O que os vídeos das
câmeras de segurança mostram sobre a ação dos golpistas no Palácio do Planalto
Vídeos
do ataque ao Palácio do Planalto, divulgados neste fim de semana pelo Gabinete
de Segurança Institucional (GSI) por determinação do Supremo Tribunal Federal
(STF), mostram detalhes da ação dos invasores no dia 8 de janeiro, quando este
e outros prédios públicos foram depredados em Brasília por vândalos que
contestavam a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva na eleição presidencial.
As
imagens do circuito interno do palácio reforçam a ação violenta cometida por
extremistas. Além da depredação do patrimônio, as gravações mostram agentes do
GSI cumprimentando invasores e até tentativa de arrombamento de caixa
eletrônico.
São
mais de 160 horas de vídeos. O material, ao qual o Estadão teve acesso, foi
capturado por 33 câmeras espalhadas nos quatro andares do Planalto.
As
câmeras registraram como os invasores ocuparam o epicentro do poder no
Planalto. Zanzando sem serem importunados no terceiro andar do palácio, onde
fica o gabinete do presidente Lula, eles puderam destruir obras de arte e
quebrar vidros.
Ex-ministro
do GSI, o general da reserva Gonçalves Dias foi exonerado na quarta-feira, após
a CNN Brasil divulgar imagens até então inéditas, mostrando que ele indicou a
golpistas a saída do terceiro andar. Em depoimento, o G. Dias, como é
conhecido, disse que não tinha condição de efetuar prisões sozinho e encaminhou
os invasores para serem detidos no segundo piso.
Veja
trechos dos vídeos:
• Golpistas acolhidos por militar no
Planalto e tentativa de roubo a caixa eletrônico
Um
dos vídeos compromete a situação do major José Eduardo Natale, que fazia parte
do GSI da Presidência. O oficial aparece conversando calmamente e até
cumprimentando extremistas com apertos de mão no corredor do terceiro andar do
Planalto, onde fica o gabinete presidencial.
• Passo a passo do ex-ministro do GSI no
Planalto, do susto ao ver golpistas a encontro com Lula
As
câmeras de segurança do Palácio do Planalto captaram todos os passos do
ex-ministro-chefe do GSI, Gonçalves Dias, no dia da invasão. Trechos das
imagens analisadas pelo Estadão mostram o general do Exército surpreso ao se
deparar com extremistas no terceiro andar do Planalto e atônito ao ver os
estragos na portaria principal do prédio.
• Momentos de tensão entre ministros do Lula
no dia da invasão ao Planalto
Às
21h47, aparecem nas imagens o ministro da Justiça, Flávio Dino, o ministro da
Defesa, José Múcio, e o ministro da Casa Civil, Rui Costa, conversando após a
invasão. Àquela altura o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já estava no
Planalto. Em outros trechos, é possível ver o presidente Lula demonstrando
irritação durante conversas com ministros.
• Única câmera com áudio do Planalto
mostra tiros, bombas e golpistas tomando Palácio
Os
vídeos registraram os minutos iniciais da invasão ao Planalto, que ocorreu
entre as 15h00 e as 15h30 daquele dia. Em apenas 30 minutos de ação, os
golpistas conseguiram expulsar os agentes do GSI do prédio e fizeram os agentes
da Tropa de Choque da Polícia Militar do Distrito Federal recuarem para se
proteger da horda golpista que os apedrejava.
• Tropa de Choque da PM tentou conter
invasores do Planalto só por 16 minutos
Os
primeiros invasores surgem no Planalto às 15h19. Neste horário, os policiais
estavam agrupados do lado de fora. A barreira é formada às 15h11, mas desfeita
às 15h27, após o lançamento de uma série de bombas de gás. Também é possível
observar quando um dos vigias encosta a porta principal, mas deixa um vão
aberto que, mais tarde, é ampliado por radicais.
• Dedo para câmera, destruição de raio-x e
roubo de estátua: vídeos mostram golpistas em ação no 8/1
As
imagens mostram bolsonaristas furtando estátuas do prédio, depredando câmeras
de segurança e fazendo gestos obscenos para as filmagens durante os atos
golpistas. Os extremistas furtaram um busto, arrombaram portas, quebraram
câmeras de segurança e mostraram dedo para o vídeo. Tudo isso aconteceu por
volta de 16h.
Extremista abre com chutes porta de
acesso à sala da Presidência
Uma
das imagens do circuito interno de segurança do Palácio do Planalto no 8 de
Janeiro mostra o momento em que um extremista abre com pontapés a porta que dá
acesso à sala do gabinete da Presidência da República.
As
imagens foram divulgadas no sábado (22.abr.2023) pelo GSI (Gabinete de
Segurança Institucional) por determinação do ministro Alexandre de Moraes
–publicada na 6ª feira (21.abr).
O
gabinete da Presidência fica no 3º andar do Palácio do Planalto. O extremista
quebra a fechadura de uma porta de vidro às 15h56 e libera o acesso de outros extremistas
ao local.
O
ex-ministro do GSI general Marco Gonçalves Dias aparece no local cerca de 30
minutos depois. Checa se portas estão fechadas e sai digitando no celular.
Às
15h58, o major José Eduardo Natale, integrante do GSI, aparece nas imagens andando
pelo local e conversando com manifestantes. Em outra câmera, é possível ver
Natale dando água a extremistas próximo à entrada do gabinete da Presidência
minutos depois.
FALHA
NO SISTEMA DO GSI
Apesar
de o ministro interino do GSI, Ricardo Cappelli, ter anunciado às 9h38 deste
domingo (23.abr.2023) que todos teriam acesso às imagens, nem todo o conteúdo
está disponível. Os links de acesso informados pelo órgão apresentaram falhas
durante o final de semana e o atual link ainda não tinha todas as imagens do 8
de Janeiro até a publicação desta reportagem.
INVASÃO
AOS TRÊS PODERES
Por
volta das 15h de domingo (8.jan.2023), extremistas de direita invadiram o
Congresso Nacional depois de romper barreiras de proteção colocadas pelas
forças de segurança do Distrito Federal e da Força Nacional. Lá, invadiram o
Salão Verde da Câmara dos Deputados, área que dá acesso ao plenário da Casa.
Equipamentos de votação no plenário foram vandalizados. Os extremistas também
usaram o tapete do Senado de “escorregador”.
Em
seguida, os radicais se dirigiram ao Palácio do Planalto e depredaram diversas
salas na sede do Poder Executivo. Por fim, invadiram o STF (Supremo Tribunal
Federal). Quebraram vidros da fachada e chegaram até o plenário da Corte, onde
arrancaram cadeiras do chão e o Brasão da República –que era fixado à parede do
plenário da Corte.
Os
radicais também picharam a estátua “A Justiça”, feita por Alfredo Ceschiatti em
1961, e a porta do gabinete do ministro Alexandre de Moraes.
Os
atos foram realizados por pessoas em sua maioria vestidas com camisetas da
seleção brasileira de futebol, roupas nas cores da bandeira do Brasil e, às
vezes, com a própria bandeira nas costas. Diziam-se patriotas e defendiam uma
intervenção militar (na prática, um golpe de Estado) para derrubar o governo do
presidente Lula.
Vídeos do 8/1 mostram que ataque pegou
governo de surpresa
Famoso por repetir bordões e frases célebres
para os jornalistas, o vice-presidente Geraldo Alckmin sempre se fiou nesta:
"a luz do sol é o melhor desinfetante". Nem sempre, quando
governador, Alckmin abriu os segredos do Palácio dos Bandeirantes, mas a máxima
é válida e deveria ser incorporada pelo governo Lula. Desde que o ministro do
STF Alexandre de Moraes derrubou o sigilo sobre as imagens das câmeras de
segurança, os brasileiros puderam entender um pouco mais do que aconteceu no
Palácio do Planalto.
O
chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias,
caiu depois de uma reportagem da CNN que o mostrava interagindo com os golpistas.
Com a liberação das imagens, o Estadão mostrou que a história não era muito
aquela. O jornal construiu o passo a passo do ministro dentro do Palácio e o
que se vê é um homem, com uma equipe muito pequena, tentando contornar danos.
Já
a Folha de S. Paulo se concentrou nas imagens de Lula, muito irritado,
conferindo os estragos causados pelos bolsonaristas nas dependências do
Palácio. Ele indica ao seu fotógrafo oficial locais que devem ser filmados.
Outros vídeos mostram os ministros igualmente irritados. A Folha traz também
imagens que mostram as falhas de segurança.
Com
o conjunto das imagens, fica muito difícil a sobrevivência da tese bolsonarista
de que o governo foi complacente com os golpistas e que a esquerda colocou
infiltrados para promover o quebra-quebra. Ainda assim, há as falhas de
segurança que podem ser atribuídas ao governo, mas lembremos aqui que a gestão
de Lula tinha apenas 8 dias e que a resposanbilidade do Distrito Federal e do
ex-ministro da Justiça Anderson Torres está sob apuração.
É
essa narrativa carregada de teorias da conspiração que fez com que o os
bolsonaristas tocassem o bumbo no Congresso pela criação da CPMI do 8/1.
E
foi o temor de que essas teorias ocupassem o debate político e encharcassem as
redes sociais que fez com que o governo fosse contra a CPMI. A reportagem da
CNN, com as imagens do general aparentemente silente com os golpistas, fez o
governo mudar de ideia.
A
CPMI deve ser instalada ainda esta semana, com o apoio dos petistas. Mesmo que
os governistas consigam o controle da comissão, como estão articulando nos
bastidores, a oposição ainda terá muito espaço para gritar e fazer aquele
teatro típico das oposições, levando para depor integrantes do governo. E não
se trata de qualquer oposição: é um grupo político que sabe fazer barulho com
qualquer coisa.
Se
tivesse divulgado os vídeos antes que vazassem e não se rebelasse contra a Lei
de Acesso à Informação, o governo poderia ter tomado a frente na narrativa e
talvez tivesse poupado o general, que era um homem próximo de Lula.
Mais
que detergente, a luz do sol pode ser um excelente aliado para quem acha que
está fazendo a coisa certa e nada tem a esconder. O governo Lula deveria saber
disso.
Imagens mostram ex-GSI atônito diante de
invasão
As
câmeras de segurança do Palácio do Planalto captaram todos os passos do
ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Gonçalves Dias
no dia da invasão por golpistas em 8 de janeiro. Trechos das imagens analisadas
pelo Estadão mostram o general da reserva surpreso ao se deparar com
extremistas no terceiro andar do Planalto e atônito ao ver os estragos na
portaria principal do prédio.
G.
Dias, como é conhecido, pediu demissão na semana passada após serem divulgadas
as primeiras imagens suas andando pelos corredores do palácio e indicando a
saída para golpistas. Um dos primeiros registros do general nos vídeos do
Planalto foi às 16h19. O militar aparece no elevador privativo de ministros. A
porta se abre no terceiro andar, onde fica o gabinete presidencial. Do lado de
fora, no corredor, golpistas andavam tranquilamente. G. Dias parece se
surpreender ao avistar os extremistas e recua. Não sai do elevador e aperta o
botão para descer.
Um
minuto depois, às 16h20, a imagem do militar é captada por outra câmera, já no
piso térreo do Planalto. G. Dias sai pela porta principal do palácio e se
depara com o local depredado.
O
então chefe do GSI deixa o prédio, caminha sozinho por cerca de dois minutos e
volta para o Planalto. G. Dias reaparece às 16h29 no terceiro andar do
edifício. Dois minutos depois, o militar e outros integrantes do GSI indicam a
saída para golpistas vestidos de verde e amarelo.
Furto
Novas
imagens internas do Planalto mostram bolsonaristas furtando estátuas do prédio,
depredando câmeras de segurança e fazendo gestos obscenos para as câmeras. As
gravações foram liberadas no sábado, 22, pelo GSI e analisadas pelo Estadão.
Os
extremistas iniciam a invasão por volta das 15h. Eles tomam conta de todo o
prédio e chegam até o quarto e último andar. Neste piso, os apoiadores do
ex-presidente Jair Bolsonaro furtam um busto. Nas imagens é possível ver que
dois homens carregam a estátua para uma saída. O mesmo grupo é visto em seguida
arrombando portas, quebrando câmeras de segurança e dando dedo para o vídeo.
PF ouve militares que aparecem em
gravações durante atos golpistas
A
Polícia Federal (PF) tomou neste domingo (23) o depoimento de militares do
Gabinete de Segurança Institucional (GSI) que foram identificados em imagens
gravadas dentro do Palácio do Planalto em 8 de janeiro. As oitivas foram
realizadas na sede da corporação em Brasília.
A
PF intimou nove militares que foram identificados nas gravações pelo ministro
interino do GSI, Ricardo Capelli, após assumir o cargo. Os nomes dos servidores
não foram divulgados oficialmente.
Na
sexta-feira (21), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de
Moraes, relator das investigações sobre os atos golpistas, determinou que todos
fossem ouvidos pela PF no prazo de 48 horas.
A
medida foi tomada após as gravações de câmeras de segurança do Planalto,
divulgadas pela CNN Brasil, mostrarem o ex-ministro do GSI Gonçalves Dias e
outros servidores no interior do Palácio do Planalto durante os atos. Dias
pediu demissão do cargo após o surgimento das imagens.
Moraes
também determinou a quebra do sigilo das imagens captadas durante a invasão do
Palácio do Planalto para envio à investigação que está em andamento no STF.
As
imagens estavam em poder do GSI e foram utilizadas como provas iniciais para
justificar a abertura de sindicância contra os envolvidos.
Fonte:
Agencia Estado/Terra/Poder 360/Agencia Brasil
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