avião presidencial é a segunda aeronave confiscada pelos EUA. Em 2022, um Boeing 747 da empresa venezuelana Empresa de Transporte Aéreocargo del Sur (Emtrasur) foi apreendido no aeroporto argentino de Ezeiza. Um tribunal local decidiu no início deste ano transferir o avião para os EUA.

Segundo a mídia venezuelana, o avião foi levado à Flórida sob a aparência de um voo militar, o que permitiu contornar a falta de autorização de voo por parte da Organização de Aviação Civil Internacional (OACI) em vários espaços aéreos. A aeronave de carga confiscado foi destruída.

<><> Amorim sinaliza preocupação do Brasil após Venezuela emitir mandado de prisão contra opositor

Celso Amorim expressou preocupação nesta terça-feira (3) sobre o mandado de prisão emitido por Caracas para o líder da oposição venezuelana, Edmundo González, afirmando que há uma clara "escalada autoritária" no país.

Em entrevista à Reuters, o assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, disse que a ação era "muito preocupante".

A Procuradoria-Geral da Venezuela informou na segunda-feira (2) que um tribunal emitiu um mandado de prisão para González, antigo candidato presidencial da oposição, acusando-o de conspiração e outros crimes em meio às eleições presidenciais ocorridas em 28 de julho.

Amorim disse à agência britânica que se as autoridades venezuelanas concretizassem a prisão de González, "seria uma prisão política, e não aceitamos [que haja] presos políticos".

"Não há como negar que há uma escalada autoritária na Venezuela. Não sentimos abertura para o diálogo, há uma reação muito forte a qualquer comentário", disse Amorim, acrescentando que o Brasil ainda mantém esperanças de uma solução para a crise.

Uma declaração de González é esperada mais tarde nesta terça-feira (3). Seu advogado, José Vicente Haro, disse à W Radio da Colômbia mais cedo que o líder da oposição não planeja pedir asilo político em outro país, segundo a mídia.

Autoridades venezuelanas, incluindo o presidente Nicolás Maduro, acusaram a oposição de incitar a violência, comandar grupos fascistas e trabalhar a mando de interesses imperialistas no exterior.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

Nenhum comentário: